Edward pov’s

Um dia após o outro.

“Agüente firme Edward! Você prometeu que não retornaria, que não iria intervir!” –Esse era meu mantra. Eu sabia o que deveria fazer, eu tinha que ficar afastado de Bella.

Não era fácil. Não era fácil deixar de lado, como se nada valesse, a pessoa que você ama desesperadamente. Eu queria vê-la, saber como está, ouvir sua voz, sentir seu perfume e aquela queimação na garganta toda vez que inalava seu aroma adocicado. Eu queria tocar em seus cabelos sedosos, assisti-la dormir, vê-la decifrar meus pensamentos e tentar decifrar os seus. Eu não tinha mais nada disso. Oito meses se passaram desde a minha partida. Oito meses em que me afastei de minha família por não querer que me vissem no estado lastimável em que estava.

Como distração (se é que caçar alguém está nesse quesito) eu segui o rastro de Victoria. Eu não tinha me esquecido que a maldita havia ajudado James a caçá-la, ela havia conseguido fugir. Mas eu nunca fui muito bom em rastrear alguém. Eu a segui até o Texas inicialmente, depois segui uma pista e acabei parando no Brasil, um país da América do Sul. Nada. Talvez Victoria tenha percebido que eu a perseguia e me levou a direção errada. Agora eu estava em uma pequena favela, mais precisamente no sótão de alguma casa. Um lugar escuro, sujo, úmido. Eu não me importava. Não me importava com o lugar em que estava e com a infestação de baratas, ratos e outras criaturas que apareciam diante de mim. Eu não ligava para mais nada. Não importava onde estava, se aqui nesse lugar fétido ou na casa opulenta de meus pais, ainda sim seria o mesmo inferno.

Dificilmente eu falava com Carlisle e os demais. Soube que haviam ido para outro lugar, para Denali, com os outros vampiros como nós. Todos estavam reunidos. Eu não costumava falar com eles freqüentemente, apenas uma ou duas vezes por mês. Alice, de todos da família, era a que mais me ligava. Eu havia feito todos da família prometerem que não iriam a Forks, não iriam interferir. Estranho pensar que não parecia eles que quebrariam a promessa. A minha força de vontade se enfraquecia e mais de uma vez eu questionava minhas ações.

“Será que Bella está bem? Talvez eu devesse retornar, apenas para ver se está bem, se está feliz... Então se estiver bem eu irei para outro lugar.”.

-NÃO! –Esbravejei para minha consciência. Eu sabia que voltar para Forks significaria fraquejar, querer ficar ao lado dela. Eu não seria forte o suficiente para me manter longe novamente quando visse seu lindo rosto, sentisse seu cheiro adorável. Encostei-me na parede atrás de mim levando minha mão à cabeça. Eu não era forte e sabia disso. Tudo estava sendo uma tortura para mim, até respirar. Eu não estava mais agüentando.

-Estou... Cansado... –Murmurei pateticamente vendo minha força de vontade se esvair a cada instante em que eu puxava ar para meus pulmões. Senti meu celular vibrar no bolso de minha calça. Eu o peguei. O aborrecimento tomou conta do meu rosto ao ver quem era. Atendi o celular de má vontade. Particularmente não gostava de falar com ninguém da minha família, mas era Alice quem me ligava. Por que ela estaria ligando? Poderia ser algo importante.

-O que quer Alice?

-Edward? Ah! Que bom que me atendeu! Precisava muito falar com você! –Sua voz estava tensa, rápida.

-O que foi? O restante da família está bem? Aconteceu algo? –Alice permaneceu muda do outro lado da linha. –Fale Alice!

-Não aconteceu nada com nenhum deles. Eles estão seguros em Denali. –Sua fala me chamou atenção.

-Você fala como se não estivesse com eles. Onde está?

-Edward eu sei que prometi que não iria intervir, por isso eu nem sequer avisei que viria para cá e...

-VOCE ESTÁ EM FORKS? –Eu estava irado! Alice havia prometido, o que estaria fazendo em Forks? Por que retornaria? Algo começou a aparecer em mim, um súbito desespero. Alice não iria para Forks sem um bom motivo.

-Eu sinto muito Edward! Eu tinha que vê-la e ver se realmente estava bem! Quando tive aquela visão eu fiquei apavorada e...

-Que visão Alice? –Eu estava tenso, o desespero tomando conta de mim e fazendo minha racionalidade se evaporar.

-Eu vi Bella em um lugar estranho, escuro. Três homens convergindo para ela. Edward eu não poderia ficar de braços cruzados! Eu peguei o primeiro vôo para vir para Forks, nem avisei a ninguém que viria. Eu...

Eu congelei. Imaginei a cena que Alice descrevera, uma cena similar ocorreu em Port Angeles quando eu e Bella estávamos nos conhecendo, quando Bella revelou que sabia sobre mim. Algo brotou de meu peito, um rugido de puro ódio, frustração, desespero.

-Alice, encontrou-se com Bella? Ela está bem? –Nem sei como consegui me recompor a ponto de balbuciar algo, mas Alice me conhecia para saber que estava prestes a esmagar o aparelho celular em minhas mãos.

-Edward... –Ela deu uma pausa. Se eu tivesse um coração certamente ele pararia também. –Bella não está em Forks.

-Onde? Onde ela está Alice? Está com a mãe, não é? –Essa nisso que eu queria acreditar. Eu queria implorar para que Alice dissesse o que eu queria ouvir, que Bella estava segura com a mãe e que estava feliz. Em meu intimo eu sabia que Alice não diria isso.

-Bella desapareceu há dois meses. Ninguém sabe onde ela está. Eu conversei com Charlie, ele disse que Bella escreveu uma carta de despedida, mas...

-Alice... Espere-me ai, está bem? Irei para Forks! –Desliguei o celular e, como na vez em que corri para salvar Bella de James, eu corria para chegar a Forks, para chegar até ela onde quer que esteja. Eu bem sabia que se eu não conseguisse salvá-la, eu morreria.