Lost In Paradise

10 – He.

Massageou as têmporas desistindo totalmente da papelada que lhe sobrara aquele dia. E mesmo tempo levado boa parte dos documentos para arrumar em casa, ainda sim sua mente o impediu de tal serviço.

Primeiramente o indesejado fator de que sua mãe insistira para que a dita cuja de sua indesejada noiva fosse visitá-los. Tal noticia havia sido dada no dia anterior e a garota viria visitá-los no dia seguinte para um jantar informal, e Kyoya segurara-se ao máximo para não morder sua progenitora até a morte mediante aquela noticia caluniosa. Descontou toda sua raiva referente aquilo nos desajustados do colégio de Namimori.

Mas, por mais surpreendente que pudesse ser, algo melhorara seu humor de forma incrivelmente rápida e hábil.

Fora uma visita, ainda aquela manha, de Adel ao seu escritório; não era relativamente pela manha, na verdade, era em um horário próximo ao intervalo estudantil; a morena levava consigo um obentou numa caixa de madeira rústica negra com toques arroxeados. Em seu interior havia uma peculiaridade que a tanto Hibari não degustava.

A mulher não ficara para acompanhá-lo, se quer lhe dirigira alguma palavra – e ele via o esforço da mesma para engolir as palavras, e até mesmo o orgulho -; mas, do fundo de seu coração de puro mármore, Hibari Kyoya ficara feliz por aquilo, ficava feliz por ela ter vindo, por não tê-lo abandonado como seria o comum de se fazer.

E nesses momentos a Nuvem Vongola percebia que Adel, a poderosa Geleira Shimon, não era qualquer garota, ou qualquer mulher. Era única e perfeita, assim como uma geleira que flutuava sob as águas gélidas nos pólos.

Adelheid Suzuki era única, e Kyoya queria que ela fosse – também – unicamente sua.

Diante daquilo a manhã passou-se tranqüila, não se falaram, ou se encontraram novamente; mas, de alguma forma, o moreno sentia que Adel não estava se afastando de si, ao menos não mais.

Seu tormento apenas retornara ao fim da tarde quando chegara a casa e deparara-se com sua mãe, exalando felicidade e sorrisos por cada célula de seu corpo. Já seu pai limitava-se a uma severidade mal contida, e Kyoya sabia o porquê de tudo aquilo, ainda mais o porquê de Hibari Mayumi analisar cada mínima parte da casa e fazer questão de espalhar sakuras – para a fúria do disciplinador – por grande parte da residência.

Kyoya estava no ápice de seu estresse e, para piorar ainda mais a situação, havia o jantar. A porcaria do jantar que lhe fora incumbida à participação.

Jogou-se sobre a cama tentando com todas as forças não pensar no jantar e, ao mesmo tempo, pensando em assuntos que pudesse ‘trabalhar’ mentalmente durante aquele desastre de jantar para que não acabasse transformando a todos em pilhas de corpos ensangüentados.

Entre os minutos que o moreno passou buscando formas de não matar ninguém pela duração da refeição noturna, um pequeno fator lhe abordara a atenção.

Sentando-se sobre a cama Hibari apenas virou-se tendo a visão perfeita do calendário que havia na parede sobre seu leito. Não havia nada de errado no calendário em si, mas o que lhe chamara a atenção fora a marcação em vermelho de uma data em especial, e mais ao lado feito numa escrita cursiva e delicada, havia o recado de, ninguém menos, que Adelheid.

Fora instantâneo para que um sorriso, mesmo que pequeno, brotasse em seus lábios. E tal sorriso apenas tornara-se maior quando avistou a data exata que o bilhete indicava.

Tudo o que precisava agora era ter a certeza de que a Suzuki ainda iria a aquilo em sua companhia.