A Guardian's Diary 3 - Seasons of love escrita por Lino Linadoon


Capítulo 11
Capítulo 11 - Sexto mês: Uma visita não desejada...


Notas iniciais do capítulo

Ola minha gente querida! AH! *desvia de um tijolo atirado por um leitor*
Oh, céus! Perdão! Perdão! Sinto muito pela demora, sério mesmo! *se esconde atrás de uma mesa ou algo assim*
Mas é que, já que estou de férias, eu tive de me voltar para a droga dos livros que tenho de ler para fazer meu vestibular, e sem contar que eu estava enfim me voltando para os livros que estou escrevendo que estão parados a meses!
Mas, aqui está mais um capítulo!
E esse é o casamento de Tooth e Norte!
E aparece também mais umas personagens minhas! :D
Espero que gostem! ^^'



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“Eu ainda não acredito que vou ter de usar isso...” Jack murmurou consigo mesmo com um suspiro levemente irritado.

O garoto de gelo se virou para dar uma melhor olhada na roupa que usava; era um tipo de terno branco azulado, um tanto não justo para que nem ele nem a bebê se sentissem desconfortáveis, além de calças da mesma cor – a única coisa que Jack não aceitou usar realmente eram os sapatos, é claro.

“Pelo menos não é um vestido...” Jack suspirou, passando os dedos pelos cabelos brancos.

“Oi, Jack?” Coelhão entrou no quarto. “Já está pronto? Se demorar muito, vamos perder o casamento.”

“Já estou pronto, canguru.” O espírito do inverno revirou os olhos. “Não sabe esperar nem alguns minutinhos, é?”

“Se seus minutinhos são mais de uma hora, então não.” Coelhão murmurou apenas para irritar seu parceiro, o que não falhou.

“Ora, me deixe em paz!” Jack simplesmente pegou seu cajado e flutuou para fora do quarto. “Vamos logo!”

Havia se passado um mês de preparativos e arrumação na vida dos guardiões, assim como havia sido há certos meses atrás. E, mesmo sendo menos tempo do que da ultima vez, os jardins de Punjam Hy Loo estavam incrivelmente lindos e decorados do topo das árvores até as pequenas flores pelos cantos (muito disso graças à ajuda de muitas das fadinhas dos dentes).

As paredes enormes do palácio cintilavam naturalmente na luz do sol com suas cores fortes, refletindo nos jardins, nas plantas e nas paredes de pedras claras, enfeitando naturalmente o lugar, o que deu a ele um tom mais aconchegante e ao mesmo tempo belo.

A lista dos convidados era quase a mesma do casamento de Jack e Coelhão – a maioria ficou muito surpresa ao saber de outro casamento entre os guardiões, embora alguns afirmassem já esperar por aquilo – e é claro que nenhum deles deixou de comparecer.

Jack sorriu ao chegar ao palácio da Fada dos dentes e rapidamente pulou para fora do túnel que Coelhão havia feito.

“Vou ver a Tooth.” Disse simplesmente antes de flutuar em direção da enorme construção na montanha, embora com um pouco de dificuldade, já que a pequenina em sua barriga estava incrivelmente agitada.

“Por Elizabeth Primeira!” Uma voz exclamou, parecia muito animada e não era difícil adivinhar de quem era. “Você está linda!”

“Obrigada, Bloom.” Uma risadinha encabulada soou levemente enquanto Jack enfim chegava onde a noiva se encontrava. “Ah! Jack! Aí está você!”

“Ola, garo-- wow...” Jack parou no meio da frase ao enfim ver como Toothiana estava.

A rainha das fadas usava exatamente o vestido que havia desenhado junto com Emma do qual havia falado para o garoto de gelo, embora estivesse levemente modificado. Era de um tecido branco ou de um azul muito claro; parecia tomara que caia, porém duas mangas regata caiam frouxas pelos ombros de Tooth; a saia era grande, porém, ao chegar à metade das pernas da fada dos dentes, ela se abria, como que se com a parte de traz se criasse uma cauda branca, o que deixava aparecer a maior parte das penas da real cauda da noiva.

E, é claro, que os detalhes na parte de cima ressaltavam, e muito, a barriga saliente e redondinha de Toothiana.

“O que acha?” Tooth perguntou animada, girando no ar para que Jack pudesse ver melhor.

“Está incrível.” Foi só o que Jack encontrou para falar.

“Eu concordo!” Bloom sorriu e se voltou para outra mulher ali. “Veja bem, isso não quer dizer que você é melhor que eu, mas, ainda assim, devo dizer que fez um ótimo trabalho!”

Arigato.” Ela respondeu com um sorriso, se curvando levemente. Era oriental, é claro, de pele pálida e longos cabelos negros, usava uma yukata vermelha e branca, mas os detalhes feitos no tecido pareciam cobertos por algo como teia... Seria mesmo...? “Ah, então esse é o novo guardião, Jack Frost?” Ela se aproximou do garoto e se curvou. “Hajimemashite, meu nome é Kinu.”

“Ah, você é a jorogumo que Tooth me falou.” Jack falou, se curvando meio sem jeito em resposta. “Prazer em conhecê-la.”

Kinu repentinamente aproximou sua face da do garoto logo que este voltou a se colocar ereto, o pegando de surpresa; mas, depois de alguns segundos o fitando profundamente nos olhos – os olhos vermelhos de Kinu pareciam cintilar de um modo estranho e um tanto perturbador para Jack –, a jorogumo simplesmente riu com um tom doce e se afastou.

“Você é realmente uma graça, como as garotas disseram!” Kinu disse ainda sorrindo, o que fez Jack ficar levemente azul. “Se eu não sentisse a marca do coelho em você, eu adoraria te ter na minha teia!” Jack não pode deixar de tremer com aquele comentário, afinal, sabia do que as “aranhas” japonesas eram capazes... “Mas... Etto... Sobre o que é que eu queria saber? Oh, é claro! Você também vai ter um bebê, ne?”

“Sim.” O garoto de gelo sorriu com a mudança da conversa, mas deu um passo atrás quase sem notar, quando a jorogumo se aproximou um pouco de sua barriga.

Aw, kawaii desu ne?” Kinu riu suavemente de novo, como uma garotinha ao estar com aquele de que gosta. “Isso é lindo! Duas ‘mamães’ entre os guardiões! Isso eu realmente não esperava!”

Toothiana riu ao ver o rosto de Jack se tornar azul enquanto o seu próprio ficava levemente rosado; quando Emma entrou voando afobada com mais duas fadinhas, falando apressada com sua rainha e, é claro, que logo foi para seu irmão.

“Wow, o pessoal todo está lá!” E, pelo jeito, a realização do que estava acontecendo pareceu enfim cair sobre a Fada dos dentes. “Oh, céus... Está na hora...”

“Ah, agora, Tooth, não vá ter um chilique!” Bloom logo se colocou ao lado da amiga, afagando-lhe os ombros emplumados.

“Eu não vou ter um chilique!” Tooth murmurou, porém já parecia estar prestes a isso.

Jack sorriu levemente, já que compreendia pelo que a rainha das fadas devia de estar passando.

“Garotas, porque não descem e tomam os seus lugares.” Jack disse docemente. “Eu cuido da Tooth aqui.” E, apenas após um tempo de reclamação, Bloom e Kinu saíram, deixando os dois guardiões juntos. As penas da fada se atiçavam levemente, mostrando seu nervosismo, e, para a surpresa do garoto de gelo, mesmo vendo a amiga assim ele se sentia mais calmo do que nunca. “Calma, Tooth. Sente-se aqui.”

Toothiana fez como fora dito, empurrando um pouco o vestido para não sentar neste, e logo suas pequenas mãos foram pegas pelas geladas de Jack.

“Tooth, vai ficar tudo bem.” Jack disse no mesmo tom que a rainha das fadas havia usado para acalmá-lo alguns meses atrás. “Vamos lá, é o seu casamento. E também, depois de tanto trabalho, quero que tenha certeza de que tudo vai ser perfeito!”

“Eu confio nas suas palavras Jack!” A fada dos dentes enfim falou, pelo jeito um tanto envergonhada do modo como agia, e por estar sendo cuidada por Jack e pela pequena Emma. “Mas é que estou tão nervosa... Não consigo relaxar!”

“Ora, não fique.” O espírito do inverno riu levemente, reconhecendo aquelas palavras. “Pense em quem está te esperando lá em baixo. É o seu Norte.”

Jack e Emma não demoraram a notar que tal comentário tivera uma reação na rainha das fadas; mas apenas ficaram em silêncio, esperando para ver se fora uma reação boa ou ruim. Logo, Toothiana ergueu os olhos que estavam voltados para o chão, um sorriso grande em seus lábios e pequenas lágrimas em seus olhos cor-de-rosa.

“Vocês tem razão!” Rapidamente, para a surpresa dos outros ali, Tooth se colocou de pé. “Não podemos deixar nosso guerreiro russo esperando lá em baixo!” É claro que Jack teve de sorrir com tal comentário, principalmente após a fada afagar suavemente sua barriga.

Os três flutuaram para os jardins de Punjam Hy Loo que estavam já cheios, os convidados conversavam animadamente até que notaram que notaram a chegada da noiva. A música começou, e, após receber mais dois sorrisos dos irmãos Overland antes que esses se sentassem, Toothiana se dirigiu ao altar.

Não é preciso dizer que Norte teve de se segurar no lugar para não correr até sua noiva; Tooth estava linda! O som de suas asas parecia incrementar um ritmo novo para a música que se espalhava pelos jardins do palácio. E, é claro que os convidados não demoraram a notar aquilo, alguns cochichando baixinho entre si.

Quando enfim a procissão de Tooth e suas fadinhas chegaram ao final, Jack se ofereceu para segurar o buquê.

“Acho que não preciso lembrar que não precisa realmente agarrar o buquê dessa vez.” Coelhão sussurrou para seu parceiro.

“Ora, talvez eu queira outro canguru para mim, não acha?” Jack contra-atacou com um sorrisinho torto, mas uma risadinha doce de Tooth e um pigarreio forte de Norte os impediu de continuar conversando.

Ombric, assim como seu antigo pupilo, limpou a garganta antes de começar.

“Caros amigos, estamos reunidos aqui para o casamento de Nicolau São Norte, guardião dos encantos – meu antigo pupilo...” Norte deu uma risada ao ouvir aquele comentário, sendo acompanhado pelo Pai do Tempo. “... E de Toothiana, a guardiã das lembranças e rainha das fadas de Punjam Hy Loo...”

“Ora, ora, ora...” Uma voz suave e baixa soou de algum lugar, interrompendo as palavras de Ombric. “Então é verdade...”

Uma mulher estava parada ao lado esquerdo do altar, incrivelmente próxima de Tooth, mas não era uma mulher normal. Seu corpo inteiro era coberto por penas vermelhas, da base de seu pescoço até seus pés que na verdade eram garras de pássaro; as penas em sua cabeça lembravam, e muito, as de Tooth, embora fossem divididas em vermelhas e roxas, com apenas uma amarela entre elas.

Havia um tom de desaprovação em sua face que era de um lilás claro, contrastando com a maquiagem vermelha forte em volta de seus olhos de mesma cor, e o pequeno nath indiano em seu nariz cintilava dourado na luz do sol do jardim.

“Você realmente acabou por se casar com esse russo.” Ela murmurou simplesmente.

“Gindy!” Toothiana sibilou por entre os dentes, parecia ao mesmo tempo irritada e surpresa, e suas fadinhas, entre elas Emma, compartilhavam os mesmos sentimentos. “O que está fazendo aqui?!”

“Só estava curiosa.” Gindy deu de ombros, revelando seus braços que na verdade eram enormes asas, com penas beirando de vermelho para roxo escuro, e brincando com as garras douradas na ponta de cada uma delas. “Ouvi dizer que havia casais entre os guardiões então tive de ver se era verdade ou apenas um boato tolo...”

Sua frase foi cortada quando uma espada apareceu frente a seu rosto, a surpreendendo e aos demais convidados, principalmente por causa de quem que estava a segurando.

“Vá embora!” Tooth sibilou, suas mãos diminutas agarrando com força a empunhadura da espada de Norte.

“Ora, minha prima, não seja assim tão má, acabei de chegar!” Gindy disse, simplesmente colocando uma garra em cima da lâmina prateada e a abaixando um pouco. Jack se surpreendeu com a palavra “prima”, lançando olhares confusos para Coelhão, mas este estava quieto, seu pelo quase tão eriçado quanto as penas de Tooth e suas patas em punho. “Tem a minha palavra de que não farei nada de mal para você; só viemos ver o seu casamento, não é meninas?”

Cinco fadinhas, todas parecidas com Gindy, mas com traços das fadinhas dos dentes, assentiram com pequenos sorrisos, embora lançassem olhares sérios e penetrantes para as fadas de Tooth.

“Não importa o que veio fazer aqui.” Norte falou seriamente, perfurando a outra “fada” com os olhos, enquanto abaixava a espada que Tooth segurava – trocando a mão dessa pela sua, na verdade. “Você não é bem vinda.”

“Disso eu já sei.” Gindy revirou levemente os olhos, e então pareceu lembrar-se de algo. “Mas eu posso muito bem saber sobre meu priminho de segundo grau, não?” Ela voltou o olhar para a barriga de Tooth. “Ora, não é que é verdade...” Ela tentou levar a asa até a rainha das fadas, mas esta se afastou, Norte se colocando logo a sua frente. “Hum, mas ela não é a única que vai ter um bebê, não é?”

Gindy voltou o olhar para Jack, um tanto escondido por Coelhão, mas não o bastante para impedi-la de vê-lo. Ela examinou o garoto com os olhos, demorando-se na barriga dele, e logo sua expressão mudou para uma que lembrava nojo ou algo do tipo.

“Hum... Isso é um tanto perturbador...” Murmurou baixinho.

Ao ouvir aquilo, Jack sentiu seu rosto ficar frio de irritação enquanto Coelhão rosnava baixinho ao seu lado, pelo jeito se segurando para não atacar aquela mulher.

“Eu já disse!” Toothiana elevou a voz repentinamente. “Vá embora daqui, Gindy!” E no mesmo instante curvou-se sobre a barriga, apertando-a com um gemido de dor.

“Irritação não faz bem para um bebê.” Gindy bufou, mas logo se percebia que não falara aquilo realmente se preocupando com sua prima.

“Acho melhor...” Ombric pousou sua mão no ombro da mulher, fazendo-a tremer levemente. “Você fazer o que ela pede. Agora.”

Gindy voltou os olhos para o Pai do Tempo e por um momento congelou, como que se tivesse visto algo que não desejava ver, ou que temesse algo naqueles olhos velhos e sábios. Ela virou o rosto rapidamente, pigarreando como que se tentasse recobrar sua postura.

“Muito bem, eu vou.” E se voltou para Tooth que estava sentada no primeiro banco. “Mas não pense que vou deixá-la em paz.” Disse simplesmente, dando um sorrisinho torto. “E, antes de eu partir, devo avisá-los de certas coisas...” Ela apontou com a garra para a barriga da Fada dos Dentes e a de Jack Frost que estava ao lado desta. “Tenha certeza de que essas crianças apenas lhes trarão problemas! E saiba...” E riu. “Que os dentes delas irão pertencer a mim!”

Aí foi a gota d’água.

De repente, Toothiana estava em cima de Gindy, lançando esta contra o chão tão rápido que os outros guardiões demoraram algum tempo para compreender o que acontecia, principalmente pelo que a Fada dos Dentes fazia, que não era a cara dela; Tooth agarrara com força a prima pelo pescoço, enquanto esta tentava se afastar usando as enormes asas de pássaro. As fadas de Gindy guincharam alto, voando em direção das duas fadas no chão, mas as pequenas fadinhas dos dentes logo as impediam de fazer algo.

“Tooth! Não!” Rapidamente, porém com dificuldade, Jack e Sandy puxaram a Fada dos Dentes de cima da outra, tomando cuidado, não só com sua barriga, mas também com os chutes e socos que essa continuava a desferir em sua raiva.

No mesmo instante Norte se colocou a frente de sua esposa, as espadas em punho como antes, as apontando para Gindy que tentava recuperar o fôlego.

“Agora chega!” Disse o cossaco com sua voz forte. “Ou você sai daqui agora ou então eu juro que vou fazê-la em pedacinhos!” Gindy se colocou de pé, notando como as lâminas afiadas das espadas de Norte seguiam seus movimentos. “E nunca mais ouse chegar perto de minha esposa e de meus filhos!”

Gindy apenas fez uma careta, mostrando seu desgosto pelo homem a sua frente, mas, com um pequeno aceno com a garra para Tooth, ela abriu suas asas vermelhas e voou para longe. Seus olhos vermelhos lançando olhares perfuradores de pura raiva principalmente para sua prima e Jack.

“Tooth...” Norte se ajoelhou ao lado de Tooth, que estava sentada em um dos bancos, respirando em lufadas, os demais convidados à suas costas, querendo saber como ela estava. “Você está bem?”

“Ela arruinou tudo...” Toothiana falou com um soluço. “Meu lindo casamento...”

“Não, ela não arruinou tudo.” Tsar Lunar afagou levemente os ombros de Rainha das Fadas. “Ainda temos o casamento inteiro pela frente.” Ele ajudou a Fada dos Dentes a se levanta, sorrindo seu conhecido e doce sorriso.

“Ele tem razão, moya lyubov!” Norte estendeu sua mãozorra para Tooth. “Vamos esquecer aquela mulher e continuar nossa celebração!” E, ao ver aquele sorriso grande e bobo de sempre do russo, a fada não pôde se impedir de retribuí-lo, já se sentindo melhor.

Toothiana respirou fundo, se recompondo, e se colocou ao lado de Norte, decidida a continuar seu casamento.

Todos os demais convidados voltaram a se acomodar em seus lugares e, com um pigarreio, Ombric recitou tudo do inicio, como era o que o casal desejava; Começar de novo, como se nada tivesse acontecido e terminar tudo do modo mais perfeito possível.

E o casamento continuou exatamente como devia, com os votos trocados por Norte e Tooth, assim como seus braceletes (O de Tooth vermelho e branco, e o de Norte, ametista, a cor dos olhos da fada), e, é claro que quando o novo casal se beijou, os convidados explodiram em palmas (Kinu e Bloom não conseguiram segurar algumas lágrimas). E, após isso, começou a festa.

“Então Tooth tem uma prima?” Jack murmurou, sentado em uma das pedras à beira do lago de Punjam Hy Loo, seus olhos desviavam da pintura nas paredes de rochas para a bebida que segurava.

“Sim, e já fazia um bom tempo que ela não dava as caras.” Coelhão fez uma careta, se lembrando dos comentários de Gindy.

“Ela e Tooth realmente não se dão bem...” Naquele momento o garoto de gelo se sentiu curioso. “Você sabe por quê?”

“Um problema de família.” Coelhão explicou, dando de ombros enquanto tomava um gole de sua bebida. “Gindy queria ser a rainha das fadas já que é mais velha que Tooth, e até hoje guarda inimizades com ela, o que lhe dá menos chances ainda de ser rainha.”

“Como assim?” Jack se apoiou contra o ombro felpudo de Coelhão, seu pé quase tocando a água cristalina do lago.

“Toothiana puxou algo muito importante de Rashmi, sua mãe, o coração puro.” O Pooka virou o olhar para o garoto que fitava sem ver seu reflexo na água. “Isso já não é o bastante para ser uma rainha?”

“Acho que sim.” Jack deu de ombros com um sorriso, se sentando de modo que pudesse ficar mais confortável. “Imagino que Gindy já tentou de algum jeito tomar o lugar da Tooth, não é? Elas parecem realmente se odiar...” E bufou levemente, afagando sua barriga redonda que agora estava exposta, já que ele havia aberto seu terno. “Sabe...” Sua voz mudou, tomando um tom abafado de algum modo. “Não acredito no que ela disse sobre mim...”

Coelhão ficou quieto, pensando um pouco, o garoto de gelo logo notou um pingo de irritação da expressão de seu parceiro.

“Mas...” Jack rapidamente falou, não querendo ver o Pooka irritado. “Por acaso ela planeja roubar os dentes de nossos bebês?”

O guardião da Esperança se voltou para o menor, o fitando nos olhos de modo sério, fazendo este se perguntar se havia dito algo que não devia...

“Jack, já ouviu pessoas reclamando de não poder se lembrar de sua infância, sejam adultos, adolescente ou até mesmo certas crianças?” Coelhão perguntou, e Jack simplesmente assentiu, já conhecera muitas pessoas assim... E odiava isso, muitas das crianças que passavam por esse tipo de amnésia o esqueciam completamente, o que o machucava lá no fundo... “A culpa disso é toda da Gindy. Ela e suas fadas vez ou outra roubam os dentes das crianças antes que Tooth e as fadinhas as peguem e tragam com segurança para Punjam Hy Loo.”

O guardião da diversão se surpreendeu com aquela informação, e não pôde se impedir de sentir uma onda de irritação percorrer-lhe o corpo. Primeiro por pensar o quão maldoso isso era para com os donos dos dentes, e, segundo, ao pensar no quanto isso devia de deixar Tooth irritada e triste.

“E onde ela os deixa?” Ele logo perguntou.

Coelhão notou pelo tom de voz que Jack já planejava saber o covil de Gindy só para poder ir lá e resgatar os dentes e memórias; e, é claro, que o Pooka não iria permitir aquilo; mas, além de tudo, eles nem sabiam onde Gindy se mantinha escondida...

“Não sabemos. Bem, acho que Tooth sabe onde é, mas não como chegar lá...” Coelhão disse simplesmente, querendo apagar aqueles planos da mente de seu companheiro. “Não se preocupe, um dia conseguimos os dentes e Gindy vai ter o que merece.”

Jack assentiu suavemente, um pouco desapontado e ainda irritado, o que o fez lembrar-se de outro comentário da mulher alada.

“Hum... Como se um milagre como esse fosse nos causar só problema...” O espírito do inverno murmurou, afagando sua barriga de modo protetor, como qualquer mãe faria.

Aquele comentário fez Coelhão sorrir levemente.

“Crianças são pequenos furacões, Jack. Acho que já devia saber disso.” O Pooka colocou um braço em volta do garoto, o puxando para mais perto. “E, tendo você como mãe, tenho certeza que problema não vai faltar na nossa vida...” E seu sorriso se alargou, logo obrigando Jack a imitá-lo.


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Notas finais do capítulo

Gindy e suas fadas pertencem a mim! Assim como Kinu a Jorogumo!
Rashmi pertence à William Joyce!