Como esse guri poderia ter a mínima idéia do que minha irmã e meu cunhado me zoam se a) eles não se conhecem; b) eu não contei pra ele; c) o Gui não contou até porque ontem ele me falou que ninguém precisava saber. Então como esse ser humano pode saber de alguma coisa relacionada a isso?

– Eu sem querer querendo li as mensagens de vocês no celular dele – tudo culpa das malditas mensagens

– Ixi Gu, nada ver isso ai não

– Iza, serio eu desejo o melhor pra você e se o Gui for o melhor ta valendo né?! – por que ele fala com tanta convicção?

– Gu... - ele não me deixa falar

– Iza pensa um pouco, vocês dois são muito parecidos, tipo no jeito de ser, formariam um casal perfeito

– Não Gu, não tem essa, somo AMIGOS – dei ênfase na palavra amigos pra ver se de uma vez por todas as coisas ficam um pouco claras.

– Ok, já que você diz né?! – aff era só o que me faltava mesmo – Iza, só não conta pro Gui que eu te falei isso não, é porque se ele souber que li as mensagens ele me mata – apenas concordo com a cabeça.

Voltamos para onde estávamos juntos de todo mundo e eu nem abro mais a minha boca, será que a partit de agora qualquer pessoa que for vir falar comigo vai ficar me perguntando do Gui? Isso é além de sem graça, ridículo. Ta ai falando a garota que dormiu de tanto pensar no guri.

– Hei, o que você tem?- Ju me abraça de lado

– Nada não coisa- retribui o abraço

– Não parece ser nada – sim realmente eu não estava com a minha melhor cara.

– Pode acreditar em mim – dou um beijo na bochecha dele – Hm, gente acho que já vou entrar, não terminei ainda as questões de história.

Eles apenas assentem com a cabeça e eu me levanto do banco indo rumo a nossa sala de aula, que não era tão longe do pátio, o que é bom considerando a minha preguiça indomável.

Vou direto para o meu lugar original, não aonde a vaca da professora de química me colocou na sexta-feira, e já tiro o meu caderno, estojo e meu livro de historia da bolsa.

– O que você tem hoje? – olho para cima e me deparo com o Gui me olhando

– Nada por quê? – ele me olha desconfiado

– Por que eu percebi que depois que você falou com o Gu você ficou assim – dou uma risada baixa

– Ta com ciúmes é? – ele ri e nega com a cabeça

– De você? Nunca – dou de ombros- O que tu tem, serio?

– Não dormi direito a noite – sério que eu disse isso? Nem meu bisavô que já faleceu acreditaria nesse, eu sempre durmo, sempre.

– Sei – ele senta em seu lugar e me olha de novo, oxi não é hoje que eu termino essa coisa – Se quiser me falar o que é pode me falar, se não quiser falar me manda SMS, eu sei que você não curte muito falar – assenti com a cabeça e continuei minha tarefa até bater o sinal e todos entrarem na sala.

Olha, para falar a verdade do fundo do meu coração eu gostaria mesmo de contar para alguém isso tudo sabe? Tipo pra ele mesmo, mas como eu vou contar tipo, olha meu filho eu não consigo parar de pensar em você desde que a gente começou a ser zoados juntos desse lança de suposto “namoro”, tu parece nem me notar, o nosso amigo acha que fomos feitos um para o outro só por causa de umas mensagens que trocamos, e você se importa comigo mas depois de um tempo se faz de indiferente. Simples né?! Agora como eu falo tudo isso pra uma pessoa? Não dá, simplesmente não dá.

O primeiro tempo passou praticamente voando, no intervalo a única coisa que aconteceu foi o Marco nos apresentando a “nova e temporária” namorada, porque não sei como ele consegue arranjar tanta menina assim e olha que ele nem é lá essa coisas hein. Ouvi certos boatos de que o Vitor também esta com uma menina e se for quem eu penso que é ele tirou sorte grande. Do mais o segundo tempo foi normal, eu e o Gui não nos falamos mais, porém sempre pego ele olhando pra mim com cara de preocupado, sim também achei isso meio fofo, mas.

– Iza vem aqui – mal cheguei em casa e ela me me grita

– Hm- to com preguiça de falar mesmo, já vou direto ao microondas pegar meu almoço

– O pai me ligou e disse que vai jantar com a gente hoje – caminho até a mesa e me sento já começando a comer, afinal a fome me consome

– Ele falou o por quê?

– Não, só disse que fazia tempo que a gente não saia juntos – concordo com a cabeça sem tirar o foco do meu almoço

– Legal – ela concorda com um uhum inaudível – o Pedro vai?

– Acho que sim, pelo que eu entendi a Carol vai também- como se fosse a família feliz, aff

– Hm – minha madrasta se acha mais do que ela realmente é, acha que tem 15 anos e que é linda de morrer, coitada pra ela só morrendo e nascendo de novo pra consertar.

Ok, então até a hora do suposto jantar eu posso tirar um belo e maravilhoso cochilo, afinal sou filha de Deus. Termino de almoçar, subo para o meu quaro, troco de roupa, escovo os dentes e me jogo na cama, literalmente.

(...)

Se eu dormi de mais da conta? Claro, mas como sou ágil deu tudo certo e no momento estou a caminho de um restaurante de um suposto amigo do meu pai, estou com uma roupa simples, calça jeans preta, meu salto preto e meu camisão branco.

– Pai ta muito longe? – pergunto para ele já que ele fez questão de que eu viesse no carro dele

– Não, acabamos de chegar- olho para fora da janela, e eu sinto que conheço esse lugar, desço do carro e me junto a minha irmã e meu cunhado

– Espera, esse aqui não é o restaurante do pai do... - eles falam em coro me interrompendo

– É sim – ai que lindo, que beleza, que maravilha de vida.