Tenho de admitir, Laura é muito linda quando não entrega panfletos e fica quieta, percebo que ela está calma e serena...Em paz, coisa que há muito tempo eu não estou, percebo que um filete de baba saí de sua linda e delicada boca, sinto vontade de limpar, mas não o faço, ela se vira então para mim, ainda dormindo, tento me conter ao máximo, mas a vontade é maior, e acabo roubando-lhe um beijo, sereno,calmo,delicado...Se meus amigos me vissem me julgariam até o ultimo suspiro, mas não me importo, de todas as garotas que já beijei, por incrível que pareça, Laura foi a melhor e mais saborosa, mesmo dormindo.

Após o beijo, Laura permaneceu intacta, imóvel, como se nada tivesse acontecido, realmente, não era nada de mais, apenas um beijo.

Então...Por que eu queria mais? E por que meu coração não para de palpitar tão forte? Isso foi uma coisa que fui descobrir o nome bem mais tarde, alguns a chamam de benção, eu? De maldição...

***

Laura foi acordar somente quando o ônibus parou completamente, ela notou que eu olhava-a fixamente e logo franziu o cenho, desviei, tentando despistá-la, logo ela deu de ombros e se levantou.

***

Nunca fui de gostar de parques aquáticos, na verdade, nunca gostei de sair, por isso tenho apenas dois amigos, um tarado e um bundão, embora eu não seja muito melhor que eles, pelo menos tenho minha dignidade, ou tinha, até beijar a miss folhetos. Me encontrei com Luis e Paulo, após uma breve discussão sobre o que faríamos primeiro, decidimos ir almoçar, entretanto, o destino, esse senhor velho,caduca e que gosta de sacanear as pessoas, decidiu que Laura e suas amigas também iriam almoçar, e por puro azar elas sentaram conosco.

— Posso ajudar?— Perguntei soando o mais rude que eu conseguia, já tive que agüentar essa garota por três horas, não agüento nem mais um segundo.

— A gente vai apenas comer com vocês por que tá tudo cheio,seu cavalo! — Essa foi uma das amigas de Laura, a tão educada Emanuelly.

— Ótimo, não quero que apareçam mais na minha frente!

— Digo terminando de comer e saindo, percebo um olhar angustiado de Laura, mas não comento nada.

***

Luis ficou olhando para as garotas gostosas de biquíni que eram da nossa turma, Paulo foi para a piscina e eu fui continuar a droga do livro que meu primo babaca me deu.

Alguém se aproxima de onde estou sentado e se senta ao meu lado, olho para o lado e vejo Laura.

— Quando você vai parar de me odiar? — Ela pergunta magoada.

— Não sei! Eu sempre vou te odiar! — Respondo, embora eu esteja quase certo de que estou começando a amá-la...

Ela suspira,e permanece lá, acocada, olhando para o chão.

— Pensei ter dito para você não aparecer na minha frente.

— Não ta na tua frente, to no teu lado.

Aquilo me surpreendeu, foi uma resposta inesperada, só agora fui perceber como Laura está linda, não consegui me conter.

— Você está linda hoje...— Digo totalmente envergonhado

— Obrigada — Ela diz sem jeito.

Continuamos quietos...Até que um babaca veio dar em cima dela.

— Eaí gatinha! Deixa esse otário pra lá e vem se divertir comigo! — O babaca diz dando uma piscada para ela.

O sangue ferveu dentro de mim,não sei se foi por causa da ofensa, ou se foi por que ele deu em cima dela.

Percebi que Laura permaneceu quieta, por isso simplesmente me virei e roubei-lhe um beijo de língua, no começo ela ficou surpresa, mas logo continuou.

— Ela já tem dono amigão! — Eu digo me separando de Laura e olhando para o imbecil, ele foi embora raivoso.

Após algum tempo em silêncio por causa do beijo Laura tenta dizer:

—Hum...Vinicius...

— Não pergunte nada! — Respondo evitando constrangimentos.

—Certo...— Ela diz se calando, percebo que ela tem várias perguntas em sua mente, e está lutando para se conter.

—Pergunta logo! — Querendo pôr um fim nesse conflito que se passa em sua cabeça.

— Por que você fez aquilo? Digo...Você me odeia certo? —Ela pergunta com curiosidade

— Beijei por que não queria aquele babaca perto de mim te trovando...E eu não sei se te odeio ou não...— Falo essa última parte olhando para baixo e envergonhado

— Você...não sabe? — Ela pergunta tímida

— Não...ok? — Falo quase sussurrando