Um mês sem que a visse, talvez o adeus que a jovem vampira dissera tivesse sido verdadeiro. Apesar de continuar o tratamento assim como tentar levar uma vida normal se dando ao luxo de rever os amigos, o corpo de Edward havia se debilitado consideravelmente. Os remédios, rejeitados pelo corpo, agora esquecidos na prateleira do banheiro. E Edward internado por tempo indeterminado no hospital. E a cena não poderia ser mais chocante. O rapaz viril e sarcástico de outrora desaparecera dando espaço a um enfermo que precisava do auxilio de um pequeno tubo nas narinas para respirar, um ser de palidez lânguida, frieza na pele branca.

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Conseguira sorver sangue humano novamente, mas algo não ia bem com Bella. Mais de um mês sem vê-lo, sentia um estranho vazio. E para piorar Emmett e Rosalie, seus “amigos”, faziam perguntas constantes sobre o porquê de passar tanto tempo na mansão que reside.

Não importava se Bella tentasse vagar por pontos que não lembravam Edward, seu corpo parecia querer ir até a casa do rapaz involuntariamente. Evitava até mesmo visitar o tumulo de seu amigo Jacob por que sempre que lembrava do amigo lembrava-se do rapaz enfermo, em alguns pontos eram parecidos.

E lá estava Bella, logo anoiteceria. Sentada próximo à janela com os olhos fixos no nada.

“-Talvez... Vê-lo... Saber se ele está bem. Tenho tido muitos pesadelos com ele.” - Suspirou. De que adianta lutar tanto contra o que se quer? Bella sempre fez o que desejava, estranhou sua atitude. Levantou-se. 

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Estava incrivelmente sonolento pelos remédios tomados, mas o maldito barulho do aparelho que media sua freqüência cardíaca incomodava. Levantaria e desligaria a geringonça se pudesse, mas não tinha forças nem mesmo para apertar o botão próximo a sua cama que chamaria uma enfermeira. Sentiu um frio atingi-lo vindo da janela que antes estava fechada. Estranhou. Edward abriu vagarosamente os olhos tentando ver algo com sua visão turva, demorou cerca de dez minutos para enxergar algo na penumbra de seu quarto.

- Bella... –Balbuciava o nome que veio em sua mente. Ao invés de obter uma resposta concreta sentiu algo frio tocar seu rosto e um peso a mais na cama.

-Shiiiii! Fala silêncio. Não deve se esforçar. –Aquele toque, aquela voz melodiosa... Ele sabia, era ela! –Eu fui até sua cama, mas não o encontrei lá. Vasculhando um pouco o lugar soube onde estaria. Por que está tão debilitado? Não fez o que o médico solicitou? –O jovem agora podia ver com clareza Bella. Levantou-se com dificuldade sendo ajudado pela mesma, manteve-se sentado na cama.

-Eu... Eu fiz exatamente o que o medico disse, e fiz o que você disse também. Tentei... Tentei ter uma vida normal, me aproximei de meus amigos, mas...

-Mas?

-O meu corpo está rejeitando os remédios... Bella... Não tenho muito tempo. –Edward sentiu-se fraco levando a mão na testa, deixou seu corpo pender para frente sendo amparado pelo corpo de Bella que o deteve.

-Edward... –A voz entrecortada da vampira não passou despercebida pelo jovem.

-Que bom que você veio... Bella. Queria muito vê-la... Uma ultima... –Teve de parar para poder respirar melhor. Rima sentiu um aperto no coração, novamente perderia alguém querido, mas estranhamente aquela situação doía mais do que qualquer outra perda. Edward, que estava encostado no corpo de Bella, sentiu a jovem tremer. Afastou-se e pode ver que a cabeça de Bella estava um pouco abaixada e fios de lagrimas cortavam o rosto alvo. Edward esforçou-se levando sua mão ao rosto feminino e lentamente secando as lagrimas.

-Jamais... Imaginei que a veria chorando. Você sempre... Sempre pareceu tão... Fria.

-Por que Edward? Por que tem de ser tão fraco? E por que tive de me apaixonar por você? O ser mais fraco que já cruzou... Cruzou meu caminho... Edward... –Ele a abraçou com o pouco de força que lhe restava tentando inutilmente consolá-la, mas Edward sabia, ela não era a única que sofria. Antes o jovem parecia conformado com sua morte ao ponto de desejá-la o mais rápido possível, mas agora desejava desesperadamente estar ao lado daquela criatura tão bela e sofrida.

- Bella... Perdoe-me pelo que fiz em nosso ultimo encontro. Eu queria tê-la, mas não queria... Queria criar um laço forte entre nós. Seria prejudicial para você se apegar... Apegar a alguém que vai morrer.

-Idiota... Será que não percebe que é tarde demais? Se não quisesse que eu me apegasse a você não deveria ter me olhado quando cai daquele prédio... Você... –E Bella correspondeu fortemente ao abraço ofertado por Edward enquanto este ainda a abraçava sem a força de antes. Bella chorava compulsivamente sem pudor por Edward vê-la tão vulnerável. Aproximou seus lábios para o ouvido de Bella e com a voz falha devido à fraqueza disse:

- Bella... Quer que eu fique com você? – Bella, com um ar perplexo, permaneceu imóvel nos braços de Edward. Sim, ela tinha o poder de fazê-lo eterno e pensou em fazer isso diversas vezes, mas nunca o fez por achar que ele não queria.

-Eu quero. Quero que fique comigo para sempre!

-Só você tem... Tem o poder Bella. Faça o que... Deve ser... Feit... –Edward desmaia, a fraqueza o impedindo de fazer algo. Mas Edward não precisava de mais nada, Bella  faria por ele o que tinha de ser feito. A jovem vampira retira a sobrecasaca que usava e veste cuidadosamente a mesma em Edward para mante-lo aquecido. Em seguida utiliza de sua força para carregá-lo e tira-lo do hospital pela janela por onde entrou. E ninguém suspeitou da saída do paciente.

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Sentia frio. Abriu os orbes esmeralda e fitou o céu ricamente estrelado, sentiu braços o enlaçarem pela cintura e aconchega-lo no corpo feminino.

-Acordou? Edward? –Ouviu a voz doce em seu ouvido. Virou-se um pouco vendo o rosto da bela Bella fitando-o com ternura.

-Estamos na torre?

-Sim. Edward, eu tenho que lhe dizer que ser vampiro não é fácil. Matar outras pessoas para manter-se vivo... Substituir o dia pela noite... Ser morto pelas pessoas que o odeiam... Tantas coisas que fazem com que tenhamos uma vida limitada e...

-Você... Você vai estar comigo nessa nova vida?

-Sim Edward.

-Então tudo bem. Não me importo das privações que sofrerei. Se ficar com você, eu ficarei satisfeito. – Bella afagou os cabelos e aproximou os lábios do pescoço masculino.

-Espere...

-O que foi Edward?

-Quero beijá-la enquanto humano. Quero poder diferenciar. Posso beijá-la, Bella? – Bella sorriu. Beijou os lábios frios, porém macios de Edward com ternura. Jamais experimentou tal sensação. E quando deixou os lábios do rapaz já ofegante, beijou o pescoço fincando rapidamente os caninos. Edward crispou os olhos com a dor sentindo seu corpo desvanecer, desmaiou sussurrando o nome de Bella.

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Emmett observou à jovem adentrar a mansão com um jovem em suas costas. Depois de passada a surpresa Emmett olhou a jovem passar por ele e começar a subir as escadas.

-Ora Bella, então esse em suas costas é o seu novo brinquedinho que veio substituir Jacob? –Experimentou receber um olhar fulminante da jovem.

-Não. Ele não é meu brinquedinho como você afirma. Ele é Edward Cullen, um vampiro renascido para ser meu companheiro. –E seguiu para seu quarto com Edward desacordado em suas costas.

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Sentia-se leve, a dor e o cansaço desapareceram dando espaço a uma sensação indescritível de poder... Liberdade. Levantou-se da cama, estava em um lugar desconhecido, luxuoso. Uma pequena dor no pescoço apenas, nada que incomodasse. Edward levantou-se indo até um grande espelho, sua aparência havia mudado. O pescoço enfaixado e depois de refletir durante alguns minutos lembrou-se de tudo. Sentiu um cheiro conhecido.

- Bella... –Sorriu. Saiu pela janela indo até o terraço do prédio onde estava e a viu trajando um longo vestido vermelho que se esvoaçava ao vento. Ela o olhou com um lindo semblante.

-Despertou, meu Edward? –A viu estender as mãos, caminhou pegando a mão ofertada e recebendo um caloroso abraço de Bella.

-Eu despertei sim. –Correspondeu ao abraço com fervor.

-Você me fez experimentar o beijo de um humano. Deixe-me mostra-lo como é o beijo de um vampiro. –Falou Bella afastando-se um pouco. Edward a viu produzir um pequeno corte na língua com a ajuda de suas afiadas unhas e puxa-lo para um beijo. Um beijo saboroso ao ver de Edward selando o vinculo de amor e sangue que o casal viveria eternamente.

Fim.