A Eterna Segunda Vida de Alex Tanner escrita por Laís Bohrer


Capítulo 25
The Real Nightmare


Notas iniciais do capítulo

Voltei galera! Esse capítulo era pra ser maior segundo meus planejamentos, mas sempre muda alguma coisa. Aqui eu esclareço a história dos Kobayashi e dos Foster e a história de Jolly, nosso Naru-chan



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O Verdadeiro Pesadelo

Nunca esteve tão escuro.

Era a primeira vez que eu estava na escuridão total e não ouvia os sussurros de Bree Tanner ecoando nas paredes da minha consciência. Talvez porque Edgar não estivesse por perto, seria o mais lógico. No entanto mesmo para mim, parecia estranho não escuta-la, era como uma afirmação indireta: Nada mais restava dos Tanner.

Mesmo no breu eu podia guiar os objetos pelo pesado e depressivo ar daquele cômodo, isso me distraia de certo modo e até me acalmava, mas tudo continuava escuro.

Olhei ao redor mais uma vez para ver como tudo estava caindo aos pedaços lentamente, isso me irritou. Eu me sentei na cama e apertei com força os lençóis que me envolviam ao mesmo tempo mantendo os objetos flutuando ao meu redor como uma espécie de terapia para concentração.

Eu apenas queria não pensar.

Agora você deve pensar porque estou usando lençóis... Bom, quando pequena a Bree tinha medo de escuro, eu disse para ela que se usássemos o cobertor como escudo os monstros não chegariam perto e quando não funcionava ela vinha para minha cama e nós duas ficávamos embaixo das cobertas. Bom, eu queria que aqueles cobertores afastassem os males de mim naquele momento, a falta de esperança era um monstro que eu queria derrotar, no entanto, obviamente, eu não tinha esperança.

Já tinha ouvido a respiração lenta de Jolly atrás da minha porta trinta minutos atrás, eu esperei que ele entrasse, mas ouvi ele se sentar e ficar ali. Ignorei a sua presença até que a porta se abriu e ele pós seus olhos violetas para dentro, eles pareciam brilhar no escuro, mas ao mesmo tempo pareciam cheio de trevas tornando o ar ao seu redor mais misterioso.

– Se já sabia que eu estava aqui por que não me mandou ir embora?

Eu continuei encarando a cena macabra e flutuante que se seguia dentro do quarto.

– Você não iria mesmo – falei.

– Posso entrar? – perguntou.

Voltei minha face em sua direção, encarando-o curiosamente e até desconfiada.

– Está quieto demais, Naru-chan – notei. – Você costuma ser mais irritante que isso.

Ele adentrou no cômodo olhando desconfiado para os objetos que levitavam pela escuridão. Vi seus olhos brilharem mais uma vez como se ele também estivesse olhando para mim. Seus passos quase completamente inaudíveis vinham até a mim e ele se sentou ao meu lado segurando os próprios joelhos. Ele ficou calado. Assustou-me ele não ter lançado uma nova provocação ou alguma fala arrogante.

– Não quer me contar o que aconteceu na floresta? – ele disse me encarando, seu rosto estava próximo demais.

– Não tenho o que contar. – sussurrei de volta.

– Já te disseram que você mente muito mal? – ele murmurou.

Com isso virei o rosto, irritada com aqueles olhos que pareciam tão artificiais, tão fora da realidade, tão perfurantes e arrogantes. Ouvi ele suspirar impaciente e então o silêncio dominou o local mais uma vez, mas agora que ele estava ali eu não poderia simplesmente fingir que não estava.

– Eu sou uma experiência científica – ele disse, continuei sem olhar para ele.

Naru esperou mais uma vez, para ver se eu ia interrompê-lo, apenas continuei movendo os dedos no ar e guiando os objetos aleatoriamente.

– Eu não sei como fui criado – contou – Não sei a minha idade real e nem há quantos anos eu tenho consciência. Eu não entendo muito dessa história, mas... Segundo a teoria que se criou na alcateia dos Kobayashi, eu fui um embrião forçado em mãos humanas. Parece que um doente estava estudando desenvolvimentos humanos, acho que ele queria criar uma nova espécie.

Eu fechei os olhos e lembrei – uma sala, mesas, objetos de laboratórios, cilindros que caberiam para uma criança de cinco anos, fios ligados ao meu corpo me mantendo viva. Um cilindro vizinho que continha uma forma estranha dentro, um embrião. Um rosto nunca visto com clareza e dois olhos monstruosamente... Vermelhos.

– Conheci Mirajane Foster assim que fugi e fiz parte de seu clã – continuou – Eu tinha a aparência de uma criança, mas crescia rapidamente. Os Foster sabiam o que eu era e ficaram comigo mesmo assim, me escondendo. Mas outros clãs descobriram sobre mim e eu tive que fugir...

– Ainda não entendo porque odeia os Foster – eu o cortei, soando mais rude do que pretendia. Naru não parecia ligar.

– Encontrei os Kobayashi e lá achei Leyla Kobayashi, que também é uma hibrida, só que natural – ele soltou uma risada. – Mas eu pertencia aos Foster e os Kobayashi pretendiam sempre derrotá-los e eu tentei defender meu antigo clã. Defender Mirajane.

Eu estava olhando para ele agora, todos os objetos que levitavam congelaram no ar dando uma situação bizarra. Jolly que fugira de meus olhares naquele momento, eu ergui meu dedo até sua bochecha, onde uma lágrima descia. Aquele resto de humanidade me intrigou como se eu nunca tivesse chorado antes.

– Mas as coisas saíram do controle – ele prosseguiu. – Leyla esteve ao meu lado, ela e um menino, Sammy... Os Kobayashi iniciaram uma guerra contra os Foster. Outro membro, Thalia, matou um dos Foster... Matou Julian.

Arregalei os olhos.

– Eu já ouvi esse nome... – eu disse de repente. – Acho que Mira deve ter dito alguma coisa sobre ele...

– Ele foi morto na guerra. Ele amava Mirajane – ele disse. – Ele salvou minha vida.

– Você chegou a conhecer Kyoko Foster? – perguntei de repente.

– A irmã de Mirajane – ele disse. – Não.

Abaixei a cabeça.

– Julian foi morto e para se vingar, os Foster fizeram um ataque terrorista ao nosso pessoal. – ele disse. – Metade do clã foi morto, isso contando com o menino Sammy. E toda aquela bagunça chamou a atenção dos Volturi e eles... Bom, os Kobayashi deixaram de existir.

– Os Volturi terminaram o serviço. – eu disse.

– Exatamente. – concordou. – Foi uma armadilha. Eu nunca vi os Foster daquele jeito... E Mirajane, ela ia me matar também, mas ela hesitou, ela fugiu.

Naru estava prestes a socar a cama, mas segurei seu punho antes que ele fizesse isso.

– Não se pode estar em dois lados em uma única guerra. – eu falei.

– Se eu não tivesse...

– Cale a boca Jolly. – eu interrompi. – Se for pra ficar choramingando agora melhor fechar a boca. Olhe, estamos prestes a começar uma nova guerra contra os Volturi. Vamos todos ter a nossa vingança, alguns de nós podem nem voltar. E se você morrer também com uma culpa idiota dessas... Você vai estar realmente se condenando.

Ele ficou calado, apenas me encarando com a face paralisada pelo choque. Chocado pelo o que exatamente eu não sabia.

– Este é um mar de trevas – falei. – Se você estiver se afogando eu vou te salvar, só deixe de ser arrogante e se eu me afogar me salve também.

Mais silêncio.

O hibrido ficou calado ao meu lado, lentamente os objetos do cômodo voltaram a transitar diante de nossos olhos. O clima tenso do quarto suavizava com as minhas palavras. Eu sei que antes eu queria ter ficado sozinha, mas admito que ter alguém ao meu lado era confortante, caloroso mesmo que essa fosse uma sensação que hoje eu já não era mais capaz de sentir.

– Finalmente me chamou pelo nome. – disse ele, tombando a cabeça no topo da minha e adormecendo logo em seguida.

Eu me senti meio desconfortável com aquela situação, enfatizando que eu ainda estava segurando sua mão, mas também eu sabia que logo tudo se destruiria e nossas chances de perder essa guerra só aumentava.

Todos precisavam de um pouco de paz de vez enquanto, até mesmo Jolly Kobayashi.




O sol estava pra nascer, os pássaros já cantavam a fora, algumas nuvens cinzentas pairavam sob o firmamento razoavelmente claro do amanhecer, não parecia que estávamos todos afundando.

Sacudi a cabeça, não podia ter esse tipo de pensamento se não tudo seria em vão. Nesse ato acabei acordando Jolly que soltou um palavrão junto com um bocejo, eu me permiti rir com sua reação.

– Bom dia pra você também, Naru.

Ele se assustou com a minha voz e olhou para os lados com a cara de: “O que estou fazendo aqui?”. Eu sorri diante a sua reação exagerada. Ele me encarou e começou a arrumar os cabelos escuros que estavam meio arrepiados. Diferente das outras pessoas, Jolly não acordava com a cara inchada, quis vomitar assim que pensei isso, mas ele ficava até que fofo.

– Se contar isso para alguém... – voltou o Naru-chan que conheço.

– Eu sei, eu sei – falei com um sorriso. – Relaxa.

Levantei da cama e olhei a bagunça que estava o quarto, objetos largados para todos os lados em várias direções, qualquer um poderia realmente acreditar que um furação passara por ali. Desviei de alguns objetos e olhei para Naru.

– Está tudo bem? – perguntei percebendo que ele estava meio pálido.

Ele assentiu com a cabeça, passando a mão pelo rosto.

– Só um pesadelo. – ele disse.

Eu estava prestes a dizer mais alguma coisa quando ouvi a voz de Leyla do outro lado da porta.

– Meninos! – gritou ela. – Está na hora.

– Já vamos – disse Naru.

Acreditei que Leyla fosse insistir, uma guerra não poderia esperar, mas ouvi quando ela foi embora. Voltei-me para o moreno, ele me parecia abatido demais para falar, caminhou até a cama e se sentou novamente.

– Sabe o que vai acontecer quando atravessarmos essa porta? - perguntou ele.

Assenti com a cabeça e me sentei ao seu lado.

– O verdadeiro pesadelo é agora – falei simplesmente. – Ei, vamos sair dessa.

– Como pode ter certeza?

Sorri marotamente.

– Somos os mocinhos da história, é a nossa obrigação.

Naru bufou.

– Estava me esquecendo de que você é uma Foster.

– Você também já foi um.

– Estava me esquecendo disso também.

Então rimos, quando paramos, encaramos o nada mais um pouco, dei um pulinho de susto quando senti a mão de Naru na minha. Meu instinto foi afastar, mas não o fiz. Uma coisa me veio à mente.

– Naru, o que é exatamente um imprint? – perguntei.

Ele hesitou, apenas apertou a minha mão mais forte.

Seu rosto estava perigosamente próximo do meu, fechei os olhos e abri novamente sabendo que não podia fugir daquele violeta. Sempre estaria ali.

– É algo que não posso ter, principalmente com você. – ele disse lentamente.

– Não entendo... – eu ri, mas Naru permaneceu sério.

– Eu também não.

Tive medo de que ele pudesse me beijar, mas ele desviou da minha boca e pressionou os lábios na minha bochecha durante alguns segundos e se afastou soltando minha mão finalmente. Eu senti um peso caindo das minhas costas e outro sendo colocado, mas não tinha tempo pra isso, agora não era a hora certa.

Depois disso, atravessamos a porta, conscientes do que nos esperava do outro lado.


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Notas finais do capítulo

E ae, o que acharam?
Não sei quando sai o próximo, mas o próximo capítulo que eu for escrever vai ser de ESVAT mesmo. Já tá acabando, vamos até o capítulo 30, falou?
Espero que tenham gostado do capítulo, alguma dúvida falem nos comentários.
Então, Jalex ou Charlex?
Me digam o que preferem - apesar de que isso não vai mudar o que vai acontecer.
Musica dos shippers acima:
Oblivion - Bastille: Charlex
Circle - Flyleaf: Jalex
É isso, fiquem com Deus.
Beijos Azuis Vampirescos :3



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