A Copa do Mundo dos Artistas escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 10
Capítulo 10 - Conhecendo Luiza, parte 2




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     Portanto, Luiza foi tentar o sucesso com o Noroeste, em Bauru. Conseguiu passar logo de primeira, mas já havia planejado se dirigir a outras cidades para testes caso fracassasse: cogitou o XV, em Jaú; o São Carlos FC e o Sãocarlense, em São Carlos; a Ferroviária, em Araraquara; ou mesmo o São Bernardo FC, em sua cidade de origem. Nascida em São Bernardo do Campo, ela havia se mudado muito cedo para Araraquara com a família.

            Passada a primeira batalha – conseguir entrar na equipe –, ela agora projetava uma carreira na modalidade, paralela à ocupação de YouTuber. Ela já se programava para gravar seus vídeos em Bauru, pelo menos enquanto estivesse no clube. Imaginou, também, se conseguiria chegar à seleção brasileira. Naquele momento inicial, tudo podia ser encarado como uma aposta – não havia uma Marta, uma Cristiane, uma Formiga naquela modalidade que pudesse servir, a princípio, de parâmetro para as demais jogadoras visando a competição por vagas na seleção. Se houvesse, não haviam sido descobertas ainda. Luiza não acreditava que pudesse ser considerada uma jogadora assim – mas, em seu íntimo, acreditava sim que tinha chances de chegar ao time nacional, mesmo começando por uma equipe relativamente humilde.

            Além disso, ela havia recentemente descoberto que uma de suas bisavós era angolana, o que, pelas regras da federação, lhe tornava elegível também para a seleção de Angola. Mas Luiza novamente preferiu pensar com os pés no chão a respeito disso; quando a comissão lhe entregou a ficha de inscrição do clube, após ser aprovada nos testes, ela havia marcado que se considerava disponível para uma convocação para a equipe feminina do Brasil. Ela sabia que as regras da federação também lhe permitiam trocar sua filiação de seleção, apenas uma vez, durante a carreira – mas ela pensava em, primeiro, construir um nome para si na seleção Brasileira, para só depois pensar em se aventurar pela Angolana, que teria certamente muito mais desafios para oferecer.

            Outra razão que facilitava sua escolha, ao menos naquele momento inicial, pela seleção Brasileira era a paixão que ela detinha não somente pelo futebol feminino profissional de modo geral, mas também pela Seleção Brasileira Feminina. Seu quarto, em Araraquara, possuía pôsteres de jogadoras como Marta, do Brasil; Homare Sawa, do Japão; Hope Solo, dos Estados Unidos; Kyah Simon, da Austrália; Ellen White, da Inglaterra; Celia Sasic, da Alemanha; Alex Morgan, dos Estados Unidos; Cristiane, do Brasil; Christine Sinclair, do Canadá; Hedvig Lindahl, da Suécia; Sonia Bompastor, da França; Maribel Domínguez, do México; Lisa De Vanna, da Austrália; Rosana, do Brasil; Érika, do Brasil; Eugénie Le Sommer, da França; Jill Scott, da Inglaterra; Ada Hegerberg, da Noruega; Louisa Nécib, da França; Maurine, do Brasil; Vanina Correa, da Argentina; Birgit Prinz, da Alemanha; Megan Rapinoe, dos Estados Unidos; Catalina Usme, da Colômbia; Formiga, do Brasil; Francisca Lara, do Chile; Eva González, da Argentina; Nadine Angerer, da Alemanha. Qualquer um podia ver que era uma seguidora fissurada do futebol feminino.

            A experiência de Luiza com o futebol feminino não parava por aí. Desde aquela fatídica eliminação da seleção masculina em 2006, ela havia passado a acompanhar a modalidade feminina com mais fervor. Havia visto a seleção Brasileira ser campeã dos Jogos Pan-Americanos em 2007, com Luiza inclusive tendo assistido a final contra os Estados Unidos no Maracanã. Sofreu com a derrota da mesma seleção, no mesmo ano, na final da Copa do Mundo, ocorrida na China, na qual a Alemanha superou as brasileiras. Em 2008, nos Jogos Olímpicos de Pequim, Luiza acompanhou pela TV as partidas da seleção mais uma vez, com a seleção mais uma vez chegando a uma final, porém sendo derrotada pelos Estados Unidos e ficando apenas com a medalha de prata. E em 2009, pouco tempo depois do Congresso da FIFA, Luiza viajou até a capital paulista para acompanhar a edição inaugural do Torneio Internacional Cidade de São Paulo, no qual o Brasil feminino enfrentou as seleções de China, México, e Chile, culminando com a final no dia 20 de dezembro, no Pacaembu, com o Brasil vencendo o México por 5 a 2. Ver Marta e as demais jogadoras em ação só fazia Luiza ter mais certeza ainda de que queria vestir a amarelinha em breve.

            Chegado o dia de partir para Bauru, Luiza lançou um último olhar para o pôster de Marta e das demais jogadoras, e partiu rumo ao primeiro clube de sua carreira. Após alguns dias de treinamento, já era uma das jogadoras favoritas do treinador e da comissão técnica, e boa parte das demais jogadoras já a considerava uma amiga.

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            Luiza contava com 1,75 metro de altura, o que, no futebol profissional feminino, faria ela ser considerada como razoavelmente alta para os padrões brasileiros. Tinha pele parda, olhos pretos e cabelos crespos. Pesava 80 kg, o que lhe dava um físico relativamente típico para volantes e zagueiros. Apesar de favorecida pela altura e usar a desculpa de que tinha ossos largos, ela passou a cuidar mais da saúde depois que sua mãe sofreu um ataque cardíaco.

            Apesar de ser bem-humorada, Luiza é em quase todo tempo uma garota decidida. É atenta às regras, o que a fazia ser pouco dinâmica. Costuma ser fria em relação às emoções, exceto a raiva; quando ela está com raiva, é melhor sair de perto o quanto antes.

            Luiza se gabava de conseguir tirar o sutiã sem tirar a blusa, e disse às colegas de time, durante um dos treinos, que tiraria o sutiã dessa forma caso o Noroeste vencesse alguma competição. Ela também conseguia amarrar o cabelo com um canudo; o canudo não poderia ser usado em jogos competitivos, mas Luiza se divertia em poder pelo menos utilizar o adereço incomum nos treinamentos. Ela era avantajada na força física, o que auxiliava na marcação, nas divididas, nas travadas e nos desarmes; também conseguia correr bastante, o que fez o técnico querer escalá-la mais a frente no time, apesar de Luiza ter dito desde o começo que sua posição preferida era de zagueira. No entanto, o técnico insistia que o potencial dela seria melhor alcançado atuando como primeira volante, ou mesmo como segunda volante.

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            Decorridos alguns dias de treinamento, chegou o dia da estreia no Campeonato Paulista de Artistas. O Paulistão da modalidade seria disputado por 20 equipes, que se enfrentariam, todos contra todos, em turno único; os quatro primeiros se classificariam para as semifinais, e os quatro times com melhor pontuação que ficassem de fora das semifinais e que não fossem da cidade de São Paulo nem de Santos disputariam o Campeonato do Interior. A equipe de Bauru tinha como objetivo conquistar a classificação necessária para, pelo menos, disputar o título do interior. O Noroeste enfrentaria o Linense, fora de casa, na primeira rodada da competição.


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Notas finais do capítulo

Revisão em 24.01.2024