A Eterna Segunda Vida de Alex Tanner escrita por Laís Bohrer


Capítulo 3
The New Infected


Notas iniciais do capítulo

Lay*:

Alguns escritores acreditam que algumas histórias tem vida própria e eu acho que "A Eterna Segunda Vida de Alex Tanner" é uma dessas histórias porque eu estava planejando Alex em coma em um hospital e bebendo o sangue de todo mundo, mas tinham coisas que não faziam muito sentido nesse começo, então surgiram eles. O Clã Foster, um clã não muito mais antigo que o Clã dos Cullen. Sobre eles eu vou mostrar no próximo capítulo - se tudo der certo, ele deve sai na sexta feira -, vou falar apenas um pouco então, Os Foster são um clã de vampiros misto, alguns bebem sangue humano (Os que são Iniciantes ou não acostumados com sangue de animal, eles bebem apenas o sangue de quem acham que não fará falta/ Assassinos, foragidos, em geral) e os chamados Vegetarianos, que bebem o sangue de animais, vampiros mais controlados e que resistem mais a tentação do sangue humano - esses são os que estão mais tempo no Clã, como Xavier (O mais velho de todos u.u).

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"Uma pessoa imatura pensa que todas as suas escolhas geram ganhos. Uma pessoa madura sabe que todas as escolhas tem perdas."
— Augusto Cury



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The New Infected

Foi tudo tão rápido que na época eu já não sabia o que estava acontecendo, mas a sensação dos dentes daquela garota encapuzada cravados no meu pescoço, nunca passava. A dor começava ali e então ia se espalhando pelo meu corpo, lento e tortuoso, como veneno.

Eu estava esticada em uma cama de casal japonesa, havia algo macio em cima de mim, quando acordei estava olhando direto para um lustre de vidro pendurado no teto branco, a sensação de mil agulhas venenosas sendo colocadas uma a uma pelo meu corpo aumentara.

Havia pessoas também, me olhando com curiosidade. Três pessoas eu acho – ou eu estava vendo tudo triplicado? -, uma garotinha de cabelos loiros e muito pálidos que batiam em seus ombros estava me observando com os olhos... Dourados? É, acho que era dourados mesmo. Uma mulher com os cabelos castanhos repicados e com várias mexas azuis e os olhos vermelhos – vou nem questionar – e por último um garoto sentado na beirada da cama, ele deveria ter um pouco mais da minha idade – pelo menos aparentava – segurava minha mão e eu a apertava com força, ele não parecia se importar.

Seus cabelos eram negros, seus olhos eram dourados como os da menina loira que estava mais distante junto com a mulher, a pele dele era pálida e a mão gelada, muito gelada – como se ele passasse um bom tempo com as mãos enfiadas em um freezer.

– Dor... – eu choraminguei como uma criança, mas não me importava.

– Eu sei – disse ele com ternura, acariciando meu rosto – Vai passar...

Eu encarei fixamente seus olhos dourados.

– Por favor – eu disse – Me mate logo.

Ele sacudiu a cabeça e deu um meio sorriso.

– Só mais um pouco – disse ele baixinho, sua expressão era como se minha dor o afetasse também, isso me fez lembrar Edgar – Agüente só mais um pouco.

Então a voz da mulher com os cabelos azuis disse debochada:

– Charlie, deixe a garota respirar, você está quase beijando ela.

Era verdade, o rosto dele estava muito próximo, próximo demais. Ele pareceu perceber isso também e se afastou, mas continuava a segurar minha mão.

– Por favor... – foi só o que eu pude dizer antes de cair na escuridão novamente.



Não sei quanto tempo passei olhando para o teto. Talvez tempo suficiente para eu perceber que eu estava dessa vez, sozinha no mesmo quarto, na mesma cama japonesa. Então me sentei na cama, havia uma montanha de cobertores em cima de mim, mas eu não sentia frio, nem calor. Olhei ao redor. Ao lado da cama, havia uma lamparina antiga, mas bonita. Um lustre de vidro adornado por pequenas lâmpadas piscava acima de mim. Desenhos de cerejeiras davam mais vida as paredes brancas como a neve. Placas com kanjis japoneses estavam pendurados na parede atrás de mim. Um vaso com rosas do outro lado da cama. Toda a decoração era bem oriental e eu me perguntei se eu ainda estava em Forks.

Forks. Casa. Eu. Por um instante eu havia me esquecido completamente de quem eu era.

Alexandra Mary Tanner, dezesseis anos, nascida em Chicago. Há algumas semanas minha irmã gêmea havia desaparecido junto com um trio de vampiros góticos, minha mãe tem câncer, meu pai é um bêbado, meu irmão mais velho fugiu de casa, tenho um cachorro da raça pug chamado Abraham. Minha vez de fugir de casa.

Bree foi... Estraçalhada? É, acho que essa é a palavra certa... Por eles. Um grupo de pessoas de olhos dourados e vermelhos. Inconscientemente pela raiva eu dei um soco no colchão e ouvi um “Bow!”.

Eu chiei uma palavra não muito bonita, prevendo o estrago que eu tinha feito na madeira que parecia realmente cara.

Parei um instante e olhei para o meu punho fechado. Não era possível que só com um soquinho de nada eu havia quebrado a cama ao meio.

Mas por incrível que parecesse eu não me importava. Bree estava morta e Edgar estava em sei lá onde – logo morto também provavelmente. -. Eu estava sozinha.

– Toc, toc? – disse alguém surgindo na porta.

Era ele. Agora eu podia vê-lo melhor. Os olhos eram realmente dourados, os cabelos negros ondulados caiam-lhe na testa, sua pele era pálida e ele era bem magro, altura mediana, vestia uma calça jeans escura, ele estava descalço e vestia uma camisa bege com a imagem de um cachimbo e logo abaixo da imagem estava escrito algo como: Ceci n'est pas une Pipe.

O garoto adentrou no cômodo.

– Você parece estar melhor.

Como se você soubesse...

Então o olhar dele pousou na cama, o colchão estava mais fundo e havia farelos de madeira ao redor da cama, mas ele não disse nada.

Ele sentou na cama meio sem jeito enquanto segurava um copo de vidro escrito Coca-Cola que estava pela metade com um líquido vermelho – que com certeza não era suco de morango.

Ele percebeu que eu olhava fixamente para o copo então ele sorriu e estendeu-o para mim.

– Aqui. Você deve estar com sede.

Hesitei e então peguei no copo, estava quente, eu não fiz cortesia e bebi todo o líquido de uma vez. Era doce e viciante, de alguma forma beber aquilo parecia errado, porque depois de beber eu tive certeza de que era sangue... Sangue de animal.

– Então... – ele disse – Qual é o seu nome?

Eu limpei a boca com a minha própria mão e devolvi o copo e ele o colocou no chão.

– Se você quer saber o nome de alguém, não deveria dizer o seu primeiro? – eu disse.

Ele suspirou.

– Eu me chamo Charlie... Foster, e você? – perguntou ele.

Hesitei novamente.

– Alex... Alex Tanner – eu disse.

– Alexandra – ele palpitou.

Fechei os olhos.

– Se me chamar assim de novo...

– Entendido – ele sorriu. – Eu também não gosto muito do meu nome.

Eu olhei curiosamente para ele, seu sorriso despreocupado... Eu achei isso errado.

– Onde estou? Quem é você... Exatamente?

– Se você quer saber...

– Eu já entendi – interrompi, ele riu como se eu fosse um cachorro fazendo gracinha – Mas porque eu deveria lhe dizer quem eu sou?

– Porque eu deveria lhe dizer quem eu sou? – repetiu ele.

Eu devo admitir que eu o achei gato, mas estou me segurando para não dar uma voadora nesse cara.

– Certo, você venceu – disse ele se rendendo – Você está na mansão Foster, o clã mais suspeito dos clãs.

– Obrigada, tudo faz sentido agora – eu disse sorrindo debochadamente.

E mais uma vez ele riu.

– É muita coisa pra explicar – disse ele.

– Pode começar – eu retruquei.

Dessa vez ele ficou sério.

– Tudo bem, Alex – disse – Nós a encontramos na neve, ontem mesmo e a trouxemos para cá. Vimos as marcas no seu pescoço e soubemos que estava se transformando.

– Aaaah... O que? – enfatizei.

Ele suspirou impaciente.

– Você sabe o que acabou de beber, Alex? – ele apontou para o copo manchado de vermelho.

Fiquei um bom tempo olhando para o copo.

– Algum tipo de bebida alcoólica? Porque eu acho que Bree... – hesitei.

Charlie franziu o cenho.

– Bree? Você quer dizer aquele seu clone na neve?

– Isso, Isso! Ela está aqui? – eu perguntei me aproximando dele, uma faísca de esperança me dizia que tudo aquilo podia ser apenas uma ilusão, um pesadelo causado pela dor.

Eu estava de joelhos agora, me apoiando em seus ombros. Mas o olhar de Charlie apagara aquela faísca tão rápido quanto ele havia acendido-a.

– Ela estava em chamas – disse ele – Não havia mais jeito.

Eu me afastei.

– Não – eu murmurei, por incrível que parecesse eu já não estava chorando, porque eu não sabia, mas havia um enorme vazio dentro de mim, como se não houvesse mais lagrimas a derramar.

De quem... Eu pensei. De quem é a culpa?

– Continuando – disse Charlie – Tem muito que explicar agora e eu sou péssimo em fazer mistério, portanto eu serei direto. Um fulano sanguessuga... Mordeu você – ele tocou em um ponto no meu pescoço – bem aqui e meio que sugou maior parte do sangue no seu corpo e ele não fez bem o trabalho, deixando que o veneno se espalhasse, o que causou toda aquela dor de antes então agora você foi infectada, trouxemos você pra cá e provavelmente Xavier vai querer te adotar, então... Bem-vinda a família!

Ele falou tão rápido que demorou até que eu juntasse todas as partes, Charlie ficou me olhando com os braços abertos, como se me chamasse para um abraço, como eu não atendi o seu pedido ele deixou seus braços caírem – Não literalmente, claro.

– Quem é Xavier? – eu perguntei.

– Humpf! – ele revirou os olhos – Você é sempre tão antipática?

– Você fala demais, só acho isso – eu disse. – Credo, parece a Bree.

– Eu deveria me ofender com isso? – ele hesitou. – Esqueça, acho que você era mais carinhosa quando estava naquele estado agonizante.

Eu olhei para minhas próprias mãos.

– Eu vou ter que ficar aqui então? – eu desviei o assunto.

– Isso vai ser escolha sua, depende claro se Xavier te der uma chance, o que com certeza vai acontecer...

Eu suspirei.

– Eu não tenho pra onde ir mesmo – eu disse olhando para a janela, estava tudo escuro lá fora. – Bree está morta, meu irmão mais velho fugiu, meus pais...

Eu não disse... Me abandonaram. Porque foi isso o que eles fizeram.

De repente senti raiva. Raiva de Bree por morrer e me deixar sozinha também. Raiva de Edgar por ter me deixado sozinha com os meus pais que também me deixaram sozinha. Minha mãe por ficar trancada no quarto chorando o dia todo. Meu pai por só voltar pra casa pra brigar com a minha mãe. Raiva daquela cama por ser tão vagabunda. Raiva dos caras de olhos estranhos que mataram minha irmã gêmea.

– Eu estou sozinha – eu murmurei para mim mesma como se estivesse juntando todos os fatos.

– Bom, se você aceitar a proposta, não estará mais sozinha – disse Charlie lembrando que ainda estava lá – Será uma Foster.

E ter que te agüentar pelo resto da vida? Debaixo do mesmo teto? Deixe-me repensar sobre isso...

– Charlie... – eu chamei – O que eu sou, exatamente?

Ele hesitou.

– Acho que você sabe, Alex. – disse ele sério e logo depois abrindo um sorriso – Bem-vinda ao mundo dos Sanguessugas Sobrenaturais!

Com a maior facilidade do mundo, Charlie puxou meu braço me obrigando a ficar de pé, a cama japonesa gemeu mais um pouco e quebrou outra parte. Mas Charlie não parecia se importar. Ele andou até a porta.

– Vamos, venha conhecer sua nova família.

– Nova família? – eu repeti.

– Anda, cara... – ele disse voltando até mim. – Você é lenta.

Só tive tempo de dizer “Ei!” quando ele já estava com o braço ao redor da minha cintura e me ergueu do chão como se eu fosse uma mala ou algo do tipo, então ele sorriu e passou pela porta ignorando os meus protestos e palavrões.

Me perguntei que tipo de pessoas seriam os Foster depois que conheci Charlie. Eu nem tive tempo de ficar pasma ou algo do tipo, Charlie me dava tempo apenas para pensar em como ele era idiota, mas mesmo naquele tempo eu já sabia de uma coisa e isso me deixava deprimida:

Nada mais seria como antes.


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Notas finais do capítulo

A personalidade de Charlie também foi uma história de vida própria, porque primeiramente ele deveria ser um pouco mais sério e menos moleque, mesmo com o passado dele, ele sabe que deve seguir em frente e mesmo não conhecendo Alex, ele quer que ela faça isso também. Eu quero que ela faça isso.

A garotinha albina do começo, é uma vampira vegetariana, uma das mais antigas, ela tem a aparência de ter sete anos, mas tem muito mais que isso. Eu já ouvi falar que esses vampiros mais jovens são mais descontrolados. Mas por algum motivo essa garota - Lucy Foster - nunca teve interesse no sangue humano, porém, os Volturi sempre ficam de olho nela. Um dos motivos pelo clã ser um dos mais suspeitos pelos Volturi.

Espero que tenham gostado do Charlie, eu gostei, sendo que ele não saiu como eu esperava.



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