Quando entrei em casa, minha mãe estava preparando o nosso almoço.

– Oi mãe - eu disse, lhe dando um beijo na bochecha.

– Oi Mari! - minha mãe disse sorrindo, mas de repente ela ficou séria - Filha, você andou chorando, não é?

Não pude me conter. Mais lágrimas escaparam.

– Muito, mãe! Eu sei que o papai vai ganhar melhor lá em Limeira, mas me dói muito ter que mudar de cidade e deixar toda a vida que construí aqui para trás!

Minha mãe me abraçou.

– Eu sei que deve ser muito difícil para você... Mas Mari, vai dar tudo certo.

– MARIANA!

De repente, minha mãe me soltou. Alguém estava me chamando no portão, e era uma voz masculina.

Mamãe foi olhar quem era pelo vitrô da cozinha, e então ela me disse: - Mari, é o Lucas.

Meu coração deu um salto. Abri a porta e fui até ele.

– Oi, Lucas.

– Mari, será que a gente pode dar uma volta? Preciso falar com você.

– Tá, mas eu vou pedir para a minha mãe primeiro.

Voltei para dentro, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, minha mãe assentiu. Provavelmente ela ouvira a nossa conversa.

– Ela deixou, Lucas.

– Ótimo.

Subimos a rua da minha casa em silêncio. Eu, sinceramente, não sabia o que falar.

– Mari, você lembra quando eu te disse hoje mais cedo que eu tinha terminado o meu namoro com a Mônica, mas não te disse o motivo? - Lucas finalmente quebrou o silêncio.

– Claro - respondi.

– Então - ele continuou - Eu terminei com ela porque eu te amo, Mari. Te amo, e só agora me dei conta disso. Eu estava determinado a te pedir em namoro hoje, mas você vai embora.

Ao ouvir aquilo meu coração deu um salto. Novas lágrimas desceram pelo meu rosto.

– Lucas... - sussurrei.

Ele segurou na minha mão direita e me levou até o final de uma rua sem saída.

– Mari... Eu sinto tanto por não ter me tocado disso antes! Sou um idiota mesmo.

– Lucas, nós poderíamos ter sido tão felizes juntos!

– Poderíamos não, nós ainda podemos!

– Como, Lucas? Eu vou embora!

– Olha, Mari, eu vou dar um jeito! Quando a gente se formar eu vou arrumar um emprego em Limeira, só para ficar perto de você.

– Mas Lucas, só nos formaremos no final desse ano. Até lá você já me esqueceu e eu já te terei te esquecido.

Doeu muito falar aquilo. Em mim, e no Lucas também, pude perceber pela expressão dele.

Então ele fez algo que me surpreendeu muito. Me tomou nos braços e me beijou, primeiro delicadamente, e depois foi aumentando a intensidade, até que paramos, ambos sem fôlego.

– E você acha que vai conseguir esquecer isso? - Ele disse após respirar um pouco.

– Lucas... - sussurrei - Eu te amo tanto...

Fiquei na ponta dos pés e dei um selinho nele, mas logo me lembrei de que não poderia ficar com ele, pois já era tarde demais e eu estava indo embora, então me afastei.

– Adeus, Lucas. Foi bom ter amado você.

Ele havia começado a chorar também.

– Mari, minha linda, a gente ainda vai ser muito feliz junto, eu vou atrás de você, não interessa aonde você estiver, eu vou atrás!

– Tarde demais, meu amor.

Passei a mão em seu rosto e saí correndo, em direção a minha casa. Enquanto corria, pude ouvir Lucas gritar: "Mari, eu te amo, a gente se vê daqui a um ano!".