Take Back the Night escrita por Camyarsie


Capítulo 8
As coisas começam a complicar


Notas iniciais do capítulo

"Só que somente nessa hora que a verdadeira brincadeira começou."



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– Vulto? – Jean perguntou, franzindo a testa.

– Sim. E quando eu me virei, não havia nada atrás de mim. Porém depois de nem meio minuto, surgiram do nada três zumbis. Simplesmente do além.

– Mas... – Jean falou – Eles não podem ter surgido do nada! Vá que estavam... No lago... Sei lá... Tem que ter uma explicação lógica!

– Definitivamente estavam bem secos – Rick concluiu, olhando para os pés. Lembrava-se de suas peles esverdeadas e nojentas que fediam a mofo.

Estavam sentados em um apoio de uma das plantações. Rick explicava o que tinha acontecido mais cedo nos campos. Assim como ele, Jean ficou um pouco preocupado de onde aqueles zumbis haviam surgido.

Jean continuou com a testa franzida enquanto refletia. Assim como Rick, tentava encaixar as peças.

– É... Não posso negar que é uma ocasião estranha. – Jean enfim confessou, suspirando.

– Será que se eu falasse sobre o vulto com o Mestre... Ele acreditaria? – Rick perguntou.

– Olha... Eu não tenho a mínima ideia. Mas acho que não custa tentar. – Jean respondeu, com um sorriso de encorajamento.

Quem não arrisca não petisca. Um ditado que Marcus IV falara há muito tempo.

O sol, que aparecera depois da tempestade, começava a se pôr. Teria que ir para casa mesmo. Aproveitaria e perguntaria logo sobre essa questão para o Mestre.

– Ótima ideia. – Rick levantou-se, com um meio sorriso no rosto. – Bom, nos falamos... – foi deixando a frase morrer, encarando um ponto fixo. No meio segundo que vira novamente o vulto, dessa vez conseguiu detectar dois olhos brancos.

Era uma pessoa.

Mas o vulto não desaparecera, ele se escondeu atrás de uma das casas. O que quer que fosse ainda estava ali.

– Ei, você! – segurando firmemente o cabo de vassoura, saiu correndo na direção da visão.

– Rick! Espera! – Jean gritou, seguindo seu amigo.

* * *

Era um restaurante grande, mas nada de extraordinário. Várias molduras de chefs antigos estavam penduradas nas paredes de pedra. O ar cheirava a sopa de legumes.

Um homem com roupas casuais e largas raspava cada molécula de sopa do prato.

– Muito obrigado. A comida estava deliciosa. – Marcus IV agradeceu, sorrindo calorosamente para a cozinheira em frente ao balcão.

– Fico feliz que tenha gostado. Amanhã teremos carne de porco!

– Ah! Minha refeição predileta! Como adivinhou?

– Uma vez o senhor nos comentou isso...

Verdade... Faz tanto tempo que não como porco... Desde... Aquela época.

– Pois bem... Vejo que tem muitos clientes. Vou deixá-la trabalhar em paz. Mais uma vez, obrigado.

– Volte sempre!

Marcus ouviu o sininho da porta sendo aberta e fechada. Assim que saiu do estabelecimento, respirou fundo. Não conseguia evitar ficar triste quando pensava na sua época de reinado. Fora muito bom, contudo... Era acompanhada de lembranças que lhe causavam dor e sofrimento.

Enquanto o homem andava, olhava para as construções de um pequeno reino que encontrara por acaso enquanto fugia de diversos monstros. Agora, ali era o seu lar. Como em todo lugar no mundo, já era preparado para enfrentar monstros em qualquer hora. A cidade fora rodeada por muros fortemente guardados com canhões e guardas. Seria difícil um monstro entrar ali sem ser morto no primeiro segundo que fizesse a investida.

Um garotinho sorridente passou correndo entre a multidão de gente nas ruas cheias de carroças de vendas. Outra imagem passou pela mente de Marcus: um menininho louro e feliz correndo para os seus braços.

– Meu pequeno Rick... – o pai murmurou, olhando para o céu. – Por que teve que desaparecer de minha vida?

Não pôde controlar sua lágrima escorrendo pelo rosto.

* * *

Rick perseguia o vulto fazendo um ziguezague pelas casas. Ganhara uma boa vantagem em comparação a Jean.

Sua teoria estava certa – aquilo certamente era uma pessoa, pois de vez em quando conseguia ver parte das vestes completamente negras que o indivíduo usava voando ao vento.

E o pior de tudo: lembrava-se dele. Esse era o homem que assombrava seus sonhos. O vilão que sempre o encarava atrás de exércitos de monstros.

– ESPERA! O QUE QUER DE MIM? – Rick gritava. – PARE DE ME PERSEGUIR!

Pensando bem sou eu que estou o seguindo agora... Ah, dane-se! Foi ele que provocou!

Finalmente sairia da parte das residências e descobriria quem era ele... Virou a última casa e... O homem desaparecera.

– MALDITO! ONDE VOCÊ ESTÁ? APAREÇA COVARDE! – Jean conseguia ouvir a gritaria de Rick e assim o localizava. O alcançava rapidamente, enquanto o amigo procurava o seu alvo em cada canto possível com seus olhos.

Ali somente se encontrava areia. E areia. E mais areia. E o lago que se banhava. Não tinha algum lugar para alguém se esconder. A não ser que se tacasse no fundo do lago.

Jean chegou derrapando ao seu lado, ofegante.

– O que foi isso? – ele perguntou incrédulo. – Sabe como é difícil te perseguir?

– Ninguém te obrigou a me seguir. – Rick comentou, virando-se pra ele.

– Você saiu correndo gritando que nem um louco! Acha mesmo que eu iria ficar parado lá?

– Sei lá. Pelo jeito n... AHÁ! – Rick gritou nessa última parte, sobressaltando Jean. Lá estava o homem à vista novamente, atrás do lago.

– RESOLVEU APARECER?! ÓTIMO! AGORA ME RESPONDA: O QUE QUER DE MIM? – Rick já corria na sua direção.

Jean seguiu o olhar, também disparando. A pessoa que via era irreconhecível por conta da veste negra que cobria completamente seu rosto.

Porém uma coisa tinha certeza: ele era sinistro – o moço aparecera do nada. Contudo, aos poucos, Jean foi percebendo uma coisa: Rick era levado para cada vez mais longe da aldeia.

O homem não estava fugindo; mas sim atraindo sua presa.

­– Ah, cara...! RICK! PARE! – chegavam perto do lago; logo seria difícil chamar ajuda caso precisassem.

Incrivelmente, Rick parou. Mas não foi porque o amigo pediu. O homem o encarava – e no lugar dos olhos só podiam-se ver dois glóbulos brancos mais brilhantes do que o normal. E a chegada da noite só piorava a situação. Jean parou ao lado de Rick, perplexo.

Só que somente nessa hora que a verdadeira brincadeira começou.

Um trovão foi ouvido em um céu sem nuvens; zumbis surgiram de dentro do lago, gemendo altamente; inúmeros outros simplesmente apareceram na frente de seu comandante – em filas que rapidamente se desordenaram por conta da correria de alcançar os seus alvos. Que eram Rick e Jean.

– Puta... Merda! – Rick exclamou, congelado.

Jean recuou um passo, temeroso e com os olhos arregalados; apertando o seu cabo de vassoura em sua mão.

Os pesadelos transformando-se em realidade... Foi esse pensamento que tirou Rick de seu estupor; pois o que sempre fazia em seus sonhos era somente uma coisa:

– JEAN, CORRE! – gritou, agarrando o braço do amigo e o puxando consigo.


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Notas finais do capítulo

Heeey!! Desta vez coloquei mais cedo!! Até os comentários :3



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