No Ritmo do Amor escrita por TamY


Capítulo 9
A Vida antes dos Bracho...


Notas iniciais do capítulo

Capitulo dedicado a Marta Maíra. que gosta muito dessa fic, e acho que nunca dediquei um capitulo a ela... então Marta esse é pra você espero que goste! :D

boa leitura!! :)



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Acordei na manhã seguinte sentindo a leve caricia de Carlos Daniel e me assustei...

– Calma! Ele disse sorrindo enquanto me olhava. – sou eu!

– D-desculpe! Gaguejei desviando meu olhar do seu.

– Bom Dia! Ele me disse ainda sorrindo, Parecia muito bem depois de tudo que aconteceu na noite passada.

– Bom Dia! Respondi me sentando e me afastando um pouco.

Ele apenas ficou me olhando em silencio, seu olhar mais penetrante do que nunca...

– Você consegue me encantar cada vez mais! Ele me disse com aquele sorrindo de Canto de boca que me deixava inquieta.

Não disse nada apenas fiquei em silencio e ele continuou a me observar, Cansada de ficar sobre seu olhar perturbador me levantei e ele me olhou seriamente se levantando também, ainda estava sem Camisa e eu não pude deixar de dar uma rápida olhada para seu corpo perfeitamente esculpido.

– Aonde vai? Ele me perguntou preocupado.

– Apenas no banheiro! Disse a ele o olhando de testa franzida. Porque toda aquela angustia em seu olhar? Perguntava-me enquanto o olhava curiosa.

Ele forçou um sorriso e desviou seu olhar do meu e sentou-se na cama... Eu me afastei e entrei no banheiro, Passei uma água no rosto tentando acordar direito, ainda estava sonolenta pela hora em que fui dormir... Quando sai do banheiro Carlos Daniel estava distraído... Parecia estar em outro mundo.

– O que aconteceu ontem à noite? Perguntei o tirando de seus devaneios.

Ele me olhou em silencio, parecia lutar contra si mesmo, parecia esta decidindo o que me dizer ou não, ele escondia alguma coisa...

– vem comigo? Ele me perguntou me estendendo a mão.

Não questionei apenas segurei sua mão e o segui, senti minha pele se arrepiar com seu toque... Seguimos em silencio escada abaixo, sabia onde ele estava me levando.

Ele abriu as enormes portas do estúdio de dança e ao entrarmos ele as fechou e me encaminhou ate um canto onde sentamos no chão mesmo, a sala era iluminada pela fraca luz da manhã que ainda surgia ele sentou-se em silencio, não me olhava, mantinha a cabeça baixa... Podia ver que estava tenso, mesmo assim não o pressionei para falar, deixei que levasse seu tempo.

Ele respirou fundo e então levantou a cabeça e me olhou nos olhos...

– esse estúdio foi da minha mãe! Ele me disse com um sorriso triste nos lábios. Eu fiquei surpresa, não sabia que a mãe dele dançava...

Eu apenas permaneci em silencio e lhe ofereci um sorriso que ele retribuiu...

– Me lembro de quando eu tinha 10 anos e passava horas aqui apenas a vendo danças, me lembro dela me ensinando a dançar! Ele disse olhando para a sala com um olhar distante... Senti meu coração se aperta ao vê-lo assim, sabia que seus pais tinham morrido em um acidente de carro alguns anos, mas ele parecia ainda não ter superado.

– te uma coisa que nunca contei a ninguém! Ele me disse finalmente me olhando.

– o que é? Perguntei o olhando de volta e tentando transmitir segurança. E vendo sua luta interna sem pensar muito no que fazia segurei sua mãe, ele apenas sorriu e apertou minha mãe levemente...

– Sou adotado! Ele me disse aquilo tão baixo que se não estivesse perto não teria conseguido escutar...

Fiquei surpresa com sua revelação, a pouco ele falava de sua mãe com tanta veneração que nunca passou pela minha cabeça uma coisa assim...

– Sabe... Começou dizendo um sorriso triste no rosto. – me lembro quando Helena e Eduardo Bracho Foram ao orfanato. Tinha apenas alguns dias que eu estava naquele lugar, estava com medo, assustado, sozinho... E eles chegaram com aquele jeito doce, atencioso, preocupado... Sentia-me protegido sempre que os via... Eu tinha apenas 7 anos.

– e os seus pais biológicos? Perguntei mesmo sabendo que aquelas deveriam ser lembranças dolorosas e que ele provavelmente não iria querer falar.

– eles apenas me colocaram no mundo... Nunca me quiseram, as únicas lembranças que tenho deles e da minha mãe biológica me dizendo coisas horríveis e meu pai me enchendo de surra! Ele dizia e senti meu coração se partir, tão pequeno é já sofria tudo isso, não precisei pensar muito me aproximei e apenas o abracei, ele soltou uma respiração pesada afundando seu rosto em meu pescoço e vi que ele estava tentando segurar as lagrimas.

– tudo bem... Não precisa falar sobre isso! Disse a ele calmamente enquanto afagava suas costas nuas, sentindo a textura de sua pele, ele ficou tenso com meu gesto impensado então me afastei e ele me deu um sorriso apenas da dor em seus olhos.

– eu quero falar! Ele disse confiante, eu apenas assenti e voltei a sentar em meu lugar, ele pegou minha mão pensativo e a levou ate os lábios o roçando na palma da minha mãe fazendo as borboletas de meu estomago voarem... Ele nem pareceu notar seu gesto, estava com os pensamentos bem longe dali.

– me lembro que fugi de casa com 6 anos, não agüentava mais ser maltratado pelos meus pais... Eles sempre foram tão rudes, eu era apenas uma criança, eu era filho deles... Nunca entendi o ódio deles por mim! Disse Fazendo uma Pausa e me olhando. – o que eles poderiam ter contra uma criança? Ele me perguntou, o olhei cheia de compaixão, não existia uma resposta para sua pergunta. – Passei quase um ano sentindo fome, frio, medo... Apanhei muito, mas aprendi a sobreviver na marra... Quando me recolheram na rua e me levaram quiseram me devolver para meus pais! Ele disse soltando um riso sem graça. – eles me devolveram, acreditavam estar fazendo isso para meu bem! Dizia ainda sorrindo.

Carlos Daniel ficou em silencio de repente, parecia ter se esquecido da minha presença a seu lado...

– assim que eles viraram as costas meu Pai me bateu... Disse fazendo uma pausa e engolindo em seco. – Me bateu tanto que tive de ser socorrido por um vizinho e levado para o hospital, o covarde fugiu! Eu podia sentir a raiva em suas palavras. – A mulher que dizia ser minha mãe nem me visitar foi ela não estava em casa quando tudo aconteceu, mas se estivesse provavelmente não teria feito nada para me ajudar! Disse dando de ombros, Passei semanas no hospital completamente sozinho e finalmente o conselho tutelar tirou minha guarda dos meus pais.

Eu não sabia o que dizer ou como confortá-lo, ele não chorava, mas a dor estava estampada em seu rosto, a raiva transparecia em seus músculos tensionados...

– passei praticamente um ano sem dizer uma única palavra, se abrisse a boca para falar iria chorar e não derramaria uma lagrima por ele ou pelo que me aconteceu... Os psicólogos tentaram de todas as formas tentarem me fazer falar, achavam que eu tinha algum problema, mas eu apenas não queria falar e passei a desconfiar de qualquer pessoa.

– Passei quase um ano no orfanato e então os Brachos entraram em minha vida, mesmo eu não dizendo uma única palavra eles me quiseram... Aquela foi a primeira vez que alguém me quis e me sinto tão grato por helena e Eduardo, ele me levaram com eles em poucos meses depois que me conheceram e eu ainda não tinha falado nada, eu não sei por que não disse a eles o quanto estava grato naquele momento!

Carlos Daniel fez mais uma Pausa e pela primeira vez desde que ele começou a narrar sua historia podia ver seus olhos úmidos...

– Tenho certeza de que eles sabem! Disse a ele o olhando.

– devia tê-los agradecido mais... Devia ter demonstrado mais o quanto era grato a eles! Ele me disse me olhando nos olhos.

Carlos Daniel voltou a ficar em silencio olhando a sala vazia. E eu permaneci em silencio observando e tentando conter minhas próprias lágrimas, conseguia enxerga em minha frente um garotinho de olhar triste e sentia o nó em minha garganta se apertar cada vez mais...

– A primeira vez que disse alguma coisa foi depois de já estar a meses com os Brachos! Ele deu um leve sorriso e não havia dor ali. – Estávamos eu é helena aqui, neste estúdio! Ele disse sorrindo enquanto apontava para o espelho. – ela estava dançando e eu estava a olhando como sempre fazia e ela começou a dançar e conversar comigo, de repente sem saber bem como ou porque me levantei e caminhei ate ela de cabeça Baixa... Ela parou de dançar e quando a olhei ela estava me olhando com um sorriso tão lindo! O Sorriso no rosto de Carlos Daniel se alargava com essa lembrança. – eu segurei sua mãe e pela Primeira vez Falei. Sabe o que disse a ela? Ele me perguntou voltando seu olhar para mim.

– O que? Perguntei enquanto secava as lágrimas que escorriam por meu rosto.

– Obrigado... Ele me respondeu com a voz embargada enquanto me olhando nos olhos. – Obrigado por me salvar mamãe!

Não consegui mais segurar minhas emoções com suas palavras e dessa vez foi ele quem me abraçou e me confortou...

– esse foi o dia mais feliz que tive em toda minha vida! Ele sussurrou em meu ouvido enquanto eu tentava me acalmar.

Quando me senti mais Calma nos afastamos e ele tinha os olhos brilhando pelas lagrimas...

– os poucos anos que fui o filho de Helena e Eduardo Bracho foram os melhores da minha vida, eles nunca fizeram diferença minha e de Rodrigo, sempre me trataram como um filho de verdade, e na noite em que recebi a noticia que eles tinham morrido senti como se meu mundo tivesse acabado, estava sozinho, meus salvadores se foram e levaram minha alegria embora, levaram minhas esperanças com eles... Dona Piedade tentou cuidar de mim sem fazer diferença, mas eu sentia, sentia na forma dela me olhar, na forma de me tratar...

– ela... Eu dizia, mas ele me interrompeu.

– Não! Ela nunca me maltratou... Talvez fosse paranóia da minha cabeça, eu era uma criança e estava sozinho novamente, estava com medo! Explicou me olhando. – viver na mansão sem meus Pais foi muito difícil para mim e continua sendo difícil!

– minha felicidade foi embora quando Helena e Eduardo morreram... Mas quando a vovó Piedade me obrigou a fazer aquelas aulas de dança me senti sendo castigado, passei tantas horas em um estúdio de dança com minha mãe, aprendi meus primeiros passos de dança com ela e pensei que vovó piedade queria de alguma maneira me punir por minhas irresponsabilidades! Ele disse sorrindo enquanto acariciava minha mão. – e então lá estava você! Ele me olhou nos olhos e senti meu rosto queimar. – tão linda, conseguia ver a paixão pela dança refletida em seus olhos, posso ver isso agora! Ele disse me olhando intensamente nos olhos. – via isso no olhar da minha mãe também, e do mesmo jeito que ela me salvou, você me salvou Paulina.

– te salvei? Perguntei sem entender.

– antes de você chegar em minha vida eu não estava bem, nunca estive para falar a verdade, mas vinha piorando...

Não entendi o que ele quis dizer com aquilo, mas não insisti...

– eu te amo Paulina! Senti meu coração disparar com suas palavras. – e a cada dia te amo mais, e quando você me recusou me senti como o Carlos Daniel de 6 anos recusado pelas duas pessoas que deviam o amar! Explicou sem desviar o olhar do meu.

– Carlos Daniel eu... Dizia mãe ele me impediu de continuar.

– não estou te contando essa historia para que você me aceite, estou contando porque confio em você! Ele me disse e sorriu carinhoso.

– Obrigada por confiar em mim! Disse a ele e lhe dei um sorriso tímido, não sabia o que dizer depois de tudo que ele me falou, não sabia como me sentia depois de tudo que descobrir. Uma coisa tinha certeza, não podia mais me afastar dele.

Ficamos apenas alguns instantes em completo silencio apenas nos olhando vez por outra...

– O que você sente por mim Paulina? Ele me perguntou me olhando com expectativa. – seja sincera comigo! Pediu ainda me olhando seriamente.

Fiquei em silencio... “O que sinto por Carlos Daniel?” me perguntava enquanto o observava.


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Notas finais do capítulo

Tem um olho em minha lágrima!! :')
Tadinho do C.D!! :( kkkkkk...

comentem, favoritem, indiquem!

Bjus e ate o proximo capitulo! :D