Edward pov’s

Eu estava em meio à escuridão, pensei que talvez estivesse finalmente morto graças ao ataque do vampiro de nome Alec, membro dos Volturi. Levantei-me e passei a caminhar sem saber em que direção iria. Por que me importar? Caminhei cambaleante. Parei abruptamente, ouvia um choro e sabia muito bem a quem pertencia aquele choro. Eu passei a correr.

“Bella! Bella, onde você está? Você está aqui, não é?”–O desespero me impulsionava a correr mais e mais rápido. Bella também estava em meio à escuridão, estava chorando. Ela devia estar tão assustada! Finalmente eu a encontrei, Bella estava como uma humana, ajoelhada no chão, as mãos tapando o rosto e chorava desesperadamente. Então eu estava morto e havia ido ao inferno bem como imaginei. Por que para mim aquela visão só poderia pertencer ao inferno. Eu tentei chamá-la, dizer a ela o quanto eu amava e que tudo ficaria bem por que eu estava lá e certamente não voltaria a deixá-la, mas não consegui. Eu apenas fiquei parado a contemplá-la, sem poder dizer nada, sem poder me mexer, sem poder sequer mostrar a minha agonia através de alguma expressão facial. Eu estava congelado como a estátua que sempre achei ser. Tudo o que conseguia era acompanhar o seu sofrimento com um semblante plácido no rosto. O que estava acontecendo comigo? Por que eu não conseguia fazer o que meu coração queria? Simples: eu estava tão acostumado a ignorar o meu coração que agora, quando queria demonstrar o amor avassalador que sentia por essa humana, eu não conseguia.

Bella abruptamente parou de chorar, voltou seus olhos para mim. O que veio em seguida foi o pior castigo que já sofri, a queimação da transformação em nada se comparava a aquilo. Bella olhou-me suplicante, os olhos marejados pelas lágrimas ininterruptas.

-Edward... Fique comigo. Ajude-me! Não me deixe!

Sua voz embargada. Bella queria que eu ficasse com ela, que a protegesse de todo o tormento que a envolvia. Por Deus como eu quis correr e abraçá-la, beijá-la... Eu não consegui. Tudo o que fiz foi ficar parado como se eu não me importasse com ela, enquanto isso por dentro eu sangrava tal qual um humano. Bella continuou ajoelhada olhando-me com descrença. Ela ergueu uma das mãos em minha direção enquanto tentava enxergar algo através das lágrimas.

“BELLA! EU AMO VOCE! EU NÃO CONSIGO CHEGAR ATÉ VOCE!” - Minha consciência gritava ansiando para que Bella me ouvisse, mas eu não conseguia me fazer pronunciar nada. Sua feição foi mudando de uma máscara de sofrimento para uma máscara de ódio. Ela ergueu-se e pude ver que sua aparência mudara para a de uma vampira bem como eu recordava. Eu vi ferimentos aparecerem em seu corpo e reconheci naquela ilusão a imagem que captei de Bella através da mente de Alec. Bella perdera um dos braços, uma mão, possuía rasgões pelo corpo e seu abdômen estava ferido. Fora dilacerada. Eu gritava em meu interior desejando sair daquele inferno, eu não estava suportando a imagem. Ela caminhou cambaleante em minha direção, estava fraca.

“BELLA! EU ESTOU AQUI! EU AMO VOCE! EU NÃO CONSIGO ME MOVER!” - Eu gritava desesperado enquanto a via vindo em minha direção, Bella ficou a centímetros do meu rosto. Seu hálito soprou em minha face, ainda mais doce do que eu lembrava. Seus olhos eram o puro ódio fitando os meus.

-Eu... Odeio... Odeio Você. Odeio. Odeio você! –Ela repetia freneticamente entredentes. E então eu a vi se afastar. Ainda tinha seus olhos cravados nos meus.

“NÃO BELLA! NÃO VÁ! OUÇA-ME! EU AMO VOCE! FIQUE COMIGO! EU AMO VOCE!” - Eu gritava desesperado, mas não conseguia pronunciar as palavras como antes. Eu me senti em pedaços pensando se eu poderia estar no fundo do poço. Não, eu não estava. O fundo do poço não era suficiente. Eu estava cavando ainda mais fundo.

Bem como imaginei eu despertei da letargia aos gritos, as cenas ainda torturavam-me. Fora tão real!

-Acalme-se meu filho. Está tudo bem agora. Tudo bem. –Disse Esme. Eu estava em meu antigo quarto em Forks, deitado em minha poltrona. Esme estava ao meu lado, sentada em uma cadeira e afagava meus cabelos. Eu a olhei atordoado. Subitamente me levantei.

-MÃE! MÃE A BELLA...

-Acalme-se Edward. Vai ficar tudo bem meu filho.

Eu sabia que nada ficaria bem. Pude ver nos pensamentos de Esme que ela sabia o que tinha acontecido e não acreditava que tudo ficaria bem.

-Você sabe que não ficará bem mãe. –Coloquei pesadamente minhas mãos em minha cabeça. Um choro sem lágrimas. Esme abraçou-me. Ela sofria tanto quanto eu. Não, ninguém poderia ter a mesma dor da minha.

-Meu filho... –Foi tudo o que Esme falou. Ela não poderia me consolar. Eu a afastei e sai rapidamente pela janela em direção a floresta. Eu estava com tanta dor, eu desejei morrer, mas Bella poderia ainda estar viva, eu não poderia morrer. Por mais que ela me odiasse eu tinha que mostrar a ela que eu estava ao seu lado. Um forte grunhido escapou de meus lábios e quando dei por mim eu estava desintegrando todas as árvores e pedras do local.

Mas extravasar minha raiva não diminuiu a dor. Eu só cessei meu ataque de fúria quando senti a aproximação de Calisle.

-Edward... –Ele sussurrou ao se aproximar de mim, eu estava sentado com as costas encostadas no tronco de uma árvore.

-Alice, como ela está? –Eu perguntei.

-Veja você mesmo, meu filho. Ela está em seu quarto e Jasper está com ela. Alice acordou um pouco antes de você. –E eu vi. Alice estava deitada em sua cama, Jasper estava deitado ao seu lado abraçando-a e dizendo palavras de conforto. Ela estava inconsolável por que para ela, Bella era uma irmã.

-Alice relatou-me tudo. Fiquei surpreso ao saber que os Volturi enviaram rastreadores para caçar Victoria e os vampiros que ela havia criado. Bem... É natural que ajam assim. Eles sempre destroem os vampiros que fazem coisas que possam chamar a atenção. –Calisle disse.

-Eles a levaram Calisle. Eu a vi na mente de um vampiro chamado Alec. Eles a encontraram muito ferida e a levaram, mas não consegui saber o porquê disso. –Falei em um murmúrio, mas Calisle certamente me ouviu.

-Bem... Particularmente eu não compreendo por que levariam Bella. Pensei que a destruiriam assim como os outros vampiros por imaginar que Bella estava com eles. Os Volturi só poupam vampiros indisciplinados quando estes possuem algum talento que vale a pena ter, algum poder especial como o seu e o de Alice. Você foi testemunha Edward. Pelo que soube o vampiro que o interceptou tinha o poder de adormecê-los. 

-Então você está me dizendo que Bella pode ter algum talento?

-Provavelmente.

-Eu sabia disso. Bella sempre foi diferente como humana, imaginei que seria diferente caso se tornasse uma vampira. –Suspirei. –O que eu devo fazer pai? –O desespero veio avassalador. Calisle aproximou-se. Abaixou-se e colocou uma mão em meu ombro.

-Nós vamos trazê-la meu filho. Por que Bella é parte de nossa família.

“Muito embora lidar com os Volturi seja muito perigoso. Não há garantias de que iremos sair ilesos.” - Os pensamentos de Calisle eram arrepiantes. Imagens de sua convivência com os Volturi vieram.

-Calisle... Eu irei para a Itália. Eu preciso dela. Mas eu não quero arriscar sua vida e a vida dos demais. Preciso ir só.

-Isso está fora de cogitação Edward. Somos uma família e faremos isso juntos. –Eu sabia que não poderia ir contra a decisão de Calisle, ele e os demais me seguiriam mesmo sob meus protestos. –Eu voltarei para casa. Volte assim que você se sentir melhor. Conversarei com os demais para marcarmos nossa ida a Itália e o que faremos. Temos de ter cuidado com nossa abordagem, os Volturi não gostam da intervenção de estranhos em seus assuntos. –Calisle afastou-se. Por mais que houvesse uma possibilidade de Bella estar viva e por mais que soubéssemos onde ela estava eu não me senti bem. Não importa o que dissessem ou o que encontraria na Itália, eu tinha uma certeza tão dolorosa quando a morte: Bella me odiava.