A Sexta Guardiã escrita por Rocker


Capítulo 11
Capítulo 10 - Ele fará tudo para atingir você


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei bastante, mas minha vida está mais complicada nos últimos tempos. Quase não tenho tempo nem para pensar em escrever, mas farei o possível para fanfic não entrar em um hiatus tão prolongado!
Nesse meio tempo acabei postando uma one shot aqui e ali, passem no perfil e deem uma lida ;)



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Capítulo 10 – Ele fará tudo para atingir você

Sendo apenas uma mortal, precisei afastá-lo para recuperar o fôlego, mas não o empurrei. Não conseguiria fazê-lo, pois sua proximidade, ao mesmo tempo que aumentava meu ritmo cardíaco, trazia calma e paz de espírito para mim. Eu já estava completamente perdida.

— Jack, eu... – comecei a dizer, mas calei-me quando ele suspirou, saindo de cima de mim e se enterrando na neve ao meu lado.

— Desculpe, eu não devia ter feito isso. – ele falou, e percebi seu tom exausto. – Não devia ter te usado para saciar uma curiosidade.

Eu sabia que tipo de curiosidade era aquela, pois eu mesma estava passando por isso. Ele só era um pouco mais inocente e não sabia que aquilo se chamava desejo.

— Jack! – interrompi-o, deitando-me de lado na neve para ficar de frente a ele. Ele me olhou com o cenho franzido e eu corei com as próximas palavras que sairiam da minha boca. – Eu gostei. – murmurei tão baixinho que me perguntei se ele conseguiria escutar.

Mas ele escutou, claro. Virou-se para mim e abriu um sorriso lindo, deixando à mostra seus dentes brancos e suas covinhas. Quando ele colocou sua mão sobre minha cintura e se aproximou vagarosamente, eu já estava preparada. Seus lábios gelados tocaram os meus e eu estremeci. Acariciei sua bochecha e inclinei-me mais para perto dele, sem me importar com sua temperatura. Era algo que eu acostumaria. Foi um beijo mais calmo que o primeiro, apenas aproveitando a presença um do outro e permitindo que ele conhecesse o que um beijo poderia ser. E, apesar de eu com certeza ter mais experiência que ele, não era tanta assim. Mas posso dizer que Jack tinha o melhor beijo.

— Preciso ir ver Lily. – murmurei quando nos afastamos e ficamos apenas com as testas encostadas. Afastei-me e abri os olhos para encontrar as íris azuladas analisando-me. – Vem comigo?

Jack sorriu e beijou minha bochecha. – Claro!

~*~

— Mãe?! – chamei assim que entrei em casa. Jack entrou atrás de mim, tentando não diminuir a temperatura da casa. – Tia?!

Não houve resposta.

— Acho que não estão em casa. – ele comentou, mas eu sentia que algo estava errado. Minha mãe jamais deixaria a televisão ligada se não estivesse ninguém em casa.

Ouvi passos no andar de cima. Troquei olhares com Jack e corremos escada acima, encontrando tia Sophie no meu quarto, parecendo aflita.

— Tia? Está tudo bem? – perguntei, preocupada.

— Oh, ainda bem que está aqui! – ela exclamou, vindo até mim e abraçando-me fortemente.

— Tia, o que aconteceu? – perguntei quando ela me soltou.

— Primeiro de tudo, Jack está aqui? – ela perguntou, olhando em volta como se assim pudesse sentir a presença dele pelo quarto.

Olhei rapidamente para Jack, parado ao lado da minha estante de livros, com os braços cruzados e o cenho franzido.

— Está. – respondi simplesmente.

— Ótimo. – ela disse, segurando minha mão e puxando-me para sentar à sua frente na cama. – Ele também precisava escutar.

— Está me assustando. – comentei, sentindo-me ficar tensa, até que uma mão gelada tocou meu ombro. Olhei para Jack, que depositou um beijo no topo da minha cabeça, como se isso pudesse acalmar-me. E teve sucesso nisso.

Tia Sophie suspirou, parecendo repentinamente mais velha e cansada.

— Breu está atrás de você, Angeline. – estremeci com tais palavras, mas fiz o possível para não demonstrar. – Há alguns dias eu tive um sonho em que a Lua falava comigo. Ela me dizia que você seria uma peça importante para o que estava por vir, você seria fundamental para que os guardiões derrotassem o Breu. E ele vai fazer tudo para conseguir te atingir antes disso, seja física ou emocionalmente.

Um estalo em minha mente me fez sair do choque.

— Tia Sophie, onde está Lily? – perguntei, o receio tomando conta de meus pensamentos.

Tia Sophie franziu o cenho. – Deixei-a assistindo a um desenho na sala.

Jack apertou forte meu ombro, e eu podia ouvir sua respiração pesada. Ele tinha o mesmo mau pressentimento que eu.

— Não tinha ninguém na sala, tia. – eu disse, antes de correr porta afora, com Jack em meu encalce.

Corri para fora de casa o mais rápido possível, tentando pensar em todas as possibilidades para onde ela iria num tempo frio naquele, com o pai recém-falecido e sozinha. Ou talvez não exatamente sozinha.

— Jack, preciso que você voe. – pedi a ele, sentindo o nó em minha garganta cada vez mais fechado e lágrimas escorrendo por meu rosto diante do pensamento que Breu poderia fazer algo contra ela. – Procure ela por cima, eu vou tentar acompanhá-lo.

— Mas, Angel... – ele começou a protestar, mas calei-o com um encostar de lábios.

— Por favor, Jack, é minha irmãzinha. Salve-a, por favor. – implorei.

Jack olhou fundo em meus olhos e depositou um beijo em minha testa antes de subir com a ajuda dos ventos. Encolhi-me com a corrente de vento frio que me atravessou, mas concentrei-me em prestar atenção nos movimentos de Jack. Ele ficou no alto analisando tudo o que estava à vista. Até que simplesmente saiu voando em direção à parte norte do bairro. Corri até lá, acompanhando as direções que Jack dava do alto. Esbarrei em diversas pessoas, o que me atrasou um pouco, mas finalmente cheguei à praça que não ficava muito longe e onde sempre ia com minha irmã.

Jack já estava lá, duelando com Breu. Areia negra contra gelo era assustador, mas ao mesmo tempo encantava aos olhos. Mas então vi Lily jogada ao chão, parecendo assustada com o que via. Corri até ela.

— Lily! – exclamei e ela finalmente percebeu minha presença ali. Jogou-se em meus braços, apertando-me com toda a força de seu corpo de sete anos.

— A-angie, eu to com medo. – ela murmurou, choramingando.

— Calma, vou cuidar de você. – eu disse, segurando ela em meu colo, tentando não me abaixar sobre seu peso. – Vamos te tirar daqui.

Tentei correr para longe da praça, mas alguma coisa segurou meus pés e impediu-me de continuar. Caímos sobre a neve e Lily saiu rolando dos meus braços. Ignorei a dor em meu rosto e meu braço e virei-me, vendo um chicote de areia negra circundando meu calcanhar.

— Acha mesmo que irei perder essa oportunidade e deixar você ir tão fácil?

A voz macabra e sarcástica do Bicho-Papão me fez estremecer. Tentei afastar-me dele à medida que ele se aproximava, mas o chicote rasgava o tecido do all star e arranhava minha pele. Olhei em volta à procura de algo que me salvasse – Jack machucado e tentando alcançar o cajado à minha direita, Lily desacordada atrás de mim, no meio da rua. Quando Breu libertou minha perna do chicote apenas para transformá-lo em uma foice, percebi que aquele era meu fim. Mas então ele foi jogado para longe por um raio de gelo.

— Fique. Longe. Dela. – sibilou Jack com fúria, levantando-se com dificuldade.

— Que bonitinho, amor adolescente! – debochou Breu ao se levantar. – E quem vai protegê-la? Você?

— Faria o que for preciso. – Jack colocou-se à minha frente, impedindo que Breu pudesse se aproximar.

— E quem irá proteger a garotinha? – Breu disse, apontando para um carro que estava estacionado no fim da rua.

Areia negra foi se acumulando em seu interior até formar a silhueta de um homem no banco do motorista. Quando o carro começou a andar em nossa direção, percebi qual era seu plano.

— Lily, não! – exclamei para minha que estava recobrando a consciência aos poucos.

O carro estava cada vez mais rápido e eu nem tive tempo de pensar antes de agir. Levantei-me rapidamente, ignorando o braço de Jack que tentara me alcançar, e corri em direção à minha irmã. Eu ouvia o carro se aproximando, e tudo o que consegui fazer foi empurrar Lily para o meio-fio antes de sentir o impacto lançar meu corpo para o alto.

Ouvi Jack gritando meu nome à medida que a dor se intensificava em todo o meu corpo e então tudo finalmente se apagou.

 


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