31 de Julho de 1998 – Mansão dos Riddle (17 anos depois)

E lá estava eu, sozinha – novamente sozinha – naquele escritório frio e escuro, onde tudo, desde os quadros nas paredes até ao antigo cadeirão do meu pai, onde eu agora me sentava, havia sido desbotado pelos anos… havia perdido o brilho…

Alguém bateu à porta e eu ordenei que entrasse. Através da porta, vi passar um Draco Malfoy um tanto preocupado.

— Milady! – cumprimentou ele, fazendo uma vénia formal, o mesmo cumprimento que todos utilizavam para se dirigir a Lord Voldmort.

Levantei-me do antigo cadeirão e olhei-o curiosa.

— Para quê essa formalidade, Draco? Somos amigos! Trata-me por Charlotte como sempre fizeste! Agora, senta-te, por favor! – um pouco envergonhado, Draco sentou-se em silêncio - Deves-te estar a perguntar porque te mandei chamar! – Draco acenou com a cabeça em concordância. – Antes de morrer, o meu pai deixou-me uma missão, para a qual eu tenho vindo a ser preparada ao longo dos anos. A missão era infiltrar-me na Ordem, entre esses Sangues de Lama e Traidores de Sangue para adquirir informações! É claro que com a morte do meu pai, as circunstâncias mudaram, agora a prioridade é fazer com que as forças das Trevas retomem o poder e evitar que Lord Voldmort caia no esquecimento. E, por isso, tenho andado nestes últimos meses, a construir um plano para retomar o ministério e vingar o meu pai.

— O que queres dizer com vingar o Senhor das Trevas?

— Isso mesmo que estás a pensar! Eu vou matar o Harry Potter!

— Charllote? Tens a certeza que isso é uma boa ideia? – falou Draco, cauteloso. – Quer dizer... Agora o Potter é um ídolo... deve estar rodeado de segurança.

— Não me digas que te tornaste amiguinho dele? – perguntei em tom trocista.

— Charlotte... estou a falar a sério. Não será melhor deixar as coisas acalmarem?... Esperar uns anos?

— ESPERAR UNS ANOS? – gritei. – Ele tirou TUDO de mim, Draco. A minha infância... o Senhor das Trevas... a MINHA VIDA.... não me peças para esperar! – continuei, agora mais calma. – Além disso, agora é a altura ideal, todos pensam que todos os Devoradores da Morte estão presos ou em fuga, desorganizados, sem um Mestre... Estão todos demasiado felizes por saber que o Senhor das Trevas morreu que nem vão desconfiar até eu ter tomado o Ministério da Magia e mais cedo do que eles pensam o Grande Herói deles estará morto! – dei a volta à secretária e frente a frente a Draco perguntei:

— E então, Draco? Estás comigo?

— Alguma vez te abandonei?

Olhamo-nos fixamente, um olhar cheio de significado, pois sabíamos que cada um de nós seguiria o outro até ao inferno, bastava pedir.