A Eterna Segunda Vida de Alex Tanner escrita por Laís Bohrer


Capítulo 24
The Pleasure Obscure


Notas iniciais do capítulo

Lay*: Oi, galera! Como foi a páscoa de vocês? Sinto muito a demora com o capítulo. Bom, aqui está mais um conflitante capítulo com um pouco mais do passado de Alex. Mas vou agradecer a Diva Liza Shell pela recomendação, não sei se agradeci já, mas então... Obrigada Onee-san! Liam te manda mordidas :3
Boa leitura!



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O Prazer Obscuro

Eu me encontrei parada no meio da floresta, não havia ninguém atrás de mim, ninguém me seguindo, mas eu simplesmente parei e fiquei ali com os olhos arregalados para o que estava na minha frente. Eu poderia facilmente ser confundida com uma estátua de gelo. O sol do fim da tarde tocava minhas mãos que cintilavam (Ninguém botou isso naqueles filmes do Drácula, mas é melhor do que virar poeira) como diamante.

– Alex – disse a voz dolorosamente, como se eu fosse uma existência irracional. Uma figura fictícia de um livro infantil.

Fechei minhas mãos em punhos, tentando recobrar a consciência. Cenas de um passado esquecido dominaram a minha cabeça como um filme de terror. Um dos meus pesadelos estava bem ali, ao vivo e em cores, com os olhos vermelhos berrantes, pele pálida de cristal, um vestido preto, unhas pintadas de vermelho, jaqueta jeans escura e botas pretas de inverno. Seus cabelos estavam mais curtos do que nunca, espetados para todos os lados lhe dando um ar de uma adolescente rebelde que acabara de retornar do colégio militar com um estilo vampirinha gótica. Parecia muito mais jovem e saudável – provavelmente deveria estar se alimentando muito bem.

Em um segundo ela cortara a distância entre nós com um abraço sem nenhum afeto que normalmente, há anos, haveria.

– Oh meu Deus... – ela murmurou se afastando e tocando meu rosto como para ter certeza de que eu era real. Eu a acompanhava com meus olhos, sem me mover ou me pronunciar. – Você... Eu nunca imaginei... Oh, seus olhos estão dourados.

Como se fosse algo ruim...

Ela sorriu.

– Estou tão feliz – ela disse.

Um misto de sentimentos tomou conta de mim. Rangi os dentes. Dor, raiva, rancor, mágoas passadas, lágrimas que um dia caíram se tornaram um grito afiado preso na minha garganta. Olhar para aquela mulher era nojento e sua imagem hoje era repulsiva. Tomei coragem praticamente cuspindo a palavra:

Mãe.

Ela sorriu e beijou meu rosto, provavelmente me manchando com seu batom vermelho e fortemente exagerado.

– Sim, meu bebê. – ela disse. – Estou aqui agora. Podemos ser uma família de novo... Podemos...

– Você deveria estar morta. – falei mais seca do que pretendia.

Ela ignorou.

– Eu sei! Eu estou de certo modo, não é? – ela riu como se aquilo fosse algum tipo de piada e de fato, no nosso “mundo dos mortos” era mesmo. – Vai passar tudo meu amor. Vamos ser uma família e vamos superar...

– Não sei quem é você. – falei dando um passo para trás. – Mas você não é a minha mãe. Não é.

– Alex... Querida, passamos por mudanças, mas...

– Cale a boca, Tanner – eu falei. – Nossa “família” está quebrada faz tempo, esteve presa a um quarto idiota tempo demais para não perceber?

Ela parecia magoada, mas sua expressão ficou dura e quase agressiva, suavizando logo depois. Ela se aproximou e acariciou meus cabelos escuros sorrindo amável... Mas eu tinha nojo daquela mulher.

– Eu sobrevivi Alex – ela contou. – Os Volturi não estavam procurando alimento na noite em que...

– Edgar que os matou – falei. – Ele foi se vingar.

Ela sacudiu a cabeça.

– Ele foi, mas ajustamos as coisas – ela sorriu mais. – Eu e seu pai sobrevivemos de certo modo. Entende por quê? Porque Edgar queria te atingir. Mas ele desistiu, eu abri uma nova chance para sermos uma família de novo Alex. Meu Ed sempre lutou pela própria família.

– Mentira – insisti. – Edgar não é mais o mesmo. Ele é um mentiroso.

– Não fale assim do seu irmão! – ah, ela voltou.

Hesitei, fechando os olhos e contando lentamente até cinco.

– E o papai? – perguntei. – Ele está bem também?

– Eu me vinguei – ela contou com um sorriso. – Ora, não faça essa cara. Nós duas sabemos que ele começou a destroçar nossa família... Chegando em casa bêbado, ele me batia Alex... Ele expulsou seu irmão.

– Edgar foi embora por causa de vocês dois! – contrariei. – Ele está assim agora porque vocês... Vocês se perderam. Se perderam porque são fracos. E eu odeio vocês.

Ela me acariciou o rosto.

– Oh meu amor, não fale assim – ela disse com ternura. – Seremos uma família, Edgar me prometeu...

– Edgar prometeu muitas coisas para muitas pessoas. – eu falei. – Ele mudou. Você mudou. Eu mudei. Não podemos ser como antes, entende isso?

Ela recuou.

– Vamos nos esforçar, ficaremos seguros ao lado dos Volturi... Seu irmão só quer te proteger desses que você chama de amigos Alex. Eles são os vilões! Os Foster e os rebeldes devem ser exterminados.

Ela ergueu a mão para mim. Encarei a mulher que limpou meus machucados quando menor. Ela dava sorrisos hesitantes.

– Vamos lutar juntas, pequena. – ela disse. – Vamos destruir os Cullen também, afinal, eles mataram Bree não foi?

Arregalei os olhos.

– Eles não mataram Bree – eu me irritei. – Eles... Os Volturi! Você está realmente... Eles que mataram Bree.

– Isso é ilusão, minha querida – ela disse com o tom de voz baixo e sonolento. – Quem garante que os Foster não te usaram? Você tem dons raros como eles e Xavier... Aquele maldito.

– Não fale mal de Xavier Foster – ameacei. – Ou eu vou arrancar a sua cabeça.

– Isso é jeito de falar com a sua mãe? – ela perguntou.

Rangi os dentes e em menos de um segundo eu me aproximei dela e chutei-a bem na barriga. Melody Tanner... Porque eu não consigo mais chamá-la de mãe. Melody Tanner voou metros até colidir com um tronco e cair no chão. Ela se levantou cambaleante.

– Você não é minha mãe – eu enfatizei. – E não fale mal dos Foster porque você está afundando no mesmo ninho de cobras em que Edgar se afundou.

Ela se apoiou no tronco. O impacto espantou um grupo de corvos que dominavam a árvore. Folhas caíram sobre nós, agarrando no meu cabelo e roçando minha pele. Encarei Melody com todo o ódio que guardava por todos esses anos.

– Quem diria que você poderia se rebaixar mais, mamãe. – falei. – Olhe para você. Acha que Edgar vai te deixar limpa? Quando você se tornar inútil para ele, ele vai acabar com você do mesmo jeito que você acabou com nós dois naquela época.

Dei um passo à frente, ela tropeçou um pouco por causa do salto preto quebrado.

– Meu amor...

– Tomara que ele faça isso. – eu disse e ela se encolheu, senti um pouco de remorso com sua expressão, deve ser difícil ouvir aquilo tudo da própria filha, mas quando ela me deixou sozinha também foi difícil... Muito difícil. – Porque eu te odeio.

Em um raio de quilômetros eu pude sentir a presença deles, os mais mínimos barulhos que faziam em sua jornada até nós. Afastei-me de Melody lançando-lhe meu último olhar de nojo. Passei por ela.

– Seus amiguinhos estão vindo – eu disse. – Não ouse me procurar e nem me seguir... Se fizer isso vou acabar com você, Melody Volturi.

Então eu lhe dei as costas.





Era para ajudarmos uns aos outros, cuidarmos um dos outros e hoje apenas tentamos matar uns aos outros como a família mais problemática do mundo. Pulei de galho em galho até que me encontrei novamente no nosso esconderijo em Forks, quando adentrei na sala, não falei mais do que o necessário. Contei a Paul e aos outros sobre o que havia acontecido na residência dos Cullen. Falei sobre Renesmee, mas não comentei sobre Melody.

Perguntaram se eu fui seguida e essa coisa toda, respondi suas perguntas e depois de um tempo, Charlie e Liam vieram falar comigo. Estava olhando pela janela, o mundo ao redor e como ele pouco mudara. Tentei imaginar o falado Mundo de Sangue.

– Alex – Charlie chamou tocando meu braço. – Não quer conversar?

Os dois me olhavam suplicantes e preocupados, desviei de seus olhos dourados que perfuravam meus pensamentos.

– Sobre o que? – perguntei.

Liam e Charlie se entreolharam, mas foi o loiro que falou dessa vez.

– Sobre o que mais aconteceu em sua visita aos Cullen que você “esqueceu” de contar – Liam fez aspas no ar.

– Não aconteceu nada que valha a pena contar – falei. – Vou para o quarto...

– Vou com você. – Charlie disse.

Mas eu o cortei.

– Quero ficar sozinha.

Sem mais ou menos eu me tranquei em um dos quartos. Fiquei brincando de fazer os objetos ao meu redor levitarem, estava ficando melhor nisso. Quase não precisava pensar mais, mas eu narrava os movimentos para ocupar a mente.

Os objetos logo faziam uma dança macabra no ar, de fato isso me deixava melhor... De um modo estranho.

Pensei na minha vida humana, pensei nos Foster, pensei em Edgar, pensei nos Volturi, pensei nos “Rebeldes”, mas principalmente e mais demoradamente eu pensei em como sentiria o terrível prazer de ter a cabeça de Melody Tanner em minhas mãos como tive a de Jasper, e como esperado isso me assustou do mesmo modo que me agradou profunda e terrivelmente ter deixado esse sentimento queimar e se espalhar dentro de mim.


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Notas finais do capítulo

Melody Tanner é como visto, a mãe de Alex. Ela descobriu ter câncer no colo do útero e ficou em depressão após Bree desaparecer e a doença surgir fazendo Alex e Edgar se sentirem abandonados e mais sozinhos. Melody se trancava no quarto e não saia para nada, aparentemente morria lentamente.
O instinto assassino de Alex retorna novamente, eu sei que é instinto assassino porque acho que vampiras não ficam de TPM e toda aquela coisa nojenta lá que vocês viram, não viram ou vão ver de novo ou até estão vendo... É.
Espero que tenham gostado.
Beijos Azuis Vampirescos!



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