Agora é Tarde escrita por katherinegilberth


Capítulo 2
2 capt




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2° Capitulo

Meu Querido Diário

(Bella)

Pergunto-me que fim levou aquelas brincadeiras de crianças, bonecas e carrinhos, meninos de pés descalços jogando bola, meninas brincando de casinha, crianças felizes correndo pelo quintal, andando de bicicleta ou ate mesmo querendo ir à pracinha encontrar os amiguinhos, me pergunto onde foram aquelas crianças que esperavam pela páscoa e corriam pela manha pelos cantos da casa a procura de seus doces, a espera do papai Noel que alegrava a noite de Natal de crianças de todas as idades, reuniões de família no Ano Novo e datas comemorativas, infelizmente esses costumes estão se perdendo nos dias atuais, me lembro como se fosse ontem de como eu ficava triste com meus pais quando eles não podiam me levar na pracinha ou não podia brincar na rua por estar chovendo, hoje em dia é ao contrario, os pais que brigam com os seus pequenos na tentativa de convencer eles a brincarem na rua. Enfim, encontrei esse velho diário guardado no fundo da minha gaveta enquanto fazia uma organização no meu quarto, não me lembro de quando o ganhei ou de quem foi, não faço Idea de onde saiu isso, mas achei ele com uma boa aparência, parece um tanto com um livro antigo, capa dura com folhas brancas de bordas envelhecidas, não havia cheiro de velho, o que me intrigou bastante, o que mais me chamou a atenção foi a capa, de um verde musgo a cinza, algumas saliências que formavam uma figura, da qual não podia identificar. Perguntei se era da minha mãe, do meu pai e do meu irmão, e não era de nenhum deles, meus pais fizeram uma cara estranha quando mostrei o diário a eles, não pareceram muito surpresos, mas sim preocupados, mas não falaram nada além de “nunca vimos isso antes”, meu irmão disse com aquele tom irritante de irmão mais novo “porque eu teria uma velharia dessas, tenho meu PS2”, bom, já que não era de ninguém e apareceu no meu quarto, acho que não tem mau algum deu escrever algumas coisas nele, afinal me sinto um pouco sozinha as vezes e insegura com minhas amigas, e postar tudo no Twitter não dá, algumas coisas devem ficar conosco, mantidas em segredo.

12/09/2010

Bom, você se pergunta quem sou eu? Mas não posso responder algo que nem eu mesma sei ainda, ando pensando muito na vida, nas escolhas que faço ou que já fiz, até mesmo nas que irei fazer, perco noites refletindo e tardes dormindo, acredito que nossa personalidade e caráter vá se formando de acordo com nossas escolhas, podendo elas serem boas ou ruins, certas ou erradas. Mas afinal, o que posso responder sobre quem sou eu? Sou uma menina de 13 anos, corpo de menininha de 11, olhos azuis assim como os do meu pai, cabelos loiros claros, pele pálida, bochechas rosadas, sou estudiosa e tímida, tenho poucos amigos, mas acredito que são verdadeiros, é isso que importa. Lembro-me do primeiro dia de aula, aquele lugar tão estranho, cheio de salas com classes e cadeiras, parecia mais um hospital sem as camas, aqueles corredores lotados de pessoas caminhando, alguns com pressa outros com calma, demorei a me acostumar com a ideia de que teria de frequentar aquilo pelos próximos longos anos de minha vida, logo fui conhecendo as outras crianças e professores, a Tia Mary foi minha primeira professora, tenho boas lembranças dela, ela tinha muita calma com os meninos bagunceiros da turma, ela morreu no ano seguinte com um tumor na cabeça, na época não entendia o que era isso, só me falaram que não a veria mais, isso é frustrante para uma criança, na verdade para qualquer um, seja criança ou não, a verdade é que nunca estamos realmente preparados para lidar com a morte.

Uma das coisas que me ajudou a me acostumar com a ideia de ir a escola era o fato de meu irmão ter que ir também, ele era um ano mais novo do que eu, mas mamãe conseguiu matricular ele na mesma turma do que eu, lembro-me desse dia como se fosse hoje, eu estava na sala assistindo desenho quando minha mãe desceu e disse que tinha uma coisa pra me contar. Sabe o que era? O David ia estudar na minha turma. Eu sabia, que ele era um ano mais novo que eu, então ele seria mais inteligente que eu ou eu que seria atrasada? Nenhum dos dois, mamãe disse que nós tínhamos que ficar juntos, o que eu achei estranho porque por acaso íamos ao banheiro juntos? Dormíamos juntos? Tomávamos banho juntos? Não, nós não fazíamos isso não, mas mamãe disse que tínhamos que ficar perto por causa do “probleminha” dele. Foi aí que eu percebi que tinha um irmão retardado, mas mamãe disse que também não era isso, era que ele nasceu de cinco meses. Então daí eu consegui descobrir o que ela queria dizer, ele era desnutrido, também devia ser que nem aquelas bonecas de porcelana da mamãe que se deixasse cair no chão quebravam.

Minha segunda semana de aula foi mais tranquila, foi quando Rosalie entrou na nossa turma, ela conversava com Jasper e Alice, irmãos gêmeos que moravam próximos a escola, não fazia muito tempo que haviam mudado para o bairro, estavam perdidos também no meio das outras crianças, foi então que começamos a andarmos juntos, eu, Rosalie, Alice, Jasper e David, uma amizade que nasceu na infância e dura até os dias de hoje.

Bella Swan, esse é o meu nome, nasci em Bournemouth, no sul da Inglaterra, uma cidade muito conhecida por ter praia e um arco de pedras que foi construído ao longo dos anos pelo mar, nasci em 1996 em uma sexta-feira 13 de setembro as 13:13, meus pais dizem que quando nasci chovia muito mesmo sendo verão ainda, o que é um pouco estranho.

Quase um ano depois que eu nasci minha mãe teve o David, meu irmão, ele nasceu em uma sexta-feira 13 também, em junho de 1997 as 13:13, na mesma hora em que nasci, parece engraçado essa coisa de nascermos em uma sexta feira 13 as 13:13, e quando ele nasceu chovia muito também, nossa família tem cisma com essa data, eu nunca me importei muito com essas supertição, não demorou muito tempo após o nascimento de David para meus pais resolverem se mudar para Londres.

13/09/2010

Acordei cedo hoje, uma bela sexta feira, uma pena eu estar me sentindo um tanto enjoada e preocupada com vovó, tive um sonho ruim com ela durante a noite, não estou acostumada a sonhar com ela, afinal nunca a conheci de verdade, desde que nasci minha avó esta em coma, vejo ela uma vez por mês, deitada em uma cama de hospital, em um quarto azul celeste, sempre há flores ao lado da cama, ano pós ano, deitada em uma cama, envelhecendo sem viver, seria justo isso? Sonho muito com ela acordando do coma, olhando para nós e se perguntando “quem seriamos”, afinal quando ela entrou em coma, não éramos nascidos ainda, faz mais de 10 anos que ela esta assim, morrendo aos poucos, alguns médicos dizem ser impossível sua recuperação, outros acham possível, mas acreditam que a memória dela possa ficar um tanto confusa, afinal são muitos anos dormindo, o Dr. Mark que cuida do caso dela, acha melhor desligar os aparelhos, em todos esses anos nunca houve mudança no quadro dela, sempre permaneceu igual, mesmo eu crescendo sem meus avós, cresci com esperança de um dia ter uma avó, que me desses conselhos e fizemos aqueles doces deliciosos, mas a cada dia que passa, acabo por acreditar que esse dia nunca chegara, que desse sonho não irei mais provar e só o que me resta e deixa-la partir, seguir o seu caminho e encontrar o caminho da luz, a sua paz interior, é egoísmo da nossa parte querer forçar alguém a continuar vivendo em nosso mundo, ainda mais quando esse alguém aqui não quer mais estar.


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