Amores Imperfeitos escrita por Carolina Potter


Capítulo 2
Amigos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, espero reviws, bjss



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Amigos

Eu escutei um gemido quando meu despertador tocou.

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– Desliga isso, Lily. – Crissy disse da sua cama, ela tinha o habito de esperar até o seu ultimo minuto para acordar e ela conseguia se aprontar em dez minutos, roupa, maquiagem e o seu café ela comprava na cafeteria do campus, mas eu era que nem um zumbi de manha e tinha que ter pelo menos trinta minutos para acordar e estar em funcionamento para a aula, tudo pelos pesadelos que me mantinham acordada de noite, mas não tem problema, porque eu já me acostumei com isso e a reprimir o grito de terror pra não assustar os outros, eu virei uma especialista em ficar meio consciente no sono, eu me espreguicei toda e me levantei. A minha primeira aula era de biologia e professor ficava uma fera, parecia que ele incorporava um gorila e alterava o seu DNA, era bem possível quando você via a quantidade absurda de pelos que ele tinha.

Quando eu estava pronta e tinha tomado um café forte e ele estava começando a funcionar, Crissy começou a acordar, eu peguei o meu Ipod e me despedi dela e fui saindo.

– Tem encontro no almoço- eu gritei por cima do meu ombro na porta, já tinha algumas garotas no corredor do dormitório quando eu saí, eu dei um sorriso educado quando parecia que todos estavam me olhando, como se eu fosse um animal em extinção.

A faculdade da cidade Haven, a norte dos Estados Unidos era incrível, os prédios pareciam modernos com a mistura de tijolos, metal e vidros, mas passava um certo ar de severidade, os jardins da frente eram bem cuidados, mas nada extravagante, só agradáveis o bastante para os alunos do campus se sentarem ali para estudar ou almoçar.

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A cidade era pequena, mas pitoresca, o prédio misturavam o antigo com o contemporâneo assim como as casas, estava em volta principalmente da faculdade, que atraia pessoas de fora e era enorme, com pouco mais de dois e quinhentos alunos, por isso havia tantos dormitórios por aqui e as maiores atrações estavam voltadas para os adolescentes até os universitários, era a maior fonte de renda da cidade, com um programa de ciências incrível junto com um programa das Artes, por onde eu consegui a bolsa.

Eu passei pelas aulas sem nenhum problema além dessas encaradas de todos, sabe aquela sensação que as pessoas ficam em silêncio quando você passa e depois começam a falar de você? Bem, ela me perseguiu o dia todo até a hora do almoço, quando eu entrei no refeitório e todo o tempo que eu servia o meu almoço, eu sentia os olhares e os sussurros, “é ela” “ontem na corrida...” “eu soube que ela...”. Eu bati a minha badeja com tudo na mesa habitual em que eu me sentava e me virei para encarar todos eles.

– O Show de Horrores acabou?! – eu ergui uma sobrancelha e Crissy veio correndo para parar ao meu lado, a maioria parecia desviar o olhar envergonhado, eles pensavam que estavam indo bem, fingindo ser James Bond 2.0, eu revirei os olhos e me sentei com ela e com alguns dos meus amigos, mas a maioria eram amigos dela, tirando Michael, ele era meu único companheiro contra Crissy quando eu dizia que não queria sair, e ele era tão contra caras quanto eu pelo simples motivo...

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– Hoje eu não estou a fim de caras, eles estão muito idiotas, acho que ou ficar com garotas – ele era bissexual e quando ele enjoava de caras ele me apoiava que não queria namorar, mas ele ficou ainda pior quando terminou com o seu namorado, Finch, eu achei que eles eram sérios um com o outro, mas de repente eles romperam e Mike não disse nada sobre isso, eu deixei quieto, eu não era ninguém para pedir os segredos das pessoas, quando eu mesma não falava do meu passado.

– Sim com certeza as garota valem mais a pena que caras, eu acho que vou mudar a minha orientação sexual e sair com você em busca do amor. – ele rolou os olhos e depois olhou chocado para algo atrás de mim, eu me senti ficar tensa.

– Isso ia ser uma pena – eu relaxei por um minuto, não é ele, eu disse a mim mesma, mas é tão ruim quanto.

– Eu não penso assim, a variedade de homens hoje tem caído muito ultimamente, se você achar alguém que vale a pena me avise, sim? – eu estava orgulhosa de mim mesma, flertando e tudo mais, e eu nem mesmo fiquei com vontade de vomitar meu almoço, nossa!

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– Nós podemos resolver isso, me deixe levá-la para jantar hoje. – ele disse sentando-se ao meu lado, eu lancei um olhar para Crissy que parecia tão confusa quanto eu.

– Você não vai a encontros, você é o galinha da faculdade, não, do estado, você não vai a encontros e claramente não com garotas como eu – eu salientei, pensando que ele estava com um parafuso a menos por tentar fazer essa brincadeira comigo.

– Garotas como você? – ele inclinou a cabeça para esquerda e o cabelo caiu em cima do olho, minha mão coçava para tirá-la dali, mas eu a apertei no colo.

– Garotas que e preocupam em passar na faculdade em relacionamentos que consistem em mais de umas horas, que andam vestidas da cabeça aos pés, mas eu tenho certeza que as garotas da outra noite estariam tendo a chance das suas vidas e adorariam sair com você. – eu esclareci, quase todo o refeitório prestava atenção em nós agora, mas eu tentei deixar isso de lado enquanto me virava para ele.

– Bem, eu não estou interessado naquelas garotas, eu estou interessado em você, eu não pedi para sair com elas, eu pedi para você, e não há nada de errado em dois amigos saírem para comer. – agora eu inclinei a cabeça para ele.

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– Amigos? Nós somos conhecidos no máximo, eu não vou sair com você. – eu bufei.

– Ai, assim você machuca. – ele passou a mão no peito fingindo dor, eu revirei os olhos. – A menos que você não queira sair só como amigos, nesse caso nós podemos mudar as coisas...

Eu entendi a jogada, se eu recusava o convite de amigos todos no refeitório iam pensar que eu estava interessada nele e só me fazia de difícil, mas eu não estava a fim de acrescentar mais pilha á minha cota de fofocas do dia sobre mim. Eu suspirei, eu podia deixar de lado, mas eu também tinha que admitir que eu estava um pouco curiosa sobre o que ele queria.

– Ok, nós podemos ir comer uma pizza hoje, mas SÓ como amigos, e só se você sair agora da minha frente – eu falei a ultima parte baixa, ele levantou os braços em sinal de rendição e se afastou para as portas do refeitório, todos o seguiam com o olhar, quando as portas se fecharam atrás dele eu podia ouvir os sussurros e especulações começando. O que foi que eu fiz?

– O que todos essas pessoas ficam olhando para cá? – eu perguntei mal-humorada, Mike deu um sorriso do gato Cheshire.

– Todos querem saber quem é a garota para que o Bad Boy da faculdade fez uma serenata. – ele riu da minha cara depois junto com Crissy, eu suspirei.

Depois das aulas eu me sentei embaixo de uma arvore nos jardins que tinham vários alunos caminhando de lá pra cá, eu puxei meu celular do bolso e suspirei, minha caixa de e-mail estava cheia, eu não sei por que ainda não tinha excluído essa conta ainda, como tudo mais, mas eu não podia, só tinha deixando um contato desbloqueado, e mesmo que eu nunca respondesse eu sempre lia, não sei se pra me tortura ou pra que, mas eu abri a primeira das mensagens.

Onde você está? Porque não volta pra casa?...

Porque você me deixou??? Eu preciso de você, você me prometeu não me abandonar...

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Que DROGA Lilian! Quem precisa de você? Eu não, você só arrasta a minha vida pra baixo, tudo é culpa sua, OUVIU? Sua e de mais ninguém, o que aconteceu comigo e com seus pais...

Me desculpa, me desculpa, eu não disse por querer, não é verdade, eu preciso de você, por favor, não me abandone como o resto das pessoas faz comigo, por favor Lili, eu preciso de você, eu preciso da minha irmã...

Eu chorei lendo as mensagens, eram todas a mesma coisa, mais uma dúzia tinha se acumulado desde sexta, mesmo que me cortasse o coração eu li, li tudo, porque eu merecia sentir essa dor, eu abandonei uma das pessoas que eu mais amava por ter medo e ser egoísta, eu era uma pessoa terrível, uma lagrima caiu pelo meu rosto, eu me recostei na árvore e deixei o vento me acalmar, Rose, sinto muito...

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Nós estamos na pizzaria á três horas nenhum de nós faz qualquer movimento para ir embora, eu estava estranhamente nervosa de sair com Cameron hoje, nem mesmo com ele, eu fiquei assim, era um sentimento bom, ao mesmo tempo em que era... diferente.

Nos quinze primeiros minutos que eu passei com ele eu me sentia confortável, algo que eu não estive m meses, sempre olhando por cima do ombro e mantendo a cabeça para não chamar a atenção, eu me sentia segura, eu sabia que ele me manteria segura enquanto eu estivesse com ele,eu baixei a guarda e eu descobri que Cameron cresceu em uma cidade perto daqui, nas montanhas, seus pais sempre gostaram do ar puro, sua mãe era médica e seu pai era dono de uma empresa de advocacia, que ele ia herdar e ele estava no curso de direito e provavelmente tinha mais dinheiro do que eu já vou ver na vida, mas eu não deixei isso me assustar, eu sabia que mesmo com dinheiro Cameron nunca seria arrogante sobre isso.

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Eu deixei o meu perfil de respostas impessoais, eu estava na faculdade por causa do curo de música, eu consegui para o piano, eu ainda não sabia o que eu queria fazer, bem, eu tinha uma idéia, mas não estava pronta a contar para alguém ainda, se eu cresci perto daqui? Não, bem longe em uma cidade pequena do sul, mas quando ele começou com as respostas pessoais eu me senti desconfortável, ele ficou surpreso sobre o piano.

– Se você entrou na faculdade pelo piano, porque você não está no curso de música? – eu dei de ombros.

– Só é algo que eu não posso fazer mais – mais uma coisa que foi tirada de mim, eu me estiquei.

– E a sua família? O que eles acham disso? – eu me senti tensa e toda a cor foi embora do meu rosto, depois de tudo, depois das risadas e da diversão, ele teve que fazer a pergunta de um milhão de dólares.

– Eles não acham nada – eu disse friamente, me sentia tonta de repente como sempre acontecia quando eu falava deles.

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– Anjo? O que foi? – ele parecia preocupado e se levantou para vir ao meu lado, eu me senti relaxar um pouco, eu o julguei mal, ele não é um idiota completo, só um pouco idiota, eu tentei lhes dar um sorriso.

– Meus pais não acham nada, porque eles faleceram, foi isso o que aconteceu, ainda é um pouco difícil falar disso, porque eu perdi meus dois irmãos também. – mesmo com o sorriso e tentando falar isso de forma despreocupada eu me senti quebrar em um milhão de pedaços, era como rasgar cada vez mais fundo a minha alma já ferida, era como se cravassem uma estaca cada vez mais fundo dentro de mim e ela não sai para o outro lado, só fica dentro de mim, trancada, mas então, Cameron me abraçou apertado e eu senti a dor diminuir, não parar só... anestesiar.

Ele me segurou ali por minutos, até que eu senti lagrimas caírem silenciosas pelo meu rosto.

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– Como aconteceu? – ele perguntou então eu contei à mentira que eles tentaram me fazer acreditar, só eu sei a verdade, mas ninguém quer se arriscar a acreditar em mim.

– Foi em um incêndio, em uma explosão de gás – eu tentei não me sufocar ao contar aquela idiotice, ninguém quis enfrentar a verdade, então eles encobriram com algo normal, que poderia ter acontecido com qualquer família, mas não foi um acidente e não foi por qualquer coisa, foi por mim e era minha culpa, mas ninguém queria saber isso, ninguém se importa.

– Você quer falar sobre isso? – ele perguntou, eu soltei uma resposta seca.

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– Sinceramente, eu não entendo essa pergunta que os psicólogos fazem para você, se eu não me abri com alguém que eu conheço, porque eu faria com um desconhecido? – eu perguntei para ninguém em particular, quando ele não disse nada eu suspirei. – Não, eu não quero falar sobre isso, mas obrigada, mesmo, falar deles foi... bom, dói muito ainda, mas foi bom me lembrar, ás vezes eu sinto como se eu fosse esquecê-los, que eles vão desaparecer na minha memória, sem ninguém para lembrá-los a não ser eu.

Ele ficou em silêncio por tanto tempo que eu acho que o assustei, quer dizer, quem quer ser amigo da garota ferrada sem família?

– Porque você não fala um pouco deles para mim todos os dias? Ai serão duas pessoas a lembrar deles, o que você acha, Anjo? – eu olho para ele chocada, seus olhos calorosos e doces, pareciam honestos e preocupados, como um cachorrinho que está esperando para ser jogado do caminhão de mudança, ele parecia pensar que eu ia mandá-lo para o inferno com essa sugestão.

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Eu olhei para ele, realmente olhei, esse cara de onde eu ouvi todos os tipos de boatos assustadores e estranhos, que tinha a reputação de nunca se importar com nenhuma garota, de não dar bola para ninguém, o cara que eu descobri amar animais e ter três cachorros e quatro gatos em casa, que é super protetor coma sua irmã três anos mais nova e que ele pensa em ir para o inferno antes de deixar ela acabar com um cara como ele, eu ri quando ele me falou isso, eu descobri que ele era um gênio em todas as matérias que eu era ruim e que ele era péssimo com todos os instrumentos musicais onde eu era ótima, eu descobri que esse cara é incrível e que ninguém o conhece de verdade, que todos olham o cara pegador e campeão de motos, ninguém vê o quão maravilhoso ele é. Lagrimas começam a cair dos meus olhos, mas eu só fico olhando para ele, ele pula quando me vê chorar e põe uma cara de arrependido.

– Ai, me desculpa, foi uma estupidez, esquece que eu disse... me desculpa, sinto muito, sinto muito, não chora... só não chora – eu sorri do seu jeito atrapalhado, e o abracei.

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– Eu ia amar falar sobre eles com você. – ele parecia aliviado quando sorriu e eu passei a próxima hora contando para ele sobre a minha família, como meus irmãos gêmeos de sete anos eram uns pestinhas e uns anjos ao mesmo tempo, como eu amava meus pais, mas eles eram muitos rígidos e eu tinha aulas de quatro horas desde que tinha seis anos, quando eu demonstrei talento eles investiram seriamente nisso e de vez em quando nós discutíamos sobre isso, mas como eu amava piano não havia problema, era só o controle que eles impunham, eu contei várias coisas da minha infância e ele da dele, eu só não contei sobre o ultimo ano da minha vida, eu deixei Rosie de fora também, e principalmente ele. Eu me lembrava de sair da pizzaria com a mão dele na minha e com uma paz que eu não sentia á meses, talvez anos ou talvez nunca, eu só estava feliz e não estava pronto para deixar esse sentimento ir tão logo.


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Notas finais do capítulo

me digam se gostaram, bjss