Série Auror - Primeira Temporada escrita por Van Vet


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/459691/chapter/5

Durante muitas horas da madrugada Harry ficou com a mente vívida e pensante, não deixando seu corpo descansar. Alfred, Daniels e Teddy estavam bem? Estavam vivos? Que tipo de caçada era a ponte, o elo, entre estes três homens?

Acordou ainda bem cedo, o dia estava mais frio que o anterior. Ron desfrutava de um sono profundo na cama ao lado. Às vezes ele gostaria de ser como o amigo e ter boas noites de sono, independente dos fatos do dia. Entretanto, Harry não era assim. Preocupações, ansiedade e expectativas, consequentemente levavam-no a insônias quase delirantes.

Empenhado na primeira tarefa programada para o segundo dia de investigação, vestiu-se rapidamente e desceu para recepção. O escocês enxerido já havia abandonado seu posto no balcão, no lugar dele, uma mulher risonha de meia idade, agora zelava pela estalagem.

–Bom dia! – saudou Harry assim que se encostou ao balcão.

–Bom dia! – retribuiu a mulher - O desjejum é servido a partir das sete e meia, na lanchonete. – informou indicando o umbral à direita, que desembocava num salão, perto das escadas. Harry não havia reparado nele ontem.

–Ah, não, tudo bem. Eu não vim tomar café da manhã, ainda. Vou esperar meu parceiro acordar. Na verdade, gostaria de saber se vocês possuem um mapa da região?

–Claro. – respondeu ela solícita, e sem demora indicou uma pilha de folders que repousavam sob o balcão. – Se está interessado em alguma região específica, temos contato com alguns guias turísticos. Estamos nos aproximando do inverno, alguns lagos congelam e certas áreas ficam inacessíveis, mas algumas estações continuam a funcionar.

Interessante!

–A senhora saberia me informar se a região de Inverness se encaixa nestes lugares inacessíveis?

A mulher deu-lhe um sorriso conspiratório.

–Mais um turista interessado na lenda do Ness! – concluiu.

Harry apenas sorriu. Iria negar? Inverness era uma área repleta de ilhas quase inóspitas, circundadas por uma névoa de frio, eterna, não importava a estação. O que de interessante suas águas geladas poderiam ter a oferecer aos turistas, além de contos sobre um monstro marinho e alguns castelos em ruínas?

–Sabe, não existe só o Loch Ness na Escócia! Não entendo vocês turistas. Vão àquele fim de mundo, tem até os ossos arrepiados de frio, para admirar uma porção de água? Temos pontos muito mais interessantes na Escócia. Stirling, por exemplo, possui o magnífico castelo de Stirling na cidade de Castle Hill, aliás, a cidade toda é repleta de monumentos históricos.

–Bacana! – foi à única coisa que Harry conseguiu dizer. Castle Hill talvez fosse um bom lugar para ir passar as férias com Gina, mas não era mesmo, o lugar para onde o rumo da investigação deveria seguir. –Então eu vou pegar estes papéis – disse, recolhendo diversos folders turísticos – e me decidir. Obrigado!


***

Ron acordou, escovou os dentes e vestiu-se. Enquanto isso, Harry continuava sentado na cama, analisando diversos papéis espalhados sob o colchão.

–Nossa rota vai se encaixar perfeitamente. – dizia munido de entusiasmo – Estamos em Stirling agora, Argyll and Bute é ao norte e depois, Inverness um pouco acima... Pelo menos, segundo esses mapas.

–Então vamos mesmo para a tal Ormsary?

–Claro! Não adianta irmos direto para Inverness e especularmos sobre o nada. Se este é o único condado bruxo da região, certamente eles devem ter passado por lá em algum momento, isso é, se não estiverem lá agora.

Poderia ser uma boa ideia...

– Mas vamos ter que ir a uma biblioteca? – perguntou Ron, desanimado.

–É o primeiro lugar que iremos. Eu já te disse ontem, quero ler a versão bruxa da história.

–Tá, tá! Mas antes de ficarmos enfurnados ao redor de quilos de pergaminhos, vamos tomar café da manhã. Não consigo pensar de estômago vazio...

–Só quando está de estômago vazio...? – a pergunta era retórica.

***


Ormsary, Argyll and Bute...


Ron esperava aparatar num condado bruxo tradicional, de edifícios antigos, medievais, de ruas estreitas, tapetadas em paralelepípedos gastos. Esperava encontrar lamparinas, rústicas, de chama eterna sondadas por fadas mordentes, e comércios obscuros do lado de dentro, repletos de mercadorias mágicas nas calçadas.

Ormsary, entretanto, não carregava a aparência primitiva esperada da maioria dos condados bruxos da Europa. As fachadas das casas eram reservadas e decoradas num aspecto montanhês; cercados de madeiras brancas, muros de pedra e telhados tipo corta-gelo.

Os habitantes eram outro fato intrigante. Vestiam-se como trouxas, andavam e comportavam-se como eles. A cidade toda parecia um grande “disfarce”, e Ron quase chegou a pensar que seu pai havia se enganado, mesmo após Harry anunciar.

–Encontrei a biblioteca. – disse, indicando uma graciosa construção de tijolos a mostra, com detalhes em pinus. Uma espécie de bangalô construído no miolo de uma clareira fresca.

“Biblioteca pública do Condado de Ormsary”, era o que estava entalhado na placa de madeira, fixada perto da porta.

Assim que pisaram na biblioteca, as suspeitas de Ron cessaram. Definitivamente um feitiço extensor tinha sido lançado por toda a construção, enorme por dentro e simplória por fora. Aquele ar de ambiente mágico, confortavelmente o invadiu, e ele até sorriu quando teve que desviar de um livro absurdamente volumoso, que flutuava rápido para as estantes da ala leste.

Fosse pela tranquilidade de estar de volta no mundo bruxo, fosse pelas lembranças ocultas de livros e escrivaninhas, que estreitavam suas lembranças para mais perto de Hermione, Ron sentiu-se bem por estar ali, numa biblioteca.

–Esse lugar é enorme! – observou Harry, percorrendo com os olhos, as quatro alas, dotadas de dezenas de estantes cada. –Vai dar trabalho. Vamos ter que pedir informações. – concluiu, encaminhando-se para um amplo balcão de atendimento.

Ron não o acompanhou, embrenhando-se por uma das alas intermináveis. O cheiro de pergaminho velho se misturava com os sons de pena rasgando o papel à medida que ele passava pelas estantes, e circundava as escrivaninhas povoadas por leitores a anotar informações, dos livros que consultavam.

Havia volumes exagerados em altura e espessura, outros pequenos, quase ocultos, nas prateleiras obscuras. Dentre os títulos, ele leu “Sonho Escocês – uma visão contemporânea das ambições trouxas”, “Pratos típicos em dois movimentos” e “Nossas Realezas”.

–Ron? – ouviu Harry chamá-lo. Virou-se e encontrou o amigo com dois livros brutos, entre os braços. –Como você descobriu que essa era a sessão de cultura nacional?

–Sorte? –arriscou.

–Vêm! A atendente me indicou uns livros que podem ser úteis.

Harry e Ron sentaram-se diante de uma janela alta e larga, por onde a luz pálida do inverno penetrava, e começaram a tarefa de pesquisar citações, ou, com um pouco de sorte, textos encorpados sobre o Monstro do Ness.

Ron pegou um livro, relativamente pequeno, se comparado com o de Harry, sobre Formas de Vida Aquáticas do Mar do Norte e suas Baías e começou a folheá-lo sem muito ânimo – palavras pequenas em textos imensos.

Por outro lado, Harry apossou-se de um grande volume de capa vermelha em letras douradas, repleto de gravuras, e intitulado “Enciclopédia dos Espetaculares Monstros Marinhos”.

–Hermione ia adorar isso aqui... –comentou Ron com a voz monótona, folheando o livro com nenhum interesse.

–Olhe, achei algo! – exclamou Harry debruçando-se em cima da Enciclopédia, a página aberta no grande desenho de uma espécie de enguia circundando uma singela embarcação, em torno de águas negras – O Monstro do Lago Ness – começou a ler - faz parte de um dos folclores mais fascinantes da história bruxa Escocesa...

–Folclore? – estranhou Ron – Eu ache que ele existisse mesmo!

–Mas ouça isso – pediu Harry, retomando a leitura – Muitas lendas sondam a existência e a origem do Monstro e muitos fatos reforçam sua vivência.

“Relatos tanto trouxas quanto bruxos são datados desde 1595 por exploradores marítimos; Quebc Luft, famoso medi-bruxo do século XVII, citou em seu papiro ‘Elementos e Artefatos de Relevância na Medi-Bruxaria’, que presas em pó de lagartos originários das águas de Ness, possuíam propriedades regenerativas de alto poder; Já entre os trouxas as mais absurdas teorias foram levantadas ao longo dos séculos, dentre elas, que o Monstro do Loch Ness deveria ser um parente direto dos Plesiossauros, dinossauros extintos a milhões de anos.

“Por outro lado, em 1923, após diversos casos de aparições e algumas mortes, os Ministérios da Magia conjuntos da Grã-Bretanha, foram pessoalmente investigar a lenda. Foi um trabalho exaustivo, de vários dias, onde o que encontraram foram duas espécies de uma tonelada cada, de enguias marítimas sob o feitiço Engorgio.

“Os supostos Monstros teriam sido os responsáveis pelos ataques, e Hector Carlyle foi apontado como culpado pelos feitiços e, consequentemente, os ataques, sendo trancafiado em Azkaban até seus últimos dias de vida. Carlyle...

–Seria algum parente de Daniels? –completou Ron.

–Talvez... Mas isso seria muita coincidência.

–Ou não. Têm mais alguma coisa escrita aí?

–Sim, Recentemente o Ministério Escocês levantou novamente a questão sobre o Monstro do Lago Ness e disse que nunca houve provas concretas da existência de dele, antes do caso Carlyle e as Enguias sob Engorgio. A declaração foi feita, após a revista Interessante Mundo Bruxo publicar uma matéria em que citava o Monstro do Ness como um caso eternamente sem solução, uma criatura que ataca a cada oitenta anos, como numa espécie de ciclo reprodutivo ou alimentar.

“Até a data da edição desta enciclopédia, nenhum fato ou documento oficial, mente ou desmente quanto à existência do Monstro do Ness, permanecendo o caso um mistério.”

Após terminar de ler, Harry e Ron ficaram calados, absorvendo a estranheza dos fatos expostos no livro. Carlyle, Enguias sob Engorgio, Nenhuma prova concreta... de nada – o que cada elemento teria em comum?

–Essa história é muito esquisita, Harry! – balbuciou Ron, enfim – Ou Alfred e Daniels mentiram para Teddy quanto à história do Monstro, ou...

–Eles sabem de algo que não está nos livros! – completou Harry, cheio de entusiasmo.

–Sim e não. Talvez eles fossem apenas um bando de lunáticos! – rebateu Ron, com uma nota de pessimismo.

–Bem, - começou Harry, refletindo – de qualquer forma precisamos de mais do que suposições. Vamos focar em um dos fatos intrigantes dessa história: vamos investigar a árvore genealógica de Daniels Carlyle e descobrir se ele possui algum parente chamado Hector.

***

Os parceiros deixaram a biblioteca, por onde Ron voltou a passar pelo corredor de Cultura Nacional, e, mais uma vez, o livro “Nossas Realezas” lhe chamou atenção. Ele estava, de fato, curioso em descobrir o que houve com Guilherme, o rei caçador de Dragões, e havia uma grande chance de um livro com aquele título, sanar sua curiosidade. Entretanto, eles continuaram seu caminho até a recepção onde perguntaram onde ficava o correio-coruja mais perto, pois enviariam uma coruja ao Ministério pedindo um levantamento da árvore genealógica de Daniels Carlyle. Também especularam sobre a possibilidade de um dos três desaparecidos terem passado pelo local, mas a bibliotecária foi enfática em afirmar que nunca vira sujeito mais franzino, quando eles mostraram a foto de Alfred.

Após enviarem a coruja, Harry tentou decidir qual seria a melhor atitude a tomar a seguir. Escolheram uma meia dúzia de locais públicos de grande movimentação, para perguntar sobre Alfred e seus colegas, porém tudo que conseguiram foi ter que se esquivarem de algumas pessoas encantadas, e até emocionadas por conhecerem o famoso Harry Potter em pessoa.

Por fim, eles poderiam voltar para a estalagem e esperar pela resposta do Ministério, ou continuarem a investigação, ainda que às cegas, porque a pesquisa na Biblioteca não ajudara muito.

Na verdade, Harry não queria dizer a Ron, mas estava começando a achar que aquela investigação veio a calhar. Embora alguns fatos misteriosos o animassem a prosseguir, por outro lado, algo o fazia pensar que tudo aquilo era um caso para o Departamento de Hermione, o de Controle de Criaturas Mágicas. Entrementes, para o Departamento da amiga estar envolvido, uma Criatura deveria existir, e a séculos não existia se quer, provas da existência do Monstro no Ness! Era como se o caso todo fosse uma grande piada disfarçada de incógnita.

Entre hipóteses e questionamentos, Harry acreditou e decidiu que o melhor seria ver com os próprios olhos o tal Lago, investigar, e enfim, tirarem suas próprias conclusões.

***

Inverness...

A beleza da cidade de Inverness era histórica. Em suas praças, esquinas e ruas bucólicas, monumentos, catedrais e até castelos, erguiam-se sob ruínas. A arquitetura em Inverness possuía a mesma sincronia extasiante e original da época medieval – tudo construído em grossos tijolos de pedra. A cidade, feudal há séculos, transparecia magia, bem diferente de Ormsary que era essencialmente bruxa.

O Loch - ou Lago – Ness, cortava Inverness de Norte a Sul, tornando a cidade atraente a pessoas de diversas partes do mundo, fascinadas pela lenda do Monstro.

Harry e Ron aparataram até as imediações de Inverness, mas percorreram a rodovia que contornava toda orla do Lago até o coração da cidade, num ônibus grande de turistas.

O Sol, agora descia vertiginosamente no horizonte, tingindo o céu em tons róseos e laranjas, anunciando a proximidade da noite.

–Sabe, às vezes eu tenho pena dos trouxas. – cochichou Ron quando eles começaram a enxergar os primeiros aglomerados de construções, iluminando-se adiante, estavam quase chegando ao pequeno centro da cidade – Esses transportes me dão pena. Imagine quanto tempo se gasta dentro de veículos como este, só para voltar para Inglaterra?!

–Sim , mas, às vezes, também se compensa. Não é possível apreciar a viagem quando não se tem paisagens para se olhar – disse Harry e apontou para janela – Olhe o lago, por exemplo. É uma bela vista; as águas negras refletidas pelo Sol, enquanto uma cadeia de montanhas encarregasse do plano de fundo.

–Uau, Harry! Você está poético! – gozou Ron. Harry sorriu, fixando novamente os olhos no Lago.

Vinha pensando e o admirando desde que o avistaram pela primeira vez. Imenso, silencioso, imperturbável.

Que segredo suas águas deveriam esconder, afinal? O caso realmente tinha alguma ligação com aqueles quarenta quilômetros de inundação?

Quando, enfim, o dia cedeu lugar à noite, Ron e Harry estacionaram com o ônibus de turistas, em frente à Catedral Saint Andrew’s. Ron, nesse momento notou, e já não era sem tempo, que seu estômago urgia de fome.

Desviaram dos turistas recém-chegados que se aglomeravam em frente à bela Catedral, densamente iluminada, e caminharam pela rua à procura de um bar ou restaurante onde pudessem se alimentar e organizar o rumo da investigação.

Encontraram um atraente restaurantinho de esquina e decidiram que a parada seria ali mesmo. Sentaram-se numa mesa perto da janela e imediatamente uma garçonete, obesa e risonha, veio atendê-los, enfiando cardápios em suas mãos.

–O que vão querer? – perguntou preparando-se para anotar o pedido num bloquinho.

Harry olhou para o cardápio, desnorteado sobre o que pedir. O menu possuía muitos pratos diferentes, locais, e ele percebeu que não estava com tanta fome quanto achava.

–Suco de laranja com torradas, pode ser?

–Essa hora?! – questionou Ron, franzindo o cenho – Eu estou com fome. Quero jantar. Vou querer, hum, esse prato...! Como é mesmo que se pronuncia?

–Haggis! Nosso prato mais típico. Você vai adorar! – ressaltou a garçonete, sorridente para Ron e indiferente para Harry, e indo desaparecer para trás do balcão.

–Ei, Harry, você tá meio tenso... Sabe que eu tô até gostando dessas horinhas entre os trouxas! Como deve ser esse Haggis, hein?! Tinha uma cara ótima na foto.

–Eu acho que você não deveria se aventurar muito numa culinária que não conhece, Ron...

–Por quê?

–Nada! – respondeu Harry, impaciente. Ele não estava disposto a discutir pratos escoceses. – Vamos nos concentrar no caso, ok?! Estou vendo que estamos quase chegando ao fim do segundo dia de investigação e nada mudou. – desabafou.

–Eu tô te dizendo Harry, isso não é trabalho de auror! – cochichou Ron.

– Mas que droga! Eu só queria descobrir o que esses três foram fazer naquele maldito Lago, para nunca mais voltarem!!! – esbravejou Harry, frustrado.

Harry falou num tom mais alto que o resto da conversa andara transcorrendo, e isso, óbvio, chamou atenção de alguns clientes a volta. Um deles, um homem que preservava uma imensa barba ruiva, e que estava na mesa ao lado, grunhiu.

–Por acaso vocês estão falando dos desaparecimentos no Lago?

–Hmmm... sim... – concordou Harry um pouco sem graça, recuperando-se dos olhares dos trouxas.

–As pessoas daqui não comentam, andam com receio, sabe?! – guinchou o homem numa voz áspera e sombria. Olhou para os lados para conferir se ninguém mais espreitava a conversa e pôs-se a cochichar entre os Harry e Ron – Esse tipo de história faz bem ao turismo local, até certo ponto, mas quando as pessoas começam a desaparecer altas horas da madrugada... Bem, fica um tanto delicado dizer por aí que turistas estão morrendo afogados no Ness.

–E estão? – Ron não conseguiu conter-se, esquecendo-se, até, que sua barriga roncava de fome.

–Acredita quem quiser, mas pra mim isso é tudo baboseira! – ele fez um barulho esquisito com a boca antes de prosseguir - Meu pai me contou, e o pai do meu avô contou antes dele. Não importa o que dizem, mas sempre acontece. Talvez demore um século ou menos, mas, o Lago sempre acorda para uma nova, hum... refeição. Eu apenas não pensei que seria durante a minha geração. No começo até não tinha dado confiança, sabe, lá no cais agente tem que filtrar o que escuta, mas depois que eles tiraram o rapaz da água há três noites, eu nem me atrevo a...

–Que rapaz? – interrompeu Harry, completamente escorado em cima da mesa do desconhecido.

–Dava dó! Branco que nem cera, o pessoal disse que não falava coisa com coisa. Que ficou muito tempo na água, e que até seu cérebro congelou. Bobagem! Ele viu alguma coisa, eu sei que viu!

–E onde ele está agora? – perguntou Harry, interessado.

O homem o fitou de modo analítico.

–Quem são vocês? - perguntou desconfiado.

–Parentes! – disse Ron rapidamente.

–É! Parentes... de... uns amigos que desapareceram há alguns dias...

–Parentes ou amigos? – disse o homem, confuso.

–Parentes e amigos. Foram os dois, sabe... – tentou Ron.

Harry e Ron se encararam nervosamente.

–Hmmm... Até onde eu sei, o cara foi para o hospital municipal. Aquele perto da Catedral...

–Pedidos chegando! – disse a garçonete surgindo com uma bandeja em mãos. O sujeito endireitou-se na mesa e não virou mais. Ron esfregou as mãos animadamente, esperando a mulher depositar seu jantar na sua frente. Harry, porém, retirou algumas notas de dinheiro trouxa, amassadas no bolso da calça e depositou em cima da mesa de qualquer jeito. Então, erguendo-se, disse, arrastando um Ron, perplexo, pelo braço – Obrigado! Mas perdemos a fome!

–Calma, Harry! O meu Haggis...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Série Auror - Primeira Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.