Durou tão pouco simplesmente pelo fato de a) saber que a primeira aula seria química; b) ter que olhar para a professora de química; c) ficar boiando 50 minutos sem entender nada da aula de química; d) sim o problema de tudo era a química e a professora também.

– Posso saber por que os seis ainda não estão na sala?- velha arrogante

– Nos desculpe senhora Cortez, mas estamos no horário, ainda não são sete horas- super fofo ver o nosso nerd Vitor nos defender

– Não interessa as horas. Eu já cheguei e o dever de vocês seria estar aqui- ela só pode ter nascido de sete meses- Vão para os seus lugares agora. E Izabela pode sentar longe do Junior e do Marco, por favor? – simplesmente reviro os olhos e me direciono na carteira da frente do Gui- não ai não, senta ali na frente da Letícia, por favor.

Ela poderia ter me colocado em qualquer lugar na sala, mas não só me colocou do outro lado da sala e ainda por cima na frente da guria mais chata. Vou pensar que ela faz isso tudo por amor.

Ao tirar a aula de química que por algumas varias razoes é a pior matéria pra mim e a única da qual eu não tenho nota, as aulas foram normais, o dia foi normal, alias tudo na minha vida é normal. Pode parecer meio chato viver assim, mas não sei se agüentaria essa vida que a maioria leva de ter que acordar uma hora antes pra escolher roupa, sapato, arrumar o cabelo, passar maquiagem, não isso tudo me parece um pouco de paranóia.

A saída da escola é mais ou menos como a libertação dos escravos assim por dizer, mas como minha mãe fez o favor de morar longe da escola eu tenho que ficar esperando ela vir me buscar, e sim as vezes acontece de ela me esquecer e me deixar plantada aqui no banco da praça de frente para a escola.

Devo admitir que esta praça é um dos meus lugares favoritos, não nesse horário onde esse povo da escola ainda esta aqui, mais no fim da tarde tudo aqui é tão silencioso, um lugar onde você fica tranqüila e pode ler um livro sossegada...

–Izaaa, assustou foi?

– Não imagina, eu quase caio do banco toda vez que escuto a sua voz de tão emocionada que fico- ele riu – Claro que eu assustei né Junior?!

– Ata foi mal- ele simplesmente da de ombros – Então que horas vai ser a torta?

– Sabia que você tinha algum interesse- ele sorri e merda ele é lindo mesmo – Não sei Ju, minha mãe não falou mais eu te ligo e falo beleza?

– Ok, beijo – ele da um beijo estalado na minha bochecha.

Eu poderia realmente cair de amores pelo Ju, eu sei que ele tem uns sentimentos a mais por mim porque a Clara me disse e o Ju e a Clara são tipo cu e calcinha, só que o Ju é tipo meu irmão, eu não me imagino com ele, apesar de que formaríamos um belo casal hein? Claro por conta dele.

– Iza? – me levanto do banco indo em direção da minha mãe

– Poxa mãe que demora, estou morrendo de fome

– E quando você não esta?- Bem pensado, eu sempre estou com fome

– Mãe os meninos querem saber que horas vai sair a torta?

– La pelas quatro, avisa eles – Pego o celular na bolsa e abro o Whatsapp e simplesmente mando “ As quatro horas seus puxas saco”

Depois de chegar em casa e almoçar é de lei ir dormir um pouquinho, é mais forte que eu, não posso evitar. Mas minha mãe pode

– Filha posso te perguntar uma coisa? – La vem

– Pode?

– Por que você não namora o Ju?

– Porque ela vai namorar o Gui mãe, eles ficam de conversinha por mensagem o dia inteiro. – Ah sim, só faltava a chata pra completar as asneiras de minha mãe, Gabi minha irmã mais velha que ama tentar arrumar namorados para mim.

– O Gui serio filha?

– Não pro Ju mãe – ela sorriu- E não pro Gui também mais que coisa viu?! – sim eu pego ar

– É o Gui sim mãe, ela só não quer assumir, vai negar que você não fica conversando com ele o dia inteiro?

–Isso é tecnicamente verdade, mas...

– Mas nada, eu to certa

– Vocês formam um casal tão fofo

– Mãe, Gabi, vão pastar vai e eu vou pro meu quarto porque vocês duas são umas chatas.

– Menina não me chama de vaca não

– Não chamei de nada mãe

– Insinuou – dou de ombros e subo pro meu quarto, eu e o Gui? Nada ver.

Meu celular faz barulho e eu só escuto as risadas e os gritos “É O GUI”, justo agora que essa merda tinha que ficar quieta ela faz barulho, é sempre assim mesmo quanto mais você precisa que não receba mensagem eu recebo essa é a vida. E adivinha era mesmo o infeliz.

(...)

Meio que eu acho que eu cochilei porque acordei assustada com o barulho da campainha e só podia ser os mortos de fome que eu chamo de amigos, me levanto e desço para a sala.

– Olha só quem estava dormindo?

– Olha só quem me acordou

– Credo Iza, deveria guardar suas ironias só pra você

–Gui, aprendi com o melhor- dou uma piscadela pra ele e minha mãe já começa a rir do nada, serio do nada

– Então tia Ana já esta pronto? – Como sempre o marco morto de fome

– Ta só esfriando Marquinho – ai que nojinho desses moleques com a minha mãe. Tenho ciúmes mesmo e daí?

– Meninos vocês não acham que esse mau humor todo da Iza é falta de um namorado?- Eu. Vou. Ali. Me. Matar. Afogada. Na. Privada.

– Também acho tia- todos eles falam juntos e o Vitor completa – Tem um menino lá na escola que é super afim dela sabe tia, super boa pinta e tals, tem uma fazenda e...

– Ah vai se ferrar Vitor.- interrompo ele era só o que me faltava

– Para Iza ele é super gato

– Pega ele pra você então Gu

– Quero ficha completa dele, vamos meninos enquanto comem vão me contando desse menino, como é o nome dele mesmo?

Não, tudo mesmo isso. Sou zoada a um ano por conta desse menino que tem nome de velho Juscelino, quem chama Juscelino hoje em dia? Não eu só posso ter jogado pedra na cruz quando Jesus estava sendo crucificado só pode.