Remember?

Eu havia voltado para poltrona e fitava a janela ao lado, os raios do Sol que se infiltravam pelas pequenas aberturas da persiana. Eu sorria ao lembrar da nossa primeira viagem juntos. Foi incrível...

“E o fim de semana na praia, Ally? Foi perfeito, não? Nós quatro, eu você, o Dez e a Trish acordamos no chão da sala da casa do Dez, todos amontoados e a TV desligada, já que não aguentamos e dormimos na metade do quinto filme. Mas sabe o que tinha me deixado mais feliz? Foi ter acordado momentos depois de sonhar com você e simplesmente acordar com a personagem principal de meu sonho deitada em meu peito. Lembro que eu não conseguia tirar o sorriso do rosto, eu estava num estado muito complexo de “paixonite”, mas eu queria acreditar que era “amor” mesmo. Recebemos uma ligação do Dallas, bom, eu realmente não quero lhe lembrar quem é o Dallas, porque depois que ele deu em cima de você em minha frente, com aquela ‘cara de pau’ dele, eu preferi nem mais me dirigir ao imbecil. Sim, continuando, uma boa parte da minha turma do colégio iam passar esse fim de semana na praia, íamos acampar e eu vi a maravilhosa chance de ficar perto de você de novo, a sós. Eu lhe convidei e lembro que você não ficou lá muito animada com a ideia de “acampar”, mas com muita insistência e um pouquinho do meu invencível charme, eu consegui fazer com que você aceitasse. Eram dez da manhã quando partimos para praia, que ficava um pouco afastada das demais que haviam em Miami Beach, na picape do Dez. Não demorou muito para chegarmos, talvez porque estávamos nos divertindo cantando músicas aleatórias durante todo o percurso, ou porque realmente não era muito longe. Mas eu ainda escolho a primeira opção. Eu não conseguia tirar a imagem de você cantando uma música da Colbie Caillat, se não me engano, Bubbly era o nome da música, enquanto fazia ondinhas no vento fora da janela do carro. Você sorria, e cantava, e assoviava, e o vento batia em seus cabelos, fazendo-os voar, e você se irritava porque o cabelo entrava em sua boca, e você o prendia em um coque frouxo, e eu ria do quão adorável você conseguia ser sem nem tentar. Era um dom, talvez?

Nós chegamos e encontramos umas cinco barracas armadas. A praia estava vazia, apenas com o pessoal que se aventuravam no mar agitado. O Dez estacionou a picape e nós descemos dela, eu peguei meu violão na parte de trás e logo todos foram nos receber. Eu me assustei quando duas garotas vieram em minha direção e pularam em mim, mas também percebi seu olhar sobre a pequena cena, e não era dos bons. Eu me limitei a rir do seu provável ciúmes e me pus a afastar a Cassidy e a Kira de perto de mim. Mas foi aí que chegou o Dallas, e partiu logo para cima de você, o que, definitivamente, me irritou. Porque tipo, por que ele não foi para Trish? Foi logo para você? Daí o “jogo” começou, você viu que meu olhar que estava grudado em vocês dois não era dos melhores, e resolveu brincar comigo. Você sorriu para o Dallas, e o cumprimentou com um beijinho no rosto, o que eu achei muito íntimo para duas pessoas que nunca se viram antes.

– Muito prazer Ally, eu sou o Dallas. – Ele disse beijando a sua mão. E cara, eu realmente já estava explodindo ali. – Essa é a Cassidy, a Kira, aquele lá perto da barraca é o Elliot... – E ele saiu apresentando os outros. E aí eu me perguntei mais uma vez. Ele também não conhecia a Trish, então por que só partiu pra cima de você? Eu não entendia aquilo, e você deve lembrar o que eu fiz, não é? Fui tirar conclusões logo com você, que sorriu pra mim e me deu um beijo na bochecha, sussurrando em meu ouvido: “Ciumento” e saiu para arrumar sua barraca e a da Trish. Sei lá Ally, eu estava com muita raiva daquele cara, mas sabia que você estava “jogando” comigo, então por mais estranho que fosse pra mim, eu fiquei de boa.

As horas passaram voando, nós almoçamos “Comida de Acampamento”, que na verdade não era tão ruim quanto às pessoas dizem, e passamos a tarde nos divertindo ao som das músicas que tocavam no rádio que o Elliot havia levado. O Sol já estava para se pôr, e você insistia em me molhar enquanto eu tentava me secar com a toalha. Era engraçada a forma como você corria e ria alto quando eu corria atrás de você procurando fazer vingança. Lembro que fomos parar bem longe das barracas e da turma, mas ainda dava para ouvir a música que tocava no rádio. Ela havia passado de uma música agitada (Dare You – Hardwell e Matthew Koma) para uma música relativamente lenta (Who You Love – John Mayer e Katy Perry). E foi exatamente quando houve essa troca de música que eu consegui te alcançar, e simplesmente caímos nós dois na areia fofa, rindo que nem idiotas. Você sentou na areia e olhou para o horizonte, onde o Sol se escondia por detrás do mar agora calmo. Eu sentei também e cheguei minha boca bem pertinho de seu ouvido e disse:

– Quer dançar comigo?

Você olhou rápido para mim e assentiu. Nós levantamos e tiramos uns grãozinhos de areia que ficaram em minha bermuda e no seu vestido branco. Minhas mãos puseram-se delicadamente em sua cintura fina e os seus braços contornaram meu pescoço. Aproximei-a mais de mim, deixando nossos corpos nem muito juntos e nem muito separados, mas próximos o bastante para eu sentir o calor do seu misturar-se com o meu.

My girl, she ain't the one

That I saw coming

And sometimes I don't know which way to go

And I've tried to run before

But I'm not running anymore

'Cause I fought against it hard enough to know

That you love who you love

Who you love

You love who you love

Who you love

You love who you love

Who you love

Oh you can't make yourself stop dreaming

Who you're dreaming of

If it's who you love then it's who you love

My boy, he ain't the one that I saw coming

And some have said his heart's too hard to hold

And it takes a little time

But you should see him when he shines

'Cause you'd never want to let that feeling go

When you love who you love

Who you love

You love who you love

Who you love

Yeah, you love who you love

Who you love

...

A música encerrou-se e aos poucos nós fomos nos afastando. Seus olhos encontram os meus e a partir daquele momento eu não consegui ver mais nada, só eu e você, juntos, naquela praia. Não ouvíamos mais a música que havia precedido, nos concentramos apenas em nós, e na sensação de nossos lábios sendo tocados novamente. O beijo foi calmo, lânguido e apaixonado, e nós não nos preocupamos com mais nada, se haveria alguém para atrapalhar ou algo assim, porque éramos somente nós, a sós.”