Cronicas das doze essências. escrita por Ak


Capítulo 8
Macacos desgovernados




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Ao retornarmos ao acampamento, nos deparamos com o cenário de uma guerra civil. Uma guerra civil no planeta dos macacos. É. Algo do tipo.

Olhei em volta. Haviam dezenas deles, estavam armados com lanças, espadas e outros com pedaços de madeira. Não vi Yannefir. Mas, não haveria como encontrá-la no meio daquele apocalipse de primatas.

Zenite não pensou duas vezes. Ele sacou novamente sua arma e avançou na direção da luta.

Desembainhei minha espada e fiz o mesmo.

Um macaco que segurava uma lança saltou em minha direção com uma estocada.

Eu ainda estava cansado. Sentia o desgaste de ter caminhado o dia inteiro, mas, é incrível como ver um macaco de dois metros segurando uma lança pular na sua direção pronto pra te matar faz a dor das suas pernas sumirem.

Esquivei-me para o lado e rebati seu golpe com minha espada, em seguida, contra ataquei com um corte na horizontal. O acertei no ombro, mas aquilo não pareceu tê-lo machucado muito.

Logo, outro macaco veio na minha direção. Este estava segurando o que parecia ser um galho de arvore cheio de folhas e flores amarelas.

Ergui minha espada em posição defensiva e recuei alguns passos.

Ambos avançaram em minha direção, o macaco que segurava o galho soltou um grunhido e me atacou. Saltei rapidamente para trás para desviar, mas acabei sendo acertado pela lança do outro. Ele golpeou meu braço com sua lança.

Dei mais alguns passos para trás. O golpe havia penetrado minha armadura. Meu braço começava a sangrar, o que deixou um pouco mais difícil segurar minha espada.

Estava claro que uma luta corpo-a-corpo ia me deixar em uma desvantagem imensa. Foi então que eu me lembrei das chamas que havia, de algum jeito, disparado de minha espada.

Mesmo eu não tendo idéia de como havia feito aquilo, decidi tentar.

Posicionei-me apontando minha espada na direção deles.

– Vamos, vamos foguinho mágico. – sussurrei.

Eles deram mais alguns passos na minha direção, desta vez, pareciam mais cautelosos, como se esperassem alguma reação minha.

Mantive minha espada em posição. Tentei me concentrar, mas não adiantou, ela não respondia.

Outra estocada na minha direção. Desta vez consegui desviar. Tentei revidar golpeando-o no peito com um corte na horizontal, porém, novamente meu ataque pareceu não ter efeito nenhum. Então, um golpe pelas costas quase me jogou no chão. Tive que me apoiar em minha arma para não cair. Logo estava com um dos joelhos não no chão, tentando ficar de pé. Minha visão começava a ficar embaçada, meu corpo estava exausto.

– Droga ... – disse.

Apertei com força o cabo de minha espada...

– Arma idiota... FUNCIONE!!! –Gritei ainda ajoelhado, desferindo um golpe no chão.

Senti a arma tremer. Naquele instante, vi a lamina em forma de lua minguante se envolver com chamas negras que encobriram também as minhas mãos. Senti aquela energia percorrer meu corpo inteiro.

Os macacos que estavam próximos se entreolharam e recuaram ao ver aquilo. Fiz o que pude para ficar de pé, ainda me esforçando para segurar minha arma, que tremia fortemente.

Apontei-a na direção deles, e dela surgiu uma onda de chamas negras, vi ambos serem jogados no chão ao serem atingidos.

Minha respiração estava ofegante e eu sentia todos os meus músculos doerem. Mal conseguira segura-la.Quando dei por mim, o fogo negro havia encoberto todo o meu corpo. As chamas continuaram a se propagar, explodindo em todas as direções.

Agora o pânico era geral, depois de sermos atacados por um bando de macacos, um dos soldados havia se transformado em um lança chamas humano.

Eu sabia que tinha que extinguir aquelas chamas, mas não sabia como, estava fora de controle. Meu corpo parecia estar paralisado, não conseguia soltar a arma.

Repentinamente, ouvi uma explosão vinda do centro do campo de batalha, ao mesmo tempo em que um grupo de macacos voara pelos ares.

De lá surgiu o general Clint. Ele levantou vôo segurando o que parecia ser uma porta. Suas asas eram enormes. Marrons em um tom escuro.

Ele olhou em volta friamente, logo focando seu olhar intimidador em mim. O vi descer em um rasante na minha direção, ainda não conseguindo me mover, não havia muito que eu pudesse fazer.

O general golpeou o solo a minha frente com aquela porta, criando uma explosão imensa e me jogando a alguns metros dali.

Quando consegui abri os olhos, esforcei-me para erguer meu tronco, ficando sentado. Levei a mão à nuca ainda meio zonzo.

– Caramba ... pelo menos toda essa dor no meu corpo prova que eu ainda estou vivo.

Olhei em volta. Apenas os soldados estavam lá, o grupo de macacos havia sumido. O general caminhava para fora da cratera criada por seu ataque carregando o que só então eu pude ver que era uma espada e não uma porta. Mas era imensa e muito larga. Ele a embainhou no estranho ‘’caixão’’ que carregava em suas costas e simplesmente se retirou dali, sem dizer nada. Novamente me lançando aquele olhar intimidador.

Vi também que a maioria dos soldados me olhava com desconfiança. Alguns estavam machucados, certamente por conta da ultima luta. Outros estavam chamuscados. Provavelmente foram atingidos por alguma das minhas chamas. Isso fez eu me sentir horrível. Só então vi que Yanneffir estava parada a minha frente. Novamente com a mão estendida para me levantar.

– Arrasou. – Ela disse.

– É, tirando a parte que quase matei todos vocês. – disse, segurando a mão dela

– É, sem contar esta parte. – Ela concordou

Olhei em volta. Minha espada estava caída a alguns metros dalí.

– Hey, garoto.- Era a voz do general, parecia estar falando comigo. E não parecia muito feliz.

Me virei o mais lentamente que pude. Ele estava bem atrás de mim. Estava tão perto que parecia ter o dobro da altura.

– S-sim ? – recuei dois passos antes de responder. Ele era muito alto, de forma que tive de erguer o olhar pra olhá-lo nos olhos.

– Fez um bom trabalho. Só tenho algo a lhe pedir, enquanto não conseguir controlar essa coisa, não a aponte pros meus soldados. – Ordenou Clint. Tive a impressão de te-lo visto sorrir por uma fração de segundo. Logo ele deu as costas, caminhou em direção as tropas e erguendo o braço direito.

– Vamos, homens, não temos tempo a perder. Nosso descanso terminou.

As tropas voltaram a se reunir, aparentemente nossa caminhada iria continuar.

Yannefir cruzou os braços preparou-se para seguir os outros soldados.

– Hey, espera ae. – Eu a segurei pelo ombro. – O que ele quis dizer? Aquilo foi irônico?

– Do que está falando, garoto? – ela questionou

– O general. Ele disse que ‘’fiz um bom trabalho’’ mesmo depois de quase matar a tropa dele. Aquilo foi irônico?

– Claro que não

– E isso, foi irônico?

– Escute, garoto ...

– Eu não to entendendo mais nada. – a interrompi – fomos atacados e de repente todos os macacos sumiram e parecia que o general ia tentar me matar. O que ta havendo aqui a final ?

– Garoto, não fomos atacados pelos macacos.

– Como não? Fomos sim, e um deles estava armado com um buquê de flores.

– Okay, ouça. Os macacos não eram necessariamente o problema. - Sua voz soou fria. Quase tão fria quanto o olhar que me lançou. Ela suspirou antes de continuar a falar. – Ouça. É apenas um palpite, mas, acho que fomos atacados no momento em que saímos dos limites da Floencia.

– Hã? Como?

– O caminho da cidade até o porto não devia ser tão longo. Aparentemente, alguém nos prendeu em uma ilusão.

– Ilusão ... – retruquei

– Sim. E estava nos fazendo andar em círculos. Acredito que o general nos trouxe pra cá esperando encontrar quem estava fazendo isso. Na floresta, em meio às arvores, é mais fácil se esconder, já aqui ...

– ... seria mais fácil detectar seja lá quem fosse. – completei

Ela assentiu

– E porque alguém faria isso ?

– Pra nos atrasar, garoto. Tem mais alguma pergunta? – Ela arqueou as sobrancelhas. Tinha razão em me apressar, estávamos ficando pra trás e precisávamos alcançar os soldados.

Yannefir deu as costas e seguiu.

Voltei-me para minha espada que ainda estava jogada no chão.

A lamina roxa parecia reluzir mais ainda durante a noite. Um brilho negro intimidador e obscuro, mas que fazia eu me sentir muito bem.

Aproximei-me e a segurei firmemente pelo cabo. Eu a ergui na altura dos meus ombros.

Vi que a lua estava cheia, seu brilho era semelhante ao brilho de minha lâmia.

– Garoto, você vem ou não? – Yannefir gritou, já estava distante.

– Já to indo! – recolhi a espada na bainha em minhas costas e a segui.

Tivemos que nos apressar um pouco para alcançar o resto dos soldados. Nem preciso falar o quão horrível foi ter que andar ainda mais, porém, agora seguimos por uma rota que não tinha tantas arvores, o que deixava uma ótima vista para o céu. Yannefir seguiu olhando as estrelas o tempo inteiro. Eu a vi sorrir algumas vezes.

Ao final do percurso, chegamos a o que parecia ser um porto. Lá haviam vários galeões, todos feitos de madeira. Eram enormes, azuis; alguns com desenhos de penas.

Chegando lá, fomos recebidos por um homem baixinho ( SIM, ELE ERA MAIS BAIXO QUE EU OKAY) , de bigodes e bochechas grandes que vestia um suéter marrom incrivelmente peludo.

Ele se apresentou como Booms.

– Huhuhu, e então, todos preparados para a partida? – disse ele. –Parecem realmente exaustos. – ele completou depois de uma breve olhada em volta.

– Quem é esse baixinho? – cutuquei Yannefir

– “ baixinho’’, é? – ela retrucou, ironicamente. Incrível como ela não perdia uma oportunidade de tirar sarro da minha altura.

– O “baixinho” é o senhor Booms. – ela finalmente respondeu. – Ele é o responsável pela frota de navios do povo do céu.

– Nos ... nos vamos pegar um barco para o torre ? – questionei.

– Sim. Algum problema?

– Não. – respondi. – Só achei meio irônico vocês serem uma tribo que vive no céu e usarem barcos para se locomover.

– Irônico mesmo é você te-lô chamado de baixinho. – Ela terminou. Okay, ISSO foi desnecessário.

– Chega de conversa, homens! – o general ordenou. – De pé, todos. Podem descansar depois que decolarmos. Andem!

– ‘’Decolarmos’’!? – retruquei – Como assim ‘’decolarmos’’?

Logo, o senhor Booms nos guiou até uma de suas embarcações. Esta era feita de madeira, como as outras. Pintada de azul safaria com algumas nuvens desenhadas. Na parte direita do casco estava escrito “TORNADO II’’. Obviamente era o nome do navio.

– Todos a bordo! – disse o senhor Booms.


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