A Guardian's Diary 3 - Seasons of love escrita por Lino Linadoon


Capítulo 12
Capítulo 12 - Sétimo mês: O quarto do bebê


Notas iniciais do capítulo

Ok, desculpe pela demora... Sem criatividade nem ideia alguma acabei escrevendo isso... Só queria mostrar um headcannon meu que Jack e Coelhão acabam por discutir por qualquer coisa...



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“Oh, Norte, o que é que você quer tanto assim me mostrar?” Tooth riu enquanto as mãos grandes de Norte tampavam-lhe os olhos.

“Estamos quase lá, não olhe.” O guardião dos encantos guiou a fada pelo corredor de sua oficina, um sorriso largo e levemente orgulhoso resplandecia em seu rosto. Ao enfim entrar em um pequeno quarto, o russo afastou as mãos do rosto da fada. “Aí está!”

Tooth abriu seus olhos cor de ametista e se surpreendeu, levando as mãos mínimas para sua boca aberta em “O”.

“Norte! Está lindo!” Foi só o que ela conseguiu falar.

A pequena saleta havia sido totalmente reformada para abrigar o pequeno casal de gêmeos que os dois guardiões iriam ter em menos de três meses; as paredes estavam divididas em cores diferentes, em um lado as paredes eram rosadas e roxas, com detalhes dourados, verdes e azuis (que lembravam e muito as cores do palácio da Fada dos Dentes), e no outro a cor principal era vermelha com detalhes dourados e brancos (expressando a grande oficina do velho guerreiro russo).

Havia dois berços no quarto, cada colocado em um dos cantos do quarto, de acordo com as cores das paredes; eram feitos a mão, com vários detalhes que lembravam dentes e símbolos natalinos, um pintado de branco e o outro de azul-bebê. Vários brinquedos estavam espalhados pelo lugar, todos preparados e esperando por seus pequenos futuros companheiros de brincadeiras.

“Está perfeito!” Tooth flutuou pelo quartinho, examinando cada detalhe do lugar, e rapidamente envolveu o pescoço de Norte com seus braços. “Mal posso esperar para ver nossos pequeninos por aqui.”

“Eu também, moya lyubov.” Norte riu, retribuindo o abraço de sua esposa. “E o quarto em Punjam Hy Loo? Se precisarem de alguma ajuda...”

“Não se preocupe, está tudo quase pronto. Por sorte eu ainda tenho meu berço, de quando eu ainda não era uma das Irmãs Aladas...” A fada disse em um tom de voz nostálgico e riu levemente. “E, para minha surpresa, ele é grande o bastante para dois...”

O russo acompanhou a risada de sua esposa e logo os dois começaram a conversar animadamente no quarto, falando sobre o que haviam preparado para seus bebês e outras coisas mais; era estranho ter de aceitar que Tooth já estava de setes meses, com apenas mais dois meses para esperar.

"Mas e aqueles dois?" Tooth perguntou ao se afastar de seu marido. "Alguma noticia?"

"Na verdade não..." Norte riu suavemente, deixando a fada dos dentes confusa. "Mas pelo que Sandy me contou... Eles estão tendo alguns problemas..."

–G–

“Não! O quarto não vai ser rosa e pronto!”

“Frostbite, ela é uma garota...”

“Não importa, não quero que o quarto dela seja rosa!”

Sandman suspirou profundamente, uma mão em sua bochecha enquanto fitava o Pooka e o espírito do inverno que simplesmente não conseguiam concordar em nada. Os três já estavam lá a cerca de meia hora, e tudo isso só para ver se Sandy poderia ajudar o casal em pelo menos escolher a cor do quarto da bebê.

“Cor-de-rosa é uma cor bonita, Jack, e seria perfeita para ela!” Coelhão disse, tentando fazer o garoto pensar como ele. “Não concorda, Sandy?”

“Só porque ela é garota não quer dizer que ela tem de gostar de rosa!” Jack logo interveio antes mesmo que Sandy pudesse fazer algo. “E também eu não quero entrar em um quarto rosa toda vez...” Ele descruzou os braços, afagando levemente a barriga ao sentir um chute da bebê; de fato, sempre que o garoto levantava a voz ou quando ele e o coelho discutiam, ela intervia.

“Não entendo seu problema com essa cor, Snowflake...” Coelhão suspirou, encolhendo seus ombros e voltando o olhar para as tulipas coloridas ali perto.

Jack corou levemente ao ouvir o apelido fofo e se voltou para seu companheiro, seguindo o olhar desse para as flores; elas eram de várias cores brilhantes, porém, dava para se perceber que as que mais se destacavam eram as cor-de-rosa. Na verdade, a cor rosa estava por todos os lados na Toca; nas árvores, nas flores, no rio colorido – já que a cor mais predominante nesse era cor-de-rosa –, nas borboletas e também nos potes de tintas que o Pooka havia deixando por aí.

O garoto suspirou levemente. Ele sabia, cor-de-rosa era uma das cores que mais simbolizavam a primavera, o que quer dizer que o Pooka tinha um certo apresso por ela. Mesmo assim...

“Primeiramente: eu não gosto de rosa...” Jack disse, querendo manter seu ideal na discussão. “E, também, nós temos rosa por todo o lado aqui! De um jeito ou de outro ela vai acabar se afeiçoando a cor. O que quer dizer que não há a necessidade do quarto ser rosa!”

Sandman balançou a cabeça ao ver o casal lançar um olhar sério e indecifrável um para o outro; pelo jeito ia demorar um tempo para que os dois se decidissem, e, seria bem melhor se eles cuidassem daquilo sozinhos (e sem contar que Sandy estava perdendo seu tempo e também estava atrasado para certa coisa!).

O guardião dos sonhos chamou a atenção de seus colegas, mostrando com suas imagens de areia que eles tinham de pelo menos encontrar algo que concordasse com os gostos dos dois e, com um sinal de boa sorte, ele voou em uma raia gigante para fora da Toca, deixando os outros sozinhos.

“Huh, obrigado, Sandy...” Coelhão murmurou sarcasticamente.

Um silêncio estranho, mas conhecido dos dois, pairou entre eles.

“Que cor você gostaria que o quarto fosse, Frostbite?” O Pooka perguntou em um tom de voz sem expressão alguma.

“Eu sei lá...” O espírito deu de ombros, abraçando a barriga de sete meses. “Seria legal algo do tipo... Que lembrasse ambos, primavera e inverno, eu não sei...” Ele voltou o olhar para o outro, encontrando os olhos verdes e brilhantes desse o fitando. “Algo de cada um de nós ou algo assim... Entende o que quero dizer?”

Coelhão processou aquelas palavras e, como uma lâmpada se acendendo acima de sua cabeça, ele teve uma ideia.

“Sim, entendo, Jack.” Ele deu um sorriso e suavemente pousou uma pata no ombro de Jack. “Pode deixar que eu cuido disso, ok?”

Jack ergueu uma sobrancelha, desconfiado.

“Só se me prometer nada de rosa!” Disse, serio.

“Sem rosa! Dou a minha palavra!” Coelhão ergueu as mãos como que se em sua defesa, seu sorriso se tornando levemente torto, já que sabia que o garoto iria falar aquilo. Ele ainda não acreditava que eles chegavam a discutir por coisas tão banais como a cor de um quarto, mas na verdade já estava acostumado; já sabia há muito tempo que, caso ficassem juntos, de um jeito ou de outro eles sempre iriam ter certas discussões. “Porque não vai descansar um pouco, Jack? Você tem rolado bastante na cama nestas ultimas noites...”

Instintivamente Jack se inclinou no toque da pata de Coelhão em sua bochecha, o dedão felpudo desse circulando as marcas levemente escuras em baixo de seus olhos.

“Tudo bem...” O garoto pegou a pata do Pooka em sua mão e a descansou em seu joelho enquanto o fitava com aquela expressão séria e levemente desconfiada. “Mas nem sequer tente pintar o quarto de rosa enquanto durmo, me ouviu, canguru?”

“Duvida tanto de minha palavra, Frostbite?” O guardião da esperança abaixou as orelhas, fingindo estar ofendido. “Já disse que não vou fazer isso. Agora vá para o ninho.” Ele ergueu o rapaz com cuidado, suavemente batendo no traseiro desse no processo.

A face de Jack se tornou azul instantaneamente e, reclamando encabulado, se dirigiu para a casa com passos pesados.

“Precisa de ajuda?” Coelhão se apressou a perguntar ao ver Jack subindo em direção da casa-templo, notando que esse estava levemente sem ar. Já fazia um tempo desde que o garoto parara de sair flutuando por aí, já que estava grande e cansado de mais para aquilo.

“Estou bem, canguru!” Jack disse e, pelo apelido, Coelhão pôde notar que o garoto estava ainda levemente irritado – talvez pelo que o Pooka havia feito, ou então por que queria mostrar que ainda podia se cuidar sozinho.

O guardião da esperança bufou levemente; tinha uma ideia do que iria preparar para Jack, já que ele não gostava daquela cor... Porque não outra?

–G–

Suaves palavrões ecoavam pela Toca, vindos do coelho da Páscoa sentado em uma pedra de forma oval; seu pelo, principalmente os dos braços, estavam quase totalmente coloridos, a cor cinza-azulada quase nem aparecia mais; e seus vários potes de tinta estavam espalhados a seu redor junto com palhetas de cores variadas.

“Droga...” Coelhão reclamou novamente, passando uma pata por seu rosto, se sujando mais sem notar.

Já estava ali a cerca de uma hora e até agora não conseguira o que tanto queria: um palheta de cor azul, mas não um azul qualquer, o azul dos olhos de Jack Frost. Havia decidido que, se seu companheiro não queria cor-de-rosa, talvez por ser feminina demais, então porque não usar bem uma cor que o identificava, ou melhor, o simbolizava até.

Mas não estava nada fácil...

Coelhão não podia acreditar que ele, o Coelho da Páscoa, que vivia encarregado de pintar milhares e milhares de ovos de Páscoa todos os anos, não conseguia acertar uma cor que ele tanto via todos os dias! Ele, que havia até conseguido capturar em suas tintas o cintilar dourado dos olhos de Sandman e todas as variantes de cor-de-rosa que estavam presentes nos de Bloom!

Porque, diabos, ele não conseguia recriar a cor dos olhos de seu marido?!

Um cintilar repentino fez o Pooka sair de seu transe irritado, o fazendo voltar a atenção para quem havia acabado de chegar à Toca.

“Sandy...” Coelhão esperou enquanto via as imagens que apareceram acima do guardião dos sonhos que representavam uma simples pergunta: “A discussão já foi resolvida?” O Pooka suspirou. “De um modo ou de outro sim, mas estou com um problema aqui... Pode me ajudar?”

Não era comum encontrar o Coelho da Páscoa pedindo ajuda para alguém, mas para seu velho companheiro guardião, não havia nada que o impedisse. Sandman assentiu contente, seguindo o olhar do maior para as várias cores espalhadas pela beira do córrego.

Rápido como esperado, o homenzinho dourado logo reconheceu aquela palheta de cores, fazendo um símbolo de floco de neve acima da cabeça com um ponto de interrogação.

“Sim, decidi que seria melhor colocar essa cor, já que o garoto iria me esganar se eu colocasse aquela outra.” Ele revirou os olhos enquanto arrumava suas coisas, levemente envergonhado pela bagunça que havia feito. “Mas nada fica certo! Está vendo? Já tentei milhares de vezes, mas não consigo capturar corretamente os olhos do moleque...” Sandman pensou inquietamente ao ouvir as palavras do coelho, mesmo com esse continuando com seu monólogo. “E agora eu quero que quero pintar o quarto de azul, mas não acho que vou realmente... Sandy?”

Coelhão se surpreendeu ao ver um largo sorriso nos lábios do homem do sono, enquanto esse batia palmas levemente, como que se estivesse vendo algo que havia gostado e muito, até achado graça.

“O que foi?” O guardião da esperança perguntou, sentindo-se um tanto aborrecido com a risada silenciosa do menor.

Sandy logo criou imagens acima de sua cabeça que, após um tempo, formaram uma longa frase que surpreendeu Coelhão.

Talvez você na verdade não esteja conseguindo criar a cor certa, porque acha que a cor dos olhos de Jack seja perfeita demais para ser reproduzida.

“Você... Acha isso mesmo?” Coelhão murmurou um tanto sem jeito; de fato ele achava os olhos do espírito do inverno uma das coisas mais lindas e perfeitas do mundo, talvez fosse por isso... “Bem, isso é um problema, meu amigo...” Sandman revirou os olhos com aquele comentário e logo se pronunciou. “O que? Não! É para ser uma surpresa para Jack, não posso pedir a opinião dele!”

O guardião dos sonhos apenas colocou as mãos na cintura e mostrou imagens rápidas acima da cabeça. Não acha que é melhor já pedir a opinião dele do que pintar o quarto e achar que não ficou bom? Coelhão suspirou.

“É, talvez tenha razão...” Ele passou uma pata por suas orelhas. “Bem, então eu vou... Uh? Ah, tudo bem, Sandy, pode ir você...”

Sandman passou pelo Pooka e rapidamente flutuou em direção da casa-templo no alto do pequeno monte, enquanto o outro arrumava as suas coisas que ainda estavam espalhadas pela grama esverdeada, agora coberta de manchas azuis e de certas cores mais. Só esperava que pelo menos Jack não achasse aquilo que ele estava fazendo algo um tanto bobo... Ele só queria agradar o rapaz... Possivelmente agradar sua filha também...

“O que aconteceu aqui?” A voz repentina fez o pelo do guardião se eriçar. “Um furacão de tinta, ou o que?”

“Jack...” Coelhão se virou, encontrando um sonolento Jack Frost logo à suas costas; ele lançou um olhar para Sandy que o assegurou que não havia contado nada. “Bem, você descartou totalmente a ideia do quarto ser cor-de-rosa...”

“Com certeza.” Jack falou de modo teimoso, cruzando os braços.

“Então decidi que o quarto seria de outra cor, mas, infelizmente, o plano não está saindo corretamente...” Ele apontou para as palhetas pintadas em azul.

“Azul?” O garoto de gelo não demorou em notar a semelhança daquela cor à... “É a cor dos meus olhos... Não é?”

“Sim...” Coelhão suspirou, coçando seu peito felpudo um tanto sem jeito. “Mas até agora eu simplesmente não consegui a cor certa...”

“Do que está falando?” Jack ergueu algumas palhetas para vê-las melhor. “Essas aqui parecem com meus olhos, e aquela também, e aquela...” Ele lançou um sorriso torto para o Pooka, notando todas as manchas de tinta no pelo desse, sem impedir seu rosto de ficar quase da mesma cor. “Você realmente passou esse tempo todo tentando conseguir a cor perfeita e nem se tocou que já a tinha, canguru?”

Coelhão apenas deu de ombros, corando por baixo de seu pelo cinza-azulado.

“Hah, seu bobo.” Jack riu levemente. “Você é muito perfeccionista! Se continuar com isso nunca iremos pintar o quarto do bebê.”

“Eu quero que ele fique perfeito, Frostbite.” Coelhão tirou as palhetas das mãos do garoto antes que esse se sujasse. “E vou continuar tentando conseguir a cor certa...”

Jack Frost revirou os olhos movendo a boca como se dissesse em silêncio: “desse jeito o quarto vai ter cor de pedra e pronto...”

E, após ficar um bom tempo na sua, Sandman voltou a se pronunciar, chamando a atenção dos outros guardiões com seus vários símbolos dourados; e um sorriso se esticou em seu rosto quando a face de Jack se tornou ainda mais azulada e quando, mesmo com o pelo, dava para se notar que Coelhão devia de estar com o rosto quente.

“Sandy tem razão!” Jack sorriu, quase como se imitando o guardião dos sonhos. “Vamos fazer o quarto com duas cores! Azul e verde!”

“Tem certeza?” Coelhão perguntou enquanto Jack lhe lançava alguns potes de tinta, reclamando baixinho quando seu pelo ficou mais sujo ainda.

“Sim!” Naquele momento o guardião da diversão de repente estava animado, incrivelmente animado. “Trabalhe logo ai com uma cor para seus olhos, se precisar de alguma ajuda eu estou aqui!” E sorriu abertamente para seu amigo dourado. “Muito obrigado, Sandy! Você é demais!”

Sandman simplesmente riu com seu jeito silencioso.

–G–

“Sandman me contou que eles decidiram fazer o quarto em duas cores agora.” Tooth comentou colocando um pouco de chá em sua xícara. “Uma solução assim tão fácil e eles se enrolando em problemas e problemas...” Ela balançou a cabeça com um sorriso.

A risada forte de Norte ribombou pelo palácio de Punjam Hy Loo.

“Discutir por causa da cor do quarto? É bem a cara deles...”

“Eu sinto dó da filha deles...” Tooth riu suavemente.


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