Olho rapidamente para trás. Vejo que Sullivan fica surpreso também, mas não se move. Meus olhos se encontram com os de Abbey. Ela está pálida, e Katerineh chora.

– O que? - Pergunto, vendo que o pé de Abbey está cheio de sangue. Corro em sua direção. Percebo que está tremendo. - Calma já passou! - Percebo que o corpo que trouxemos não era o de Finnick, e sim de Marks, e que Finnick tinha se unido aos Carreiristas, e provavelmente Marks recusou que Finnick entrasse. Vejo seu corpo estilhaçado no chão. A bota de Abbey acertou em cheio a faca que ele havia guardado dentro da bermuda. Abraço Abbey. Ela não para de tremer, e chora.

– Não achei que chegaria á ponto de matar Finnick. E, e, e depois matar um menino que nem conheço. - Acaricio seus cabelos, o que faz com que ela se contraia. Meus dedos cumpridos e finos passam por seu cabelo macio e sedoso. Sinto o rosto dela encostar no meu peito. - Quando isso vai acabar? - Me pergunta. Uma lágrima escorre por meu rosto.

– Não sei Abbey. Só sei que temos que ficar unidos! - Puxo Sullivan pelo braço. Katerineh se aproxima. Todos nos abraçamos, e depois, juntamos nossas coisas. Me esgueiro por entre as portas de vidro da loja. Olho para os dois lados, para ver se não há ninguém. - SHHHHHHIIIIIIII - Digo, baixo e direto. Ando com passos largos e baixos, rapidamente. Sullivan vem atrás, seguido de Katerineh e Abbey. Andamos cerca de 5 minutos, até que chegamos em mais um lance de escadas. - Vá, desça Sullivan! - Digo, apontando para baixo. Ele desce lentamente, fazendo com que as escadas de madeira ranjam alto. Katerineh o segue.

– Deixa que eu...

– Não. Vai! - Digo, interrompendo. Ela me olha assustada. Vejo seu olhar frio me queimar por dentro, mas não me mostro vulnerável. Ela desce rapidamente, passando de Katerineh. Vou logo atrás, sempre atento com a mão no cinto de facas. Chegamos a um outro andar. Mais lojas. Dezenas delas. Caminho no chão ladrilhado, com cuidado e cautela.

– Abbey, fique atenta! - Digo, em sua direção. Ela segura o machado tão forte que suas mãos estão brancas. Ela me olha com ferocidade, depois, continua andando. Caminho um pouco mais rápido, indo na frente de todos. Viro á esquerda, onde mostra mais várias lojas. Todas feitas de vidro. Em cada uma delas, vejo uma vogal. Ando devagar, observando. A, B, C, D, E, e assim se segue. Chegamos em um beco sem saída.

– É sem saída! - Digo, continuando - porque não passamos a noite aqui? - Aponto em direção á uma loja de estofados.

– Por mim tudo bem! - Me responde Sullivan. Katerineh concorda com a cabeça.

– Então? - Pergunto, olhando diretamente nos olhos azuis de Abbey.

– Eu acho que tem como atravessarmos. Aliás, isso é de vidro. E não sabemos o que tem do outro lado! - A loja é totalmente de vidro, como todas as outras. Mas essa, tem um fundo verde. Parece uma parede de concreto.

– Ok, discutimos isso depois. - Digo, caminhando em direção á loja de estofados. Uma grande placa do nome da loja me surpreende. ESTOFADOS DERIK GENTLOS.

– Isso não é sem saída! - Diz Abbey, me olhando. Encaro ela como se não quisesse nada com nada. - Porque mudou tão rápido de humor? - Ela me observa. Não respondo, apenas encaro ela. Não queria provocar ela. Não mesmo. Juro. Seus olhos azuis me encaram com raiva. Ela revira os olhos e lança o machado em minha direção.

– Uuuuugh. - Ouço. O barulho do canhão atinge meus ouvidos. Encaro o teto do prédio. Me sinto mal. Caio no chão violentamente. Uma dor descomunal atinge meu abdômen, e percorre todo o meu corpo. Coloco a mão no fim da barriga. A aproximo do meu rosto. Ela ficou totalmente coberta pelo sangue.