Amores Imperfeitos escrita por Carolina Potter


Capítulo 3
Colapso


Notas iniciais do capítulo

SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!SEXO!

Ai, chamei a atenção!
Gente, pra quem vai ler esse e ve que é igual, é pq eu confundi os capitulos, leia o anterior agora, por favor, bjss



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NOTAS INICIAIS!

Colapso

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Eu rapidamente cai em uma rotina agradável, feliz, muito mais do que um dia eu pedi, eu saia com Cam o tempo todo, no inicio as pessoas olhavam ainda mais estranho, ninguém nunca o viu sair com alguma garota, almoçar com ela, ir para as aulas com ela, ir nas festas (só por chantagem) com ela, ser amigo de alguém que não fosse do mesmo sexo dele, mas eu não liguei e muito menos ele, por causa de Cam eu comecei a chamar a atenção das pessoas por onde passava, as pessoas me cumprimentavam, elas eram educadas e pareciam... gostar de mim, os amigos dele eram ótimos, ele dividia um apartamento com outros três caras, Logan, Jake e Kyle, mas eles tinham um quarto extra em que eu e Crissy ficávamos depois de uma festa, como hoje à noite, sexta-feira, como o apartamento ficava no centro nós trouxemos as nossas coisas para nos arrumar aqui, nós estávamos colocando os vestidos no quarto, o da Crissy era preto e colado no corpo mostrando todas as curvas incríveis dela, ela usava saltos de dez centímetros com tachinhas e o cabelo todo encaracolado com babyliss, ela fez uma maquiagem clara para fazer contraste e varias pulseiras finas que tilintavam juntas e varias outras jóias da sua caixinha,eu usava um vestido azul escuro tomara que caia, as caia era fluida e terminava na metade da coxa, eu usava saltos com brilhantes da Crissy ela também fez uma maquiagem mais pesada em mim, bastante sombra e rimel, o que destacou meus olhos dourados claros, a minha boca estava cheia e pintada de um vermelho cereja e eu tinha que admitir que estava muito bonita, nesse ultimo mês em que eu sai com Crissy e os rapazes eu tenho saído muito mais e os caras reparavam em mim, tanto que os caras começaram a apostar quantos caras chegavam perto de mim e de Crissy, Cameron não tinha gostado muito dessa idéia, eu também, mas deixei quieto, quando um cara se aproximava eu dava um fora nele da maneira mais educada possível e se eu não conseguisse Kyle dava um jeito neles por mim.

Kyle era quase como um urso Pooh gigante e forte e com abdômen definido, ele tinha os braços tatuados e eles eram muito fortes, mas ele era a pessoa mais gentil que eu já conheci, nós tínhamos uma relação quase de irmãos, ele e Cameron eram sempre muito protetores comigo, Kyle diz que é porque eu sou muito pequena, quero dizer, minha altura é super normal, ter um e sessenta e três é perfeitamente normal, não é minha culpa que eles tomavam malditos hormônios do crescimento quando eram crianças.

Minha relação com os rapazes também era quase fraternal, mas não tão perto, nós éramos mais como grandes amigos, e Mike ia nos encontrar no clube hoje, mesmo com 19 os garotos conseguiam botar eu e Crissy para dentro.

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Eu e Cameron éramos quase inseparáveis depois daquela noite, antes de dormir eu sempre falo pelo telefone com ele ou eu dormia no apartamento dele, o que acontecia cada vez mais frequentemente, tanto que hoje eu me assustei com a quantidade de roupas que eu tinha ali, todas misturadas com as de Crissy, mas a nossa relação não era somente de amigos e com certeza não era de irmãos, tinha alguma coisa sempre que estávamos juntos, quase como estática, eu nunca me sentira assim, nem quando eu pensei que estivesse apaixonada... eu apaguei esses pensamentos rapidamente da minha mente, sempre que eu sentia que as coisas podiam chegar a ser algo mais, quando as coisa poderiam atravessar uma linha invisível, entre a amizade e o “Nunca há Volta” eu me afastava.

Mas eu não ia arriscar, eu não vejo ele com nenhuma garota a semanas e quando eu pergunto sobre isso ele diz que quer relaxar com os amigos, deixar as garotas de lado.

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– Ah, mas eu sou uma garota se você não notou – eu disse quando nós estávamos comendo uns hambúrgueres, ele riu e pôs o braço sobre os meus ombros, ele sempre parecia estar me tocando, a Mao na minha, o braço na minha cintura ou sobre meus ombros, mas era quase natural, eu gostava, acho que estive com falta de contato humano por muito tempo.

– Você é diferente, Anjo, você é especial. – ele disse no meu ouvido, eu sorri e corei, mas eu sabia que ele não gostava de mim, ele tinha centenas de garotas a seus pés, eu via isso quando eu passava pelo campus e recebia milhares de olhares mortais das garotas, elas não pareciam se divertir em estar na seca de Cameron e que ele passasse seu tempo comigo e com seus amigos, eu tentava não me sentir muito presunçosa, mas era difícil não sorrir para aquelas garotas que tentavam se atirar nele, elas eram surpreendentemente óbvias.

Eu voltei ao presente quando Crissy me chamou.

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– Você está pronta? – eu assenti, ela pegou meu braço e nos levou para fora, meu modelito era um pouco mais ousado que os anteriores, geralmente eu usava um pretinho básico até os joelhos ou um braço soltinho, mas eu vi esse em uma loja e comprei em um impulso, eu conseguia um bom dinheiro apostando nas corridas de Cameron e dos rapazes, até eu corri, chocando os outros de que eu era capaz de correr em uma moto e ganhar de vários caras, mas dinheiro não era nenhum problema, mesmo que eu tenha vivido do dinheiro que eu economizei nos últimos três anos trabalhando no posto de gasolina, eu nem tinha tocado no dinheiro que meus pais deixaram para mim, eu não podia mexe nas contas eu tentar ir para o tumulo dos meus pais, eu nem fui ao enterro, porque Derek ia me encontrar se eu o fizesse.

Eu vou te achar em qualquer lugar, Docinho, você é minha e eu não vou te deixar escapar...

Eu estremeci, mas esqueci qualquer pensamento e deixei as memórias de lado quando eu e Crissy chegamos à sala, o rosto chocado dos quatro caras mais lindo que eu já tinha visto era engraçado, eles olhavam entre mim e Crissy que segurávamos o riso.

– Então o que vocês acham? – eu e ela demos um giro quando eu perguntei, um monte de Uh e Eh foram proferidos.

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Eu olhava principalmente para Cam, bem eu só olhava para ele, com uma camisa preta enrolada até os cotovelos, as tatuagens só aparecendo pelas mangas e um jeans escuro com botas de combate ele estava simplesmente...

– Wow – ele roubou as palavras da minha boca quando suspirou. – Você está... quero dizer, as suas pernas... e os seus olhos... você esta... e esse vestido... Uau, você vai ser a coisa mais quente dessa boate.

Eu ri alto e corei, deixar um cara como ele sem palavras era um feito e tanto.

– Se você tem um corpo desses porque usava roupas de freira antes? – Logan perguntou e eu ignorei, porque, bem, era Logan, ele não filtrava o que dizia, para ele, metades de um vestido, era uma roupa normal em uma garota.

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– Todos os caras vão cair matando em cima de vocês duas hoje - Jake disse, Jake era de longe o mais nerd de todos, mas ele tinha aquele jeito nerd que as garotas amavam, cada um deles pareciam atrair um tipo de garota diferente, Kyle atraia as certinhas que adoravam músculos e tatuagens e as esportistas, Logan atraia a prostitutas de uma noite só, muita maquiagem e pouco cérebro, Jake atraia as inteligentes gatas, ele era louco pelas garotas com óculos, e Cam, bem ele era o tipo que atraia a todas as garotas a se apaixonarem por ele, ele era tipo uma mistura maluca em um cara, era quase uma droga para as garotas, tomavam um pouquinho dele e ficavam viciadas, não que eu fosse desse tipo, eu era inteligente demais para isso, e ah, claro eu sabia mentir muito bem para mim mesma.

– Não aceitem bebida de ninguém a não ser de nós e não deixem elas fora das suas vistas – Crissy revirou os olhos para mim quando Cam disse isso, como eu ainda estava me reacostumando a ser rebelde eu ri um pouco, mas me calei quando ele me lançou um olhar mortal. – Não é a porra de uma brincadeira Anjo!

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Ele irrompeu porta a fora e eu olhei confusa e magoada, foi a primeira vez que ele gritou ou ficou chateado comigo, os garotos desviaram os olhos, pareciam esconder alguma coisa.

– O que eu fiz de errado? – eu senti meus olhos arderem, eu não gostei dessa reação, não importa que Cam ficasse bravo comigo, eu não ia deixar isso estragar a noite, tentei esconder isso, mas devo ter feito um péssimo trabalho, porque Kyle veio e me abraçou.

– Você não fez nada de errado, Anjo – o apelido que Cam me deu parecia ter pegado para todo mundo menos para Crissy, eu sempre sou Lily para ela. – É só que ele tem umas coisas acontecendo na cabeça dele agora.

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Mas nós só estivemos separados por algumas horas e ele estava ótimo hoje mais cedo, eu não entendo – eu abracei Kyle, era como ter seu próprio bicho de pelúcia, ele franziu o cenho por um segundo antes de me jogar por cima dos seus ombros e começar a fazer cosquinhas em mim, eu comecei a rir demais, quase histérica, os outros se juntaram quando Crissy tentou me ajudar e isso virou uma guerra de cócegas, nós paramos quando vimos Cam na porta olhando com raiva para nós, principalmente para mim e para Kyle, ele saiu sem dizer nada e nós escutamos o barulho da sua moto, eu fiz uma careta, nós planejávamos nos dividir nos carros e Kyle e Jake, a sala ficou em um silêncio desconfortável, eu fiquei com raiva de Cam, ele não era ninguém para deixar o humor de todo mundo, eu bufei.

– Bem, se ele é um idiota ninguém tem culpa mesmo, deve ser as moscas que ele engole quando corre de moto – todos bufaram uma gargalhada e o clima ficou mais leve, mas eu ainda me sentia magoada com Cam, eu toquei o colar que era da minha mãe, a única coisa que eu tinha dela, era uma corrente dourada com uma pequena gaiola, ela disse que usava para se lembrar a si mesma que ela não podia ser livre, eu nunca entendi essas palavras até que eu tive que fugir, me esconder e desaparecer.

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Quando nós entramos “21Abaixo d’Zero” encontramos rapidamente Cameron, ele estava rodeado de garotas e estava beijando uma ruiva como se a sua vida dependesse disso, parecia que o tempo que ele estava dando chegou ao fim, todos, menos eu, pareciam chocados, mas era por isso que eu sempre me afastava quando as coisas pareciam demais, as pessoas te desapontavam, principalmente pessoas como ele, elas não eram confiáveis, você entregava seu coração e eles o quebravam, por sorte eu não entreguei o meu, e mesmo sabendo que era burrice, porque nós não tínhamos nada juntos eu ainda me senti mal, com um aperto no peito que me roubou a respiração por um segundo, ele se virou para nós e sorriu o seu sorriso arrogante que ele me deu no dia que nos conhecemos, ele estava acenando para que nos aproximássemos.

– Deve ser algum engano Lily...

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– Não tem nenhum engano Crissy – eu a cortei com um tom frio, eu me virei e sorri para ele, não o meu sorriso normal, mas um que eu fiquei muito boa em praticar meses atrás, o mais falso possivel que mostravam todos os dentes, por um momento ele parecia confuso, mas ele voltou a sua mascara arrogante. – Ele esta com as suas garotas, não é isso o esperado? Ele pode fazer o que quiser, eu não me importo.

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Eu fui indo para o bar sem nem mesmo dar um olhar para ele, Crissy tentou me parar, mas eu dei um olhar a ela que mostrava o quanto eu precisava ficar sozinhas, ela era a única para quem eu já tinha admitido ter alguma coisa para Cam, mas seja o que for, morreu no segundo em que eu entrei pela porta e eu o vi se agarrando com aquela ruiva, a dor no meu peito quase rasgava, era como ter como se Cam tivesse coberto as minhas feridas com curativos e agora ele os arrancasse sem piedade, eu me perguntei quando sentir algo por ele passou a ser á amá-lo. No bar eu pedi uma cerveja e me sentei em um banquinho, eu podia sentir o seu olhar em mim, eu sempre podia, quando ele entrava em uma sala eu sempre sabia, porque seus olhos sempre me encontravam, aqueles olhos castanhos calorosos que me recebiam com um sorriso carinhoso, agora eu tentava esquecer aquele sorriso me afogando nas bebidas.

Depois da minha terceira cerveja eu olhei ao redor quando eu não senti mais o peso do seu olhar e o encontrei enroscado com duas garotas fazendo... ugh, acho que vou vomitar só de tentar descrever, melhor calo a boca, mas eu não devia estar nem um pouco surpresa, o cara com que eu me abri, que conhecia mais de mim do que quase todo mundo na terra se mostrou por ser o que eu pensava do inicio, um babaca galinha, eu encontrei Crissy na mesa com os caras parecendo estar de mal humor, eu achei estranho, geralmente, assim que chegávamos os caras estavam atrás de garotas e Crissy na pista de dança.

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– Oi, posso te pagar uma bebida? – um cara perguntou ao meu lado, distraída com meus pensamentos eu não notei ele se aproximar de mim, mas ele estava próximo o bastante para passar do meu espaço pessoal, mas pelas cervejas eu não me importava, dane-se! Eu disse a mim mesma, ele tinha o cabelo loiro areia na altura dos ombros e olhos azuis claros lindos, um pouco de barba e tinha um corpo atlético, não cheio de músculos, mas forte e um sorriso sexy.

– Talvez, o que você tem em mente? – eu coloquei o meu sorriso mais sedutor, que pela bebida deve ter saído mais uma careta, mas ele entrou no jogo e riu, se debruçou pelo balcão cheio e chamou o garçom.

– Duas doses de Jack? – ele fez parecer uma pergunta olhando para mim, era mais forte do que eu geralmente bebia, mas repetindo dane-se!

– Claro. Eu sou Lilian, a propósito. – ele deu um sorriso torto para mim, tinha algo nele que com certeza valia a pena explorar.

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– Brian. – depois de tomar as bebidas que desceram quente pela garganta eu o puxei para a pista de dança comigo, eu não gostava de dançar com caras, mas Brian era um ótimo dançarino, ele se mexia no ritmo da musica e colava os seus quadris com os meus, eu recebi o olhar de aprovação de Crrissy algumas vezes quando ela chegava perto para dançar, sempre com um cara lindo, eu me virei para Brian, animada, a bebida e a música zumbiam por mim e eu me sentia incrível.

– Você dança muito bem. – ele se aproximou ainda mais e eu pus as mãos em seu peito para me aproximar, ele pôs o rosto perto do meu e sussurrou.

– Devia agradecer a minha mãe, foi ela que me colocou aulas de dança. – eu ri alto.

– Me lembre de agradecer a sua mãe, valeu muito a pena – ele sorriu e depois olhou para a minha boca e eu olhei para a dele, não era tão cheia quanto a de Cameron, não, não vá lá Lilian, não pense nele.

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Eu sabia que ele queria me beijar, e dentro de mim, eu também queria, havia sido um longo tempo desde que eu tinha beijado alguém, só pelo simples prazer de beijar, se divertir e esquecer, festejar, ele se aproximou deixando alguns centímetros entre as nossas bocas, esperando por mim, e foi esse gesto que tirou a indecisão de mim, eu juntei os nossos lábios, foi lento no começo, mas depois ficou cada vez mais selvagem, ele invadiu a minha boa, e ele sabia beijar, mas tão rápido quando foi o nosso contato ele foi puxado de mim, eu quase perdi o equilíbrio de tão rápido como as coisa aconteceram, de repente Brian estava no chão com Cameron em cima dele o socando.

Eu olhei chocada por um segundo até que os gritos e musica penetraram na minha nevoa e eu fui para cima de Cam, tirá-lo de lá.

– Que merda você pensa que está fazendo? – eu gritei para ele, e mesmo com a musica alta ele podia me ouvir, ele saiu de cima de Brian que estava no chão com sangue na boca – Qual o seu problema?

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– O meu problema? Qual o seu? – ele gritou e PR um segundo eu fiquei gelada de medo, eu sentia que estava me perdendo, todo o sangue saindo de mim a mil por hora, eu sai correndo pela multidão e saí pela porta dos fundos que dava para um beco, eu estava suando frio e calafrios me faziam tremer, minha visão estava borrando e eu estava ficando sem ar

Cameron me seguiu para fora, eu tentei me manter firme, ninguém podia me ver assim e por um segundo eu tive medo dele, o pior tipo de medo que alguém pode ter de uma pessoa que você confia trai você.

– Você não vai se afastar, não vai fugir! – ele estava gritando e meus tremores aumentavam e meu medo também.

– O que eu fiz de errado? Eu estava me divertindo, você também não estava com as suas garotas? – eu cuspi a palavra garotas, minha voz cheia de desprezo e eu agradeci a deus que ela não tremesse.

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– Eu não entendo você! Você me confunde e me deixa LOUCO! – ele também tremia, mas eu vi que era de raiva, de repente a minha visão escureceu eu me ajoelhei no chão de concreto e passei os braços ao meu redor, a minha respiração veio entrecortada e o medo me engolia, eu estava em pânico, eu tremia violentamente, ele parou o que estava dizendo – Anjo? Você está bem? É algo na bebida?

– Não se aproxime de mim – ele congelou quando olhou nos meus olhos e viu medo neles, eu não conseguia mascará-lo, eu não queria, eu o queria longe dali, eu estava sem respiração, eu segurei o meu cabelo quando minha visão ficou preta e os gritos começaram.

Eu estava vendo a casa dos meus pais em chamas, eu estava no chão, caída, sem poder me mover, minhas pernas doíam, a única coisa que não doía em mim eram as minhas mãos, aquele... monstro disse que não queria as minhas mãos de piano machucadas, que ele gostava de me escutar tocar.

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Minha cabeça latejava pelos meus gritos, eu ainda podia me escutar implorar á eles que deixassem eles em paz, minha família estava morrendo e eu estava impotente sem poder fazer nada, sem poder mexer, até respirar doía. A casa e os jardins da minha infância estavam desaparecendo á minha frente, eu escutei gritos e um choro de criança, era como estar no inferno, escutá-los pedindo socorro e não fazer nada.

– Pare, por favor, Pare! Deixe-oseles saírem! SOCORRO! SOCORRO! Alguém me AJUDE!

MÃE! PAI! JASON! LUCK! – eu gritava seus nomes, eu gritei por minutos ou horas, não importava, porque nada fez efeito, e então ele estava em cima de mim, me olhando com aqueles olhos doentios dele, essa loucura que ele chamava de amor.

– Eu vou te achar em qualquer lugar, Docinho, você é minha e eu não vou te deixar escapar...

– PARE!!! – eu me levantei e olhei ao redor, era um quarto de hospital, branco e insípido, eu tinha uma enfermeira tentando me acalmar enquanto eu sufocava com um grito e Cameron tentava conter os meus braços.

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– Shh, já passou, já passou, eu estou aqui, estou com você, não está sozinha. – ele continuou dizendo essas palavras e eu me enrosquei nele, eu tinha começado a chorar enquanto estava dormindo, mas agora eu soluçava e gemia, eu dizia seus nomes, dos meus pais e dos meus dois irmãozinhos, tão novos, mas sempre tão brilhantes, e os gritos deles ressoando na minha cabeça, de todos eles, enquanto eu estava lá na terra, jogada e machucada, com costelas quebradas e perda de sangue, eles tinham me machucado o bastante para se certificar que eu não fugisse, eu chorei tudo dentro de mim e em algum momento a enfermeira foi embora, nós ficamos em silencio por horas olhando o sol baixar por uma janela, os dois deitados ali comigo em seus braços.

– O que aconteceu? – eu tinha uma boa idéia, mas ainda precisava de confirmação.

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– Você começou a gritar e então você meio que desmaiou, mas continuou chutando e gritando, vocês pedia que parassem, você chorava e gemia, e implorava e seus gritos... porra, eles partiram o meu coração, então em um momento você ficou totalmente quieta e quando eu digo quieta é que você parou de respirar por um minuto inteiro, então nós te trouxemos para o hospital á dois dias inteiros, eles disseram que você teve um ataque de pânico e se trancou na sua mente, disseram que ia acordar quando estivesse pronta e eles deram uns remédios para você, merda, você me assustou até a morte Anjo, eu pensei, eu pensei que você... – ele parecia quase desesperado quando ele voltou a falar. – Foi algo que eu fiz? Eu vi que você estava com medo, mas me diga que eu vou concertar, me diga o problema que eu vou arrumar para você, se eu fiz algo errado...

– Não, você não fez nada errado, isso só acontece ás vezes. – eu tentei manter o tom despreocupado, mas não funcionou – Você é a única coisa certa na minha vida, você, Crissy e os meninos, eu não acho que poderia perder vocês.

Ele me abraçou se arrumou na cama e me pôs no seu colo, eu acho que eram os analgésicos, porque eu me sentia sem dor e a minha cabeça estava leve.

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– Anjo, eu fui um idiota, quando eu vi você naquele vestido, você era a coisa mais linda que eu já tinha visto, você era perfeita, e me enfureceu o quanto eu te queria ter, mas não podia te ter porque você era boa demais, você é boa demais para mim, então eu te tratei mal, e quando eu voltei e te vi com Kevin, eu... vi vermelho, a única coisa que eu queria era bater no meu melhor amigo por ele estar com a minha menina, então eu fui embora na moto e bebi umas no bar, quando eu estava na festa eu queria te machucar tanto quanto você me machucava, mas você pareceu bem e quando eu vi aquele cara chegando perto de você, eu simplesmente enlouqueci, eu fui pra cima dele e depois você estava com medo de mim e eu não sabia o que fazer, eu tinha medo que você fugisse de mim e então...

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– Não, não, tudo bem, eu não tinha medo de você, eu tinha medo do meu passado, das lembranças, eu tive um pouco de medo da sua reação, mas eu sei que você nunca me machucaria, era só o meu corpo reagindo ao que eu estava acostumada, eu nunca fugiria de você, por que... – eu respirei fundo e disse palavras que eu não disse desde a morte dos meus pais. – Eu te amo, por isso eu nunca fugir...

Ele me virou então eu estava com o rosto na frente dele, quase com nossos narizes se tocando, os olhos dele estavam arregalados e eu me arrependi na hora do que eu disse.

– Você me ama? – ele disse lentamente como se não soubesse pronunciar as palavras.

– Amo – eu disse baixinho, agora que eu disse, não valia à pena mentir.

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– Graças a Deus! – ele disse então me beijou, melhor dizendo, ele me devastou completamente, seus lábios eram quentes e macios contra a minha boca, ele segurava o meu cabelo com uma mão e minha cintura com a outra, eu passei os braços ao redor do seu pescoço, eu estava tão desesperada como ele por esse beijo, todas as minhas emoções reprimidas estalaram e eu as sentia como uma avalanche, me assolando uma depois da outra, quando ele parou por um segundo depois eu sentia meus lábios inchados e eu estava completamente confusa.

– Cam, eu... eu não quero ser um caso de uma noite, eu não agüentaria – eu tentei dizer á ele, mas ainda me sentia confusa pelos remédios e o beijo que eu ainda podia sentir.

– Espera. Você acha que eu quero um caso com você? Eu te quero na minha vida Anjo, eu te amo, eu nunca ficaria só uma noite com você, eu quero acordar todas as noites do seu lado, quero ver você acordar e que o seu sorriso seja a primeira coisa que eu veja de manha, quero tomar café da manha com você, passear com você, te ter na minha vida, porque quando ficamos longe um do outro eu só consigo pensar em quanto tempo falta para estarmos juntos de novo.

Eu estava sem palavras com o seu discurso, como era possível ele me amar? Será que isso não era um sonho?

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– Diz alguma coisa Anjo – ele pediu nervoso, eu não sabia o que falar.

– Você... não pode me amar, não é possível me amar – eu balancei a cabeça para suas palavras, ele me abraçou forte.

– É claro que eu te amo, você é tudo que eu quero. – ele afirmou, eu balancei a cabeça fortemente.

– Não, você não sabe o que você quer, quando você descobrir... você não vai me querer, vai querer estar longe de mim.

– Isso nunca vai acontecer, não importa o que esteja no seu passado, eu sempre vou estar lá para você. Pode me contar, eu quero saber para te ajudar, para estar do seu lado – eu apoiei a cabeça em seu ombro, acho que no fundo sabia que esse dia ia chegar, contar tudo para alguém, e quem melhor do que Cam? Ninguém.

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– Lembra quando eu disse que eu era uma garota rebelde por causa das imposições dos meus pais? – ele assentiu, eu respirei fundo e contei parte do que nunca disse a ele. – Eu tinha uma melhor amiga, quase uma irmã para mim, se nome era Rosalie, eu a chamava Rosie, nós nos conhecemos no primeiro ano da escola, ela era órfã e as roupas velhas, ninguém falava com ela e eu não gostava dela, então eu fui lanchar com ela, sabe? Ela era pequena, menor que eu e era uma graça, tinha cachos de cobre e olhos azuis de boneca, mas era muito maltratada, eu a puxei para as minhas asas, fomos inseparáveis desde então, nós nos amávamos, e enquanto crescíamos nós viramos rebeldes juntas, nós gostávamos de festas e de garotos, paquerar, se divertir, éramos jovens e bonitas na escola, nós zombávamos das lideres de torcida e éramos populares, descoladas, mas ela começou a se envolver com coisas mais pesadas e eu era muito teimosa para admitir que eu não conseguia fazer o mesmo que ela, então mesmo não bêbedo eu ia às festas cada vez mais perigosas, isso nos fazia lendas na escola, ir à festa dos mais velhos e tudo e Rosie adorava atenção já que o lar dela era uma merda, os pais adotivos não se importavam com ela, se ela bebia ou tinha roupas que usar, minha mãe se preocupava com isso, mas meus pais não podiam adotar porque minha mãe tinha saúde debilitada e isso não a permitia ser legalmente responsável por uma menor de idade, era tudo besteira do juiz da cidade, ele estava puto comigo e com Rosie por termos enchido o carro dele com creme de barbear. – eu ri me lembrando disso.

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– Meus pais eram cada vez mais exigentes com meus estudos de piano já que eu poderia ser aceita em Julliard e isso estava me deixando louca. Uma noite eu não saí com Rosie porque o pessoal da festa era mais barra pesada, mas então eu disse “dane-se”, e só para constar, sempre que eu penso isso alguma coisa da errada, então não era de se surpreender que eu conhecesse o maior erro da minha vida essa noite, era? – eu dei uma risada seca sem humor, Cam me apertou mais forte e eu agradeci que ele não interrompesse, eu não achava que eu pudesse continuar se eu parasse. – Ele estava lá quando eu cheguei, ele parecia um rei controlando os seus súditos, todos sabiam quem ele era, Derek, o filho do chefe da cidade. De onde eu vim às pessoas pagavam taxas para os chefes das cidades para ter proteção, eles controlavam tudo, a policia, os hospitais, tudo e se você não pagasse eles não se importavam com o que acontecia com você, você estava fora da linha, pagar era como ter seguranças, se pagasse estava protegido, se não as... gangues, eu acho que é o melhor jeito de dizer, de outras cidades tinham passe livre com você. Todos sabiam que seu pai sumira por um tempo e era ele que estava no comando, eu sabia que ele era encrenca, meus pais sempre disseram para me manter afastada dele e eu nunca o havia visto pessoalmente até aquela noite, Rosie estava ali, com o grupo dele e eu me aproximei nervosa, ele me olhava fixamente, mas não disse nada, ele era muito bonito e todos sabiam as suas reputações com as garotas, ele era do tipo de uma noite só, mas eu me senti atraída para o perigo, mas essa noite ele só me olhava. – eu me lembrava dos olhos azuis penetrantes de Derek.

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– Essa noite eu fui embora sem ter falado com ele, nos dias seguintes ele misteriosamente aparecia em todos os lugares que eu ia, mesmo sendo apenas dois anos mais velho que eu, nós não andávamos no mesmo grupo, eu gostei do jogo e dava uma de difícil. Deus, eu era tão burra e ingênua, todos sabiam o esquema de drogas que eles faziam, mas quando finalmente começamos a sair e eu o enfrentei por isso, ele me disse que isso era coisa do seu pai e que ele estava parando com isso, eu acreditei, porque pensei que o amasse, mas não era amor, eu sei disso agora, porque não chega a ser nenhuma fração do que eu sinto por você, estar com ele significava que eu podia enfrentar meus pais e eles não podiam dizer nada e todos na cidade me tratavam bem, eu era... a única garota que ele tinha namorado de verdade, enquanto eu estava com ele, eu e Rosie nos distanciamos um pouco e não foi bom, mas eu mal notei naquela época.

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– Já fazia quase oito meses que estávamos juntos um mês para a minha formatura, eu acabei sendo aceita em Julliard, quando eu contei para ele que eu ia para lá, ele não gostou, disse que eu tinha que ficar lá com ele, nós brigamos, eu disse que meus pais não tinham gastado 14 anos em aulas de piano para nada, nós dissemos coisas horríveis um para o outro e eu fui embora. Depois eu me arrependi, quer dizer, ele só queria que eu ficasse com ele, estava inseguro, mas nós íamos conversar e passar por aquilo, então eu fui procurá-lo, eu o achei na “casa” era onde o grupo dele se reunia, para beber, jogar e fazer besteiras, tinha uma festa e todo mundo estava bêbado, eu odiava aquele lugar e quase nunca ia lá, mas quando eu fui para o quarto dele e entrei eu fiquei em estado de choque, ele estava deitado na cama e mesmo com o lençol o cobrindo ele estava nu, e Rosie estava ali também, sem roupas e eu me dei conta do quão magra ela estava e ruim ela parecia, ela estava drogada até a raiz dos cabelos, não falava coisa com coisa e as seringas e o pó branco ao lado dela era suficiente explicação, eu acho que devo ter gritado, porque ele acordou de repente e quando me viu ali eu saí correndo, eu o escutei me chamando, mas mesmo assim fui embora. – eu me lembrava da cena com horror e lagrimas me vieram aos olhos, eu abracei Cam mais forte, não tinha certeza que eu pudesse falar.

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– Eu estou aqui – e só essas palavras me deram forças para continuar.

– No dia seguinte quando ele veio me procurar em casa eu terminei tudo com ele, o acusei de estar me traindo com a minha melhor amiga e o que mais doía era ele ter dado drogas á ela e como eu fui tão cega para perceber, foi ai quando eu me dei conta de que não o amava, ele disse que não ia desistir de mim, eu disse que não havia nada para o que lutar, que eu estava indo embora no mês que vêm para Nova York, ele se enfureceu e foi embora, depois disso na próxima semana em todos os lugares que ia ele estava lá, mas nunca se aproximava, eu achei que ele desistiu de mim e seguiu em frente, eu achei bom, Rosie também não falava comigo, não respondia meus e-mails e não atendia os meus telefonemas, eu pensei que ela precisasse de espaço e sinceramente eu também, então não exige nada, um dia quando eu estava voltando da aula de piano eu vi a minha casa em chamas um quilometro antes de chegar lá, nós morávamos mais perto das arvores e uns dois quilômetros longe da casa mais próxima, eu fui correndo até lá e eu podia ouvir os gritos da minha família, se eu tivesse pensado direito eu teria ligado para os bombeiros antes mesmo de chegar lá, mas eu estava desesperada. Quando eu cheguei á uns cem metros da casa algo me jogou no chão e ele estava lá com mais três caras, ele disse... ele disse que agora meus pais não seriam mais uma intromissão entre nós e que eu precisava aprender uma lição para não escapar dele.

Eu podia ver ele apertar os dentes, tanto que o músculo sobressaiu no seu maxilar, eu estremeci com a lembrança.

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– Eles me bateram até eu não poder mais me levantar e eu podia ouvir os gritos da minha família quando eu desmaiei. – as lagrimas banharam meu rosto agora, eu estava completamente exposta para ele agora, ele sabia mais sobre mim que qualquer outra pessoa, eu continuei indo para o pior. – Eu acordei no hospital três dias depois, eu tinha vários machucados e estava por um momento eu cheguei a ter um sério risco de vida, ele veio me visitar, só ficou lá me olhando, mas eu sabia sobre o aviso em seus olhos, assim que eu saísse dali, ele ia me pegar e eu estaria acabada. Assistentes sociais vieram falar comigo, policiais e mesmo com todo mundo sabendo a verdade, ninguém fez nada, ninguém podia fazer nada, e isso era o pior, no quinto dia lá, quando eu conseguia ficar de pé, uma moça veio, era a mesma assistente social que tinha vindo antes, mas antes que eu pudesse falar algo ela me deu um cartão e um bilhete e foi embora, só estava escrito “Fuja”, e foi isso que eu fiz, eu sabia que ali eu não ia conseguir fazer nada, então eu saí do hospital no meio da noite e com duas costelas quebradas e vários machucados eu peguei o primeiro ônibus que eu consegui, ele foi para San Diego, eu consegui um motel barato para passar a noite, eu finalmente liguei para o numero que ela me deu e eu liguei, era de uma empresa de segurança privada, eles também eram uma agencia privada que ajudavam mulheres e crianças que sofriam abusos, eles davam um nova... vida para elas, eles me ajudaram, eram dois caras Ex-Rangers que cuidavam da empresa, eles conseguiram todo o tipo de documento que eu fosse precisar e conseguiram a

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vaga na faculdade para mim, quando tudo estava pronto eu mandei uma mensagem anônima para o FBI para a cidade onde Derek e o cartel de drogas do pai dele estava, e fui embora, dias depois eu vi na TV quando ele foi preso assim por 30 á 50 anos, por venda de Drogas, prostituição e assassinatos, pelo visto, encontraram o corpo do pai dele em uma vala com vários outros corpos, quando ele foi preso era como respirar aliviada, mas eu sabia que tinha que manter meu perfil baixo, e estava tudo certo, eu estava levando a minha vida tranqüila, tudo era branco e preto, meu futuro estava completamente feito á minha frente, terminar á faculdade e talvez em um futuro encontrar alguém para ter comigo, mas eu não tinha esperanças, até que você chegou e abalou o meu mundo, tudo foi de cabeça para baixo e o preto e branco virou uma confusão de cores, eu não estava mais me escondendo, eu estava rindo alto, me divertindo, vivendo de novo, e eu só posso te agradecer por isso, á você, á Crissy e aos rapazes, esses meses que foram os mais felizes que eu já estive em tempos ou sempre, eu acho, não teriam

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acontecido, então... Eu te amo.

Ele me abraçou tão apertado que eu achei que não fosse ser capaz de respirar.

– Merda, diz isso de novo, por favor – ele parecia aliviado e tremia um pouco.

– Eu te amo – eu disse isso como se fosse o fato mais simples do mundo.

– Eu também te amo, Anjo, mais que o sol e o caminho de volta, mais que as estrelas, eu me apaixonei por você no momento que vi seu sorriso, eu cai muito baixo e a cada dia tenho caído ainda mais por você, tanto que me assustou no inicio, o bastante para negar, mas porra, eu não quero desperdiçar nenhum momento com você! – ele disse isso antes de beijar o mundo fora de mim.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada, bjss



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