— Sirius, – James chamou minha atenção. – dá pra você tirar essa cara de bosta?

Eu o ignorei totalmente, estava imerso em táticas e formas para convencer a Potter a sair comigo. E, com o baile de inverno chegando, seria a oportunidade perfeita, mas eu teria que agir de forma rápida, ou perderia minha chance, tendo que ficar chupando o dedo enquanto ela dançaria com outro cara qualquer.

Bufei, repudiando a ideia.

— Sirius!

— O que é James?

— Eu estou pensando em convidar a ruiva para ir comigo ao baile de inverno.

— Convide.

— E se ela disser não? – questionou.

— Então será visível que ela está sã.

Ele atirou um travesseiro em mim, balançando a cabeça em negação e encarando-me cético. Era hilário, não consegui segurar uma risada.

— Parece que alguém está radiante hoje, huh?

— Shut up, Prongs!

— Então, quais são os seus planos? - murmurou, irônico. - Pegar a Potter de jeito e deixar a marca Black nela?

— Sim, é exatamente o que eu planejo. - retruquei, sério.

Eu adorava brincar com James sobre isso. Desde que eu demonstrei interesse pela irmã dele, o rapaz adorava soltar piadinhas de como eu ficaria com ela. Óbvio que quando eu confirmava as ideias, prongs queria cortar meu pau fora. E aquela atitude era extremamente engraçada. Enquanto eu ria de meu querido veado, Remus entrou no dormitório com um sorriso de orelha a orelha e Peter a tira colo. Ele provavelmente devia ter conseguido finalmente convidar a Dorcas para o baile ou simplesmente ter passado por ela em algum corredor/lugar.

Dei-me conta de que todos nós estávamos apaixonados por alguém. Quero dizer, todos, exceto Peter, e não posso negar que seria estranho se ele estivesse, não que fosse impossível, mas ele simplesmente não se encaixava no perfil de estar perdidamente apaixonado por alguma garota.

Além do mais, eu sentia que ele estava estranho, distante. Até poderia jurar que tramava algo. Entretanto, ignorei esses pensamentos e balancei a cabeça, tentando afastá-los mais depressa.

— E então, vamos jantar?

~~

— Leth! – chamei-a em bom tom. – Espera! Quero falar com você.

Ela parou e virou-se lentamente, com os braços cruzados e um biquinho irritado muito, muito, sexy. Merlin, por suas cuequinhas rosadas e limpinhas, me impeça de não a beijar agora. Amém.

— Sim, Black?

— Não seja tão má assim comigo!

Ambos rimos.

— E então?

— "E então" o quê?

Perdi-me no castanho de seus olhos, confesso.

Oh, bloody hell! Again!

Querido Merlin, eu agradeceria se eu não voltasse ao ponto em que eu falo exatamente como uma MALDITA GAROTINHA DE QUATORZE ANOS DE IDADE. Obrigada, de nada.

— O que você queria me falar?

— Ah, sim, bem, eu gostaria de saber se você... If you’d like to be my date? At the Ball?

— O quê? – ela mordeu o lábio, surpresa. – Hm, bem, eu não vejo que mal faria, então, sim, eu vou com você para o baile.

~~

Eu deixei Sirius com um olhar bobo, parado no meio do salão comunal e subi para o dormitório feminino. Não tinha a menor ideia de porque havia aceitado o convite dele, mas me pareceu certo. Além do mais, eu estava realmente precisando relaxar e não tinha pessoa melhor para animar alguém do que aquele moreno.

Ouvi minha doce Theresa deixar cair um pedaço de pergaminho. Abri a janela, pegando a carta e acariciando-lhe a cabeça. Supus que deveria ser outra carta de Arthur, que, by the way, não havia me deixado em paz desde que terminamos. Ele me mandava longas cartas, parava-me nos corredores, tentava me alcançar nas aulas, eu estava quase que implorando a Dumbledore que o deixasse bem longe de mim.

“Querida Lethícia,

Eu sinto muito por tudo que aconteceu naquela fatídica tarde, eu nunca quis te machucar. Sou um eterno apaixonado por ti.

Sei que errei feio e provavelmente não mereço uma segunda chance. Mas por favor, pense com carinho no nosso tempo juntos e como foi bom para ambos.

Com muito Amor,

Arthur”

Seriously, bitch?

Eu estava de saco cheio desse tipo de carta. Se ele achava que um simples pedido de desculpas, um "eu sei que errei" e "eu nunca quis te machucar" resolveria nossos problemas, ele estava redondamente enganado. Relacionamentos são baseados em confiança. Como eu confiaria em uma pessoa que me traiu bem debaixo do meu nariz?

Suspirei.

— O que foi, Leth? – Alice perguntou, com uma cara preocupada.

— Nada aconteceu, Allie. - balancei a cabeça. - Só... Arthur de novo.

— Você não pode ficar assim. - expressou com preocupação. - Peça a Dumbledore resolva. Uma medida restritiva, não sei.

— Não resolveria.

A garota não replicou.

Amassei a carta e a joguei no lixo, era perda de tempo guardar essas coisas.

~~

Eu estava deitada na minha cama, com uma pena em mãos, e fazendo minha síntese de História da Magia quando Lily entrou sem aviso no dormitório. A ruiva chorava forte, com soluços e lágrimas grossas. Franzi a testa, confusa, todavia concedi-lhe um abraço confortante.

— O que aconteceu, Lily?

— Leth – falou com certo esforço. – O Amus, ele... Ele já está namorando outras pessoas!

Balancei a cabeça, não crendo que o motivo do seu choro ainda era aquele estúpido do Amus. Eles tiveram um namorinho, coisa rápida, não foram nem três meses juntos, mas Lily havia se apegado fortemente a ele e sofria por não conseguir ser capaz de esquecê-lo. Ainda mais já fazendo mais de sete meses que eles não estavam mais juntos.

— Ai, ai, Lily Evans! - exclamei ceticamente. - Você não pode mais ficar desse jeito, é irracional.

— Eu sei, mas é que... Eu amo aquele idiota!

— Não. - limpei suas lágrimas com um lencinho. - Você ama a ideia do que viveram e precisa sair desse casulo. Além que eu ja te disse milhões de vezes o que precisa ser feito.

— I’m not going out with your brother!

— Eu não disse o meu irmão, mas você definitivamente precisa sair com outras pessoas!

— Ok, você está certa.

— Meu irmão seria perfeito, vale acrescentar, uma vez que o Amus e ele se odeiam. E o James te ama. Dois coelhos com uma cajadada só. - murmurei, empurrando-a para seu destino.

Lily sorriu, limpando finalmente as lágrimas.

Porém, antes que ela pudesse me responder, ouvimos sons vindos do lado de fora do castelo; o que fez com que corrêssemos até a janela, avistando três marotos, dos quatro, tentando fazer uma serenata. Sirius segurava algo que eu tinha certeza de que era um violão e Remus segurava uma faixa com “Lily Evans, would you be mine?”.

— Lily, essa é para você!

“I go crazy, ‘cause here isn’t where I wanna be

and satisfaction feels like a distant memory

and I can’t help myself

all I wanna hear her say is “Are you mine?”

well, are you mine?”