I Wish You Love escrita por hatsuyukisan


Capítulo 18
Capítulo XVIII


Notas iniciais do capítulo

é o tipo de capítulo que quando voce lê voce não sabe se pula de alegria ou chora ._.



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    Era uma miragem. Não. Miragens devem ser boas. Era uma alucinação. Pensamentos difusos penetraram a mente de Yuki impiedosamente. O coração pareceu parar de bater por alguns instantes. Instantes que pareceram eternidades. Instantes que se arrastaram até que Uruha se desse conta da presença dela e parasse de beijar o corpo sob si. Uruha congelou. Yuki ficou ali, parada na porta, com os olhos fixos na figura de Uruha, seminu, entre as coxas de alguém que não era ela. Aoi. Ninguém mais, ninguém menos que Aoi. Ali, afundando os dedos nas costas do Takashima, com as coxas em volta da cintura deste. Aoi. Yuki virou as costas, cambaleou pelo corredor tentando conter as lágrimas, enquanto ouvia Uruha chamando seu nome. Não. Não podia estar acontecendo. Não com ela. Não daquele jeito. Não naquela noite. Não Uruha. Não ele. Não com Aoi. Tão improvável. Talvez nem tanto assim. A morena encostou o ombro na parede e deixou as lágrimas escaparem.

            -Yuki! – Uruha veio andando a passos largos pelo corredor, abotoando a calça. Ele tocou o ombro dela. Yuki se desvencilhou e virou-se de frente para Uruha. Tomou coragem para olhá-lo nos olhos. O que foi que ela fez de errado? Um tapa. Um só. Desferido direto no rosto do loiro. – Yuki... Me deixa explicar.

            -Explicar o quê, Uruha?! – disse Yuki, tentando não soluçar.

            -Eu... – realmente não havia muito o que explicar. Uruha pensou em todas as desculpas possíveis que as pessoas dão numa hora dessas, mas não teve coragem de dizer nenhuma delas diante daquele rosto molhado de Yuki.

            -Há quanto tempo, Uruha? – Yuki virou o rosto, não queria encará-lo.

            -Alguns meses.

            -Quantos meses?! – ela realmente não soube como pôde formar frases coerentes no meio de todo aquele pesadelo.

            -Uns oito. – Uruha passou a mão na testa e suspirou. Não havia saída se não dizer a verdade.

            -Oito meses... – Como podia?! Há tanto tempo assim... – Meu Deus.

           -Yuki, me desculpa, eu...

           -Cala boca! Você nem ao menos sabe o significado dessas palavras! – ela gritava agora. – O que foi que eu fiz de errado Uruha? Eu sempre fui paciente, atenciosa, fiz de tudo pra te agradar... e agora...

           -Você não fez nada de errado. – ele encarou os pés.

           -Então por quê?! – ela parou por uns instantes. – Você o ama?

           -Eu... – por um momento Uruha fitou a porta do quarto. Pensou em Aoi ainda lá dentro, sentado na cama, incrédulo, sem saber o que devia fazer agora.

           -Ama ou não, Uruha? Olhe nos meus olhos e diga. – ela procurava os olhos dele.

           -Eu... – Uruha sentiu o nó na garganta apertar. Não poderia mentir – Eu o amo.

   As palavras de Uruha perfuraram o peito de Yuki, geladas, afiadas, precisas. Ela sentiu os joelhos tremerem. Havia perdido mais uma batalha. Era inegável. Surpreendeu-se com a maneira com que Uruha partiu seu coração, tão de repente, tão deliberadamente e determinadamente. Yuki viu que só havia uma saída. Sair. Andou até o quarto, sob o olhar confuso de Uruha, entrou e viu Aoi sentado na cama, vestido, encarando os pés.

            -Yuki... – ele se levantou quando a viu entrar. – Olha, me perdoa, eu nem sei o que dizer... Eu tô tão envergonhado.

            -Tudo bem, Aoi. Não se desculpe. Eu não te culpo. Só me responda: você o ama?

            -Com todas as minhas forças. – Aoi engoliu em seco.

            -Então você não tem com o que se preocupar. – Yuki tentou sorrir entre as lágrimas.

            -Yuki... – a voz de Uruha veio da porta.

            -Eu preciso de um tempo sozinha, Uruha. Preciso me organizar. – Yuki pegou uma mala de dentro do guarda-roupa e começou a dispor algumas peças dentro dela.

            -Você pode ficar aqui se quiser...

            -Não, Uruha. Eu prefiro não ficar aqui. – ela olhou em volta. – Não vai me fazer bem.

            -Mas... Yuki...

            -Não se preocupe comigo, Uru. Eu vou ficar bem. – ela colocou mais algumas peças na mala e a fechou. – Eu vou levar o carro. Mas logo eu devolvo, não se preocupe.

            -Tudo bem. – Uruha consentiu, enquanto Yuki passava por ele em direção ao corredor.

            -Aoi... – Yuki virou-se e encarou o moreno. – Cuida bem dele.

  Yuki colocou a mala nas costas e saiu do apartamento, em completo estado de choque, deixando pra trás os dois guitarristas confusos. Ela desceu até a garagem e entrou no carro. Deu a partida e saiu do apartamento. Dirigir, pensar, ficar só, chorar. Era disso que precisava. Vagou pelas ruas iluminadas e coloridas de uma Tokyo fria. Chorou. Demais. Ficou se perguntando o que havia feito de errado, roendo as unhas, tentando achar uma explicação. Como podia que ele estivesse tão longe e quando estava tão perto? Ele sempre dizia que a amaria até morrer, mas ele ainda estava vivo. Então por quê? O que aconteceu? De que adiantava pensar e se torturar quando a solução que lhe parecia mais sensata era sempre a de que Aoi e Uruha estavam apaixonados, depois de anos como amigos, assumiram uma paixão – não, uma paixão. Um amor, sim – dentro de seus corações. E nada mudaria isso. A certeza com que Uruha disse que amava Aoi, e os olhos marejados de Aoi ao dizer que também amava Uruha, não dava esperanças de volta à Yuki. Tudo que é bom dura pouco. Já dizia sua mãe. Era bom demais pra durar. O que Yuki não entendia, era o modo como tudo teve um fim, tão brusca e dolorosamente. Yuki estacionou o carro perto de um parque, num lugar conhecido da cidade. Sabia que era perigoso andar por aquele lugar àquela hora, mas não importava. Desceu do carro e andou até o parque. O frio cortou-lhe o peito como uma lâmina gélida e afiada. Ela andou de braços cruzados, rápido, e cada vez mais rápido, sentindo as lágrimas geladas escorrerem pela face e quando se deu conta já corria. Corria como se pudesse fugir de tudo aquilo. Como se aquilo fosse um monstro que a perseguia e que ela pudesse despistá-lo se corresse o mais rápido que pudesse.

   Ela sentiu as pernas fraquejarem, o frio tomava conta de seu corpo, já não sentia mais os joelhos, o ar entrava com dificuldade pelos seus pulmões, a grama fofa abaixo de si não lhe dava estabilidade. E de repente... Escuridão.


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Notas finais do capítulo

blá blá reviews *-*



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