Os novos herois do Olimpo escrita por valberto


Capítulo 20
Capítulo 20




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Invadindo a cova do gigante.

– Explica de novo irmão. Faz favor que minha mente deve estar derretendo com esse calor todo. – Eric se abanava com uma tampa plástica, já fazia uns três minutos. Oliver olhou para ele e com uma recém-descoberta paciência explicou tudo de novo.

– Existe um posto avançado da Giges a algumas quadras daqui. É um depósito de equipamentos de segurança e veículos. Podemos entrar, pegar um dos carros deles, de preferência um de seus picapes duas cabines com ar condicionado e rumar pela estrada. Quando descobrirem vãos estar tão longe que nem vão poder nos procurar. Eu mesmo posso hackear o computador deles e colocar o carro que levamos como “em manutenção”. Podemos fazer isso sim. Tenho certeza.

Todos estavam olhando para ele, como alunos observando uma aula dada por um verdadeiro artista do saber. Ele mesmo se sentia um verdadeiro expert em invasões como aqueles tipos que faturam milhões de dólares nos filmes. Por fim ele continuou.

– O melhor plano de ação é entrar de fininho, perto das três da manhã. Não tem ninguém na rua e os dois vigias vão estar bem cansados. Entramos, nocauteamos os guardas e saímos sem levantar suspeitas.

– E vamos esperar até as três da matina para fazer isso? Como ter certeza que eles não estão esperando por nós lá? Acho que devemos dar um jeito de voltar ao santuário… – Lucas parecia pouco à vontade com a ideia de entrar sorrateiramente em algum lugar e roubar, mesmo que fosse de um inimigo declarado do santuário.

– Não seja covarde, Lucas. Temos uma missão a cumprir e irmãos para vingar. – a voz de Nathália soou grave e estranhamente satisfeita pela antecipação da batalha – Podemos finalmente levar a batalha para os canalhas. Vamos partir para a ofensiva ao invés de ficarmos apenas no nosso canto, nos defendendo. Mas a espera me deixa ansiosa. Por que não atacamos já?

– Acho que o sangue de Ares está subindo sua cabeça, Nath. Você nunca leu livros de estratégia? O nome Sun Tzu não significa nada para você? Estou com o Oliver. O plano dele é bom e tem plenas chances de dar certo. Vamos sentar e esperar. Não somos os deuses que tem põem resolver tudo com um estalar de dedos. Somos semideuses. Meio deuses, meio humanos, lembra-se? – a voz de Jade soou objetiva. Por um momento parecia que a tensão entre as duas estava crescendo.

Eric pôs a mão no ombro de Nathália. Ela se virou rápida, reflexos de combate à flor da pele. Encarou o rosto do jovem, sereno, com um meio sorriso nos lábios. Ele respirava devagar, quase um sussurro. Tudo no corpo dele dizia para que ela mantivesse a calma. La estava olhando para ele, incapaz de desviar o olhar. Então ele se inclinou sobre ela e mostrou a língua, dando um empurrão na menina. Nath caiu para trás tropeçando em Oliver. Logo, ele e Eric explodiram em risadas. Jade cobriu os olhos esperando pelo pior. A expressão de Nathália foi mudando, ficando cada vez mais inchada até que ela também explodiu em risadas.

– Ora, se eu pegar vocês, vou fazer vocês de picadinho e vou dar para os cães dos tártaros comerem! Voltem aqui! – ela corria de forma espaçada, obviamente adotando a brincadeira dos dois. Pegou um monte de barro do chão, puxou a parte traseira do calção de Eric e lá depositou o monte. O sentir o frio de o barro úmido descer pela parte traseira Eric pulou como um irlandês dançando alguma animada música tradicional. Oliver teve um destino tão ruim quando já que sem esforço Nath o imobilizou sentando sobre a sua barriga e peito, fazendo peso sobre o menino. Perguntava sempre quem era a semideusa mais poderosa do Olimpo e como Oliver não respondia seu nome ela continuava. De repente ele respondeu “o Sr. Dezan”. Todos caíram na gargalhada. Mesmo Lucas riu um pouco alto.

O clima descontraído deu-se até a noite, quando fizeram um jantar improvisado e fecharam os últimos detalhes da invasão.

– Eu já invadi as câmeras deles. Eles têm três homens por turno. Um intendente que fica no computador e dois seguranças armados. Uma vez por hora eles fazem a ronda em torno do prédio, que dura 20 minutos. Neste momento podemos entrar, pegar um dos carros e sair pelo portão principal. Eu acho que essa caminhonete aqui é perfeita – Era um modelo S10, cabine dupla estendida, do ano passado. – Ela tem adesivos discretos que podemos tirar com pouco trabalho. Imagino que Eric seja capaz de pilotar uma dessas sem nenhum aborrecimento.

– E as chaves? – perguntou Jade.

– Não vamos precisar – disse Eric que passara um bom pedaço da tarde explorando o clube em ruínas e trazia nas mãos uma meia dúzia de cadeados diferentes. Ele aproveitou um fio de arame esticado e colocou todos os cadeados nele. Depois pegou no primeiro. Segurou por uns segundos e puxou. O cadeado abriu como se estivesse sendo aberto com sua própria chave. E foi assim como todos os outros. Uns demoravam um pouco mais para abrir, mas no final abriram todos. Por fim exclamou satisfeito: – Não existem fechaduras e trancas para o rei das fechaduras.

Oliver ficou satisfeito com as habilidades do colega. Nathália comentou que era uma habilidade útil a um batedor e espião, enchendo Eric de um orgulho meio zero-zero-sete. Lucas manteve-se indiferente e Jade tentou esconder, sem muito sucesso, que também estava impressionada com as habilidades do companheiro.

Com o fim do dia resolveram descansar, tomando turnos de vigia até as duas da manhã, quando rumariam para o depósito da Giges. Nathália organizou os turnos de modo que ninguém ficava realmente sozinho enquanto vigiava. Para que o sistema funcionasse ela começaria a vigília, sendo auxiliada por um segundo membro e depois rendida por um terceiro. Um sistema simples de ciclos a colocou primeiro com Lucas e depois a colocou no final de volta com Oliver. Ela sentou-se ao lado dele, no final da vigília, pouco mais de meia hora antes de acordar todos.

– Tudo certo? – perguntou ela enquanto afiava a sua espada.

– Espero que sim. Espero também que não precisemos usar essas armas. – disse ele em tom casual.

– Bom, nem todo mundo pode carregar uma arma poderosa como o raio de Zeus na palma das mãos. Para o resto de nós que precisa se preocupar em portar espadas e escudos, ter suas ferramentas de trabalho em bom estado é indispensável. – Oliver pensou instintivamente nos soldados romanos, de um documentário que vira anos atrás do History Chanel inglês. Só então percebeu que a espada de Nahália era romana. Uma versão um pouco maior que um gládio. Ao contrário de Jade e Lucas, que usavam adagas e equipamento nitidamente grego.

– Alguns de nós são armas mortais naturais. Não precisam de armas. A sua natureza é ser uma arma. – ele filosofou, como que tentasse dar fim à conversa.

– Aceito o elogio filho da dama das estrelas. – Nathália suspirou e olhou para o céu estrelado e sem nuvens da capital federal. O ar estava seco e o clima frio. Da fogueira que tinham acendido mais cedo restava apenas um punhado de brasas bruxuleantes, de onde emanava um calorzinho fraco, incapaz de vencer o frio. Instintivamente ela se aninhou ao lado de Oliver. Ela percebeu o desconforto do rapaz e acrescentou: – Não tenha qualquer ideia, filho das estrelas. Quero apenas espantar o frio.

Oliver concordou estoicamente. Num primeiro momento a proximidade com a companheira o deixou incomodado, mas minutos depois ele percebeu que era uma sensação boa. Nathália tinha uma beleza selvagem, um tanto bruta, como uma leoa pronta para estraçalhar sua presa. Poucos minutos depois o menino começou a perceber a doçura do seu hálito e o seu perfume. Não se parecia com nenhum cheiro que estava acostumado a sentir vindo de mulheres. Era diferente, discreto e ainda assim único.

Finalmente chegou a hora da invasão. A fogueira fora apagada com uma pá de barro fresco e eles se puseram em marcha silenciosa pela noite fria. Nathália os levou através de ruelas e descampados, evitando habilmente postes, ruas bem iluminadas e patrulhas noturnas. Chegaram ao deposito da Giges em pouco mais de dez minutos de marcha. Ela ficava no final de uma rua sem saída, num descampado isolado. Parecia um velho armazém da Conab, deslocado da zona rural. Não havia casas em volta e a única construção digna de nota nas redondezas era um posto de saúde comunitário móvel instalado num trailer. O perímetro era cercado por uma cerca de arame trançado, com pouco mais de dois metros de altura. No alto da cerca, três carreiras de arame farpado davam a volta, intercalados a cada dezena de metros por uma placa amarela que dizia “cuidado: cerca elétrica”. Não havia postes com câmeras e nem mesmo detectores de movimento. A cerca se estendia por cerca de 250 metros antes de fazer a curva. Do lado de dentro, entre a cerca e o prédio principal do depósito havia uma estada pavimentada, grande o bastante para permitir a passagem de um caminhão.

Não demorou muito viram dois seguranças dentro de um carrinho de golfe passando devagar pelo lado de dentro da cerca. Um deles dirigia e o outro ia iluminando em volta com um holofote montado no carrinho. Tinham expressão de sono e portavam nas cinturas pistolas automáticas. Lucas espremeu os olhos tentando ver com mais clareza através da Névoa e comentou em voz baixa que não eram humanos. Quando o carro passou perto o bastante para que todos pudessem ver, perceberam que o menino dissera a verdade. Eram os mesmos caras do aeroporto: cães enormes em forma mais ou menos humana, usando roupas e coletes. Um deles levantou a cabeça pareceu farejar o ar, mas não demonstrou nenhum interesse. Continuou o seu caminho sem olhar para trás. Nathália correu em direção à cerca, encostou as costas nela e se ajoelhou, juntando as mãos na posição de estribo. Jade veio correndo logo depois e usou o apoio da amiga para, habilmente, saltar sobre o arame farpado. Ela caiu silenciosamente, como um gato indo se refugiar numa reentrância da parede do depósito. Eric era o seguinte. Ele correu e também usou o apoio de Nathália, mas sem a mesma habilidade felina de Jade. Seu pouso só não foi mais desastrado porque ele foi absolutamente cômico. Pelo menos Jade teve de segurar o riso quando ele se levantou e andou mancando até ela. Nathália flexionou os joelhos e saltou sem esforço para o outro lado. Se Jade era agilidade felina, Nathália era a força bruta em forma de gente. Ela correu para junto dos espantados amigos.

– Você saltou três metros só flexionando os joelhos! – Eric parecia incrédulo.

– Alguns correm rápido, outros são fortes. – Nathália sorriu ao passar pelos dois.

Do outro lado da cerca, protegidos pela sombra de uma salácia, Oliver e Lucas observavam a ação. Eram o grupo de retaguarda e se tudo desse certo não precisariam entrar em ação. Mas Oliver já estava agindo. Neutralizou, por via das dúvidas, todos aos alarmes que pode encontrar que estavam ligados ao computador central da giges. Também colocou a picape que queria como “em manutenção” para que ninguém desse falta dela.

Eric foi até o portão e com um giro de pulsos o destravou. Depois foi até o caro e destravou sua porta também. Foi quando ouviram a porta da frente abrindo. Um segurança cara de cachorro saiu por ela, resmungando em voz alta.

– Maldição. Mas como é que não podemos fumar mais dentro das instalações? Que regra mais idiota!

Ele acendeu o cigarro e passou direto pelo lado onde Jade e Nath estavam escondidas. Ele pareceu farejar o ar, mas continuou o seu caminho. Aquele segurança extra não estava nos planos. Era questão de tempo, minutos na verdade, para que o resto da patrulha voltasse ao ponto de partida. Dali teriam mesmo problemas. O soldado continuou fumando. Nath fez um sinal silencioso para Jade e depois sacou uma adaga de bronze celestial. Ele foi sorrateiramente até o segurança e com um golpe rápido prendeu o bicho pelo pescoço. Ele se debateu um pouco, mas seu animo arrefeceu quando a adaga perfurou entre suas costelas. Nath o baixou no chão com delicadeza e o arrastou para um ponto cego entre outros dois carros. Com sorte só seria encontrado no dia seguinte. Estranhamente não se desfez em pó imediatamente, mas quando Nathália afastou-se dele ele explodiu numa nuvem de cinzas e poeira.

Eric suspirou aliviado e entrou no carro. A caminhonete estava de tanque cheio e tinha todos os opcionais que Oliver havia prometido. Ia ser uma viagem longa, mas muito confortável até o Ceará. Ele desengatou o carro e chamou as meninas para empurrar o carro enquanto ele manobrava. Jade ficou de guarda enquanto Nath empurrava o carro. De repente a porta do depósito abriu de novo e um segundo segurança passou por ela. Ele viu a cena e puxou a sua arma da cintura pouco antes de ser atingido na testa por Jade. Ao cair no cão sua arma disparou. O tempo da sutileza já tinha passado, definitivamente.

Ele ligou o carro e engatou a ré passando como um raio pelo portão escancarado. Nathália corria logo atrás, espada em punho, como se algum inimigo fosse brotar do chão. Num segundo o carrinho de golfe surgiu no horizonte, virando na lateral do prédio. O cara do holofote vinha falando ao comunicador enquanto o motorista dirigia no limite do que o carrinho podia oferecer. A flechada certeira de jade travou a roda do carro e ele capotou para frente como numa vídeo cassetada. Um dos seguranças saiu de baixo dele, pistola em punho, pronta para disparar quando a rajada de energia o atingiu em cheio, reduzindo-o a pó.

O segundo segurança ouviu alguma coisa no rádio e começou a correr no sentido contrário dos meninos. Jade preparou a flecha e disparou. Dessa vez ele explodiu em pó imediatamente.

– Todo mundo à bordo! – o grito de Eric encheu a rua enquanto ele abria as quatro portas da caminhonete. Todos entraram apressados enquanto Eric dirigia pelas ruas sendo guiado por Nathália. Quando entraram no eixo monumental, em direção para pegar a DF 003 sentido Sobradinho cruzaram com várias viaturas da polícia militar em sentido oposto. Nenhuma pareceu lhes dar atenção e poucos minutos depois estavam seguindo pela estrada, deixando o Distrito Federal para trás.


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