Memórias conturbadas escrita por Gustavo Soares


Capítulo 5
Coincidência


Notas iniciais do capítulo

Há diálogos bem parecidos com os da história da Bruna, assim fica mais fácil de fazer a conexão temporal entre as duas. Vcs podem conferir no capitulo 4 da historia dela. Espero que gostem!



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Eu nunca fui de ficar enturmado com algum grupo específico. Eu me enturmo em muitos e ao mesmo tempo em nenhum. Gosto de passar parte do meu tempo sozinho, mas estou sempre disposto a andar com alguém. Um trecho da música “Já sei namorar”, dos Tribalistas, ilustra perfeitamente esse aspecto meu: “Eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem.”

Era um dia solitário, meados de março. E estava eu me dirigindo para a fila do almoço quando trombo com a novata que me viu levar bronca.

–Me desculpe, eu estava distraída.

– Tudo bem, ta de boa.

– E... Deixe-me perguntar, qual é o seu nome?

–Gustavo, e o seu?

– Me chamo Bruna. A professora disse que você ia levar o projeto para outras escolas, o que seria?

– É um projeto sobre o uso da tecnologia em métodos de ensino de literatura.

– Talvez eu possa te ajudar, conheço alguns diretores de escolas e poderia conversar com eles.

– Nossa, que bom! Isso me ajudaria muito. Então, vai almoçar agora Bruna?

– Vou sim.

– Se importa de eu almoçar com você?

– Claro que não.

Depois disso logo fomos almoçar. O papo era o mesmo entre qualquer calouro e veterano, coisas do tipo “você não viu nada ainda do que é essa escola” e também coisas do tipo “hoje a escola ta boa, na minha época...”.

Para variar, esqueci de perguntar pra ela sobre a seletiva de xadrez. Eu só não esqueço minha cabeça porque ela esta colada no meu corpo. Eu era o atual campeão de xadrez dos jogos escolares da cidade, e a professora de educação física me encarregou de organizar a seletiva da modalidade. Eu estava recrutando enxadristas, pois com 17 anos, eu já não podia mais participar desta competição.

Bruna estava meio voada nesse dia. Às vezes parava e ficava olhando o nada, e isso acabou me preocupando. Ela disse que estava preocupada com um amigo. Essa foi a primeira característica que me chamou atenção naquela garota: ela toma as dores de quem gosta e sente-as intensamente, como se estivesse acontecendo com ela mesma. Percebi que Bruna precisava conversar; tentei falar com ela sobre isso, mas eu não era a pessoa certa para essa conversa e resolvi respeitar o espaço dela.


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