Ice Cream escrita por IsaChan


Capítulo 8
Debaixo dos céus estrelados são seus lábios que me atraem.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/459427/chapter/8

No dia seguinte, acordei com o despertador às 05:30 da manhã, que era o horário que eu acordava para ir pra escola. Quando não me atrasava, é claro. Depois daí não consegui mais dormir, estava ansiosa demais pela vinda de Jaqueline em casa, então fiquei acordada, pensando em algo que eu poderia fazer para agrada-la.

Como eu não sabia desenhar, nem cantar, nem tocar, resolvi então fazer algo para ela comer depois do almoço. Como um doce, que com certeza ela iria gostar. Como Jaqueline gosta de Artes, e é o rumo que ela pretende seguir, eu gostaria de saber fazer algo neste estilo, mas não conseguia de forma alguma.

Fui-me então para a cozinha, e peguei o livro de receitas de minha mãe, que continha diversos e diversos tipos de doces diferentes, tanto pelo fato dela ser uma doceira. Seria fácil eu pedir pra ela fazer algo delicioso pra nós comermos depois do almoço, e dizer que fui eu mesma quem fez, mas do jeito que minha mãe é, ela me desmentiria no mesmo momento.

A única vez que fiz algo naquela casa, era quando morávamos na cidade grande, e eu havia feito um Bolo para Carlos, no dia de teu aniversário. Ele não comeu, pois disse que era alérgico a chocolate, o que era mentira, na verdade, pois havia visto diversas vezes ele comendo algum. Eu joguei o bolo inteiro no lixo, bem em tua frente, pois ele havia duvidado de minha capacidade, e desde então nunca provei algo feito pelas minhas mãos. Mas como eu já tinha 17 anos, com certeza conseguiria fazer algo comestível, então Jaqueline se orgulharia de mim.

Levei o livro até a mesa, e então comecei a folheá-lo, e via coisas que eram impossíveis de se fazer, até mesmo por mim. Achei então uma receita de Cup Cakes, que eram as coisas mais fofas e deliciosas do livro inteiro, e não era difícil de se fazer, pelo visto.

Fui até o armário para verificar se haviam todos os ingredientes necessários, e para minha surpresa, haviam todos, e mais alguns. Peguei então todas as tigelas e ingredientes, prendi os meus cabelos, e coloquei a mão na massa, literalmente. Bati tudo, coloquei a massa em oito potinhos, e assei. Uma hora depois eles estavam prontos, e só faltava decorar, que era a minha parte preferida. Coloquei todos encima da mesa, com um certo espaço entre eles. Deixei um pano debaixo, pois como eu era uma desastrada, sabia que faria uma boa de uma bagunça. Peguei no armário chantilly , granulado colorido, canela, e uns coraçõezinhos de chocolate, que entre um bolinho e outro, eu comia um punhado. Coloquei o chantilly encima de cada um, no formato de sorvete, igual aqueles daquelas máquinas. Joguei canela e o granulado, e por fim, os coraçõezinhos de chocolate. Ficaram com a aparência ótima, e com certeza, o gosto melhor ainda.Deixei eles na geladeira por até às nove, dentro de um pote, ou ao contrário eles ficariam duros. Tudo bem que quebrar os dentes de Jaqueline seria bom pra ela pagar por tudo que já fez pra mim, mas aquele com certeza não era um bom momento.

Antes de minha mãe levantar, peguei os bolinhos e levei até meu quarto, para que ela não zombasse de mim ou algo do tipo. Fiquei feliz que ela não tivesse acordado enquanto eu os preparava, ou então estaria numa encrenca. Guardei-os então dentro de meu guarda-roupas, e fingi que estava dormindo, para quando minha mãe acordasse, não desconfiasse de nada.

–--

Ouvi uns barulhos lá da cozinha, e então resolvi descer até lá.

–Poxa, mãe, não posso nem mais dormir em paz aos domingos? -Eu disse esfregando os olhos e me arrastando até ela.

–Que bom que acordou, temos visita hoje. -Disse ela pegando as panelas do armário, sem me dar muita atenção.

–Aé, quem? -Perguntei inclinando a cabeça para os lados, fingindo-me de desentendida.

–Não vai me dizer que não chamou a garota para almoçar conosco? -Ela então virou-se e levantou a panela, como se fosse taca-la em mim.

–C-calma mãe, eu chamei ela sim. Jaqueline vai vir em casa hoje, havia esquecido.-Disse arregalando os olhos e fazendo um movimento de calma com as mãos, com medo dela tacar a panela em mim.

–Ah, então o nome dela é Jaqueline, hm... -Disse ela sorrindo maliciosamente, e olhando de meio canto para mim.

–Sim, mãe... -Fiz então uma cara de quem estava com tédio, quando na verdade queria enterrar minha cabeça num buraco, toda vez que falava de Jaqueline para minha mãe.

Sentei-me então na cadeira, estiquei as pernas e comecei a observar minha mãe preparar a comida.

–O que faz sentada ai menina, venha ajudar sua mãe. -Disse ela, apontando para mim.

–Mas mãe... -Fiz uma cara de dó. -Mãe, olha, já são 10:30, tenho de me arrumar, desculpe. -Disse alegre, pois não teria de ajuda-la a preparar o almoço, coisa que odiava fazer.

Corri então até meu quarto, e tranquei a porta. Escolhi a roupa que eu iria usar, e peguei uma camisa larga de gola branca, calça jeans preta com rasgos, e um tênis cano médio. Tomei então um banho e me vesti. Passei lápis pretos nos olhos, o que realçava a cor deles, e prendi meu cabelo, de forma que ficasse meio bagunçado. Fui então até a cozinha, para que pudesse sair e ir buscar Jaqueline, e então ouvi minha mãe reclamar:

–Ta parecendo um garoto. - "Ótimo" pensei comigo.

–Obrigada, mãe. -Disse não ligando para o que ela havia dito. Coisa que eu já estava acostumada.

–Você tem certeza que vai sair assim? Sua amiga vai pensar que é lésbica e dar o fora. -Disse ela, encostada na pia.

–Olha só quem fala...-Respondi, baixinho, para que ela não pudesse ouvir. Falei isso, pois quando minha mãe tinha a minha idade, ela usava cabelos curtos, às vezes raspado, e coloridos. Saía a noite e bebia muito.E uma vez, sem que ela soubesse, eu fucei suas coisas, e achei uma foto de duas garotas juntas, que uma delas era ela, por sinal. Aquilo ainda era um mistério, que eu ainda iria descobrir. Mas por fim, Jaqueline gostaria de receber a notícia de eu ser lésbica, afinal.

Minha mãe então jogou as chaves em minhas costas, o que ardeu.

–Se eu fosse lésbica teria abortado você. -Disse ela mostrando a língua, que por sinal havia ouvido a minha resposta. -Vai, saí, vai logo buscar sua amiguinha, vai. -Disse ela voltando a fazer suas coisas.

Às vezes minha mãe nem parecia minha mãe, e sim minha irmã mais velha. E eu gostava, pois não ficava sufocada, e me divertia um tanto com ela.

Saí então e fui buscar Jaqueline, e quando cheguei, ela ainda não estava lá. Esperei por uns dez minutos, e então avistei uma garota vindo em minha direção. Ela estava com um vestido preto, que marcava sua cintura, e batia acima de seu joelho, uma meia e sapatos com um pouco de salto. Forcei bem os olhos para poder enxerga-la, pois nunca havia visto uma garota tão bela em toda minha vida. Por minha sorte Jaqueline não podia saber de meus pensamentos. Bem, pelo menos eu acho.

Mas conforme ela se aproximava, parecia mais e mais com os traços do rosto de Jaqueline. "Não mesmo" ,pensei comigo. A garota que eu conhecia jamais se vestiria daquela forma. E foi aí que eu me enganei.

Sim, era Jaqueline, e ela estava totalmente comestível, digamos assim. Se ficássemos sozinhas por muito tempo, não responderia mais por mim.

Ela então parou em minha frente, e mordeu aqueles lábios vermelhos, como se quisesse me provocar. E ela conseguiu, pois aquilo mexeu comigo. Ela estava totalmente sexy.

–Venha! -Eu disse, puxando ela.

–Mas espere, sua casa, é do outro lado. -Ela apontou para o lado certo.

Sem a ouvir, eu apenas a puxei, e chegamos a um lugar sem saída. Ele era um tipo de corredor, vazio, ninguém nunca passava por lá.

Olhei então profundamente em seus olhos, e não consegui me segurar. Encostei ela no muro que estava logo atrás, segurei suas mãos sobrepostas a ele, fortemente, e então a beijei. Foi o beijo mais quente que já havia dado em minha vida. Entre um beijo e outro eu mordiscava seus lábios, e podia ouvir gemidos baixinhos vindos dela, o que me deixava mais e mais animada. Segurei forte então em sua cintura, e a puxei para mim, e disse baixinho em seu ouvido:

–Passiva por um dia. -E lhe dei uma leve mordida.

Podia ver que ela estava vermelha, pela segunda vez em sua vida, e então eu parei, e comecei a rir.

–Isso é pra você aprender a não me provocar. -Peguei então em sua mão. -Venha, vamos. Se demorarmos muito, minha mãe vai desconfiar, mais do que já se desconfia.

Seguimos então até o caminho de minha casa, e quando estávamos quase chegando, percebi que o batom de Jaqueline estava borrado. Dei-lhe então mais um beijo intenso, retirando todo o batom que lhe restava, e limpei-me então com minha mão.

–Bem melhor. -Eu disse, maliciosamente.

Pude perceber que Jaqueline me olhava inocentemente, e não dizia palavra alguma. E eu achei aquilo muito bonitinho.

Chegamos em casa, e minha mãe já havia terminado o almoço.

–Mãe, chegamos. -Gritei.

Ela então desceu correndo as escadas, e foi até nós.

–Uaau. -Disse ela, olhando para Jaqueline.

–Prazer, eu sou Giovana, mãe de Lesly,estou encantada. -Minha mãe disse abraçando Jaqueline, e então soltou uma piscadela para mim, como se estivesse querendo dizer: "Boa garota, pegou um pedaço de carne boa."

E então eu desviei o olhar e o voltei para Jaqueline.

–Olá, senhorita. Meu nome é Jaqueline, estou muito encantada também, és muito bela. -Respondeu Jaqueline. Para confessar, senti um pouco de ciúme, e então cruzei os braços tentando o disfarçar, coisa que eu não fazia bem.

Minha mãe então foi até a mim, e me disse num tom baixo:

–É assim que você deve se vestir, querida.

Mal sabia ela que Jaqueline era um suposto garoto fora de ocasião. E então eu nem liguei para o que ela havia dito, e chamei Jaqueline para ir até meu quarto.

–Mãe, nós vamos para o quarto. -Eu disse.

–Não, Lesly. O almoço já está pronto, e seu pai irá descer daqui a pouco, esperem na sala. -Respondeu minha mãe.

Fomos então até a sala, e sentamos no sofá. Vi então que Jaqueline olhava para os lados, certificando-se de que não vinha ninguém, e então disse:

–Terá troco.

–Desculpe? Não ouvi. -Eu disse, fingindo-me de idiota.

Ela então se aproximou de mim, e disse num tom baixo e ameaçador:

–Terá troco. - E então mordiscou levemente minha cartilagem.

Aquilo de certa forma me arrepiou. E ela me olhava como se ainda quisesse me provocar, e eu não podia fazer nada.

Minha mãe então nos chamou, e fomos até a cozinha. Jaqueline então se apresentou a meu pai, e todos nos sentamos na mesa. Minha mãe havia preparado lasanha e várias outras coisas de almoço, e estavam deliciosos.

–Você cozinha muito bem, senhorita Giovana. -Disse Lesly, terminando de comer.

–Obrigada, mocinha. -Disse minha mãe, sorrindo.

Todos nós terminamos a refeição, e então meu pai perguntou a Jaqueline:

–Que carreira quer seguir, minha jovem?

–Hm... -Pensou um pouco ela. -Quero ser Artista. Meu irmão é, e quero seguir como ele. Ele tem um pequeno atelier no porão de casa, onde desenha seus quadros, e passa a maioria dos tempos lá. Temos lá também várias pinturas minhas, que faço quando estou desocupada. -Disse ela, educadamente.

–Muito interessante... Lesly quer ser Atriz. -Disse ele olhando para mim. -Quando ela terminar a escola, ano que vem, Carlos,o namorado dela, vem busca-la para estudarem Teatro juntos, lá do lugar de onde viemos. -Disse meu pai, alegre.

E então nesse mesmo momento minha mãe engasgou com o suco que bebia, e Jaqueline me olhou de um jeito estranho, e então minha mãe interrompeu, tentando acertar as coisas.

–É claro que isso vai demorar, não é? Até lá Lesly pode mudar os planos e...

–Definitivamente não. -Meu pai disse interrompendo minha mãe. O que deixou um clima meio estranho.

Minha mãe então se entristeceu um pouco, como se não quisesse que eu fosse embora. Ela então olhou para Jaqueline, que parecia emburrada, e perguntou:

–E você, também tem um namorado?

Eu então tossi, segurando um riso, e Jaqueline olhou rapidamente para mim.

–Não tenho não. Estou tranquila no momento, querendo achar alguém como eu, que possa me entender ou coisa do tipo. -Respondeu ela.

–Ah sim, entendo...-Disse minha mãe, olhando diretamente para mim. E então eu tive de me endireitar.

–Mãe, nós vamos para o quarto. -Eu disse, levantando-me e puxando a cadeira.

–Tudo bem, filha. -Olhei então para meu pai, como um pedido de licença, e então ele balançou a cabeça num gesto afirmativo.

Peguei no braço de Jaqueline e fomos até meu quarto. Lá então ela se sentou na cama, olhando para o teto, enquanto eu estava indo pegar os bolinhos no guarda-roupas.

–Você quer ir ver as estrelas comigo? -Disse ela, distraída com meu teto.

–Mas é claro. -Respondi, pegando os bolinhos e os guardando numa bolsa, para que pudéssemos come-los enquanto observávamos as estrelas.

Pedi autorização para minha mãe, ela então deixou.

Seguimos até a praça que sempre íamos para tomar sorvete, e nos deitamos no gramado, de mãos cruzadas.

O céu estava perfeitamente estrelado, e sempre que eu me virava para ver Jaqueline, ela sorria. Seu sorriso era mais perfeito que o céu estrelado que eu observava, era como as estrelas, só que dessa vez, era como se eu pudesse toca-las .

–Você tem um lindo sorriso. -Eu disse, acariciando seus cabelos.

–E eu tenho os mais lindos motivos que me fazem sorrir desta forma. -Disse ela, beijando-me delicadamente.

Nós então trocamos olhares, ora ou outra. Até que me lembrei dos bolinhos, e decidi pega-los.

–Olha o que eu fiz pra você. -Eu disse, estendendo-lhe os doces.

–Oh, são lindos. -Disse ela, fazendo um formato de O com a boca.

Eu então sorri. -Prove-os. -Eu disse.

Ela então os provou, e fez uma cara de amarga, como alguém que chupa um limão.

–E-estão deliciosos. -Disse ela, forçando-se a comer.

–Ha? Você tem certeza? -Perguntei.

–C-claro. -Disse ela, tossindo.

–Deixe-me provar. -Peguei um então, e logo que os coloquei na boca, os cuspi no mesmo momento. A massa estava seca, e eu havia exagerado demais na canela, que deixou o bolinho totalmente amargo.

–C-como você pode achar isso bom, garota? Isso pode ser mortífero. -Eu disse, limpando minha boca.

Ela então se aproximou de mim, colocou levemente tuas mãos sobre minha perna, e disse:

–Qualquer coisa feita pela pessoa amada se torna deliciosamente perfeita.

Eu então senti minhas bochechas corarem.

–E-então quer dizer que sou tua amada? -Perguntei.

–Não foi isso que eu quis dizer. -Respondeu ela, sorrindo.

Mesmo com tudo que Jaqueline fazia e dizia pra mim, ela jamais confessava um amor ou mesmo um tipo de paixão. Talvez fosse pelo fato dela amar um outro alguém. Talvez ela ainda amasse aquela garota alta da qual eu fui defendida por ela logo no primeiro dia de aula, pois eu achava que elas tinham algum tipo de relação. Mas não queria estragar aquele momento tocando no assunto. Ela escolheu a mim, no final, e era nisso que eu acreditava.

Ela então viu minha cara pensativa, e logo pulou em cima de mim, deixando meu corpo sobreposto ao seu.

–Mas isso não quer dizer que eu não te ame. -Disse ela cruzando suas mãos as minhas. E isso de certa forma me alegrou.

Ficamos então ali por muito tempo. Chegamos a dormir uma no aconchego da outra. Aquela noite poderia me ser eterna, não queria que aquilo jamais tivesse fim, pois era aquilo que eu amava, e aquilo que eu estava disposta a amar até o final de minha história.

–----


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aeee /o/ . Mais um capítulo pra vocês. (Que por sinal está mais longo que os outros XD Haay ficará feliz -u- -qq ) . Calmem, ainda não acabou u_u -q. É claro que já está quase no fim :c *chora* pelas minha contas ainda restam mais uns três ou quatro capítulos :I . Mas enfim, espero que gostem deste /o/ . E eu não sei fazer cup cake, viu gente -q. Peguei essa receita num site de receitas online (Sim, eu fiz isso -q) Acho que se eu fizesse cakes eu mataria alguém -w- -q . Chega de papo :3 . Até a próxima /o/ .
E me encham bastante nos comentários, adoro passar o tempo me comunicando com vocês :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ice Cream" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.