Arrependimento, era essa a palavra que me castigava.

Seguia no corredor com um braço enganchado no de Aron, ele disse que já havia pedido a sua mãe para separar um vestido para o jantar de noivado.

Eu definia ele como um louco, louco pelo poder.

Não podia acreditar no que estava fazendo, tudo isso para não machucar Anna de novo, um sacrifício enorme. Se pelo menos ela estivesse aqui, poderia tentar explicar mas, se ela ao menos pensasse que tive um relacionamento com Hans, ou nem isso, apenas o beijo, não sei se iria conseguir sua confiança de novo.

Hans. Não imagino como será sua reação, ele me ama, e disso eu não tenho dúvida, mas quando descobrir que casarei com Aron, ele vai pirar, é capaz de começar a me odiar, e isso era o que eu mais temia de agora em diante. Meu encontro com Hans.

—Fique sabendo que não quero que você fale para ninguém sobre o nosso trato, caso Hans pergunte fale para ele que você não acredita nas palavras dele, que me ama, e blá blá blá, invente alguma coisa.

Fiquei queta, tentava tirar meu braço, mas ele continua segurando ó, até que congelei sua mão, depois disso ele tirou o braço e não tentou mais nada.

—E quando formos casados, e melhor não me tratar assim, posso fazer coisas muito piores do que apenas enforcar.—Ele piscou para mim.

Meus pelos se eriçaram quando ele passou o braço por cima de meus ombros, fazendo nós dois ficarmos colados.

Repulsa, era a única coisa que eu sentia dele.

Rapidamente chegamos na frente de meu quarto.

—Quero que esteja maravilhosa hoje.—Disse radiante

—Se depender de mim, nunca.—Falei levando minha mão até a maçaneta.

—Olhe aqui Elsa.— Ele segurou meu queixo e o apertou com força fazendo meu olhar cair no seu.

—Acho melhor me obedecer.—Ameaçou

O que eu poderia fazer? Se eu o ferisse, ainda tinha Rose e Jacques para contar tudo.

—E então?

—Cla...Claro.— Disse abaixando os olhos.

Não conseguia encarar Aron, eu não sei se aguentaria uma vida casada com ele, só de pensar no que ele poderia fazer me dava calafrios.

—Elsa?—chamou uma voz no corredor. E eu a conhecia, conhecia perfeitamente o dono.

Antes de pensar em virar o rosto Aron me prensou na porta do quarto.

—Não olhe.— Ordenou.

—Elsa!—Chamou Hans de novo.

—Aron porfavor, deixe-me falar com ele.—supliquei

—Beije-me.

O que? Eu não conseguia nem o encarar, não conseguia ter nenhum sentimento por ele apenas ódio, e ele me pede para beija-lo?

Conseguia ouvir os passos de Hans chegando mais perto, se eu enrolasse mais um pouquinho...

—Não.

—Isso não é um pedido. É uma ordem.

Suas mãos vieram rapidamente até meu rosto e o puxaram até seu o seu. Então ele espremeu meus lábios contra os dele.

Não era nada parecido com o de Hans, o beijo de Hans era doce, por mais que eu não quisesse não conseguia dizer que não foi bom. Já o de Aron, era horrível, seus lábios eram ásperos, como se fossem espinhos, eles machucavam os meus. E de novo pensei como iria aguentar todo dia aqueles lábios nos meus.

Senti seu peso que me prensava contra a porta diminuir e em seguida uma grande pancada vir e ecoar pelo corredor, quando vi, Hans puxava Aron pela gola preparando-se para dar outro soco em seu rosto.

—Pare!—Gritei, estava com a mão na metade do caminho, ele o soltou no chão que fez um grande baque, devia ter o apagado,e me encarou, seu olhar estava devastado, como se eu tivesse tirado tudo dele.

—Elsa, o que ouve aqui? — Veio até mim, minha vontade era de me jogar em seus braços e sair correndo com ele. Fugir, mas isso estava completamente fora de cogitação. Pensei em algo rapidamente, eu sabia que teria essa conversa com ele, mas não pensei que fosse tão cedo.

—Pensei que você tivesse acreditado em mim.—Não queria responder, não queria olhar, não queria dizer a verdade.

—Pensei que... Depois de tudo que ouve entre a gente, você finalmente iria me aceitar.—Disse Hans completamente magoado. Ele suspirou.

—Pensei que você me amava Elsa.

Olhei para o teto, as lágrimas ameaçavam cair, funguei meu nariz, na esperança dele desistir de perguntar.

—Pois pensou errado.—Disse Aron levantando-se com a mão na boca.

—Conte para ele Elsa.

—Contar o que? —Perguntou Hans aparentemente já sabendo a resposta. Por mais qual motivo ele estaria aqui?

—Eu...— O encarei. — Eu vou me casar com Aron.

Minhas palavras o atingiram como um soco na boca do estômago, ele me olhou com os olhos embaçados. E a sala explodiu em flocos de neve quando a primeira lágrima escorreu de meu rosto. Olhar ele assim era tão dolorosa.

—Não posso acreditar, eu ouvi boatos, mas não pensei que fosse verdade.— Disse me olhando encrebulo.

—Acha mesmo que Elsa iria cair no seu papinho de amor? Se enxergue Hans.—Debochou Aron, aparentemente já melhor. Ele colocou seu braço em volta de meu corpo, minha vontade era de entrar em meu quarto e ficar lá para sempre.

—Ele está te chantageando Elsa? Se sim eu posso ajudar, mas, por favor, não se case com ele.—Suplicou.

—Elsa acabe logo com isso, não temos tempo a perder, tem que ficar pronta para o jantar.

Eu não conseguia fazer isso, não conseguia proferir as palavras que ele queria que eu dissese. Não conseguia , eu não queria magoa-lo. Respirei fundo, era por Anna:

—Hans entenda, eu não amo você, nunca amei. -Engoli o nó que se formava em minha garganta.—Desculpe-me se criei falsas expectativas, mas eu realmente percebi que quem eu amo é...—Parei, não podia, não podia continuar.

—Vamos fale meu amor.—ameaçou Aron, apertando forte meus ombros.

Suspirei e terminei minha frase:

—Quem eu realmente amo é ele, Aron. Portanto, fique longe.—Cerrei meus punhos. —Não quero magoar meu... Marido.

Ouve-cê um silêncio sombrio na sala, e os últimos flocos de neve caiam do teto.

Hans me olhava de modo assustador, uma lágrima escorreu pelo seu rosto, eu não tinha ideia até aquele momento de quanto eu poderia sofrer vendo ele assim, não tinha ideia de quanto me emportava. Mas agora já era tarde de mais.

—Como quiser, Alteza.— Disse Hans secamente e virou-se para sair do corredor.

Suas palavras cortaram meu coração, ele nunca mais me amaria. Eu havia o perdido.

Aron esperou até ele dobrar a esquina para começar a me enfernizar:

—Bravo! Bravo!—Ele batia palma doentiamente em meu ouvido.—Até que para uma rainha você é uma ótima atriz, quando eu virar rei, você poderá me divertir com seus teatros.

Enxuguei minhas lágrimas, e entrei no quarto, bati a porta com toda a minha força e corri para minha cama, quando a vi, ali estava o vestido que usaria essa noite. Vermelho. O agarrei e joguei no chão e deitei na minha cama. Ao contrário, não chorei, havia gastado todo meu estoque de lágrimas. Apenas fiquei ali paralisada olhando pela janela. Como se eu fosse uma prisioneira, o que eu realmente era. Enchi meus pulmões, essa noite eu aceitaria minha tristeza.

Fui tomar banho, eu ficaria simples. O vestido esbanjava glamour, mas apenas sequei meus cabelos e os deixei soltos, em meu rosto apenas passei um batom rosinha. Estava pronta para ser infeliz.

Eu seria assim para sempre, então não adiantava maquiar aquilo que não poderia esconder.

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— Aceita se casar comigo Elsa?—Aron estava ajoelhado em minha frente com uma caixa vermelha aberta, que continha um anel, com um diamante médio, era bonito,mas não tão bonito como o colar de Hans.

Ouve-se uma grande coral de "Oh!" , algumas pessoas gritavam “aceita!” Outras apenas cochichavam entre si “ Que sorte”. Eu não concordava em nada.

Fiz minha melhor cara de surpresa, e olhei para a plateia que nos assistia, procurei Hans, mas não o encontrei. Deveria estar muito ocupado odiando-me.

—Não.

Muitas pessoas gritavam assustada com a minha recusa. Aron me fuzilou com os olhos, e apertou minha mão, deixei escapar um gemido de dor, olhei para a plateia sorrindo.

—Não achei que iria demorar tanto! Seu bobo. — Ri, e toquei aponta de seu nariz.

A plateia irrompeu em aplausos quando Aron colou a aliança em meu dedo, e levantou-se para celar seus lábios espinhentos nos meus.

—Vamos ser muito felizes! —Ele brindava seu copo no meu.

—Muito.— Sorri torto para a plateia.

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Chegando em meu quarto fui direto para o banheiro lavar-me, sentia me suja, Aron em todas as oportunidades me beijava, abraçava e pegava em meu corpo.

Esfreguei-me doentiamente, tentando tirar qualquer resíduo seu, lavei minha boca também, todas as vezes que ele me beijava eu gostaria de cuspir.Ainda não tinha tentado nada mas profundo, só espremer seus lábios nos meus.

Com a toalha ainda enrolada no corpo sai do banheiro, vesti minha camisola e fui me deitar. Em cima da cama havia uma caixa, peguei-a curiosa, e quando a abri a vontade de chorar invadiu meu peito, e meus olhos embaçaram. Era o colar de Hans. E com ele vinha um bilhete.

“Espero que use em seu grande dia. Atenciosamente, Hans.”