A música tocava alta no cômodo, fazendo os meus ouvidos doerem um pouco. Com alguns goles de hidromel, tudo já estava se tornando suportável. Lily conversava baixo com meu pequeno Jim, Remus e Dorcas pareciam que iam arrancar a língua um do outro e por fim... bem, ele não poderia deixar de ser convidado, afinal, era um estudante da escola. Ah sim, lá estava Arthur com sua mais nova conquista. Não vou negar que aquilo me inquietou um pouco, mas nada alarmante.

— Leth, você está me ouvindo? - Sirius sussurrou, próximo de mim.

Oh céus, tenho que comentar: Aquele Black está um pedaço de mau caminho. O smoking mal vestido, a gravata meio torta, a barba por fazer, o cabelo desgrenhado, o conjunto completo. Pelas cuequinhas rosadas de Merlin, preciso ser forte e firme, se não eu cederia vergonhosamente. Pensar tal coisa me fez dar uma risadinha baixa.

— Não, me desculpe. - respondi-lhe, sinceramente.

— É o Arthur?

— Ah, dude, eu não posso negar que o momento de raiva passou. - suspirei. - Agora... eu só sinto falta dos nosso momentos.

— Você pensa em voltar com ele?

— Ah, não. - ri, balançando a cabeça. - É óbvio que não, ainda não perdi o juízo.

Ele mordeu o lábio inferior, fazendo-me conter um suspiro. Aquela situação estava um pouco constrangedora, contudo engoli a seco e aceitei a mão que se estendera a minha frente. Conceder aquela dança ao moreno era algo arriscado, mas minha pessoa não titubearia.

you don't want me, no

você não me quer, não

you don't need me

você não precisa de mim

like i want you, oh

não como eu o quero, oh

like i need you

como eu o necessito

A música era constrangedoramente calma, o que fazia as mãos de Sirius repousarem suaves na minha cintura, em contra parte as minhas acariciavam seu pescoço. Tudo me levaria a um beijo. Eu sei que parece imprudente e talvez eu me poria em um papel de brincar com os sentimentos do meu melhor amigo, não, eu não faria aquilo de jeito nenhum.

Minha cabeça latejava um pouco, eu estava lotada de sentimentos e preocupações. As provas decisivas estavam chegando, Voldemort se fortalecendo, meus pais um tanto distantes de mim, todo aquele clichê que nos rodeia. Sinceramente, não sabia se podia conter tudo em mim.

and i want you in my life

e eu quero você na minha vida

and i need you in my life

e eu preciso de você na minha vida

— Pelo amor de Merlin, DJ! - berrou. - Eu preciso de algo animado, não de uma melancolia.

Ri alto, adiando todas as minhas neuras para uma outra hora onde eu pudesse lidar melhor. Era bom ter um melhor amigo que lhe compreendia o suficiente para mudar o clima se questionar. Homens são mestres nessa arte de faça o que eu digo e cale a boca. Droga, espero que não tenha soado sexista.

Caminhei até o bar, pedindo uma dose.

— Ora, ora... O Black, baby? - uma mão grosseira se posicionou sobre a minha.

— Deixa-me em paz, Arthur! - sussurrei, tirando minha mão e falando baixo.

— Parece incrível o quão baixo seu nível se tornou.

— O único momento em que eu baixei meu nível foi quando estive com você! - repliquei, ultrajada.

— Mas na hora de receber meus beijos, minhas carícias, meu...

— Cala a boca!

Eu não queria em momento algum causar uma cena, todavia a situação não me deixava outra opção. Arthur podia ferir qualquer coisa, menos a minha integridade. Nunca passei de beijos e abraços com ele, e mentira não é algo que eu precise fazer. Sou muito esclarecida quanto a minha sexualidade!

Em questão de segundos Lily, Dorcas, Sirius, James e Remus estavam ali, buscando pegar detalhes do que estava acontecendo. O meu ex-namorado abortou sua missão e desistiu.

— O que foi, Lely?

—Arthur, apenas. - encolhi os ombros. - Ele não se cansa de me encher o saco.

Suspirei, desanimada.

Finalmente consegui a dose, a primeira da noite, de uísque de fogo. Após virá-la inteira de uma vez, senti uma tontura percorrer meu corpo inteiro. Quase cai, todavia meus pés cumpriram seus papeis de forma exemplar, mantendo meu equilíbrio.

Uma balada rock tocava ao fundo dos meus ouvidos no momento que tornava a segunda, terceira e quarta dose. Quando minha mão fez menção de pegar a quinta, uma ainda maior me parou. Eu não estava bêbada, apenas um pouco grogue, então sabia exatamente quem era.

Oh, quando Sirius me pareceu tão atraente? É claro que aquilo era apenas a bebida falando, contudo meu desejo mais profundo era trocar saliva com aquele homem. Droga.

— Você quer trocar saliva comigo, Potter? - ele comentou, fazendo minhas bochechas se colorirem.

— Eu falei isso alto? - pus uma careta. - Tsc, não acredito na minha sorte...

Ambos gargalhamos, fazendo graça da situação constrangedora. Assumo agora que estou um pouco bêbada. Ok, completamente bêbada. Ri, jogando os braços pelos ombros de Sirius.

A voz de Taylor Momsen cortou o clima calmo que se mantinha no salão.

— Eu amo essa música. - tropecei. - Opa, desculpa.

— Chega, Potter. - Sirius me interceptou, com sua voz rouca. - Vamos embora.

— Como você é chato!

— Vai me agradecer amanhã, garanto. - soltou.

Passou os braços pelas minhas pernas e cintura, erguendo-me em seu colo. Seria fofo, se Sirius não fosse um completo de um babaca com todo mundo, inclusive comigo. Idiota!

— Eu não sou um completo babaca com você, morena bocuda. - riu.

— Bloody hell, eu tenho que parar de falar alto!

Aspirei o perfume que o moreno usava, intoxicando meus pulmões violentamente. Seus cabelos também cheiravam bem, como mel e aveia. Tudo parecia acolhedor para mim e eu simplesmente entrei no embalo da situação.

— Ei, mocinha, onde você pensa que vai colocar essas mãos?

Já estávamos no dormitório, o masculino, eu no chão porém grudada com o meu misto de melhor amigo e ódio. Sim, melhor ódio. Aquilo era mesmo a minha cara. Odiar alguém que eu gosto. Quanto paradoxo junto.

— Na sua bunda, oras. - rolei os olhos. - Ela é tão lindinha!!! Bem redondinha e...

— Ok, nada de me traumatizar com uma descrição da minha bunda.

— Deixa de ser trouxa, Sirius. - bufei irritada. - Relaxa e goza, mozão.

Como havíamos chegado nessa situação? Sinceramente, não fazia ideia. Porém, estar com ele me fazia rir. Me fazia sentir totalmente completa e bem. Coisa que poucos conseguiam. Nem mesmo Arthur, cujo eu gostei tanto, conseguira executar tal ato.

— Leth... - sussurrou. - Não quer se deitar? Estou meio cansado de ficar de pé.

— Só se você tirar essa roupa inteirinha. - pisquei. - Faz uma dancinha especial e joga essa cuequinha pra mim.

Ele deu uma risadinha debochada. Ah, não acredito nisso. Quer jogar, caro Pads? Vamos jogar! E jogar de verdade que eu não brinco no serviço.

O vestido estava me sufocando de calor, apesar de estarmos no inverno. Era incrível o quanto eu conseguia ser calorenta. De qualquer forma, me livrei da peça de roupa, permanecendo apenas de lingerie. A calcinha preta de renda combinava com o sutiã de mesma cor. O meu conjunto favorito definitivamente seria esse.

— Oh, Merlin... - massageou as temporas. - Lethícia, você tem que parar de ser desse jeito.

— Que jeito? - manhosa, ah, eu adoro isso.

— Impulsiva, manipuladora...

— Gostosa? - mordi o lábio inferior. - Confessa que você está tentado pelo meu corpinho.

— Eu não vou dizer nada. - replicou-me, tocando meu braço. - Mas, bem, é impossível negar isso.

Com um sorriso presunçoso, tirei aos poucos as peças que compunham sua vestimenta. Apenas uma cueca da calvin klein colava-se ao corpo dele. Provocação Black, e das grandes.

Aproximei nossos corpos, minha mão em seu ombro e a sua em minha cintura. Os rostos se aproximando lentamente um do outro, o hálito refrescante, lábio inferior rosado e finalmente, um beijo intenso.