A Tormenta escrita por Carol


Capítulo 1
O Começo do fim.


Notas iniciais do capítulo

Oieee... fic nova! Espero que gostem.



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“Desabafo

O quê eu estou fazendo? Desistindo. E essa é, de longe, de todas as respostas que eu já dei na vida, a mais triste. Eu simplesmente estou desistindo. Não adianta mais brigar com a vida. Nada vai mudar e as minhas perguntas vão continuar sem resposta. A culpa é minha? E isso importa? Claro que importa. E você sabe que a culpa é sua. Você poderia ter impedido. Mas já não adianta mais. Tento ouvir calada, mas machuca demais. Ela não tem noção do quanto me afeta. Não quero brigar mais. Nem fugir. Quero paz. Quero ver a vida em volta como um expectador. Quero todas as minhas emoções paralisadas. Só rir de leve, superficialmente, apesar de minha face já ter se esquecido como se faz para rir. E talvez, mas só talvez, deixar uma solitária lágrima rolar para o que for insuportável. Quero ser alguma coisa parecida com uma marionete, nada muito pessoal. Só quero não sentir mais merda nenhuma. Chega! Não quero mais ser feliz, ou triste, ou nada. Ser invisível, seria um grande alívio.”

Era isso que se lia na tela do computador de Luce McClean quando ela acordou. Os cabelos ruivos cobrindo o teclado. Na escrivaninha via-se uma pilha de livros escolares que ela ainda não tivera a “oportunidade” de estrear, uma xícara de café frio, que ela estava tomando na noite anterior e um caderno com muitas folhas a preencher. Luce não andava sem ele.

Lentamente ela vai abrindo os olhos e se lembrando da noite anterior. Da briga. Da culpa colocada em suas costas mais uma vez. Do tapa estralado em sua bochecha. De que eles estariam melhores com ela longe. Eles mesmo fizeram questão de lembrá-la disso. Como se não soubesse! Percebia-se isso desde antes de ela aprender a amarrar os próprios tênis sozinha. Do texto que fora escrito depois e que agora ela estava encarando. E parecia que o texto também a encarava. Lembrava-a da realidade. Da “vida” que tinha e de tudo que era culpada. Justa ou injustamente.

Com esses lindos pensamentos de uma manhã de domingo, levantou, decidida a passar o dia fora de casa. Não havia nada que a convencesse a passar o dia dentro daquele lugar. Se arrumou o mais rápido possível, aquela casa em si lhe causava claustrofobia. “Se eu tivesse amigos, talvez eu pudesse ir para longe.” era o pensamento que a rondava toda manhã desde... aquilo. Sim. É assim que se pode chamar. Ninguém ousa pronunciar o outro nome. Doloroso demais.

Ela saiu de casa, pegando sua carteira, o celular e o caderno enfiando na bolsa. Passou pelo pai, que fingiu que não tinha a visto, e pela mãe, que a olhou revirando os olhos, como se fosse lixo. Aquilo a deixou mal, mas ela não deixou transparecer. Quando fechou a porta da frente, se sentiu livre. Ela estava fora daquele lugar. E, olhando para frente, ela tinha que admitir: Lilywood era uma cidade perfeita. Em seu bairro, as casas simples, mas extremamente bonitas e aconchegantes por dentro, os bosques com altos arbustos ao redor, a escola, com um estilo antigo muito bonito, os mercados de esquina, o restaurante propositalmente em estilo medieval, enorme! E a pequena igrejinha no fim da rua. Tudo tão grande e ao mesmo tempo tão aconchegante! Realmente, a internet acertou quando disse que aquele era o melhor bairro para se morar. E quando se fala dessa cidade, não se pode esquecer do centro. Movimentado e enorme! O centro de Lilywood poderia ser, por si só, uma cidade. Olhou para o céu pensando no lugar perfeito que ela estava. Mas ela não sentia como se merecesse estar ali. Andou sem rumo. Sem rumo e sem destino. Ela só queria sair dali. Andou o dia todo, para o mais longe possível, parando somente para tomar um café. Ah, cafés! Cafeína era seu vício. Estava escurecendo e ela estava tonta, resultado do dia sem comer e de horas a fio andando sem saber para onde estava indo. Mas ela não queria voltar para casa, então entrou em um dos bosques no caminho de volta, mais perto da sua casa do que ela realmente imaginava e queria, e dormiu ali. Sem medo de nada, simplesmente deitou e dormiu.

Um barulho irritante acordou-a no dia seguinte. O despertador, nesse caso conhecido como “A Salvação!”. Devagar ela foi abrindo os olhos e se dando conta de onde estava. A pele alva e o cabelo ruivo contrastando com as diferentes cores de verde. Levantou rapidamente, se sentindo tonta, lembrou de uma barrinha de cereal que tinha na bolsa e a engoliu forçadamente. Foi o suficiente para deixá-la em pé e ela agradeceu por isso. Pegou suas coisas e correu para casa. Uns cinco minutos depois chegou, e, constatando o quão perto estava, agradeceu novamente. Ainda tinha alguma chance de chegar na hora. Entrou, passando por seus pais fingindo que não estava vendo-os e correu para o seu quarto. Em cinco minutos ela já tinha separado uma camisa dos Beatles, um casaco de moletom preto, uma calça jeans e um all star preto e correu para o banho. Meia hora depois ela estava pronta. Com a mochila nas costas e o celular e a chave de casa no bolso, conectou o fone de ouvido no iPod, que pegou rapidamente da mesa de centro da sala e se deu conta que ainda tinha meia hora. Poderia passar em uma cafeteria e tomar um café forte antes da aula começar.

Saiu de casa andando devagar, afinal a escola não era longe. System Of A Down tocava no volume mais alto no fone de ouvido. Parou na cafeteria e tomou seu café na mesa mais afastada sem ser incomodada. Pagou e se dirigiu para a escola. Quando chegou perto, ficou admirando a beleza do lugar, em parte porque era realmente muito bonito, e em parte porque ela não queria entrar. De onde Luce estava, ela já podia ver o tipo de gente de estudava lá. Patricinhas metidas a besta, daquelas que reclamam durante uma semana se a unha quebrar, e filhinhos de papai metidos, que com certeza achavam que teriam todas que eles quisessem aos seus pés até eles cansarem, o que, ela tinha certeza, não demorava mais de uma semana a acontecer.

Nervosamente, Luce não parava de puxar as mangas do casaco para baixo, até elas estarem enroladas e presas dentro de suas mãos. Ela entrou na escola enquanto ouvia coisas tipo: “Olha a aluna nova cabeça de fogo!” ou “Hey, acho que essa é a cenourinha que estavam comentando!”. Estava tudo pronto. Graças! Ela não precisava ir até a diretoria nem nada, Só precisava ir até a sala, que ela já sabia qual era, e entrar. Quando ela finalmente achou, aliviada constatou que não havia ninguém lá ainda, mas em menos de um segundo seu alívio foi quebrado ao descobrir que em cima de todas as carteiras já haviam mochilas, e que ela teria que esperar. Esse seria um longo ano!


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Notas finais do capítulo

Aprovado?