pov Lanne

Estava na fila para pagar o café duplo que tinha acabado de comprar quando ouvi alguns gritinhos afeminados vindo da direção das mesas colocadas para os clientes, apesar de ser uma cafeteria renomada, se localizava em lugar meio escondido, então não tinha muitos frequentadores, por isso estranhei quando vi um grupo de 7 garotas de mais ou menos 14 anos dando risadinhas e gritinhos agudos ao verem um menino vindo em direção ao estabelecimento.

– Senhora, vai pagar com cartão ou dinheiro? - voltei minha atenção para a atendente do caixa que me olhava com olhos cansados.

– Cartão - respondi automaticamente e entreguei a ela meu cartão.

Olhei novamente para as garotas que agora estavam tirando fotos, pulando, gritando, cutucando e se jogando em cima de um garoto de cabelos loiros, que apesar de tentar ser gentil, notei que ele não queria muito estar ali. Olhei com mais atenção e notei que conhecia aquele menino de algum lugar, provavelmente já tinha o visto na televisão ou algo do tipo.

Depois de pegar meu café me dirigi a uma mesa no canto, uma que ficava mais afastada da entrada e perto dos banheiros, sentei e comecei a ler tranquilamente a revista que tinha parado pra comprar no meio do caminho.

Estava ocupada folheando a revista quando do nada alguém surge na minha frente, era aquele mesmo garoto que estava sendo assediado a alguns minutos atrás. Seu cabelo loiro estava todo desarrumado e cobria seus olhos negros como a noite.

– Eu conheço você? - perguntei olhando em seus olhos, ele parecia agitado e nervoso, cheguei a conclusão de que ele estava assim por causa do assedio das fãs. -

É.. ée... eu sou o Will - ele falou tão rápido e baixo que tive que me esforçar pra ouvir.

– Ok... - falei desconfiada - Eu sou Lanna - dei um pequeno sorriso tentando parecer amigável - Você tá bem? - cerrei meus olhos na tentativa de o observar melhor, notei que ele parecia buscar por mais ar.

– Sim - ele respondeu quase antes de eu terminar de falar - Eu só queria falar algo com você - ele falou parecendo se acalmar um pouco mais.

– Pode falar - ele me olhava de um modo tão intenso que tive que desviar o olhar. - Você quer sair comigo? Pra tomar um café quem sabe - Will falou de um modo tão intenso que era como ele necessitasse sair comigo.

– Mas não é isso que estamos fazendo agora? - forcei uma risada - Sabe? Tomando café -

– É, você tem razão - ele deu uma risada abafada e ajeitou o cabelo. - Mas eu quero dizer, ir ao cinema quem sabe?

– Mas eu não conheço você - falei olhando para ele cuidadosamente.

– Então, a gente poderia se conhecer melhor - ele sorriu.

– Will, você sabe que não é assim que se chega em uma garota não é? - tentei soar brincalhona, mas no fundo falava sério.

– É... desculpa, não quis ser tão direto, ou soar grosseiro, só queria trocar algumas palavras com você - vi a sinceridade em seus olhos negros e não pude deixar de notar o quão bonito ele estava. - Tá bom menino, não chora - sorri pra ele enquanto me levantava - Me encontre aqui amanhã, nesse mesmo horário.

– Claro - ele falou rápido e pude ver que balançava freneticamente as pernas em baixo da mesa. - Te vejo depois Will - dei um tchauzinho e me dirigi até a saída.

Quando já estava no estacionamento da cafeteria olhei pra trás, e vi Will olhando pra mim, ele estava sorridente e quando viu que eu estava olhando para ele, tentou disfarçar, sorri de volta e entrei no meu carro. Que garoto mais estanho.

pov Will

Olhei Lanne pegar seu carro e sair do estacionamento, nunca pensei que a conheceria e que muito menos marcaria uma especie de encontro. Nenhuma mulher tinha conseguido me deixar sem palavras como fiquei com Lanne, e nunca tinha ficado tão nervoso em toda a minha vida, nem quando nos apresentamos na frente de mais de 200 mil pessoas.

Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi meu celular tocar.

– ONDE É QUE VOCÊ TÁ? - alguém gritava do outro lado da linha, reconheci pelo sotaque britânico que era Leo, ligando do celular de sua namorada.

– Já estou chegando - menti.

– Sério? Pois saiba que a Sam acabou de ligar falando que te viu na cafeteria que tem do lado do prédio conversando com uma mulher velha - pode parecer pouca coisa, mas pontualidade era muito cobrada por todos de minha equipe.

– Ela não é velha - falei fazendo um voz séria - E eu to no carro, já já chego aí, relaxa esse traseiro no sofá e me espera.

– 5 minutos, ou descontaremos do seu salario - ele falou tentando parecer sério

– Eu já sou rico mesmo - dei uma risada e desliguei o celular.

Demorei só 10 minutos pra chegar no estúdio, eu e os outros membros da banda estávamos começando a gravação de nosso segundo CD e por isso uma certa tensão pairava no ar.

– Ok pessoal, pausa agora - Falou Steven, nosso empresario, fazendo todas as pessoas se dispersarem.

– Ei cara, quem era a velha que o Sam falou? - Leo sentou ao meu lado, em um sofá. Estávamos eu e os outros três membros do grupo na sala. Todos voltados com a atenção pra mim.

– Ah - apesar de gostar de Lanne a mais de dois meses, nunca falei pra nenhum amigo, sabia que eles não iriam aceitar tão fácil, por ela ser mais velha e ter claros problemas com drogas - É só uma mulher que puxou papo comigo - menti.

– Mas o Sam falou que viu você sentar com ela - Louis, o outro integrante da banda resolveu falar.

– Ele podia ser menos fofoqueiro né? - franzi o cenho ao falar isso, claramente irritado pelo fato de Sam, um dos nossos secretários, falar tanto assim de mim sem minha permissão.

– O que tá acontecendo cara? - Mike me olhou confuso - Você quer experimentar coisas novas agora?

– Coisas velhas você quer dizer - Louis interrompeu fazendo todos os outros rirem também, menos eu, obvio. - Sabiam que o Sam já transou com uma mulher de 57 anos? Ele falou que foi horrível, em menos de 3 minutos ela não conseguia nem se mover mais - ele fez uma cara de nojo.

– Do jeito que você fala, parece que era você que estava lá - levantei chateado e bati a porta quando sai da sala, pude ouvir eles rindo e falando do lado de dentro da sala. Acho que eles jamais iam entender o real significado de amar alguém. Isso me fez querer chorar.