A filha de Afrodite escrita por Cachos de Anjo


Capítulo 2
Capítulo 2: Falsas esperanças


Notas iniciais do capítulo

Nossa gente, nenhum comentário? Assim eu fico triste :(

Mas, de qualquer forma, outro capítulo pra vcs, boa leitura



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Quando me dou conta, estou em uma clareira. Nico e Emily estão ao meu lado, mortos de cansaço, eu sinto apenas uma leve sonolência.



–Durmam um pouco, eu fico com o primeiro turno.-----Digo finalmente, quando vejo que os olhos de Nico estão quase fechados.


–Não posso, tenho que ir embora, vou voltar para o mundo inferior.-----Ele diz com a voz fraca, lutando para ficar de pé.

–Você está brincando? Não vou deixar que vá embora nesse estado! Mal consegue manter os olhos abertos!

–Paloma...

–Olha só, eu não estou perguntando se você quer dormir ou ir embora, eu estou afirmando que você vai dormir um pouco antes de ir embora, então, pegue um saco de dormir com Emily, deite, feche os olhos e durma, antes que eu perca a minha paciência.


–Okay.


Assim que tenho certeza de que os dois estão dormindo, pego minha mochila e me afasto um pouco da clareira, sentando em uma rocha ao lado de um enorme Salgueiro. Abro a mochila, pego uma garrafa de vodka e fico ali, sentada, lembrando de Lee Fletcher, meu namorado que morreu na batalha do labirinto. Desde a sua morte, eu não consigo me sentir em casa no acampamento. Eu era uma filha de Afrodite como as outras, não ligava para as guerras, mas sabia lutar. Depois da batalha, eu entrei em depressão, as minhas outras irmãs tentaram me consolar, mas eu comecei a acha-las todas estúpidas, começando por mim mesma.

Você agora deve estar achando que eu sou uma vadia, usando essas roupas e bebendo vodka com 17 anos, mas isso tudo é pura saudade.


Tiro Calamitatis do cabelo e a giro nos dedos. A lâmina vermelho-sangue agora exibe a imagem de Lee caindo morto na batalha, e eu não consigo conter a enxurrada de lágrimas que vem a seguir. Guardo a espada no cabelo, cansada de me torturar, pego a faca que Nico me deu de presente e começo e examina-la, ouço um som de passos atrás de mim, enxugo as lágrimas que insistem em cair pelo meu rosto e me viro rápido, apontando a faca para Nico, que está parado atrás de mim.



–Vejo que está fazendo bom uso do meu presente.-----Ele diz enquanto anda na minha direção, sentando ao meu lado na rocha.


–Eu só estava olhando ela.

–Ah sim, e para olhar uma faca você precisa de uma garrafa de vodka?



Dou de ombros, nem um pouco preocupada de ele saber que eu estava bebendo, Nico é meu melhor amigo, não escondo nada dele.

Abro a mochila, pego outra garrafa de vodka e entrego para ele, sei que também está triste, e o que melhor para afogar a tristeza do que uma boa garrafa de vodka?

Mas ele não aceita a garrafa, pega a que está em minha mão e a vira, derramando toda a bebida na grama. Sem me importar, estou quase abrindo a mochila para pegar outra quando ele segura meu braço.



–Você precisa parar com isso.-----Ele diz enquanto olha em meus olhos.

–Eu sei.-----Digo com os olhos marejados.


Nico me abraça e eu não consigo conter as lágrimas enquanto me apoio em seu peito, eu sei que posso contar com ele, só ele me entende. Se eu tentasse conversar com Emily, ela provavelmente me daria um sermão por estar bebendo vodka, e nem se importaria se estou em depressão ou não. Emily é mais fria que um cubo de gelo.


–Você me ajudou uma vez, agora eu vou retribuir o favor.-----Ele sussurra em meu ouvido.

–Seu caso era mais fácil, Percy não morreu.-----Digo entre soluços

–Não, ele só caiu no tártaro.


–Mas não morreu. E, de qualquer forma, você não é mais gay, você só tinha dez anos e ficou encantado com a forma que Percy lutava e achou estar apaixonado por ele.


–Tem razão, eu não sou mais gay, mas esta não é a questão, eu estou aqui para te ajudar, você tem que seguir em frente.

–Não posso, isso seria um insulto a memória de Lee.

–Não, não seria, você acha que ele gosta de te ver assim? Tudo o que ele quer é ver você feliz.

–Me ajuda a falar com ele?

–Paloma, isso só te faria mais mal. Quando eu perdi minha irmã, Bianca, eu sempre tentava falar com ela, e ela sempre me dizia para esquecer e seguir em frente, eu não dava ouvidos a ela, até que eu me isolei por completo, e agradeci a Hades quando conheci você, não cometa o mesmo erro que eu.



Balanço a cabeça tentando entender onde aquela história de seguir em frente vai dar, eu sou uma semideusa, tenho que me preocupar mais se vou sobreviver o bastante para completar 18 anos, não se vou conhecer outro garoto tão especial para mim quanto Lee. Ele era o amor da minha vida, disso eu tenho certeza. Mas agora, dificilmente vou arrumar outro namorado antes de morrer.

Estou tão perdida em meus pensamentos que mal percebo quando Nico levanta meu queixo, me forçando a encará-lo, e me beija. Fico tão atônita que mal consigo protestar, e quando ele se afasta, fico encarando-o, boquiaberta, sem conseguir compreender o que acabou de acontecer.



–O que...?

–Como você mesma disse, eu não mais gay, aliás, eu nunca fui gay, o que eu sentia por Percy era pura admiração.-----Antes que eu tenha tempo de falar alguma coisa, ele continua.-----Eu me apaixonei por você no verão passado, quando você me ajudou e me defendeu dos campistas que tiravam sarro de mim por eu ser tão esquisito. Nunca te falei nada, porque sabia que você ainda sofria com a morte de Lee, mas não suporto te ver nesse estado, ficando bêbada só para tentar esquecer, chorando pelos cantos quando acha que ninguém está vendo, se isolando de tal forma que as pessoas pensam que é a convivência comigo.-----Ele dá uma risada fraca, mas estou completamente imóvel, perplexa de mais para emitir qualquer som.-----Não seja tão cruel consigo mesma, você é boa demais para isso.



Ele se levanta e sai, quando consigo me livrar do transe, seco as lágrimas o mais rápido possível, porque sei que daqui a alguns minutos minha irmã vai acordar para o seu turno, e a última coisa que eu quero é contar para Emily o que aconteceu aqui. Então, quando ela me manda ir dormir, eu apenas assinto, jogo a mochila no ombro e vou em direção ao meu saco de dormir. Nico está deitado a uns dois metros a minha direita, provavelmente fingindo dormir, mas isso não me importa agora. Eu estou explodindo de raiva, e só consigo encontrar um culpado para tudo isso que está acontecendo: Afrodite. Foi ela que me fez sofrer tanto nesses últimos três anos, foi ela que fez Nico se apaixonar por mim. A culpa é só dela.



–Maldita seja Afrodite.-----Murmuro, mesmo sabendo que ela pode me castigar ainda mais, não estou nem aí.


–Não culpe sua mãe por eu ser tão idiota a ponto de ter esperanças.-----Ouço Nico murmurar, a tristeza evidente em sua voz.

Me levanto sem fazer barulho e sento perto dele, não posso deixar que pense assim, isso só vai aumentar a minha culpa.

–Vem cá.-----Abro os braços, e ele me abraça sem hesitar.-----O problema não é você, sou eu. Minha mãe está tentando me dar uma nova chance, mas eu não sei se estou preparada para isso, não consigo me imaginar com outro garoto sem pensar que estou traindo Lee. Eu adoro você Nico, de verdade, você é meu melhor amigo, e simplesmente não posso ficar com você agora, pelo menos ainda não, porque sei que vou acabar te magoando, eu estou muito confusa com o que acabou de acontecer, e se não tiver certeza sobre o que sinto sobre você...


–Então eu tenho uma chance?-----Ele me pergunta com os olhos brilhando, cheios de esperança, e eu não consigo dizer a verdade, não consigo magoar esse garoto.

–Quem sabe depois que Gaia for derrotada? Afinal, minha mãe é totalmente imprevisível-----Assim que acabo de falar, me arrependo imediatamente do que disse. Nico abre um sorriso tão fofo, que eu me pergunto se algum dia vou ter coragem de falar a verdade, tudo o que eu fiz foi enche-lo de falsas esperanças.


Nico dá um grito de comemoração, e eu ouço os passos de Emily, vindo ver se está tudo bem, mando ele calar a boca e pulo em meu saco de dormir, com um olho aberto e o outro fechado.



–Tudo bem por aqui?-----Ela pergunta.

–Melhor impossível.-----Vejo que Nico ainda está sorrindo, e para evitar que minha irmã desconfie, eu entro na conversa.


–Vocês podem por favor calar a boca? Eu estou tentando dormir.


Assim que ela sai, decido tentar dormir. Fico me amaldiçoando até cair no sono, por ser tão cruel, a ponto de dar esperanças aquele pobre garoto, e pedindo perdão a Lee, porque eu sei que não vou conseguir seguir em frente.



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