Paper Women escrita por MrsHepburn, loliveira


Capítulo 7
Fantasma


Notas iniciais do capítulo

oie



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Bridgette Kowki é uma idosa, quase. Da idade da minha avó, só com algumas rugas e linhas de expressões a mais. Tudo nela exala simplicidade: o avental sujo, os óculos antigos e grandes e os fios de cabelo branco. Mas apesar da simplicidade dela e da sua casa, St. Mara é o contrário disso. Tudo é grande, verde e exuberante —mais relaxante impossível. Eu penso em paraíso. Toda vez que eu tento imaginá-lo, vem em cores gritantes e risadas altas, como se as pessoas e a própria terra em si quisessem provar para as outras que não estão lá que o paraíso é mesmo tão bom quanto parece. Sempre imaginei um lugar barulhento —que chamasse atenção, causasse inveja.

Observando toda a extensão de terra do lugar —montanhas, florestas e muito mais coisas que o olho vê —estou tendo ideias diferentes. É tão quieto. Tão pacífico e magnífico ao mesmo tempo, como se a própria grandeza do lugar soubesse quão bela ela é, e isso é o melhor tipo de beleza, porque ela não tenta ser mais do que ela é. Não consigo explicar, mas é como se cada árvore e cada planta tivesse consciência do seu efeito e não precisasse provar isso para ninguém, ficando no seu próprio lugar. Sem ser demais. Tem uma palavra para isso: lagom. É uma palavra sueca e praticamente intraduzível, mas que significa: nem tão pouco, nem demais. É exatamente do jeito certo, lagom.

A casa fica em uma colina, do lado de uma floresta. E a propriedade é enorme, de vista. Tivemos que andar uns vinte minutos de carro para chegarmos, mas finalmente conseguimos. Era só uma casinha simples e eu não tinha certeza se era mesmo de Bridgette Kowki.

Até ela sair correndo —quão rápido uma quase-idosa consegue ser? —e se apresentar como a tal. Apertou nossa mão e pediu que colocássemos nossas mochilas no sofá.

—Você é Diana, certo? —pergunta ela.

—Sim. —sorri para mim, depois passa para Ian.

—Seu companheiro, como se chama?

—Ian. —responde ele. Bridgette parece um pouco surpresa e recua um passo para trás. Acho que não esperava que eu trouxesse companhia e também acho que reconheceu Ian.

—Winter?

—Eu mesmo.

—É um prazer conhecê-lo. Os dois.

É um prazer conhecê-la também, minha mente murmura, repleta de curiosidade. Tenho tantas perguntas, tantas coisas que eu quero fazer que não sei por onde começar, então fico encarando ela, expectante.

Uma menina ruiva sai de um dos quartos e chama minha atenção imediatamente. Ela é ruiva, exatamente da cor do cabelo de Becker. Lembra minha amiga. Vem timidamente até Bridgette, que a acolhe nos braços.

—Essa é a Kristin. Ela é uma das nossas residentes permanentes. —por quê?

—Oi. —diz.

—Oi. —respondemos, em uníssono.

—Temos Rose também, mas ela deve estar fora com Christian. Ele é nosso guru, e vocês vão poder conhecê-lo mais tarde. Acredito que não vieram aqui para aproveitar a vista...

—Não me oporia à isso. —comento.

—Kristin pode mostrar o lugar, se você quiser.

—Você se importa se eu... pegar os livros primeiro?

Por mais surreal que o lugar pareça, essa é minha prioridade. Não posso me deixar levar e esquecer o verdadeiro motivo para tudo isso. Os livros. Anne Sexton.

Vivian Winter. Bridgette assente, compreensiva, mas não fala sobre os livros.

—Nem um pouco. Mas não gostariam de almoçar primeiro?

O cheiro de comida me atinge, e eu percebo o quanto estou com fome. Ian e eu trocamos um olhar, e aceitamos prontamente. Estamos nos aprontando na mesa quando um homem e uma garotinha entram, nos encarando calorosos. Bridgette nos apresenta.

—Rose, Christian, esses são Ian e Diana.

—Novos aqui? —Rose pergunta. Balanço a cabeça, mas pensando que não seria tão ruim morar em um lugar desses. Poderia muito bem me acostumar a ideia da quietude de tudo que nos rodeia por aqui.

—Não. Só estamos de passagem.

—Bem, é um prazer conhecê-los. Sou o guru aqui. —Chris explica. Os dois sentam-se junto conosco. A comida é tão caseira quanto a casa e todo o resto, dando um ar de lar, casa de avó, onde é impossível ficar desconfortável. Faz com que eu me sinta em paz, longe de todos os meus problemas. Mas falando em problemas...

—Não residem mais pessoas aqui? —sei que é uma orientação para pessoas problemáticas. Até agora, só conheci as "residentes permanentes". E é um bom modo de começar uma conversa, conseguir algumas respostas.

—É baixa temporada. As pessoas geralmente vem no verão no tempo livre. Ninguém quer vir no inverno.

—Mas tenho certeza que é um lugar adorável no inverno, com toda aquela neve. —Comento, me deliciando com a comida. Está tão boa que não quero ir embora, nunca. Muito melhor que a comida da minha mãe ou de qualquer restaurante chique que vamos. É familiar. Pessoal.

—Sim, mas todo mundo trabalha, então...

—Logo, logo pessoas virão. Passa rápido.

—Quanto tempo elas ficam? —Ian indaga, fazendo uma das perguntas na minha mente em voz alta. Bridgette Kowki responde:

—Alguns meses. Nunca mais do que seis.

—Se importa se eu perguntar porque vocês são "residentes permanentes"? —essa pergunta estava martelando na minha mente. Por sorte, as garotas não parecem ofendidas. Se elas fossem irmãs, até faria sentido as duas estarem aqui por uma mesma razão, mas tenho quase certeza que não são, já que não se parecem nem se relacionam como eu e Gwen fazíamos quando tínhamos a idade delas.

—Não temos outro lugar para ir. —Kristin explica, e eu não sei o que responder, por medo de ter uma história triste por trás disso. Me deixaria totalmente desconcertada. Algo me diz que existe uma história bonita e triste, e eu fico me perguntando se ela me contaria caso eu pedisse. Tudo que sei é que se pedissem para mim, eu recusaria— então é melhor não falar nada. Apesar do significado por trás da voz que Kristin usa, sua expressão não muda. É como se ela estivesse falando sobre o clima. Será que alguma vez vou poder falar sobre a minha história dessa maneira? Como se eu dissesse, não está tudo bem. Não ligo mais.

Gostaria.

—Ah. —é tudo que respondo, desconfortável.

Me forço a fazer uma pergunta pessoal. Não para eles, mas para mim, o que torna meio difícil externalizar.

Bote para fora.

—Vivian... já viveu aqui? —Bridgette para de comer, e encaramos ela com curiosidade.

—Achei que você soubesse disso.

—Então isso é um sim?

Eu não sei porquê, mas eu fico com vontade de chorar. Sei que é idiota, porque já considerei isso —ela morar aqui— como uma possibilidade mas saber que aconteceu mesmo, torna tudo real. É como você imaginar sua reação em um incêndio ou acidente —não dá pra saber como você reagiria até acontecer. Por mais que eu já estivesse esperando por isso, ter a confirmação é mil vezes pior. Minha fome sai correndo, e meu emocional se desmancha em milhares de grãos de área, enquanto uma onda enorme vem e destrói cada barreira que construo para me proteger. A única coisa que sou capaz de fazer é olhar para meu prato, em silêncio, e piscar repetidamente, espantando as lágrimas, ordenando para meus vasos lacrimais que não façam nenhum estrago e ordenando ao meu coração que aguente só mais um pouquinho.

Não olho para Ian, mas ele está igualmente quieto. Todos quietos, incapazes de falar.

—Quanto tempo ela ficou aqui? —ouso questionar.

—Escute, eu posso procurar a ficha dela para mostrar a vocês. Por enquanto, vamos apenas comer.

Não digo que não estou com fome. Não digo que eu não quero ficar sentada enquanto coisas mais importantes nos esperam. Mas eu tenho que ser educada com eles. Bridgette Kowki já vai me ajudar tanto e não posso retribuir dessa maneira. Rose é uma garota nova ainda, não precisa ficar ouvindo conversas desse tipo. Não sei o que há de errado com Kristin, mas ela também não merece. Ninguém precisa —ou quer —ouvir coisas desse tipo. Nunca.

Eu volto a comer. Consigo suportar tempo o bastante para não ser a primeira a terminar, mas termino de comer em silêncio, sentindo a tensão ao meu redor. É um tipo diferente de tensão —não aquela que vem de todos, mas que vem de mim mesma, do meu próprio nervosismo e ansiedade e me pergunto se está tão aparente para eles como está para mim. Tipo uma aura ou algo do tipo.

Depois de levar os pratos até a pia, Bridgette lança um olhar para Rose e Kristin, que assentem e depois olha para mim e Ian, que mantém uma distância considerável entre mim e ele. Acho que esse lugar está causando todas as reações em nós dois.

—Agora vocês podem vir comigo.

A seguimos até um quarto. Tem três camas, paredes vazias, mas muitos livros no chão e na cama. É um pequeno paraíso, e se eu vivesse aqui, adoraria dormir nesse quarto.

—Nosso último residente gostava de ler e trouxe alguns livros para cá, ficamos tão acostumados que quando ele foi embora e levou seus livros não parecia mais o mesmo quarto, então quando os livros de Vivian chegaram, resolvemos botar aqui. Ainda temos que organizar, mas nem lembramos, na maior parte do tempo. Tem muita coisa pra se fazer num lugar grande como esse.

Não duvido. Adentro o quarto como se fosse um local sagrado e sento em uma das camas, a com menos livros.

—Tudo isso é dela?

—Sim. —apenas assinto.

Anne Sexton, o nome surge na minha mente. E eu começo a procurar. Por um momento, no entanto, eu me perco na variedade de livros, na presença de Vivian em cada um deles, ou em alguma lembrança. Por exemplo, quando vejo Oliver Twist. Sei que era um dos seus preferidos. Ou Shakespeare, A Tempestade, lembrando de Ariel e a explicação do professor Fawkes. Cada vez que avisto um livro, um pedaço que faltava no meu coração volta, remendando-se no lugar certo. Meu coração se enche e eu me sinto leve, a ponto de flutuar. A única coisa que eu acho curiosa é que ela tem muitas cópias de um mesmo livro, escritos por Alice Goldman. Quando eu abri, vi que eram poemas (muito bons) e coloquei uma das cópias na minha bolsa, rapidamente esquecendo assim que meus olhos encontram o nome de Anne Sexton.

—O que vocês estão procurando, especificamente? —os dois olham para mim.

—Anne Sexton. Qualquer um da Anne Sexton.

—Senhora Kowki! —Aquele homem, Chris, grita. Bridgette —devo chamá-la de senhora Kowki? —dá um pulo de susto, se virando para nós.

—Vocês conseguem se virar sozinhos? Precisam da minha ajuda lá.

—Estamos bem. —Ian responde.

—Qualquer coisa, podem nos chamar.

Ambos assentimos. Fico observando enquanto ela sai do quarto, mas mantém a porta aberta.

—Como se escreve Anne Sexton? —pergunta Ian, algum tempo depois.

—A-N-N-E-S-E-X-T-O-N.

—Tudo bem, vamos procurar.

Ficamos meia hora procurando. Durante esse tempo, achamos sete livros. Alguns de poesia, alguns biográficos sobre Sexton e um autobiográfico, aquele das cartas. Apesar da minha vontade de começar a procurar todas as páginas 188 que eu posso achar, me seguro e só coloco os livros que acho na pilha da cama onde Ian está sentado, para vermos juntos depois. Quando percebemos que já conseguimos coletar todos que existem nesse quarto, sentamos na cama outra vez. Estou tremendo, com o coração acelerado e Ian está imóvel, encarando os livros. Também estou. Por um segundo, estamos presos em uma bolha. Minha lógica é que se ela tinha todos esses livros, é porque gostava mesmo de Sexton, e mais ainda do seu trabalho. Parte de mim quer ler o máximo que eu posso, para entrar na cabeça de Vivian e saber o motivo da sua admiração. O estranho, porém, é que ela nunca falou sobre Sexton. E quando as pessoas gostam muito de alguma coisa, elas tendem a falar constantemente sobre ela. E isso... não sei, é estranho. E a julgar pela personalidade de Vivian na maior parte do tempo, ela não era de guardar coisas.

Não.

Como eu posso pensar assim? Ela se matou, é óbvio que guardava coisas.

O que significa que não conheço ela tão bem quanto eu achava que conhecia, e aqui está minha porta de entrada.

Aproveite, ouço ela dizer.

—Preparado? —sussurro, sem confiar em minha voz.

—Não exatamente. —ele sussurra de volta. Segurando um dos livros como se fosse virar pó assim que eu o tocar, abro um. A primeira página não tem nada, e eu pulo para a página 188 —nem existe. Para ter certeza, folheio rapidamente, até parar em uma frase sublinhada. Meu sangue congela e eu sinto meu corpo perder o senso de equilíbrio.

Todo dia eu construí

uma vida e agora o sol afunda

para desfazê-la.

—O que foi? —Ian pergunta. Com mãos trêmulas, mostro a ele o pedaço de poema que ela sublinhou, não completamente recomposta para falar alguma coisa. Espero sua reação, mas ele age com naturalidade.

—Ela costumava fazer isso às vezes. Sublinhar. —em seguida, ele levanta os olhos para encontrar os meus e sua expressão muda para... assustado. —Diana, você está bem?

—Por que?

Não vou dizer que não. Não quero explicar.

—Você está pálida. E tem marcas roxas ao redor dos seus olhos. —ele estende a mão para me tocar, mas traz ela de volta para perto antes de isso acontecer, quando vê minha expressão surpresa.

—Eu estou bem. —Continuo procurando, escondendo meus olhos por trás do livro, para evitar mais perguntas ou reações que não gostaria de ter. Arfo quietamente conforme vou achando mais fragmentos, coisas do tipo:

Mas suicídios tem uma linguagem especial.

Como carpinteiros, eles querem saber quais ferramentas.

Eles nunca perguntam porquê construir.

E fica pior, mais triste:

Talvez eu não seja ninguém.

É verdade, eu tenho um corpo

e eu não consigo escapar dele.

Gostaria de voar para fora da minha cabeça,

mas isso está fora de questão.

Ou:

E eu. Eu também.

Bastante controlada em festas e coquetéis

enquanto na minha cabeça

estou em uma cirurgia com o coração aberto.

A intensidade dos poemas me atingem, eu consigo senti-los, cada vez mais tristes, entrando na minha alma. Por um segundo, me tornei Vivian Winter, ou Anne Sexton, ou Sylvia Plath e sou a pessoa mais triste do mundo. Isso provoca reações em mim. Felizmente, não começo a chorar nem nada assim, mas o que eu sinto —aqui dentro —é animal e feroz, como se um monstro estivesse se formando dentro de mim de todas as coisas que eu estou sentindo agora e crescesse cada vez mais, me despedaçando de dentro para fora. Não sinto —sou. Sou raiva, sou tristeza, sou depressão e ao mesmo tempo compreensão. Todas essas coisas juntas, aumentando cada vez mais. Tudo que eu sei é que se eu fosse triste como Plath foi ou Sexton foi, eu também me mataria, o que é super injusto porque elas tinham carreiras e sucesso mas perderam a batalha contra seus próprios demônios. Nesse segundo, eu entendo. Entendo Vivian.

No próximo, meu próprio egoísmo assume e eu tenho raiva. Raiva porque a gente sempre pensa "ah, ela podia ter lutado um pouco mais, aguentado um pouco mais, procurado ajuda, contado para alguém, ela é fraca...". Sinto-me péssima por pensar assim, mas é verdade. Só porque não está certo não vai me impedir de pensar desse jeito. E o que eu penso é que eu gostaria muito que ela tivesse sido forte e lutado um pouco mais, contado para alguém, sobrevivido nem que fossem mais alguns meses —tinha que ser logo no meu aniversário? —pra me livrar desse sofrimento. Por quê?

Por. Quê.

Eu não quero me sentir assim, como se eu fosse responsável por isso, por não perceber que algo estava errado, por sentir que uma parte de mim está morta ou que eu nunca vou ser feliz de novo. Eu não quero, no entanto é tudo que me resta.

—Diana? Diana? —Ian repete, com mais urgência.

—O quê?

Minha voz sai normal. Mais ou menos. Propositalmente, ele ignora e me estende Anne Sexton: a self portrait in letters. É outra frase, mas dessa vez maior e não é um fragmento de um poema. É uma parte de Sexton, uma carta.

Anne, eu não quero viver. Agora escute, a vida é adorável mas Eu Não Consigo Vivê-la. Eu nem consigo explicar. Eu sei quão bobo isso soa, mas se você soubesse como é. Estar viva, sim, viva, mas não poder viver. Essa é a fricção. Eu sou como uma pedra que vive, presa fora de tudo que é real... Anne, você conhece tais coisas, pode me ouvir??? Eu desejo, ou acho que desejo, que eu estivesse morrendo de alguma coisa, porque aí eu poderia ser corajosa, mas não estar morrendo e ainda assim... ainda assim estar atrás de uma parede, vendo todo mundo se encaixar onde eu não posso, falar por trás de uma parede de névoa cinzenta, viver mas não alcançar ou alcançar errado... fazer errado... acredite em mim (você consegue?)... o que está errado. Eu quero pertencer. Eu sou como um judeu que acaba no país errado. Não sou uma parte. Não sou um membro. Estou congelada.

Sem ar, sem pulmões, sem oxigênio. Estou na montanha russa novamente, caindo outra vez, tão perto de explodir no chão que eu posso sentir o gosto da rendição. EU DESISTO, grita para minha mente, EU DESISTO.

Você entende agora? Vivian questiona, naquela voz que ela sempre usava quando tentava me explicar alguma coisa.

Eu não quero, mas entendo.

Uma coisa me ocorre, quando releio a última frase. Estar congelada. É como o professor Fawkes falou, sobre estar em um momento congelado no tempo, o momento de escrever um poema. Anne Sexton e Sylvia Plath morreram do mesmo sintoma.

Eu nunca desejei tanto estar congelada. Entender isso.

Eu preciso de ar. Fecho o livro, sentindo-me pesada.

—Você está bem?

—Por que ela faz isso? Por que ela continua fazendo isso? —não sei se minhas palavras fazem sentido para ele. Para mim, significam tudo, um resumo de tudo que está se passando na minha cabeça.

—Eu me pergunto isso todo dia.

Ele entende. Eu sei disso. Compartilhamos um olhar, então eu me lembro da página 188. É agora ou nunca. Sei que estou sem ar nem coragem, mas algo em mim faz com que eu abra a página 188, e eu percebo que eu estive nela o tempo todo, porque é exatamente ali que a frase sublinhada se encontra. Escaneio a página, e encontro palavras escritas com caneta azul, quase na dobra e separação das páginas. Viro o livro para ler melhor, sentindo meu coração acelerar, dessa vez, me dando mais ar do que eu posso aguentar.

Tem um número de telefone.

E duas palavras: Quinta-feira.

—Quinta feira?

Isso não faz sentido.

—Temos que ligar.

—E se... e se isso não for pra gente? For só uma anotação? —Ian me encara, vazio, como se não acreditasse que eu estivesse sugerindo essa opção. Nem eu. Você não vai desistir, vai?

Respiro fundo.

—Eu preciso de ar. —sussurro. Ele assente, e eu saio pela porta. Graças a Deus ele não me segue, porque sabe que eu quero ficar sozinha. Mas o problema é que eu não conheço esse lugar. Vou para a cozinha, deparando-me com Chris. Ele ergue uma sobrancelha.

—Precisa de alguma coisa?

—Eu... eu queria conhecer o lugar.

Saber porque Vivian veio parar aqui.

Chris sorri, e aquela menina, Rose, entra na cozinha, me oferecendo um sorriso. Dou um de volta. É uma saída da caixa de intensidade que estive presa dentro daquele quarto, trazendo-me normalidade.

—Venha comigo. —Ele diz para mim. —Vou te mostrar St. Mara, a Orientação das Borboletas. Já que está aqui, vou explicar as regras. A primeira delas é: não atropelar uma vaca...


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Notas finais do capítulo

sobre os poemas da anne sexton: a tradução é minha, tá gente? eu não achei nenhum livro em português dela pra pegar a tradução oficial então tive que me virar com o que eu tenho em inglês, só pra esclarecer. Eu não queria colocar em inglês porque nem todo mundo vai entender e eu não queria isso, então é mais fácil só traduzir de uma vez, eu acho.
o que vocês estão achando?????



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