P.O.V Luke Zabine

Eu estava andando sozinho pelos corredores do Expresso a procura da cabine onde Scorpius estava preso. Eu estava com saudade do meu amigo falando besteira, e eu sei que isso parece um pouco gay, mas creia, eu sou completamente normal. Fazia dois dias que a Lily tinha sumido, até que eu desisti de procurar por ela. Enquanto caminhava pelo corredor notei a cortina de diversas cabines fechadas e decidi checar para ver se alguma era a pertencente à Scorpius. Na primeira: alunos se agarrando; terceira, a mesma coisa; quarta ainda na mesma.

Então quando eu fui puxar a cortina da quinta cabine eu ouvi vozes femininas conversando lá dentro e fiquei nervoso, porque uma era facilmente reconhecível.

– Você fez tudo o que mandamos? – perguntou uma voz fina e ameaçadora.

– Eu fiz tudo! Juro! – respondeu desesperada a voz da minha pequena Lily.

– Como vamos saber se fez tudo mesmo? – indagou outra voz feminina.

– Podem perguntar para eles! – exclamou a voz de Lily.

– Você está mentindo... – uma terceira voz falou. – Eu acabei de passar lá e eles estão bem juntinhos...

– O-o que vocês vão fazer comigo? – Lily perguntou tremula.

– Estava pensando em um feitiço estuporante... – a primeira voz gargalhou.

E eu não aguentei mais ouvir aquilo. Usei a varinha para destrancar a porta da cabine e entrei ali com tudo. Lily estava encolhida em um cantinho no chão e reconheci imediatamente as três garotas. Samantha Starhide e as duas amigas dela: Lysander Scamander e Miranda Greenhouse. Elas me olharam confusas e depois bravas. Eu apontei minha varinha para todas elas.

– Deixem a minha namorada em paz. – eu rosnei.

Elas não se moveram e eu fui andando entre elas até chegar a Lily que se agarrou a mim, tremendo. Saímos da cabine e eu a fechei de volta. Entramos na primeira cabine vazia que eu vi pela frente. Lily me apertou e eu a abracei. Ela chorava desesperadamente. Eu acariciei o cabelo dela lentamente e quando ela finalmente se acalmou ela me contou o que tinha acontecido.

– Logo depois que eu soube da morte de meu avô eu fiquei sozinha em uma cabine escondida no fundo do trem quando elas três chegaram. – ela começou. – Eu as mandei irem embora e me deixarem sozinha, mas elas não foram. Ao invés disso trancaram toda a cabine e miraram as varinhas em mim. “Você vai fazer exatamente o que eu mandar”, rosnou Samantha e eu somente assenti. “Primeiro, nos dê sua varinha”, disse Lysander com um sorriso no rosto. Eu as entreguei a minha varinha.

– Por que fez isso? – eu indaguei.

– Eu estava triste e assustada com tudo! – ela exclamou e depois continuou. – Elas me mandaram inventar uma história para separar Scorpius e Rose porque a Samantha gosta do Scorpius. E eu fiz o que elas mandaram.

– Você inventou uma história para separar a sua melhor amiga e o garoto que ela gosta? – eu estava paralisado.

– Por favor, não me culpe. Elas iam me machucar se eu não fizesse isso.

– Está bem.

– Eu contei para Rose enquanto Scorpius estava dormindo, porque ele iria negar tudo. Então eu contei toda a história para ela e ela pareceu acreditar. Depois me agradeceu e fechou a cortina. Um tempo depois eu ouvi os dois gritando e berrando e comecei a chorar. Então elas me mandaram ir com elas e eu as segui. Elas queriam saber se eu tinha feito mesmo. Teve uma hora que Miranda saiu para conferir e quando voltou não falou nada. Elas iam me machucar Luke.

E ela começou a chorar de novo. Eu me levantei.

– Vamos consertar isso então. – eu falei firme.

Ela assentiu; se levantou e antes de sairmos eu a beijei. Nesse exato momento James Sirius Potter passou andando pelo corredor. Ele parou ao ver a gente se beijando e sacou a varinha.

– O que é isso Zabine? – ele exclamou.

– Eu... – eu comecei a falar, mas Lily foi mais rápida e me puxou.

– Depois você mata o Luke, James. Agora temos assuntos importantes para tratar.

Dizendo isso, ela me puxou pelo corredor.

P.O.V Scorpius Malfoy

Eu nunca imaginei que eu, Scorpius Malfoy, fosse algum dia amar alguém. Mas Rose era prova viva de que eu estava imensamente errado. E era bom amar. Você não tinha a insegurança de estar ganhando chifres nem nada do tipo. E bem, você estava com quem ama. No meu caso, Rose Weasley. A proposito, estávamos no meio de um beijo.

As mãos dela acariciavam lentamente meu cabelo, enquanto eu a segurava pela cintura a minha outra mão passeava pelos cabelos dela. Fui deitando no assento, eu por cima dela. Era meio apertado ali, mas enfim. Fiquei surpreso por ela nem reclamar quando a minha mão foi subindo por dentro da blusa dela e delineando suas curvas.

Mas claro, quando tudo estava indo perfeitamente bem, algo tinha que nos interromper. E nesse caso foi uma batida insistente na porta. Eu ignorei no inicio, mas foi ficando mais insistente, até que Rose parou tudo.

– Acho melhor irmos ver quem é. – ela falou.

Eu concordei e nos levantamos, tentando nos ajeitar. Os meus cabelos devia estar uma bagunça, mas pensando bem, eles sempre estão. Rose prendeu o cabelo rapidamente em um coque e ajeitou a blusa, que tinha subido um pouquinho, mostrando sua barriga lisa. Eu fui em direção à porta e afastando a cortina eu encontrei Luke e Lily do lado de fora. Eles pareciam ansiosos. Luke deu um sorriso torto quando me viu.

– Veio contar outra mentira foi Lily? – falou Rose do meu lado.

Lily pareceu meio desconcertada.

– Na verdade, viemos contar o que realmente aconteceu. – falou Luke.

E ele nos contou tudo o que aconteceu. Durante a sua narrativa, Rose ia ficando com cara de pena e eu ia ficando com pena de Lily. Deve ter sido horrível para ela. No final de tudo Rose estava com uma mistura de pena e arrependimento.

– Lily, por que você não me contou isso antes? – ela indagou alarmada.

– Elas saberiam. Eu não sei como, mas elas saberiam. – Lily falou com a voz tentando parecer firme.

– Há! – eu exclamei. – Eu disse que nunca tive nada com a Samantha!

Eu comemorei com pulinhos enquanto todos me olhavam como se eu fosse um louco.

– Que foi? Vocês sabem o quanto essa criatura gritou comigo? – eu falei brincando.

Todos começaram a rir e ficamos um bom tempo gargalhando. Conversamos sobre banalidades e outras coisas mais banais ainda, como quem estava se pegando no Expresso. Finalmente eu decidi duas coisas: primeira, aquilo estava parecendo fofoca de garotinha; segundo, eu estava imensamente cansado, já que a minha noite tinha sido resumida a uma grande briga com a Rose e depois muitos beijos com a Rose. Pois é, temos uma relação estranha.

Eles foram embora dormir ou fazer qualquer coisa. Quando eu comentei isso com a Rose ela riu e me chamou de bobo. Então eu cheguei bem perto dela e falei:

– E nós? Vamos fazer o que?

Ela me respondeu com um beijo.