Ice Cream escrita por IsaChan


Capítulo 13
O começo de um fim.




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Acordei com um som atrapalhando meus ouvidos. Forcei os olhos para poder abri-los, pois estavam grudados em si mesmos. Assim feito, fui capaz de enxergar uma cruz presa à uma parede. Minha visão estava um pouco embaçada. Olhei para meu lado esquerdo e notei que ali havia uma poltrona coberta por um tecido branco azulado, e do lado direito, havia uma pequena mesa com uma prancheta em cima. É um hospital, pensei. O que estou fazendo aqui?

Havia uma mangueira de soro presa em meu braço. Soltei-a e me levantei. Eu estava coberta por um vestido branco, e aquilo fedia a morte. Calcei os sapatos que ali se encontravam, e saí pela estreita porta daquele quarto estranho. Andei pelo corredor e encontrei uma mulher que aparentava trabalhar no local.

–Com licença, você poderia me ajudar numa coisa, por favor? - Digo rendendo a mulher enquanto ela passa por mim.

–Claro!

– Então, é que eu estou neste lugar, mas não faço a mínima noção do motivo.

Ela entorta os lábios de uma forma confusa.

–Qual seu nome? -Ela pergunta.

–Lesly.

–E por que você está aqui? Quero dizer, qual seu diagnóstico?

–Então, eis a questão, eu não sei!

Ela me observa por alguns segundos. -Certo, venha comigo.

Eu a acompanho e ela me entrega na recepção do hospital.

–Essa garota pelo jeito acabou de acordar, ajude-a. -Diz ela à recepcionista. Pelo jeito autoritário que fala, deve ter um cargo importante.

A moça assente. Ela estende sua mão me chamando para mais perto de si.

–Qual seu nome, mocinha? -Ela pergunta num tom simpático.

Olho ao meu redor para confirmar se é comigo mesmo que ela está falando. Há tempos não me chamavam de "mocinha".

–Hum, me chamo Lésly.

Ela pesquisa algo em seu computador e logo um médico chega no local. Ele me segura pelo braço e me leva com ele sem a minha vontade.

–O que você faz em pé, hein? -Diz ele num tom grotesco.

–Ué, eu acordei. Ficar deitada é que eu não ia.

Sem resposta. Logo estamos novamente no quarto. Ele faz um sinal para que eu me sente na maca, e então eu o faço. Assim, pega a prancheta que estava sobre a mesinha e começa o interrogatório:

–Pois bem, do que você se lembra?

Forço a mente, mas a única coisa da qual me lembro são de paisagens alternadas. E de uma forte dor de cabeça.

–Olha, eu não consigo me lembrar de nada. O que é estranho porque, é como se eu estivesse num outro mundo. Você poderia ligar para minha mãe?

Ele me olha desconfiado.

–Espere, você lembra do nome de sua mãe?

–Mas é claro, como eu poderia me esquecer? É a minha mãe!

Ele começa a andar pela sala com o dedo polegar abaixo de seu lábio inferior.

–Você sabe em qual cidade está?

–Mas é claro! Que diabo de perguntas são essas? -Digo já ficando irritada.

–Qual é?

–Campo Preto, interior da cidade grande?! Ta, você já pode parar com a brincadeira agora. Eu preciso ir ao banheiro e- . -Quando tento novamente me levantar, sou impedida por seu longo e forte braço.

Ele estreita um pouco os olhos e se aproxima de mim. Tão perto que consigo perceber que seus olhos são de um tom cinza esverdeados.

–Os remédios fizeram efeito! Fique aqui. Não se atreva a sair!

–Mas espere! Quais remédios? -Pergunto. Mas é tarde, porque ele já se encontra fora da sala.

Aguardo por mais ou menos uns vinte minutos, até que alguns enfermeiros junto do mesmo médico invadem. Eles partem para cima de mim, e eu me sinto na necessidade de reagir.

–Hei, hei. Vão com calma, o que pensam que estão fazendo? -Falo enquanto resisto.

–Olha, você vai tomar esse comprimidos, está bem? É para o seu bem. -Diz o enfermeiro. Ele é alto e bonito.

–Não! Não farei nada até que vocês me expliquem o que está havendo. Não sou mais criança pra isso. -Cruzo os braços, recusando-me a fazer qualquer coisa imposta.

–Você não é uma criança, mas reage como uma. -Ouço uma voz feminina suave. Olho ao redor e não vejo ninguém, até a moça se encontrar parada em meio fio à porta. É uma moça alta, com os cabelos loiros caindo em ondas até o comprimento de sua cintura. Ela está de braços cruzados. Caminha com seu salto barulhento até mim e encosta a palma de sua mão em minha testa.

–Oh, ela está ótima! Vocês já podem sair agora. -Ela diz com um largo sorriso nos lábios. Tão intenso que fica claro ser falso. O médico junto dos enfermeiros fazem um cara feia e saem do quarto. Isso faz com que eu me sinta ainda mais confusa. Como um cego numa guerra.

–Hei, obrigada! -Digo.

–Não foi nada. Sei como você se sente. Já liguei para sua mãe, ela logo chega. Fique aqui, está bem? Deixarei vocês duas sozinhas. Precisam conversar.

–Tudo bem!

Depois de não muito tempo, minha mãe chega. É tão bom poder vê-la. Lembro-me de quando eu era uma criança, que não podia ficar longe de minha mãe por muito tempo que já sentia uma imensa vontade de chorar. A emoção que ela carrega em seu rosto é bem aparente. Logo ela mergulha em meus braços.

–Oh meu Deus, Lesly! Você está bem agora. Você se lembra de tudo novamente, meu amor!

Depois de horas de conversa, minha mãe me explicou tudo. Ela me disse que eu sofri um acidente, e que perdi minha memória recente. Mesmo tendo as mínimas chances de poder voltar a me lembrar, me receitaram possíveis remédios, que no fim, fizeram efeito. Ela também me disse que após ter recebido alta, eu senti fortes dores na cabeça, até que um dia ela chegou em casa e me viu desacordada. O que a deixou desesperada. Com isso, eu tive de voltar ao hospital, onde fiquei sob efeito de fortes medicamentos. Mas em nenhum momento ela cita quanto tempo isso tudo levou. Não acho uma boa oportunidade para perguntar, pois se ela quisesse falar, já o teria feito. Escuto tudo em silêncio. Sinto-me como uma observadora de minha própria vida. Até que me lembro de algo. Jaqueline. Só de lembrar, meu coração salta. Onde ela estaria? Será que ainda gostava de mim? Eu precisava saber. Até que quebro o silêncio:

–Mãe... Não é por nada, mas, cadê Jaqueline? Sinto que devo algumas explicações à ela. Será que você poderia ligar pra ela e pedir que ela venha até aqui?

Minha mãe abaixa a cabeça e uma feição desamparada toma conta dos traços de seu rosto.

–Mãe? Está se sentindo bem? - Pergunto preocupada.

–Ahn, sim, está tudo bem sim!

–E então...?

–Bem, Jaqueline faleceu.

Essa frase ecoa em meus ouvidos. Ela martela em minha mente. Sinto-me como uma rocha logo após ser chocada por uma cachoeira. Uma pequena garota com uma montanha nas costas.

Fico com os olhos fixos por algum tempo. Posso sentir os fios de águas finas escorrerem por minhas bochechas. Minha mãe retira de sua bolsa um papel rosado e me entrega.

–Ela deixou antes do ocorrido. E Lesly, saiba que, essa garota, sempre te amou. Ela morreu te amando, então você vai carregar isso com você para sempre. Nunca se esqueça.

Minha mãe diz e logo se retira do quarto. Eu ainda permaneço sem reação. Como um fantoche. Com as mãos trêmulas, eu estico o papel.

"Eu nunca fui boa o suficiente para tratar de sentimentos. Mas quando me lembro de você, um sorriso invasor aparece em meu rosto. Sinto-me uma completa idiota. Você nunca saí de minha mente, e tudo que eu tento fazer, você está lá. Eu gostaria muito de poder conversar com você agora, mas você ainda está dormindo. E vai acordar logo, tenho certeza disso!

O amor e a morte andam sempre juntos, você sabia? Elas traçam destinos juntas, e são perfeitas aliadas! O amor nos corrói aos poucos, até não sobrar mais nada de nós. Mas com você é diferente. É como se eu sentisse ainda mais vontade de viver e realizar todos os meus sonhos. Muito obrigada por transformar minha morte em mais um grito sufocante por vida , Lesly.

Eu nunca lhe disse antes, mas: Eu te amo. Te amo tanto que, por você, eu seria capaz de arrancar meu coração com as próprias mãos só para lhe entregar.

E com isso, estive pensando, o quê você acha se ficássemos juntas assim, para sempre? Quero superar todas as barreiras junto de ti!

E então, você aceita se casar comigo?"


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Notas finais do capítulo

Bem, esse é o fim da fanfic.
Eu não sei como ficou, porque, é a minha primeira. É a primeira que eu escrevo e termino. Mas como eu adorei escreve-la. Pois foi com sentimentos verdadeiros por um alguém que eu a escrevi. Foi amando um alguém que esse sentimentos fluíram como uma história.
Mas como todo sentimento tem fim, a história também teve de ter.
Sinto por ter de acaba-la assim, mas não via outra forma. Ela já estava tomando conta de mim.

Quero agradecer a todos meus leitores. Aqueles que sempre me dão uma forcinha pra continuar. Não me abandonem, pois peguei um carinho por todos vocês. É incrível como muito de vocês já fizeram meus dias.

Assim como eu amei escrever essa fic, espero que vocês também tenham amado lê-la. Espero que tenha ficado especifico, e caso alguma dúvida, me perguntem que eu respondo com todo o prazer.

Deem uma olhada em minha nova fic, acho que podem se interessar. Bem, é isso ^^ .Muito obrigada a todos, e até mais.