Lost In Paradise

07 – She.

Já havia se passado três dias desde que resolvera dormir – e passar um dia completo – fora de casa com Hibari. Passaram a noite do dia anterior, a manha do dia seguinte, a tarde, mais uma noite e a manha do segundo dia; juntos.

E mesmo após tanto tempo, Adel não conseguia esquecer-se de todas as vezes que ouvira a risada dele, mesmo que houvessem sido poucas, ela ainda sim as ouviu e apreciou timidamente cada uma.

Mas como o previsto, nada havia mudado entre eles após aquele dia. Se ignoravam ao máximo no colégio, evitavam qualquer contato nas vistas dos alunos; e se fosse necessários se encontrarem seria apenas na sala do chefe disciplinador, apenas eles dois e mais ninguém – mesmo Kusakabe sabia o que se passava no interior daquela sala quando Adel adentrava, mas isso não queria dizer que o fiel aliado do Kyoya não sentia-se curioso.

Pouco a pouco a Suzuki notou que Hibari podia sim ser alguém agradável, e não apenas alguém em que ela pudesse saciar seus desejos. Vagarosamente Adel passou a admirar e adorar a presença imponente e – de certa forma – engraçada do Kyoya.

(...)

Três meses após o inicio daquela inesquecível e apaixonante relação, algo mudou.

Primeiramente a morena cogitou a possibilidade de ter feito algo errado, de ter falado algo errado, ou mesmo ter se intrometido demais na vida pessoal do Kyoya – mesmo que a mulher em si agora fosse mais do que parte da vida social de Hibari do que o próprio conselho de disciplina.

Estava cansada, e percebia que o moreno – agora – estava exausto, estressado; mesmo o sexo não o estava mais acalmando.

Então, decididamente, ela esperou e confiou nele. Mesmo que lhe doesse o coração de forma irremediável, ela suportou o latejar das feridas enquanto temia que ele lhe abandonasse.

O tempo continuou a se arrastar de forma agonizante e lamentável. Perdera as contas de quantas vezes pegou-se chorando sabe-se lá pelo que, mas mesmo assim ela se segurou e esperou, até que aconteceu.

Ele negou-a, negou seu toque, e sua presença. Negou seu corpo.

Seu coração partiu-se de forma que a morena jamais cogitou ser possível. Sua alma se fragmentou de uma forma que nunca conseguiu compreender.

E só naquele momento, quando vira-se aos prantos no quarto agarrada ao travesseiro como uma completa idiota, foi que ela percebeu.

Algo que era difícil para si admitir. Algo que ela não queria que acontecesse nunca mais. Algo que Adel não queria aceitar de forma alguma, mas estava tudo bem diante dos seus olhos.

Foi-se tanto tempo mascarado pelos sorrisos e pelo sexo. Mas ele existia, e estava ali agora mesmo enquanto ela derramava suas preciosas lágrimas geladas.

Assim ela permitiu-se rir mediante a forma como acabou por descobrir o por que de tudo aquilo.

Riu de si mesma e chorou de sua idiotice.

E assim adormeceu.

Adormeceu sabendo que havia se apaixonado pelo demônio de Namimori.