Kagome estava sentada a horas no chão frio e úmido da caverna, virada de costas para Hayato, assim como uma criança pirracenta.

_ Saia desse chão frio e venha se sentar nessa pele de lobo. Você vai ficar doente aí. - disse ele calmamente.

_ Estou bem aqui! - protestou Kagome.

_ Não seja teimosa menina!

_ Não me chame de teimosa. - emburrou-se - * Atchim!* - o espirro reverberou pela caverna.

_ Já está ficando resfriada.

_ Estou bem. Me deixe em paz - *Atchim!*

Do nada, irrompendo do mais profundo silêncio, uma gargalhada calorosa, de puro divertimento. Kagome virou-se espantada.

_ Do que você está rindo?!

_ De você. Você é uma mulher muito forte e decidida, mas também teimosa e irritante.

_ Então não serei uma boa esposa. Me deixe ir embora...

_ Imagina minha querida... - ele sorriu encantadoramente, exibindo os caninos brancos e afiados - Você é perfeita! E mais, com esse seu jeito, eu nunca ficarei entediado.

Kagome cruzou os braços e virou-se novamente de costas.

* Onde está você Inuyasha?*

Lágrimas quentes rolavam por sua face. Em meio aos choramingos e fungadas, seu estômago reclamou. Estava sem comer a muito tempo. Hayato deu a volta e parou a sua frente, abaixou-se e segurou seu queixo forçando-a a olhá-lo.

_ Você está ficando fraca. Precisa comer e sair desse chão agora.

Antes que ela pudesse protestar ele a tomou nos braços e levou-a até a pele de lobo que estava estendida ao lado de uma fogueira que ardia e crepitava, iluminando as paredes cinzas e rochosas.

_ Eu vou sair e buscar alguma comida. Nem se esforce achando que poderá fugir dessa caverna. Ela está toda cercada por barreiras de dez camadas e além das barreiras ainda tem aquele miasma que apagou você e seu amigo meio youkai em minutos.

Ele ergueu o queixo desafiadora.

_ Ele virá me salvar. Eu nunca deixarei de acreditar no Inuyasha.

Ele sorriu.

_ É melhor para ele que nem chegue perto do miasma. É demais para um cachorrinho como ele. - Hayato deslizou as mãos por uma mecha de cabelo dela - Além do mais, mesmo que ele consiga passar pelo miasma, a primeira barreira é uma barreira elétrica que o matará com certeza.

Ela ficou pálida e arregalou os olhos. O quão poderoso poderia ser aquele youkai, para que produzisse aquela quantidade de miasma e barreiras tão poderosas. Pensou então, pela primeira vez, que talvez fosse melhor que ele não viesse. O amava tanto que seu peito doía, e preferia sofrer no lugar dele, do que imaginar a possibilidade de seu amado morto. Sempre tivera fé nele, e sabia que ele chegaria até ela, mas agora, o que seu coração desesperadamente gritava era:" Não venha Inuyasha! Não se aproxime daqui!"