Renascida escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 6
Capítulo 5




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Edward pov’s

 

O torpor me dominou. Permaneci naquele quarto aspirando o doce perfume de Bella impregnado em cada objeto por mais tempo que poderia suportar. Eu sabia que era errado mergulhar na melancolia, eu deveria estar agindo para encontrá-la. Bella ainda estava viva, pelo menos até o anoitecer. Eu não conseguia reunir forças. Cada fibra da minha carne (ou do que um dia foi carne) culpava-se pelo que aconteceu a Bella. Não percebi o anoitecer chegar, só percebi quando ouvi a viatura de Charlie e o cheiro de Alice que certamente estava com ele. Eu não me movi. Permaneci deitado tentando escutar as vozes e decifrando o que diziam. Charlie estava convidando Alice para dormir no quarto de Bella já que a mesma não havia feito reserva em algum hotel ou pousada. Alice prontamente aceitou, disse que ficaria enquanto Carlisle e os demais não chegavam. Os pensamentos de Charlie se encheram de fúria. Não lhe agradava a idéia de que supostamente eu viria para Forks. Ele pediu a Alice que falasse comigo, o recado era para que eu o evitasse caso o contrário Charlie não se responsabilizaria pelo que faria a mim. Ele me odiava profundamente, me culpava por tudo. Eu estava longe de tirar sua razão.

 

-Eu vou subir agora. Estou exausta!

 

-Não quer comer algo Alice? Eu preparo comida para você ou posso pedir algo do restaurante? –Charlie perguntou. Ambos estavam na cozinha.

 

-Estou sem fome. Comi antes de vê-lo. Irei apenas descansar. Boa noite Charlie. Obrigada pela oferta de me oferecer abrigo.

 

-Eu é que agradeço por estar aqui. Você sempre foi uma boa amiga para Bella.

 

-E você é um ótimo pai. –Alice caminhou a passos humanos para cá. Eu me endireitei e sentei na cama. Alice entrou e fechou a porta atrás de si.

 

-Então Alice? O que descobriu? –Quis sondar sua mente, mas Alice não estava se concentrando em sua conversa com Charlie. Ela recitava um poema de Luís de Camões. –Por que está fazendo isso? Por que não quer que eu leia sua mente? –A fúria rapidamente se apoderou de mim. Alice caminhou até a cadeira de balanço e se sentou lá.

 

-Acalme-se. Eu vou contar.

 

-Então seja rápida! –Eu estava impaciente. Há muito tempo a tranqüilidade havia me abandonado.

 

-Perguntei a Charlie por mais detalhes do desaparecimento de Bella e de coisas estranhas que ocorreram na cidade. Charlie me disse que antes de Bella desaparecer estavam ocorrendo desaparecimentos de mochileiros nas florestas. Algumas pessoas alegaram que viram ursos enormes na floresta nas proximidades de La Push. A princípio, antes de ver uma carta de Bella endereçada a ele, Charlie achou que ela tivesse sido vitima deste tal urso ou o que quer que esteja fazendo isso.

 

-Ursos enormes? Nas proximidades de La Push? –Aquilo não me agradava. Eu só conhecia algo enorme naquelas florestas, mas não eram ursos. Talvez a habilidade dos Quileutes de se transformarem em lobisomem não tenha morrido com Emphain Black.

 

-Sim. Charlie achou que esse urso poderia estar matando as pessoas. Ele pediu a Bella para não ir à floresta.

 

-Ursos não crescem muito e não atacam assim. Quantos mochileiros desapareceram?

 

-Muitos. Nenhum corpo foi encontrado, apenas vestígios de sangue. –Eu congelei. Essa descrição não era de ataques de ursos e sim de ataques de vampiros. Eles sempre atacavam suas vitimas e sumiam com os corpos. Às vezes suas vitimas transformavam-se em vampiros, outras vezes não sobreviviam. Eu precisei fazer um esforço hercúleo para não gritar. E se Bella tivesse sido atacada por um vampiro enquanto estava na campina? Isso era uma possibilidade. Este fato explicaria tudo. Por que Bella esteve desaparecida (o período de transformação era em torno de três dias), por que reapareceu apenas para se despedir e partir. Bella não ficaria em Forks sabendo que poderia matar algum conhecido, ela deixaria sem hesitar esse lugar.

 

-Acho que estamos chegando à mesma conclusão lógica Edward. –Alice tinha um semblante plácido. Sua face despreocupada apenas conseguiu me enervar.

 

-Temos de investigar Alice! Não é certeza de que nossas suposições certamente aconteceram! O ataque aos mochileiros cessou?

 

-Sim. No mesmo dia em que Bella desapareceu.

 

-Isso é estranho. Por um acaso o suposto vampiro que esteve matando aqui em Forks tinha como alvo Bella? Por isso, assim que cumpriu com seu dever, ele sumiu? É isso?

 

-Talvez. Mas eu não consigo pensar em alguém que poderia ter como objetivo matar Bella. A não ser...

 

-Victoria. –Meus dentes trincaram. –Ela havia ajudado James na caçada de Bella. Talvez ela quisesse terminar o que James começou.

 

-Não é certeza. Qualquer vampiro poderia ter feito isso. –O celular de Alice vibrou. Ela prontamente o pegou. –É Carlisle. Certamente ele deve estar em Forks com os outros. Edward, vá até ele e conte tudo o que descobrimos. Eu ficarei aqui.

 

-Tudo bem. –Eu me levantei e fiquei parado em frente à janela. –Alice tem algo sobre a conversa com Charlie que você não quer compartilhar comigo? –Alice emudeceu. Nem ao menos olhou para mim. –Seja lá o que for eu quero saber. Pare de ficar recitando poesias para que eu não sonde diretamente de sua mente!

 

-Edward eu acho melhor você não saber. Isso só o faria sofrer desnecessariamente.

 

-EU QUERO SABER! Tudo o que está ligado a Bella me interessa. Quero saber tudo o que aconteceu durante minha ausência. –Eu permaneci com o semblante sério, meus olhos fixados na figura de Alice. Pouco a pouco ela deixou de citar poesias concentrando-se na parte da conversa que ela não queria que eu soubesse.

 

"-Foi muito ruim, Charlie?

 

-Muito ruim.

 

-Me fale sobre isso. Eu quero saber exatamente o que aconteceu depois que nós fomos embora.

 

-Eu nunca me senti mais inútil! Eu não sabia o que fazer. Naquela primeira semana - eu pensei que teria que hospitalizar ela. Ela não comia e não bebia nada, ela não se movia. Dr. Gerandy estava soltando palavras como 'catatônico', mas eu não deixei que ele a visse. Eu estava com medo que isso a assustasse.

 

-Mas ela superou isso?

 

-Eu pedi pra Renée vir pegá-la pra levá-la para a Flórida. Eu só não queria ter que... Se ela tivesse que ir para um hospital ou coisa assim. Eu esperava que se estivesse com a mãe fosse ajudá-la. Mas quando começamos a fazer as malas dela, ela se acordou com uma vingança. Eu nunca vi a Bella pirar daquele jeito. Bella nunca teve acessos de raiva, mas, rapaz, ela estava furiosa. Ela jogou as roupas dela pra todo lugar e gritava que nós não podíamos forçá-la a ir embora - e depois ela finalmente começou a chorar. Eu pensei que esse fosse o fim de tudo. Eu não discuti quando ela insistiu em ficar aqui... E no início ela parecia estar melhorando...

 

-Mas?

 

-Ela voltou pra escola e pro trabalho, ela comia e dormia e fazia o dever de casa. Ela respondia quando alguém a fazia uma pergunta direta. Mas ela estava... vazia. Os olhos dela estavam apagados. Havia um monte de coisas pequenas - ela não ouvia mais música. Ela não lia; ela não estaria na sala se a TV estivesse ligada, não que ela já assistisse muito antes. Eu finalmente entendi - ela estava evitando tudo que a fizesse se lembrar... Dele. Nós mal podíamos conversar; eu estava sempre tão preocupado em dizer alguma coisa que aborrecesse ela - as menores coisas a fazia vacilar - e ela nunca era voluntária pra nada. Ela só respondia uma coisa se eu perguntasse. Ela estava sozinha o tempo inteiro. Ela não retornava as ligações dos amigos, depois de um tempo, eles pararam de ligar. Era sempre a noite dos mortos vivos por aqui. Eu costumava ouvi-la gritando no sono...

 

-Eu lamento, Charlie.

 

-Não é sua culpa. Você sempre foi uma boa amiga pra ela.

 

-E foi sempre assim? Bella sempre...

 

-Não. Desde que ela começou a andar com Jacob Black, eu tinha reparado uma grande melhora. Ela estava com cor nas bochechas quando volta pra casa, um pouco de luz nos olhos. Ela estava mais feliz. Ele é um ano mais novo que ela mais ou menos, mas eu acho que tinha mais alguma coisa acontecendo, ou pelo menos estava nesse caminho. Jake é velho para a idade dele. Ele tem tomado conta do pai fisicamente do mesmo jeito que Bella cuida da mãe emocionalmente. Isso amadureceu ele. Ele é um garoto bonito também - puxou ao lado da mãe. Ele sempre foi bom pra Bella, sabe, ou pelo menos foi enquanto Bella esteve por aqui.

 

-Então é bom que ela tenha tido ele.

 

-Ok, talvez eu estivesse apressando as coisas. Eu não sei... mesmo com Jacob, de vez em quando, eu via alguma coisa nos olhos dela, e eu me pergunto se por acaso eu tinha noção da verdadeira dor pela ela está passando. Não era normal, Alice, e isso... isso me assusta. Não era nem um pouco normal. Não era como se alguém tivesse... Deixado ela, mas como se alguém tivesse morrido.

 

-Eu não sei se ela um dia superou isso - eu não sei se faz parte da natureza dela se curar de uma coisa assim. Ela sempre foi uma coisinha tão constante. Ela não esquece as coisas, muda de idéia.

 

-Ela é uma em um milhão.

 

-Alice, eu preciso te perguntar uma coisa.

 

-Vá em frente.

 

-Ele não vai voltar cá, vai?

 

-Ele nem sabe que eu estou aqui. Da última vez que eu falei com ele, ele estava na América do Sul.

 

-Pelo menos, isso é alguma coisa. Bem... Eu espero que ele esteja se divertindo.

 

-Eu não tiraria conclusões precipitadas, Charlie.”.

 

Um choque perpassou todo o meu corpo. Eu sabia que Bella tinha sofrido com minha partida, mas não sabia o quão grande era a extensão de sua dor. Eu era um lixo. Eu a fiz sofrer incomensuravelmente e para que? Para garantir sua segurança? No final das contas eu apenas a deixei exposta a um perigo maior do que eu mesmo. Meus punhos estavam fechados com força. Eu queria extravasar toda a ira que me consumia, ira destinada apenas a mim.

 

-Edward... –Alice mostrava-se preocupada.

 

-Está tudo bem. –Eu lhe disse, mas pude ver o ceticismo no seu rosto pela minha afirmação. –Eu vou me encontrar com Carlisle e os outros. –Sai pela janela rapidamente. Eu tinha uma idéia de onde eles estariam. Carlisle e os outros estavam em nossa antiga casa. Esme esperava-me na porta de casa, correu até mim e me abraçou.

 

-Oh Edward meu filho estou tão feliz por vê-lo!

 

-Eu também mãe.

 

-Não quero que se afaste novamente de nossa família. Fiquei muito triste com o seu afastamento.

 

-Creio que isso não voltará a acontecer. Quando encontrarmos Bella, nós voltaremos a nossa antiga vida em Forks. –Esme sorriu com minha declaração. Jasper saiu de dentro da casa.

 

-É muito bom vê-lo, Edward. –Jasper disse com aparente timidez. Ele não me olhava. Não tínhamos tido uma conversa descente desde que Jasper quase atacou Bella, há oito meses. Eu me aproximei, Jasper ficou um poço alarmado com minha aproximação.

 

“Será que Edward ainda me odeia pelo que fiz? É minha culpa o que aconteceu. Por culpa da minha falta de controle.”.

 

-Está enganado Jasper. Eu nunca o odiei, nunca o culpei pelo que aconteceu no passado. Não quero que se sinta assim. –Jasper sorriu.

 

“Obrigado Edward.”.

 

-Edward? –Era Carlisle. Aproximou-se e ficou ao lado de Esme. Logo Emmert e Rosalie vieram.

 

-E ai mano? Muito bom vê-lo.

 

-Digo o mesmo Emmert... Rosalie.

 

-Espero que pare com isso agora Edward. –Disse Rosalie carrancuda. –Esme deu nos nervos. Estava sempre deprimida por ter partido e Carlisle nem sorria mais. Até Emmett ficou deprimido e você sabe que isso é algo muito raro.

 

-Peço desculpas por isso Rosalie, não era minha intenção. –Falei verdadeiramente arrependido. Eu só tinha causado dor a todos que me cercavam na tentativa de ser correto.

 

-Então Edward, conte-nos tudo o que precisa contar sobre o desaparecimento de Bella. –Disse Carlisle. Fomos para o interior da casa. 

 

...

 

-Muita coisa aconteceu a Bella. Pobre criança. –Disse Esme pesarosa. Esme gostava de Bella como uma filha. Jasper ouviu a tudo e pude ver através de seus pensamentos que a culpa o dominava de volta. Ele seria difícil. Rosalie estava carrancuda com tudo que acontecia, estava amuada em um canto com Emmert, que ouvia a tudo o que falei.

 

-Então devemos investigar exatamente o que ouve. Não há certeza se Bella foi atacada por um vampiro e é uma de nós.

 

-Sinceramente Carlisle eu não sei mais a quem perguntar. Conseguimos muita informação com Charlie através de Alice, mas ainda são insuficientes.

 

-Bem... De acordo com o que você falou Bella se aproximou de Jacob Black, não é? –Perguntou Calisle, a expressão facial especulativa.

 

-Sim. Acha que os Quileutes sabem de algo?

 

-Eles sempre sentem a presença de outro vampiro. Devem ter percebido algo. Eu irei agora mesmo entrar em contato com um deles para conversarmos.

 

-Então vamos com você. –Manifestou-se Emmett.

 

-Acho melhor ir sozinho. –Carlisle disse.

 

-Meu amor, não sabemos se os Quileutes serão hostis. Vamos todos juntos, sim? –Falou Esme.

 

-Está bem. Vamos. –Logo estávamos prontos para a “conversa”. Eu bem sabia, pelo modo como os Quileutes nos odeiam, que seria um confronto.


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