Beautiful Mess escrita por Reid


Capítulo 10
Capítulo 9 - Confused as hell


Notas iniciais do capítulo

Olá lindos e lindas!
Desculpem pela demora, sei que prometi que voltava rápido com o capítulo novo, e os planos realmente eram voltar antes do natal/ano novo. Mas eu realmente não estava conseguindo escrever nada, nadinha, que agradasse! Por esse ser um capítulo chave na história, eu escrevia, escrevia e nada do que saía prestava, ou ficava do jeito que eu esperava. Sério, eu reescrevi esse capítulo cinco, CINCO vezes! Mas graças a Deus hoje me veio assim, um rio de inspiração, e o capítulo finalmente saiu, e eu realmente não sei o que vocês vão achar, mas eu simplesmente amei tudo o que eu escrevi. Arrisco dizer que é meu novo queridinho entre todos os capítulos! Sem mais enrolação, aqui o tão esperado: POV Colin! Espero que gostem!
P.S - Agradecimentos especiais à Bia Volturi. Obrigada pela recomendação maravilhosa, lindona! Te amo um montão assim, bem grande mesmo!
— Boa leitura!



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Capítulo 9 – Confused as Hell

Colin POV

Eu estava deitado no sofá, encarando o teto extremamente branco da sala de casa. Respirando fundo, e abraçado a uma almofada, em uma cena extremamente adolescente e patética, eu esperava que as respostas para todos os meus problemas simplesmente brotassem ali no teto. O que, infelizmente, eu sabia que não ia acontecer.

Já havia se passado cinco dias desde que a Mari chegou a Bristol, e, com isso, cinco dias que a Hallie havia simplesmente esquecido da minha existência, e praticamente não parava em casa. Até meus amigos estavam me trocando pela companhia das duas, o que eu achava um extremo absurdo.

Ok, talvez eu já soubesse que, assim que Mariana pisasse nessa cidade, ela ia virar a prioridade da Hallie. Afinal, elas são melhores amigas, e não é como se eu fosse alguém realmente significativo para ela. Eu e Hallicia somos apenas companheiros de quarto, que se odiavam até outro dia mesmo, mas que agora estavam até que começando a se dar bem. Não é como se eu fosse esperar que ela trocasse Mariana por mim, ou coisa parecida. Ou, pelo menos, era isso o que eu tentava manter em mente.

No começo de toda essa história de “Colin, a Hallicia vai morar com você”, eu realmente esperava ansiosamente pelo dia em que a Mari ia chegar, porque isso significava que as duas iam voltar a ser praticamente uma pessoa só, e passar todos as horas possíveis do dia juntas, me deixando sozinho e livre, no meu apartamento, sem precisar aturar a presença da menina mais insuportável do planeta.

Acontece que, desde que fiz um esforço para me aproximar de Hallie, percebi que ela passava longe de ser a pessoa mais insuportável do planeta. Nosso relacionamento, que foi construído na base da ignorância e ironia, tinha se transformado totalmente. Seria a maior mentira do século dizer que eu achava a Hallicia insuportável e não via a hora de ela simplesmente sumir da minha vida. Quanto mais eu me aproximava dela, quanto mais nós nos conhecíamos, mais eu via que ela era uma pessoa realmente extraordinária. Eu podia passar horas conversando com ela, sem me cansar. Eu podia achar tudo o que ela fazia extremamente fofo. Eu podia sentir uma vontade absurda de abraçá-la do nada, querer ter ela sempre por perto, só pra mim, não dividi-la com ninguém, nem mesmo com a Mari, ou com os garotos.

E ciúmes foi apenas uma das emoções que tomou conta de mim desde que comecei a me aproximar dela. Na verdade, o excesso de emoções que tomava conta de mim, toda vez que eu estava com ela, era praticamente absurdo. Como é que um relacionamento que foi, por anos, sustentado por ironias, ignorância e indiferença podia evoluir para algo assim, em um espaço de poucas semanas?

Eu me negava a admitir que sentimentos que iam além da amizade estavam surgindo em mim. Apenas a ideia de que eu poderia estar me apaixonando por ela me fazia congelar, e eu vinha tentando evitar esses tipos de pensamento a todo o custo. Mas a cada dia que passava, ficava mais difícil. E depois do episódio com o Just Dance, quando eu realmente pensei em beijá-la, ou há alguns dias, quando admiti que a achava ela linda, estava completamente impossível ignorar todos aqueles pensamentos.

Fui despertado do meu momento de profunda reflexão com a campainha tocando. Deixei a almofada que eu estava abraçando há um bom tempo de lado, e levantei na maior lerdeza do mundo. Quem quer que fosse na porta, não ligaria de esperar alguns segundos a mais.

Espreguicei-me, enquanto caminhava até o pequeno hall de entrada do apartamento. Parei diante do aparador, e ajeitei os cabelos rapidamente, com o auxílio do espelho que ficava bem em cima do móvel, antes de finalmente me virar e abrir a porta, apenas para dar de cara com Kayden.

– Espero que você não esteja ocupado, porque resolvi que vou ficar aqui até Miles e Drew pararem de viadagem no meu quarto. – Ele falou, já entrando, e eu arqueei as sobrancelhas, sem realmente entender.

– Viadagem?

Ele seguiu para a sala, se jogando no sofá onde eu estava há apenas alguns minutos, e deu de ombros, enquanto ligava a TV.

– Você conhece aqueles dois. Estão fazendo competição de videogame de novo. E você sabe que eu não suporto ficar perto deles quando eles estão praticamente se matando pra provar quem é o mais fodão no God of War.

Fechei a porta, sem me dar ao trabalho de trancá-la, e fui para a sala, me largando na poltrona ao lado de Kayden.

– Eles já não zeraram esse jogo tipo umas seis vezes? – Perguntei, e ele apenas confirmou com a cabeça.

– Já. Mas parece que aquilo nunca perde a graça, pra eles. Por isso resolvi deixa-los lá, na pequena guerra deles, e vir pra cá. – Falou, e eu concordei.

– Você sabe que não precisa nem justificar o porquê de estar vindo aqui em casa. Não é como se você fosse um estranho. Você praticamente mora aqui! – Falei, e ele riu. – Você já vivia aqui, depois que a Hallie se mudou pra cá então...

– O que eu posso fazer? Eu realmente amo você, cara. E eu e a Hallie temos um laço de amizade que cresce a cada min... Segundo. Eu realmente não consigo ficar longe de vocês dois. – Ele disse, e foi minha vez de rir, concordando. – Falando em Hallicia, cadê ela?

Suspirei me ajeitando melhor na cadeira.

– Na Mariana. Liberaram o dormitório dela ontem, e a Hallie resolveu ir ajudar com a organização. – Falei, tentando manter meu tom neutro, mas não consegui deixar de fazer uma expressão desapontada. Coisa que definitivamente não passou despercebida por meu melhor amigo.

– Graças a Deus ela foi ajudar a Mari hoje. Ontem eu encontrei ela na entrada do prédio feminino, e fui tentar ser uma boa pessoa, me oferecendo pra carregar as caixas com ela. – Ele suspirou, enquanto parecia se lembrar da cena, e depois olhou pra mim em desgosto. – Se arrependimento matasse, Cols, vocês estariam no meu velório agora mesmo.

Eu até tentei, mas não consegui conter a risada que se formou ao ver aquela expressão no rosto de Kayden, e o arrependimento que ele tinha na voz.

– Sério cara, eu nunca, na minha vida inteira, vi tantas caixas na minha vida! Eu tenho certeza de que fiz umas trinta viagens de ida e volta, até descarregar o carro inteiro. E você, conhecendo aquela garota desde pequeno, já deve saber que ela carregou apenas uma caixa, na primeira viagem, e depois deixou o resto todo pra mim, enquanto ela ficou “adiantando a organização” do quarto dela. – Ele falou, horrorizado. – Eu nunca vi tantos livros em um lugar só! Na verdade, ela tem tantos, mas tantos, que ela nem conseguiu enfiar tudo na estante enorme que tem lá! Ela teve que colocar metade no guarda-roupa! Que tipo de problema aquela garota tem?

Continuei rindo da reação exagerada dele.

– Ela é nerd, ao extremo. Esse é o problema dela. Mas relaxa, com o passar do tempo você se acostuma. – Falei, e ele concordou, ainda com uma expressão um pouco perturbada.

– Espero que sim. Por que sério, cara, ela é muito maluca.

Ficamos alguns minutos prestando atenção em um filme qualquer que passava na TV, em silêncio. Senti que meu amigo me observava de maneira estranha, e sabia que ele estava morrendo de vontade de falar alguma coisa. Conhecendo a figura, apenas aguardei. Em cinco minutos, ele estava sentado, me olhando com uma atenção absurda.

– Você tá pra baixo hoje, cara. O que aconteceu?

Fechei os olhos, respirando fundo diante da pergunta. Eu sabia que, uma hora ou outra, Kayden ia perceber. Ele sempre percebe. E não é como se eu realmente estivesse querendo esconder algo dele. Lá no fundo, eu estava esperando ele perguntar o que havia de errado, só pra eu poder despejar toda a carga emocional que estava me afligindo em cima dele, na esperança de que ele fosse ter alguma solução para os problemas.

– Desliga a TV. Preciso falar sobre uma coisa com você. – Falei, e ele arregalou os olhos, um pouco surpreso com a forma direta com que respondi a sua pergunta, já que geralmente eu enrolava bastante para responder toda e qualquer pergunta que se relacionasse com meu estado emocional, e desligou a TV sem proferir uma palavra, focando toda a sua atenção em mim.

– Vá em frente. – Foi tudo o que ele precisou dizer para que eu simplesmente despejasse tudo em cima dele.

Passei aproximadamente uma hora falando tudo o que eu vinha guardando em minha mente. Despejei todos os meus medos e dúvidas, e os novos sentimentos e pensamentos conflituosos que vinham me rondando. Foi uma das horas mais longas da minha vida, inteiramente resumida em uma única pessoa: Hallicia Climber.

Assim que terminei de me abrir, senti como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas. E quando olhei para meu amigo, a única expressão que encontrei em seu rosto foi a de um sorriso sereno e um olhar que dizia ‘eu já sabia’. E eu realmente não duvidava de que ele soubesse. Kayden me conhece como ninguém.

Ele respirou fundo, como se estivesse organizando as ideias, a montanha de informação que eu havia acabado de jogar sobre ele, antes de finalmente falar.

– Preciso te dizer que eu já esperava que isso fosse acontecer. Sério, quando você voltou pra cá, e nós fomos até aquele japa jantar e você levou ela, eu esperava encontrar duas pessoas frias uma com a outra, que estariam se aturando apenas por respeito, mas que não trocariam sequer um olhar direto, que dirá palavras e frases. Ver você e ela interagindo daquele jeito todo íntimo, cuidadoso e afetuoso, me pegou de surpresa. Drew e Miles podem não ter percebido, mas logo de cara eu vi que o jeito que você olhava pra ela era diferente. E o jeito que ela olha pra você também. Eu sei que você deve ter chego a essa conclusão extraordinária há pouco tempo, mas uma coisa eu te garanto: era extremamente óbvio que, mais cedo ou mais tarde, vocês dois iam desenvolver sentimentos além da amizade.

Encarei o chão, sem realmente saber o que pensar.

– Eu não esperava começar a curtir a Hallicia desse jeito. Muito menos desenvolver um sentimento mais forte por ela. Eu ainda to confuso, e acho cedo demais pra falar que estou apaixonado por ela. Mas eu sei que isso que eu to sentindo passou de amizade há muito tempo. – Falei, balançando a cabeça, um pouco em negação. – Mas sei lá, eu não acho possível que ela vá retribuir. Ela pode ser a pessoa mais carinhosa, fofa e engraçada do mundo quando tá comigo, mas eu acho que isso é só porque ela desenvolveu um carinho de amigo por mim. Não acho que seja, nem que possa ser nada mais que isso. – Conclui, finalmente levantando a cabeça, e olhando para ele.

Kayden deu de ombros.

– Não vou falar que compartilho a mesma opinião que você, porque isso seria mentira. Ela desenvolveu afeto e carinho por você, no nível de amizade? Sim. Mas acho muito exagero falar que nunca pode passar disso. Eu vejo o jeito que ela olha pra você, Cols. E mesmo que ela ainda não saiba, acho que ela pode sim, vir a gostar de você da mesma maneira que você gosta dela. Eu entendo que você sempre teve esse lado pessimista, essa mania de achar que você nunca vai conseguir nada bom na sua vida, que você nunca vai conseguir o que quer. Mas se você não tentar descobrir, se você não tentar fazer os sentimentos dela se expandirem, aí que você não vai conseguir nada.

Respirei fundo pelo que me pareceu a vigésima vez, apenas naquele curto espaço de tempo.

– Eu não sei cara. Não to falando que vou deixar pra lá, ignorar e tal. Mas o nosso relacionamento nunca foi bom. Na verdade, nosso relacionamento era levado na base do ódio até algumas semanas atrás. Mudar radicalmente assim, do nada, e já querer ir pra cima dela, tentando fazer surgir um sentimento complexo desses... Acho meio cedo pra isso.

Kayden se ajeitou no sofá, apoiando os cotovelos sobre os joelhos, antes de voltar e olhar para mim.

– Você quem sabe. Mas você conhece o ditado, certo? “O ódio é o sentimento mais próximo do amor”. Pra mim, todos esses anos de ódio que vocês compartilharam era só um sentimento mais complexo disfarçado. Vamos admitir, tanto você quanto ela são super cabeças-duras, e se dependesse disso, vocês iam continuar naquela guerrinha eterna pra sempre. – Ele falou e eu concordei. – Mas quer um conselho? Não enrola muito pra descobrir se você tá sendo correspondido ou não. Logo as aulas voltam, e se você não tomar nenhuma atitude, ela vai ter um campus cheio de caras que vão formar fila pra ficar com ela. Se você não tomar nenhuma atitude, tenho medo de que você possa ir parar no final da fila.

– Eu não quero ser o último da fila. Na verdade, eu não quero que tenha uma fila. Eu quero que todos os marmanjos daquela universidade saibam que ela não é pro bico deles. Que... – Parei, no meio da minha frase. “Que eles saibam que ela já é minha” é o que estava prestes a sair da minha boca. Me interrompi no momento em que percebi o quão ridícula aquela frase soaria. Afinal, Hallicia não era minha. Pelo menos, não do jeito que eu tinha começado a desejar nos últimos tempos.

– Você sabe o que você tem que fazer pra que isso não aconteça. – Ele falou, me olhando firme. – Presta atenção, Colin. Porque, se você ficar enrolando, esperando pra desvendar exatamente o que você ta sentindo, ou esperando pra ver qualquer sinal de que ela retribui, sem tomar nenhuma atitude, ela vai cansar. E você sabe, se uma fila realmente se formar... Você pode perder qualquer chance, por mínima que seja, que teria com ela.

Diante das palavras dele, me esparramei ainda mais na cadeira, voltando a encarar o teto. Eu sabia que Kayden estava certo. E eu também sabia o que eu tinha que fazer. A única questão era: eu teria coragem? Eu faria tudo certo? Ou eu estragaria uma amizade que nem bem tinha começado, mas que e morria de medo de perder?

*

Eu e Kayden passamos o resto da tarde assistindo a reprises dos jogos da Champions League, comendo pipoca, batata frita e o que mais achássemos em casa, e jogando conversa fora. O assunto Hallicia não foi mais mencionados, em partes por que eu devia estar com uma cara que dizia “não quero mais falar sobre isso”, em outras porque Kayden tinha bom senso, e sabia que eu precisava de tempo para digerir tudo sobre o que conversamos essa tarde.

Estávamos no meio de um jogo clássico, entre o PSG e o Barcelona, quando ouvi o barulho da chave na fechadura, e também vozes ecoando no corredor. Chequei o relógio: eram quase sete da noite. Hallie tinha saído às nove da manhã. Tentei me controlar para não fazer uma cara emburrada, e muito menos reclamar do atraso. Afinal, apesar do meu ciúme sem sentido, porém quase doente, da Mariana, eu não tinha direito nenhum de ficar bravo. Ela não era nada mais que minha amiga, e eu não tinha direito nenhum de opinar na vida dela. Ela que ficasse fora o quanto quisesse.

A porta abriu poucos segundos depois, e Hallie e Mari entraram conversando animadamente no cômodo. Assim que nos enxergaram na sala, largaram as coisas no aparador e vieram se juntar a nós.

– Vocês dois, vendo futebol? – Mariana falou, enquanto se jogava no sofá ao lado de Kayden e largava a cabeça no ombro dele. Vi os olhos dele se iluminarem minimamente, e um sorrisinho de canto surgir em seus lábios. É parece que eu não sou o único com problemas relacionados a garotas aqui. Achando ela louca ou não, ele está ficando cada vez mais na dela.

– Por que a surpresa? – Perguntei, enquanto observava Hallie passar saltitante pelo espaço entre a poltrona que eu estava e o sofá, e se jogar na outra poltrona, ao meu lado.

– Porque, Colin querido, eu, com toda a minha feminilidade e tal, gosto mais de futebol do que você. Na verdade, eu sozinha sou uma torcedora completamente fanática e entendo tudo do esporte. Já você...

Revirei os olhos, enquanto Kayden ria da minha cara e concordava com ela.

– Você precisava estar aqui no último jogo do Bayern. Eu e os meninos estávamos simplesmente loucos de tanto torcer, e o Colin não sabia nem o que tava acontecendo quando tinha impedimento, cartão, gol anulado... É uma moça, esse meu amigo. – Ele falou, ainda rindo. Mostrei o dedo do meio pra ele. – To mentindo, por acaso?

Nem me dei ao trabalho de responder, apenas me virei de volta para a TV. Pelo canto do olho, pude ver Hallie me olhando com um sorriso no rosto. Usei de todas as forças disponíveis em mim para controlar a vontade de olhar de volta para ela e sorrir também, e voltei a focar na TV. Mas eu realmente não gosto de futebol, não entendo porra nenhuma, então olhar o jogo que se desenrolava ali, e olhar para o nada, pra mim, era a mesma coisa.

– Você torce pro Bayern? O Bayern de Munique? – Mariana praticamente berrou, enquanto levantava a cabeça do ombro de Kayden e o olhava no fundo dos olhos. Ele confirmou, um pouco receoso e confuso, e então do nada ela estava pendurada no pescoço dele, beijando a bochecha dele como se ele fosse a coisa mais perfeita do mundo, e dando gritinhos. – Não acredito! Você é uma pessoa maravilhosa! Além de ser bonito, ainda torce pro time mais perfeito do universo!

Kayden me olhava assustado, e tudo o que pude fazer foi gargalhar daquela cara. Hallie me acompanhou nas risadas, deixando Kayden apenas ainda mais confuso.

– Isso quer dizer que você torce pro Bayern? – Ele perguntou, meio perdido, e a confirmação de Mariana foram mais e mais gritinhos. Kayden parecia realmente perdido com aquele ataque de fangirl que a garota estava dando. Para pessoas que não foram criados com aquela esquisita da Mariana, como eu e Hallicia, presenciar esses momentos dela era realmente perturbador.

Eu e Hallie continuamos gargalhando, enquanto víamos que Mariana segurava o garoto pelo pescoço em um aperto tão forte, e não dava indício algum de que iria soltar tão cedo. Ele olhava para mim em súplica, enquanto mexia a boca formando a frase ‘eu te falei que ela era louca’. Quando eu estava me preparando para ir lá e tentar fazer Mariana soltar Kayden, Hallie finalmente parou de rir e resolveu se manifestar.

– Não liga não. Sempre que ela ouve o nome desse time ela fica louca, saltitante, sorridente... Ela é do tipo torcedora fanática. Embora eu não entenda a obsessão pelo time, por que sério existem muitos melhores por aí. – Falou ela, e Kayden e Mariana olharam para ela, incrédulos. No mesmo segundo, Kayden pareceu esquecer que estava sendo praticamente violentado por Mariana, e a mesma soltou o garoto, olhando com desdém para a melhor amiga.

– Eu nem discuto mais o assunto ‘times de futebol’ com a Hallicia. Ela que não sabe quem é bom de verdade. Nem perco meu tempo. – Falou Mariana, cruzando os braços e fazendo graça enquanto virava o rosto para Kayden e falava, mais para provocar Hallie do que qualquer coisa. – Eu não discuto aspectos esportivos pra quem torce pro Chelsea.

Kayden olhou para Hallie com uma expressão quase ofendida.

– Você vem falar do Bayern, mas torce pro Chelsea? Francamente, Hallicia, nosso laço afetivo que cresce a cada segundo, acaba de diminuir em um minuto. – Ele falou, e Hallie fez uma cara confusa, mas riu mesmo assim.

– Eu é que não vou discutir aspectos esportivos com vocês, porque não vale a pena. – Ela falou, revirando os olhos, e se levantando, ainda sorrindo. – Eu vou atrás de comida. Organizar um quarto é uma atividade extremamente cansativa. Alguém me acompanha?

Mariana negou, enquanto se levantava do sofá, sorrindo para a amiga.

– Eu realmente estou morrendo de fome, mas acho que já vou indo. Só vim mesmo te deixar em casa, pra você não voltar sozinha e tal. Ainda tem algumas coisas que preciso resolver, sobre agenda, material e tudo mais. Vou parar no Big Jack que tem aqui perto e pegar alguma coisa, e vou voltar pra casa. – Falou ela. Hallie olhou para ela preocupada.

– Tem certeza de que não quer ficar e jantar? Você sabe que é de casa e tal. E que diferença faz comer aqui, ou pegar comida no caminho? – Perguntou. Mari deu de ombros.

– Nenhuma, na verdade. Mas eu realmente vou embora. Já abusei da hospitalidade de vocês por muito tempo. Além do mais, quero ver se consigo passar na sala de jogos do campus antes do toque de recolher. Boatos de que todos os garotos bonitos se aglomeram lá, por causa da sinuca. – Ela falou, enquanto caminhava até a amiga e lhe dava um abraço. – Te ligo quando chegar, só pra você saber que não morri.

– Certo, vou esperar. – Hallie falou, se soltando do abraço e indo para dentro da cozinha.

Mari caminhou até mim e me deu um beijo no rosto, se despedindo e indo para a porta, pegar suas coisas. No mesmo momento, Kayden se levantou.

– Acho que vou indo também. Certeza que a essa hora, os meninos já devem ter cansado de jogar. Além do mais, eu realmente preciso de um banho, e da minha cama. Não dormi direito noite passada, tinha uma galera jogando truco no quarto do lado do meu. – Ele falou, enquanto caminhava até mim. Me levantei no mesmo momento em que ele estendeu a mão, e demos um breve toque de mão, logo depois dando um rápido abraço.

– Boa sorte ai, cara. – Ele falou baixo o suficiente para que apenas eu escutasse, e eu respondi com um sorriso sincero. Ele foi até a cozinha, suponho que para dar tchau para Hallie, e depois foi até a porta, onde Mariana estava parada, aparentemente esperando por ele.

– Então, senhorita, aceita minha humilde companhia para jantar? Você falou de Big Jack, e eu realmente estou com vontade de comer tipo, o maior lanche que eles tiverem. Com a maior batata, e a maior Coca-Cola também. – Ele falou, se aproximando dela, com as mãos no bolso do jeans, um pouco sem jeito. Ela sorriu.

– Claro. Podemos até parar e comer no restaurante mesmo. Melhor do que pegar pra viagem, pelo menos o lanche não vem gelado e duro, parecendo que ficou guardado por séculos. – Ela falou, enquanto colocava a bolsa no ombro, ajeitava o cachecol no pescoço e abria a porta.

Os dois saíram do apartamento, murmurando mais um tchau para mim e Hallicia, e mesmo quando a porta já estava fechada, eu ainda conseguia escutar os dois no corredor, discutindo sobre o cardápio do restaurante. Ri, imaginando quanto tempo demoraria para que eles finalmente ficassem juntos. Não muito, eu achava.

Desliguei a televisão e ajeitei rapidamente a sala, colocando as almofadas que estavam jogadas no chão e espalhadas pela sala de volta no sofá, e logo depois fui até a cozinha, onde encontrei Hallie olhando para duas caixas de congelados que estavam em cima do balcão. Cheguei por trás dela, sem me importar se seria estranho ou não, e a abracei, pousando o queixo em seu ombro. Kayden disse que eu deveria começar a tomar atitudes, certo? Então que maneira melhor de começar a tomar atitude, do que realizando pequenos atos como esse?

Ela colocou as mãos sobre as minhas, que estavam pousadas em seus quadris, e deitou a cabeça em meu ombro, sem aparentar o mínimo de confusão ou tensão diante do meu ato repentino. Tomei isso como um ponto positivo para mim.

– E então, lasanha quatro queijos, ou escondidinho de carne seca? – Perguntou ela, descendo o olhar para as embalagens, e logo depois voltando a olhar para mim. Analisei as duas opções cuidadosamente, embora eu já soubesse o que escolher antes mesmo de ela perguntar. Virei-me para ela, olhando-a e praticamente encostando nossos narizes por nossa proximidade, devido ao fato de ela estar com a cabeça em meu ombro esquerdo.

– Escondidinho de carne seca. – Falei, e ela sorriu.

– Sabia a resposta antes mesmo de perguntar. Mas por via das dúvidas... – Ela falou, e eu o olhei surpreso. – Vivi com você por perto por grande parte da minha vida, Cols. To cansada de saber que esse é seu prato favorito. Na verdade, eu e a vizinhança inteira lá de Londres estamos cansados de saber disso. Sério, sua mãe adorava anunciar suas preferências culinárias para todos. – Ela falou, e eu ri, não aguentando e depositando um beijo rápido em seu nariz. Me arrependi no mesmo segundo, pensando que provavelmente teria assustado ela, e me preparando para vê-la se afastar abruptamente. Contrariando todos os meus pensamentos, ela apenas sorriu com o ato, fechando os olhos brevemente, e logo depois me olhando de uma maneira que fez um frio estranho subir pela minha espinha. Tudo o que eu consegui fazer foi sorrir de volta.

– Certo, então. Você pode ir colocando no micro-ondas? Ou no forno, se você preferir... – Ela falou, e eu concordei. – Obrigada. Enquanto isso, vou tomar um banho. Ficar o dia inteiro fora de casa me deixou acabada, e suada, e eu já devo estar começando a cheirar mal.

Concordei, fazendo uma careta enquanto ela se afastava. Ela sumiu da cozinha sem falar nada, e alguns minutos depois eu ouvi a porta do banheiro fechando, e o chuveiro sendo ligado.

Abri a embalagem e resolvi preparar nosso jantar no forno, para que ficasse com um aspecto menos de comida congelada, e ficasse mais parecido com algo caseiro. Peguei uma das formas que eu geralmente utilizava pra fazer bolo – sim, eu cozinho, bastante até – e retirei o alimento pré-preparado da embalagem, tirando-o da espécie de tigela de alumínio em que vinha, e colocando na forma. Pré-aqueci o forno, e dez minutos depois coloquei a forma para dentro. De acordo com as instruções na caixa, estaria pronto dali a meia hora.

Resolvi arrumar os pratos no balcão que ligava a cozinha a sala, já que hoje seriamos apenas eu e Hallie, e arrumar a mesa seria um trabalho desnecessário. Peguei duas peças de um jogo americano com estampa de estrelinhas – super maduro – que eu havia ganhado da minha mãe quando me mudei pra cá e coloquei lado a lado no balcão. Coloquei os pratos, os talheres, copos e finalmente uma garrafa recém-tirada da geladeira de chá preto de limão gelado, a bebida favorita da minha companheira de apartamento. Não foi só ela que guardou os meus gostos alimentares.

Sentei em um dos banquinhos do balcão, esperando tanto o escondidinho ficar pronto, quando Hallie voltar. Me peguei pensando no pequeno momento de interação que havíamos acabado de ter ali na cozinha, e reparei que eu realmente tinha sentido falta dela durante esse dia. Ótimo, estou parecendo um adolescente de doze anos, maravilhado com a primeira paquera.

Não pude deixar de analisar o modo como Hallie reagiu a minha demonstração repentina de carinho. Ela não tinha parecido incomodada, muito menos surpresa, em momento algum. Será que Kayden tinha razão? Será que ela podia, sem ao menos se dar conta, estar correspondendo aos meus sentimentos?

Me obriguei a parar de pensar nisso e fazer uma expressão relativamente normal no momento em que ouvi seus passos no corredor. Ela apareceu usando apenas um shorts de dormir, um moletom um pouco grande demais, que cobria praticamente todo o shorts, e com os cabelos molhados e recém-penteados. Tentei não encarar de boca aberta. Na verdade, tentei não encarar de jeito nenhum. O que não deu muito certo.

– O que foi? – Ela perguntou, enquanto se sentava na cadeira ao meu lado, virando o corpo de lado na cadeira para que pudesse ficar de frente para mim. Dei de ombros.

– Nada. Só tava reparando que você realmente fica bonita de qualquer jeito. Até com os cabelos molhados e de pijama. – As palavras saíram da minha boca antes mesmo que eu pudesse planejar, e eu quis me esmurrar.

Hallie me olhou sorrindo, apesar de tudo, e suas bochechas ficaram levemente vermelhas. Impressão minha, ou o clima entre nós dois hoje estava extremamente diferente?

– Valeu. – Foi tudo o que ela respondeu. Olhei para ela sem jeito, desesperado para mudar de assunto. Soltei a primeira coisa que veio na minha cabeça.

– O que você e a Mari ficaram fazendo o dia inteiro? – Perguntei, tentando soar natural. Mas algo me diz que emiti o nome de Mari em um tom mais agudo do que o planejado. Hallie arqueou as sobrancelhas, me olhando.

– Ficamos arrumando o quarto dela. Ela tem uma quantidade altíssima de bagagens, sabe? – Ela falou, e eu confirmei, tentando sorrir, o que não deu certo. – Por quê? Sentiu minha falta?

– Na verdade, sim. – Arregalei os olhos assim que respondi. E ela também. Bosta. Por que é que todas essas palavras estavam saindo assim, do nada? Cadê o meu filtro?

– Sério? – Ela falou, ainda surpresa, mas logo colocou um sorriso no rosto. – Quem diria, Colin McDanner sentindo minha falta? Achei que você fosse dar graças a Deus quando a Mari chegasse.

– Por que eu faria isso?

Ela deu de ombros.

– Porque você sabia que, a hora que ela chegasse, eu ia passar a maior parte do tempo com ela, e você estaria livre da minha incômoda companhia. – Ela falou, fazendo um drama, mas sorrindo. Revirei os olhos.

– Sua companhia passa longe de incômoda, e você sabe. – Falei. Ela corou um pouco. – Acho que quem ficou feliz foi você. Agora você tem uma desculpa pra me abandonar completamente, sozinho nesse apartamento grande e frio.

Ela gargalhou brevemente.

– Eu, abandonando você Colin? E desde quando esse apartamento... – Ela pausou, arregalando os olhos e me olhando surpresa. – Espera. Você... Você tá com ciúme Cols?

Desviei os olhos, dando uma risada debochada.

– O quê? Eu, com ciúmes? De você com a nossa melhor amiga? Por favor Hallicia. – Falei, tentando rir. Mas apenas de olhar para a cara dela, eu sabia que eu não estava conseguindo enganar. Ela riu, incrédula.

– Sério que você tá com ciúmes? – Ela falou, e eu apenas olhei para baixo, envergonhado. O que está acontecendo comigo hoje, pelo amor de Deus? – Ah Colin! Vem cá, bebê.

Me levantei da cadeira e me aproximei dela. Ela passou os braços por meu ombro e me olhou firme.

– Sem motivos pra ciúmes, senhor McDanner. Eu sei que passei os últimos dias dando atenção demais pra Mari, mas é porque ela estava em Londres, e eu aqui, e eu estava morrendo de saudades. E bem, eu nunca ia imaginar que você estava com ciúmes e se sentindo abandonado por mim. Nosso relacionamento amigável é recente pra mim, você sabe. Mas prometo que vou voltar a te dar mais atenção, viu? Começando por hoje, depois do jantar. Nós vamos assistir Como treinar o seu dragão, e você vai deitar no meu colo e eu vou brincar com o seu cabelo, entendido? – Ela perguntou, e eu concordei, enquanto apoiava as mãos no quadril dela. – Ótimo. Agora vem cá de novo.

Ela me puxou para mais perto dela, até nossos corpos estarem colados, e escondeu a cabeça na curva do meu pescoço. A abracei de volta, sentindo uma coisa maravilhosa e totalmente desconhecida tomar conta de mim. Incontáveis arrepios passeavam por meu corpo a cada minuto que ela respirava fundo, e o ar quente que deixava seus lábios batia em meu pescoço.

Ficamos assim por incontáveis minutos. Nenhum dos dois se mexeu. Ficamos confortavelmente abraçados, enquanto milhões de ideias corriam por minha mente. Será que era tudo imaginação minha, influência das ideias do Kayden, ou ela realmente estava sendo fofa até demais comigo hoje? E foi impressão minha, ou agora pouco ela me chamou de bebê?

Não pude concluir nenhum dos pensamentos confusos que passavam por minha cabeça, pois o forno apitou, anunciando que nosso jantar estava pronto. Ela se afastou, relutantemente, e me olhou sorrindo.

– Pode deixar que eu pego. – Ela disse, enquanto me empurrava levemente, apenas para poder descer da cadeira, e caminhava até a cozinha. Assim que ela sumiu da minha vista, me sentei novamente em meu banquinho, encarando a parede branca do corredor. O que diabos tinha acabado de acontecer?


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Notas finais do capítulo

E então, ficou bom? Vocês gostaram de ler tanto quanto eu gostei de escrever? Me digam, please! Espero ansiosamente os comentários de vocês! Sério gente, 64 acompanhamentos, 30 favoritos, e ninguém quase comenta! Fico triste de ver que tem tanta gente lendo, mas ninguém comenta. Odeio pedir pra deixarem review, mas realmente é uma coisa que incentiva! Quando eu vejo um capítulo que recebe só dois reviews, logo penso que não ficou bom, que vocês não estão gostando da história. Aí vai dando um desânimo de continuar, e por isso acabo demorando pra postar. Então, por favor, leitores fantasmas lindos e glamourosos, apareçam e façam a tia Reid feliz! Aos lindos e lindas que já comentam: obrigada pelo apoio, por não abandonarem e tudo mais. A tia ama vocês hahaha!
P.S - Vou deixar aqui em baixo os links com as fotos do Miles, do Drew, do Kayden e da Mari, atendendo ao pedido de uma leitora! Prometo tentar não demorar com as postagens, e espero que não fiquem chateados por conta do meu surto por falta de reviews ali em cima. Quem escreve fanfics por aqui também sabe o que eu quis dizer! Beijos de chocolate pra todos os leitores lindos da família BM! Até o próximo!

Kayden - http://www.hqdiesel.net/gallery/albums/userpics/10005/normal_aj5.jpg
Miles - http://www.hqdiesel.net/gallery/albums/userpics/10004/normal_5s_hqdiesel002~4.jpg
Drew - http://www.hqdiesel.net/gallery/albums/userpics/10004/normal_5s_hqdiesel003~4.jpg
Mari - http://www.hqdiesel.net/gallery/albums/userpics/10004/normal_hqdiesel28~4.jpg



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