Namoro de brincadeira escrita por Thay


Capítulo 4
Extra - Mateus


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, desculpa a demora, fui viajar para aproveitar minha ultima semana de férias e lá não tinha internet :(
Por isso, mesmo não tendo conseguido o que pedi para postar o Extra, eu vou postar em consideração as leitoras fieis que comentam sempre e por ter demorado.
Espero que gostem :) !



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Voltar para casa dentro de uma viatura nunca é legal. Daí você chega em casa e fica pior. São os policiais falando mal de você, seu pai dando dinheiro para os cara ficarem quietos, depois seu pai gritando com você e te deixando de castigo (como se castigo me prendesse dentro de casa) e por último a noiva do seu vindo te dar sermão, ela é gente boa, mas nem minha mãe é para char que pode me dar sermão. Entrei no quarto e fechei a porta. “Odeio o cara que se denomina meu pai” é sempre a primeira coisa que passa pela minha cabeça a segunda é a volta da viagem de formatura do 9ano, por causa da foto no mural do meu quarto. A maioria dormia, claro que sofreram as consequências por isso. Eu adorava esse pessoal, todos eles. Afinal era os que eu mais conversava no dia a dia. Porém, o Bruno e o Lucas, por quererem ser extremamente populares e descolados, acabavam não falando com ninguém e não gostavam quando eu falava. Eu não queria isso, eu queria ser amigo de todos, mas também não queria pedir meus melhores amigos. Isso é fode com tudo. No final, acho que consegui balancear tudo. Bruno e Lucas eram meus melhores amigos e eu ainda conseguia conversar com outras pessoas.

Desses outros, com certeza, a Gabriela é a mais gente boa. Eu voltava a pé com ela e as nossas conversas eram muito legais, falávamos de tudo e de todos. Até que Bruno começou a achar que eu estava falando demais com ela e a Nati e começou com suas mentiras e humilhações, para proteger as meninas de sofrerem na mão do Bruno acabei parando de conversar com elas. Eu nunca me importei com popularidade ou ter as meninas aos meus pés e essas coisas, eu só queria ter amigos. Bruno atrapalhava isso, mas eu não podia brigar com ele, porque ele ficaria com raiva de mim e eu não poderia nem imaginar e ele contasse o que sabe. Desde uns 9 anos eu e ele somos melhores amigos, daqueles que parece grudados, por isso ele sabe tudo sobre mim.

Sabe que na minha infância passei o maior tempo vivendo sem meus pais, provavelmente por isso que me tornei um cara imponente, mandão e arrogante. Quando eu tinha 8 anos fui morar com meus pais. Quando conheci-os minha primeira impressão do meu pai foi de ser extremamente bravo, fechado, insensível e mandão, e eu estava certo. Com o tempo minha mãe foi se mostrando a carinhosa, mas eu também descobri que ela estava doente, muito doente. Logo o que veio na minha cabeça foi que deveria ser por isso que não se abria muito, não queria me machucar quando fosse embora. Eu entendi o recado, tentei não me aproximar, mas com a falta de carinho do meu pai, eu acabei gostando da minha mãe. Quando ela percebeu que não havia mias volta, me tratou como qualquer filho gostaria de ser tratado. Ele me ensinou a ser uma pessoa melhor, eu me tornei melhor.

Após 3 anos, ela faleceu. Tinha câncer, eu sabia que iria morrer, mas não imaginava que iria ser tão cedo. Lembro que chorei, chorei de verdade pela primeira vez. Chorei sentindo dor. Uma dor que eu não desejo a ninguém, nem ao meu pior inimigo. Achei que meu pai iria ficar do meu lado, dar um ombro amigo, achei que ele também sofria, mas eu estava errado. Ele mandou eu sair do quarto e parar de chorar. “Homem que é homem deixa o sofrimento de lado, esquece, e volta ao trabalho. Se você quer ser grande na vida, rico quem sabe, não pode sofrer ou entregar seu coração à alguém, você tem que entregar tudo ao trabalho.”

Depois dessa frase, as coisas mudaram. Meu pai acabou tendo várias namoradas, ou vadias por mim, porque algumas literalmente eram prostitutas. Meu pai é o pior exemplo de homem possível. Mentiroso, ladrão, desonesto, pegador, sem educação e insensível. Meu pai nunca me disse nada carinhoso e nem fez nada por mim. Porém, ele conseguiu uma noiva legal, muito legal até. Gentil e bondosa demais para um cara como meu pai.

Voltando ao Bruno, no final acabei não ficando tão amigo do outro grupo por causa dele, mas a viagem de formatura ajudou a gente se falar. No ano seguinte praticamente todos saíram da escola, foi então que eu percebi que eu estava mais Bruno do que qualquer um. Mudei de escola, me afastei e fingi que não conhecia, foi ótimo para mim. Porém, acho que estava ficando bom demais, por isso a vida me deu mais um problema. Acho que é impossível passar um tempo vivendo despreocupado. Meu pai descobre um filho de 8 anos. Foram milhares de advogados em casa, meu pai fez o impossível para tentar provar que o filho não era dele, mas nada vence um exame de DNA. Só depois que eu me toquei que se o menino tinha 8 anos é porque meu pai traia a minha mãe. Não que eu nunca soube disso, mas nunca tinha tido uma prova tão concreta e falante. O moleque é um pentelho xereta e sem educação, mas minha futura madrasta o adora como me adora, por isso tenho que aturar o menino todo final de semana.

Meu pai começa a bater na porta me tirando do meu devaneio. Ignoro achando que ele vai desistir, mas ele começa a quase quebrar a porta. Abro-a por não querer ficar sem porta. Giro o braço ironicamente para ele entrar e cruzo-os na frete do peito e encaro-o.

–Precisamos conversar Mateus. – ele disse cerrando os dentes.

–Sou todo ouvido. – respondo de mau-humor.

–Onde você acha que vai parar bebendo, se drogando, pichando muros, roubando, brigando, fazendo o caralho a quatro e voltando para casa de viatura todo dia?

Parte disso é verdade. Eu bebo, uso drogas e brigo bastante, mas roubar foi só uma vez e não é todo dia que dou uma volta de viatura.

–Eu fiz uma pergunta Mateus. – Agora ele já gritava.

–Caralho, não sei. Não me importo. – respondo no mesmo tom.

–Claro que você não se importa, isso eu já percebi.

–Pelo menos isso você percebeu.

–Do que você ta falando?

–Que você não se importa com nada. Só com seu trabalho. – eu comecei a falar tudo que está entalado faz tempo. – Você não se importa com o colégio que eu estou estudando, se eu to indo para escola, não se importa se tem comida em casa, não se importa de ficar em casa, de fazer algo em família e nunca se importou de trair sua esposa, suas namoradas e sua noiva. Você é filho da puta. Você só pensa em dinheiro. Você é um ladrão.

–Controle suas palavras garoto. – ele está nervoso, isso é perceptível.

– Eu não sou garoto e falo do jeito que eu quero seu velho ladrão.

Eu respondi e senti uma dor terrível no nariz e um sangue escorrendo do lado do olho. Foi então que notei que ele havia me batido. Meu nariz sangrava, e acho que por causa da aliança de noivado, havia um corte um pouco acima da minha sobrancelha. Eu o encarava.

–Você precisa tomar jeito menino e logo.

–Senão o que? Você me deserda?

–Deserdo e expulso da minha casa.

–Meu maior desejo idiota.

Com isso ele saiu do quarto e me deixou lá. Fui até o banheiro limpar o corte e tomar um banho Só espero que esse soco não vire um roxo. Deitei na cama e dormi. Que fique claro que eu não me orgulho de ser um drogado, bêbado, pegador e briguento, mas aconteceu e eu acabei me tornando assim. Acho que não tem mais volta.

No dia seguinte acordei com o celular tocando na minha cabeça. Era o filho da puta do Gustavo me ligando as 11h da manhã. Atendi e ele falou que queria vir em casa jogar videogame e já tinha chamado outros meninos. Falei que tudo bem e levantei. Fui até a cozinha e não tinha nem um pacote de bolacha no armário. Resolvi sair para comprar comida para mim e para meus convidados que estavam chegando. Gustavo me liga de novo.

–Que é caralho? Vai cancelar agora?

–Não cara, me ouve primeiro. Você não quer chamar umas amigas para a gente se dar bem?

–A gente vai jogar videogame não ir numa festa.

–Como se você não transa-se de segunda a domingo. – Isso poderia ser verdade, mas eu não estava com ânimo para chamar meninas e ficar naquela pegação.

–Ah cara, não dá, to namorando. – Mentira, terminei um namoro faz 3 dias.

–Então leva sua namorada e algumas amigas.

–Minha namorada não gosta muito disso.

–Espera, desde quando você namora cara? Você nunca namorou. – Isso também é verdade, meu namorou durou uma 1 semana porque a menina queria namorar e eu só queria transar com ela.

–Faz umas 2 semanas já.

–Então leva ela, quero conhecer.

–Já falei que ela não gosta disso.

–Leva só ela, isso ela não vai negar.

–Não sei se vai dar, sabe como é... – Que porra eu vou dar como desculpa?

–Não sei não. Acho que é mentira. – Puta que pariu. – Se você não levar ela, eu não vou acreditar.

–Mas..

–Não tem mais caralho, leva ela. Ou você virou cabaço e não tem nenhuma menina para chamar? Perdeu o charme amigo?

–Claro que caralho. Vou chamar ela para você conhecer então.

–Ta, tchau. Te vejo mais tarde.

Ele desligou e eu fiquei igual um idiota na rua pensando no que ia fazer, o negócio é ligar para minha ex para ver se ela vai. Como eu esperava ela não aceitou. Porém, eu não precisava mais dela. Desliguei o celular e virei a esquina. Gabriela estava ali andando um pouco mais a frente. Eu sabia que ela tinha ouvido a conversa, ela é curiosa demais para não ouvir. Ela estava tensa percebia como não mexia os braços. Ela estava diferente. Se antes já era bonita, agora ela está maravilhosa. Seu corpo se definiu como aqueles “violão” que chamam. Tinha que convencê-la de ser minha namorada.

–Não adianta fugir Gabi. – chamei a atenção dela.

–Oi? – ela virou e olhou para mim como quem não estava entendendo nada. – Você falou comigo?

Aproximei-me dela e consegui olhá-la de perto. Aqueles olhos castanhos escuro tão cativantes, seu rosto do formato ideal e aquela boca perfeita que guarda um dos sorrisos mais bonitos que eu já vi. Eu lembrava muito bem de tudo, mas agora estava diferente. Afinal, o tempo passa, os dois mudamos.

–Acho que sim. Não conheço mais ninguém aqui da rua. – respondi olhando em volta fazendo uma graça.

–Quem disse que eu estou fugindo. – ela respondeu arqueando uma sobrancelha e escondendo o sorriso no canto da boca de um jeito adorável.

–Quem disse que não está?


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam do cap? Da vida do Mateus?
Bom, peço desculpa de novo e peço também para que vocês comenteeem! E poderiam falar da fic pros amigos(as) né?
Bom, é isso! Beijoooos e a gente se vê daqui uns dias :))



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