Senhor, como Nico di Angelo era lindo!

Pelo menos para mim.

Não sei explicar direito. Os olhos negros, a postura descontraída, os cabelos negros bagunçados.

Bom, já imaginava Violet e Sam me zoando por conta desse "acontecimento". Depois do que ocorreu com Luke, Violet não ia perder a chance.

Foi tipo, dito e feito.

Oh, por que existe a vingança?

Enquanto caminhávamos para o refeitório, eu, Thalia e Percy começamos a conversar, um pouco distante dos outros. Thalia tinha um estilo punk, dava para notar só pelo cabelo, o estilo do corte dele. Ai se eu pudesse fazer (mais ou menos) igual. Eu tava feita.

Mas, digamos que não me permitiriam fazer isso.

Percy era bem legal também, as perguntas deles se variavam mais para "De onde você veio?" e "Como chegou aqui?". Seus olhos verdes iam de mim, até Thalia, cada vez que eu dava alguma resposta que para eles era "importante". Falando em seus olhos, eram realmente muito lindos. Um tom verde meio "hipnotizante".

– Finalmente alguém que gosta de Green Day! – Thalia gritou contente.

Sorri animada.

– É tão raro assim? – Perguntei rindo.

– Sim, Percy nem sabia o que era.

– Ei! – Percy disse.

Rimos.

Estava tudo legal, mas alguma coisa me incomodava, a curiosidade talvez. Olhei Thalia, enquanto ela fazia comentários sobre algumas músicas, não conseguia distinguir qual poderia ser seu pai ou mãe, depois olhei para Percy, ele também não me lembrava algum deus. Mas também, não é muito confiável acreditar nas estátuas que eles fazem acreditando que seja tal deus. Venci minha curiosidade, então apenas assenti quando Thalia terminou de falar e perguntei:

– Quem são seus pais?

Thalia não demonstrou surpresa nem mudou o humor pela minha pergunta, acho que ela ainda estava feliz em ver alguém que apreciava o mesmo gosto musical que ela. Foi um momento de silêncio até Thalia responder:

– Zeus.

– Poseidon – Percy.

Eu queria puxar o braço de Violet para ela conversar conosco, mas ela parecia bem contente conversando com Annabeth, Sam e Nico. Aliás, a desculpa de olhar Violet, era uma desculpa para olhar Nico, e ver seu rosto.

Argh! Quanto mel!

– Já foi em algum show deles? – Thalia perguntou, mudando de assunto e chutando uma pedra.

– Não, no Brasil não é muito comum ter shows internacionais – Dei de ombros.

– Nem monstros – Percy acrescentou.

– Isso também.

Quando o assunto estava prestes a morrer, chegamos ao que eu acredite, ser o refeitório. Thalia se despediu de nós e foi se sentar sozinha em uma mesa. Só tinha restado Percy e eu.

– Ahn... Carly – Percy começou. –, bem, eu sei que pode parecer chato não saber quem é seu pai ou sua mãe, mas você vai ver, quando menos você espera eles te reclamam.

Sorri ao escutar aquilo. Foi um dia tão agitado e turbulento e tantas coisas acontecendo e era bom ouvir pelo menos alguém para dizer que ia tudo dar certo, e que eu não ia ficar para sempre no Chalé 11. Sorri e recusei a tentação de lhe dar um abraço.

– Obrigada – Disse por fim, girando os calcanhares e caminhando em direção a mesa onde Violet e Sam estavam sentadas.

– Carly, se decide – Sam zombou, rindo.

A olhei feio e pisei em seu pé.

Tô nem aí que ela é apenas uma criança.

Mereceu.

Enquanto Sam choramingava em silêncio, Sr.D pigarreou, todos se silenciaram.

Ele começou a dizer algumas coisas, mas comecei a prestar atenção nas mesas e as pessoas. Thalia e Percy sentavam sozinhos. Annabeth estava com seus irmãos. Nico... ele estava sentado do lado de um garota bonita, parecida com ele, só que com uma expressão mais... alegre?

–... e por fim, vamos receber atenciosamente nossas novas três semi-deusas – Sr.D disse entediado.

Automaticamente, me senti vigiada, mas tentei apenas se concentrar em meu jantar.

– Carly – Violet sussurrou. –, você não pode comer ainda.

– Por quê?

– Temos que dar a oferta para os deuses.

Não tinha entendido muito bem, então apenas imitei Violet e fomos para perto da fogueira. Segurei uma parte do meu jantar. Sam sussurrou para fazer um pedido, ou apenas falar alguma coisa.

Quando chegou a minha vez, sussurrei a primeira coisa que me veio a cabeça.

"Ó mãe, ó pai, aceite minha oferenda... e por favor, me reconheça."

Observei enquanto a comida penetrava na fogueira e voltei ao meu lugar.

Enquanto eu comia um pouco do resto do meu jantar, fiquei pensando em coisas avulsas, como as bandas de rock e o que seria das minhas camisetas, que estavam a maioria amontoadas no guarda-roupa da minha casa, no meu quarto, e umas quatro que estavam dentro da minha mochila.

– Olha só que legal – Sam disse, se virando para o copo vazio. – Refrigerante.

O copo se encheu por um liquido. Sam sorriu e bebeu um pouco, não demonstrando reação de arrependimento. Me virei para o meu copo e o encarei por alguns minutos.

– Suco de Caju – Palpitei.

O copo se encheu com suco. Bebi um pouco e era realmente suco de caju.

– Suco de caju... azul – Falei.

O mesmo liquido mudou a cor para azul. Violet riu.

– Por que azul?

– Gosto de azul – Dei de ombros e bebi o resto do suco.

Era a estranha a sensação de beber um suco de caju com gosto de caju, mas que era azul.

Quando terminei meu jantar, e Sr.D deu permissão para voltar aos Chalés, me levantei e caminhei em direção Chalé, tendo de ouvir Violet e Sam me zoando por conta de Nico.

– Ai, como vocês ficariam lindos – Sam fez um coração com as mãos.

– Eu nem conheço ele – Retruquei, encarando o chão.

– Não tem problema, a gente te apresenta a ele – Violet disse, entrando na onda de Sam.

Pisei de novo no pé de Sam e dei uma cotovelada em Violet.

Com a multidão, não consegui me despedir de Thalia ou de Percy. Nem Violet e Sam se despediram dos outros.

Entramos no Chalé 11 e fomos diretamente para nossos colchões, me deitei no meu e comecei a abraçar minha mochila.

Nunca. Se. Sabe.

Observei alguns outros campistas entrarem e irem diretamente para alguns colchões ou para as camas.

Meu pensamentos foram se esvaziando, até o sono me vencer completamente e eu fechar os olhos lentamente.

Até dormir.