Take Back the Night escrita por Camyarsie


Capítulo 25
Percurso


Notas iniciais do capítulo

"E para a sua salvação, sentiu uma movimentação ao seu lado esquerdo – de algo muito grande."



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Pelo que Rick vira naquele pergaminho, sabia que seria um percurso longo e cansativo.

E coloca cansativo nisso! – ele pensou, guiando Scar com a corda pelo meio do pântano.

Já haviam percorrido diversos tipos de lugares diferentes: por campos floridos, florestas e pelas montanhas casadas com a neve. Obviamente, o cavalo estava cansado de carrega-lo; então Rick desmontou e resolveu seguir andando um pouco.

Fora tão estupidamente burro que não se preocupou em pegar suplementos. Sendo assim, enquanto deixava Scar descansar, procurava por alguma comida andando pelas espreitas; ou uma macieira.

Porém essa tarefa não era simples; o pântano era um local sombrio. Além de estar de noite, o nevoeiro tomava conta das árvores, não permitindo o adolescente enxergar longe.

Como se não bastasse a fome, o cansaço e a situação, Rick estava com um mal pressentimento. Na última vez que teve essa sensação, três zumbis o atacaram pelas costas.

Viu o primeiro zumbi surgindo atrás de uma das árvores; gemendo e estendendo os braços na frente, como se pudesse alcançar sua presa naquela distância. Rick pensou em deixa-lo ali e continuar o caminho com um pouco mais de pressa; até que ouviu mais gemidos logo atrás de si. Na sua diagonal direita, uma aranha vinha seguida com mais zumbis.

Cercaram-no. Contudo esse não era um problema. Já enfrentara quantidades triplamente maiores de oponentes. Apanhou sua nova espada de diamante na bainha e preparou-se para os ataques.

Scar relinchou tempestuosamente e empinou-se, usando seus cascos como arma. Quando os monstros aproximaram-se, o adolescente defendeu-se como qualquer outra vez; cortando cabeças e apunhalando corações.

Porém, todo movimento que fazia lembrava-o de diversas batalhas contra o Mestre Eddard; que foi como aprendeu tudo o que sabia.

Após matar o último zumbi, seguiu o caminho até uma árvore com o tronco relativamente maior e mais grosso do que a maioria. Deixou Scar pastar a grama ao redor e permitiu-se encostar-se à madeira e deslizar para o chão.

Pela primeira vez nesses três dias viajando, a raiva abandonou os seus ossos para dar um pouco de espaço para a tristeza. Encarou as pulseiras nos seus pulsos.

– Por que tudo de bom tem que ser tirado de mim? – murmurou, tentando conter as lágrimas, mesmo que não houvesse ninguém para assisti-las caindo.

* * *

Uma semana passou-se. Seus pés já criavam bolhas de tanto andar e suas costas ardiam ao cavalgar. A cada dia que se passava, colocava na sua cabeça: certamente já devemos estar chegando. Então, olhava o mapa e desanimava; vendo quantos quilômetros ainda teria que percorrer.

Porém, após meio dia de caminhada, Rick viu que faltava relativamente pouco para alcançar seu destino – literalmente falando.

Embora não esperasse oponentes mais fortes que porcos zumbis de três metros no meio do caminho.

Assim que o tempo fechou significantemente já achou suspeito. O ambiente começou a gostar do tom acinzentado; não havia mais árvores e todo o solo era cinza. Scar, que seguia calmamente, de repente ficou bem agitado e recusou a acalmar-se. O garoto foi obrigado a desmontar e continuar hesitantemente; ao redor encontravam-se ravinas com quedas sem visão ao fundo.

Depois de algum tempo, Rick percebeu que o céu não ficara com nuvens carregadas; aquilo era fumaça pura. O adolescente colocou a mão na frente da boca ao tentar evitar a tosse. No fundo das ravinas, que não conseguia enxergar antes, via e sentia o calor dos rios de lava. Não era um bom sinal.

Teve uma parte que o caminho foi bloqueado pelo rio efervescente. Analisou o local, preocupado de não ser capaz de passar e surpreendemente achou uma ponte negra; aos pedaços, contudo ainda dava para atravessar.

Não gostando nada da situação, alcançou a ponte com todos os seus sentidos aguçados. Ao decorrer dos cantos, elevavam-se várias minitorres de obsidiana, umas perto e outras longe.

Rick chegou à conclusão de que aquilo não era uma ponte; e sim parte do solo que ainda não havia desabado na lava. Logicamente, essa suposição não o tranquilizou.

Assim que virou a primeira curva do trajeto, Scar relinchou fortemente. Se antes andava agitado, agora se descontrolava completamente. Fincou os cascos no solo rochoso e puxava a corda que o garoto segurava; como se estivesse implorando para que voltasse.

Rick não viu opção; soltou a corda e foi checar melhor o local. Certamente, tudo que havia ali era desconfortável, porém não via nenhum perigo maior. Com o objetivo de ver melhor à distância, subiu alguns entulhos e bolava um plano de como descer com o cavalo...

... E para a sua salvação, sentiu uma movimentação ao seu lado esquerdo – de algo muito grande.

Saltou para trás bem a tempo. Uma rocha quatro vezes do seu tamanho caiu bem onde estava; não o levando junto para a queda dos entulhos por pouco.

Após pular e olhar na direção de onde, o que achava ser uma rocha, veio, e Rick quase morreu infartado por conta do susto.

Ele não acreditaria se lhe dissessem que existiriam pedras que se mexiam; mas ali na sua frente estava a prova viva. Uma criatura, feita de pedregulhos e obsidiana, levantava-se com os seus quinze metros de altura. Os olhos, boca e provavelmente todo o seu interior era recheado de lava, dando uma luminosidade sinistra no meio da penumbra da fumaça. O mais novo e bizarro inimigo de Rick tentara atingi-lo com o punho negro.

– Que... Merda... É essa? – Rick exclamou, tirando a espada de diamante da bainha.

– AH! – pulou para trás desviando-se de outro soco. As pedras empilhadas ao seu lado foram arremessadas para o precipício.

Como posso derrotar essa... Coisa? – perguntou-se, com os olhos arregalados.

A rocha ambulante rugiu, soltando uma espessa nuvem de fumaça por conta do conteúdo de seu interior. Rick clareou sua mente ao ver o líquido alaranjado.

E se... A lava for sua força vital? Tudo o que tenho que fazer é tira-la de dentro das rochas...

O oponente poderia ter tamanho, contudo não tinha boas habilidades de combate. Só atacava com os punhos ao tentar esmagar o humano. Rick usou a tática ao seu favor. Assim que o gigante tentou acertá-lo novamente, pulou na mão e escalou o braço enorme, visando os olhos incandescentes.

Escalando o ombro, atirou-se ao rosto inexpressivo e imediatamente quebrou as rochas no olho esquerdo; saindo rapidamente para o outro lado e procurando descer pelo braço direito.

Ao pisar no chão, virou-se para ver se o seu plano deu certo. Animou-se ao encarar a lava escorrendo para o exterior das rochas, fazendo o gigante se espernear e tentar prender o fluxo com as mãos. Logo, tudo saiu e as pedras juntas desabaram separadamente no rio.

Rick soltou um sorriso desafiador. Estava muito satisfeito consigo mesmo; derrotara sozinho aquele monstro em pouquíssimo tempo.

– Obrigado, otário. Você melhorou meu humor.

* * *

Demorou, porém finalmente via um castelo à distância. Depois de sair do calor infernal da lava e abandonar o campo detonado, atravessara florestas e, logo após, campos abertos.

Percebeu que o lago à sua frente era raso, então tratou de fazer Scar ir mais rápido e chegar o quanto antes possível na enorme construção que visava.

Aquele castelo humilhava o que tivera em Altos Terrenos; a princípio, estavam à vista duas torres de dez metros. Contudo, ao aproximar-se, dava-se para enxergar através da espessa fumaça vinda do lago de lava ao redor um enorme edifício de trinta metros com inúmeros detalhes – varandas, janelas, escadas e entre outros.

Acima de tudo, conseguia perceber uma espécie de base de comando na torre circular. Onde provavelmente Herobrine o esperava.

Estou aqui. Esteja preparado, porque não vou ter nenhum tipo de piedade.

As chances? Rick não dava a mínima para o fato da força de seu inimigo ser muito superior à sua. Ele pouco se importava com o final da profecia.

Contudo, estava farto de perder quem amava – precisava dar um basta nesse sofrimento que conhecia desde pequeno.


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Notas finais do capítulo

Aí está então um dos capítulos da parte mais esperada da história. Peço desculpa pela demora; tive uns imprevistos e... Queria dar o meu máximo para deixar essa parte perfeita. Afinal, esse é o antepenúltimo ou penúltimo capítulo... Sendo assim tenho que caprichar.



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