– Senhor Jane. – disse Stiles ao telefone – Vejo que já encontrou o motivo de minha tristeza desta manhã.

– Você tem algo a ver com isso? – perguntou Jane, diretamente.

– Venha me ver senhor Jane, mas venha sozinho. Quero lhe contar uma história. – convidou Stiles – De for obediente, lhe direi o que procura há muito tempo.

– Onde você está? – perguntou ele, seriamente.

– Onde mais estaria? Sempre estou onde me sinto melhor. – informou antes de desligar o telefone.

Jane pensou por alguns instantes antes de sair apressado pela casa. Ele já ia cruzando a porta quando foi parado por Cho.

– Aonde vai? – questionou ele.

– Sou um cidadão livre, não preciso te informar todos os lugares que vou. – respondeu passando por ele.

– Eu estou no posto de Lisbon temporariamente, me deve satisfações. – ordenou ele.

Jane parou no lugar onde estava, se virou e caminhou de volta onde Cho estava parado. Ele retirou o crachá do bolso do colete e o depositou no bolso do paletó de Cho.

– Eu me demito. – disse ele após o ato.

Sem alternativas Cho o assistiu entrar no carro e sair em disparada. Jane dirigiu apressadamente até a Visualize. Ele desceu do carro e correu prédio adentro até que um dos funcionários o chamou a atenção.

– Senhor Jane! – disse o rapaz – Vou leva-lo até o senhor Stiles.

Jane o seguiu por um caminho um tanto quanto cumprido por dentro da mata que cercava a igreja. Eles chegaram até uma simples e bem decorada cabana onde Stiles estava. Jane o avistou sentado em uma cadeira observando um aquário.

– Este é o meu santuário, senhor Jane. – anunciou ao vê-lo – Seja bem vindo.

– O que queria me contar? – perguntou Jane, tenso.

– Fique a vontade. – disse apontando-lhe a cadeira novamente – Vou lhe contar uma história senhor Jane... Há muito tempo atrás um homem comum se apaixonou por uma mulher e após muito tempo declarou-se para ela. Eles viveram algum tempo juntos, mas a falta de emprego dele fez a moça querer se casar com outro homem. Rico, poderoso, dono de grandes terras. O pobre homem teve de concordar com o matrimônio porque a amava desesperadamente e queria que ela fosse feliz, mesmo que fosse ao lado de outro. Você deve saber bem o que é isso, não é senhor Jane?! – insinuou ele, enquanto Jane ouvia atentamente - Pouco tempo depois ele ficou sabendo que ela havia tido um filho e estava vivendo muito bem. Nove anos depois o homem estava encaminhando seu próprio negocio quando recebeu a noticia de que sua amada estava nos últimos instantes de vida e foi visitá-la no hospital. Lá ela lhe revelou que o filho que ela havia tido era dele e não de seu marido. Ele ficou sem reação quando ela lhe pediu para que a guarda do garoto fosse passada par o pobre homem que estava assustado com a novidade e extremamente triste pela partida de sua eterna amada.

Mesmo não sabendo direito o que fazer com uma criança ele aceitou a guarda do menino a pedido de sua amada. Engraçado como o amor por uma pessoa influencia nas suas escolhas, não é senhor Jane?! – disse ele, enquanto Jane já ficava impaciente na cadeira - Quando o garoto conheceu o novo pai, que não era tão rico quanto o antigo, se fechou de um modo inacessível. Passados seis anos o pai decidiu mandar o filho rebelde que já não lhe obedecia para trabalhar em uma de suas fazendas com dois de seus empregados, na esperança de ensiná-lo a alguma lição e mudar o jeito mal educado e teimoso do garoto. Mas ele voltou pior do que antes e faliu a fazenda do pai, causando um abalador prejuízo para os negócios.

– Essa foi na época em que matou a cunhada de Emma? – perguntou Jane.

– Paciência, senhor Jane, paciência. – disse ele, calmamente - O filho sumiu por alguns meses, mas retornou por falta de dinheiro para a faculdade. Como o pai estava necessitando de dinheiro tanto quanto ele resolveu propor-lhe um acordo. O rapaz teria que matar a cunhada de uma moça cujo pai havia conhecido há um tempo e a herança recebida seria dividida igualmente entre os envolvidos no crime. O rapaz aceitou a proposta e matou a moça. Todos receberam sua parte e os negócios do pai começaram a crescer de modo rápido após o investimento. O filho retornava para pedir dinheiro para pagar os estudos e o pai lhe dava outro serviço para fazer assim como da primeira vez. Essa parceria durou anos e o filho se tornou um famoso assassino que era caçado por todo o país. O pai sempre escondeu a identidade do monstro que tinha criado até que um dia o filho matou a mulher que pai tinha grande consideração. Isso irritou o pai. – confessou ele.

– Você vai me dizer a identidade dele? – perguntou Jane, com uma expressão paranoica.

– Não. Você vai descobrir. Lembra quando lhe disse para parar de seguir cada passo e olhar para o todo?! – lembrou ele – Quantos suspeitos lhe sobraram?

– Três. – respondeu ele, desconfiado.

– Junte os pontos Patrick. – disse ele, se aproximando – Você viu quem assinou a perícia do caso de Anita? – perguntou ele, enigmático – Checou o passaporte do Kirkland para Mojave? Sabia que o nome fala muito sobre a familiaridade? – questionou ele, enquanto Jane ligava os pontos – Não está claro?