Apaixonada por um vampiro escrita por Ana Anjost


Capítulo 6
Delegacia, Convite


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem...



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Ainda encolhida e escondida atrás da lixeira, coloquei meu rosto minimamente para fora do meu esconderijo, na tentativa de ver o que o assassino estava fazendo. E lá estava ele, vindo em minha direção, com a boca suja de sangue e seu rosto escondido pelas sombras.

Mordi meu lábio inferior com força, pois ele estava tremendo e eu não queria fazer o mínimo barulho, abracei meus joelhos encostando-me a na parede, prendi o folego e tentei ser o mais quieta possível. Quieta e pequena, é isso.

Ele estava ao lado da lixeira, fechei meus olhos. Não queria ver seu rosto quando ele me achasse, que idiota eu fui por ter bancado a heroína, que imbecil eu fui por não ter ouvido meu consciente avisar sobre correr enquanto tinha tempo. Não adiantava brigar comigo internamente, já era, minha hora chegou.

Uma rajada de vento bateu no meu rosto, iguais àquelas que quando um carro em alta velocidade passa por nós. O meu cabelo voou na minha cara, mas não me movi para tirar. Passaram-se alguns minutos, não estava entendendo, era para o cara ter me encontrado e eu já devia estar morta, como a ruiva lá no chão. Porém não, cá estava eu esperando ser morto, com o medo gelando o meu sangue e meu corpo tremendo.

Olhei para onde a mulher estava jogada, é ela continuava lá, mas o homem não. Era como se ele estivesse simplesmente sumido, mas não tinha como, aqui é um beco, daqueles que não tem saída e eu não o vi passar por mim, e muito menos ouvi os passos dele indo embora.

Sai do meu esconderijo e fui em direção à mulher caída, o cabelo estava tampado o seu rosto. Ajoelhei-me ao lado dela e tirei o cabelo do seu rosto, sua pele estava fria e seu pulso estava parado. Eu nunca senti medo de cadáveres, era assustador para a família do meu pai, quando eu era criança gostava de ir a funerais, gostava mais ainda quando eles abriam o caixão e eu ia lá, tocar o cadáver. Mas nunca mais fiz isso desde quando fui tocar o morto e ele era o meu pai.

Virei o rosto da mulher de um lado para o outro, procurando vestígios do que o homem estava fazendo com a boca no pescoço dela, claro eu procurei marcas rochas, sinais de chupões ou qualquer violência, mas nada.

Peguei meu celular e disquei o número da policia, minha mão estava tremula e foi um pouco mais complicado discar os números, assim que atenderam comecei a falar:

– Alô, eu estou perto de um corpo... a mulher está morta... um cara estava sei lá... por favor me ajude. – minha voz estava em pânico, meus lábios tremendo e minha respiração pesada.

Ela começou a fazer perguntas, perguntou onde eu estava, se á alguém mais no local e blá, blá, blá.

O carro da policia chegou, me levantei e um homem trajado veio em minha direção.

– Sou o delegado Wrong – o homem era mais velho, olhos pequenos e azuis, cabelos começando a ficar grisalho, ele era familiar – Senhorita...?

– Driel, Driel Evans.

– Por favor, senhorita Driel, me acompanhe até a delegacia. Precisamos do seu depoimento.

Ele me conduziu ate a viatura e eu entrei. Soltei um suspiro de alivio, assim que sentir o calor do aquecedor que estava no carro. O caminho foi silencioso, eu fiquei pensando na reação de mamãe quando descobrisse isso, ela provavelmente piraria.

– Agora precisamos que você fale tudo o que viu – o delegado disse, nós tínhamos chegados à delegacia e eu estava no seu escritório, sentada de frente para ele, sendo interrogada.

– Tudo bem... – comecei a falar. Tudo desde que fui em direção ao ponto de ônibus e me perdi até quando eu ouvir o grito e a mulher sendo prensada na parede por aquele sujeito. Deixei de fora a parte das presas, aquilo poderia ter saído da minha cabeça, tinha que ter saído da minha cabeça. Ninguém tinha caninos daquele tamanho e finura, talvez o Dente-de-Sabre, mas ele era personagem de desenho. O sangue na boca dele foi omitido, como os dentes eu poderia ter imaginado.

– Isso é tudo? Você não viu mais nada? O rosto do assassino, quem sabe?

– O senhor tem que entender, estava escuro, não dava pra ver nada, há única coisa que eu sei é que era um homem.

– E posso perguntar o que à senhorita estava fazendo há essa hora fora de casa e em lugar afastado?

Quando eu ia responder a porta foi aberta e de lá entrou... Nathan?

– Papai você... – ele não terminou a frase, quando me viu deu um passo para trás e suas bochechas ganharam uma cor rosada, mudando sua expressão de surpresa para confuso – Desculpe, eu não sabia que... – ele continuava falando enquanto me olhava.

Sorri enquanto olhava sua expressão boba. Ele sorriu de volta.

– Tudo bem meu filho, já estava acabando de falar com a Srtª. Evans.

Como eu pude ser tonta, Nathalia me falou que seu pai era o delegado. É por isso que tinha algo familiar nele.

– Eu posso ligar pra minha mãe vem me buscar? – perguntei.

– Oh, claro – ele respondeu.

Sair da sala e fiquei no corredor, tirei meu celular do bolso e liguei para mamãe. Enquanto ela não atendia, olhei as imagens coladas na parede. Era de assassinatos passados, pessoas diferentes e pálidas. Eram pincipalmente mulheres. Isso me fez pensar que elas sofreram abusos e foram mortas por isso. Mas tinha algo estranho e eu não entendia o quê.

– Alô, Driel. Onde você está? – mamãe falou assim que atendeu.

– Mãe tente se acalmar e não pire quando eu te falar onde eu estou!

– Fala logo, menina. Você está me deixando assustada.

– Então, eu estou na delegacia e preciso que a senhora venha me buscar. – falei tudo de uma vez.

– EM QUE VOCÊ SE METEU? FOI MAIS UMA DESSAS BRIGAS? VOCÊ ESTÁ MACHUCADA? – ela estava gritando, afastei o celular do meu ouvido. Se eu tivesse sorte não teria problemas com o tímpano.

– Mãe, eu disse para a senhora se acalmar – disse eu mais calmamente possível – eu vi uma coisa ruim... Eu liguei para policia e eles precisavam do meu depoimento. Venha me buscar e eu lhe explicarei direito.

Passe o telefone para o delegado, primeiro quero falar com ele.

Quando ela falou isso delegado Wrong e Nathan saíram da sala. Eu disse que minha mãe queria falar com ele e ele pegou meu celular e se afastou, deixando seu filho e eu sozinhos no corredor. Sentei-me no longo banco de madeira encostado na parede. Nathan se sentou ao meu lado e permaneceu em silêncio.

– Então, por que você está aqui? – ele finalmente falou, quebrando o silencio desconfortável que reinava entre nós.

– Eu vi uma mulher sendo assassinada – falei com um suspiro no final.

Tipo assim, eu, a garota que tinha acabado de se mudar, já estava prestes a ganhar um trauma pelo fato de ter visto alguém sendo morto. Eu não sentia medo, era outra coisa, algo mais sinistro, sei lá. Era como se a cidade escondesse algo perverso, pessoas ruins se escondendo pelas sombras e matando cidadãos inocentes de uma forma cruel e inexplicável.

– Nossa! É uma barra pra você, hein – ele engoliu em seco, eu sabia o que aquilo queria dizer, Nathan estava tentando falar algo – Sabe uma coisa que ajudaria você a superar?

– O quê?

– Sair, quer dizer dá uma volta. No outro final de semana, vai abrir o parque de diversão, ele só vem uma vez por ano. Seria legal se nós... dois fossemos, não é?

– Isso é um convite? – virei meu rosto para olhar para ele, Nathan mantinha sua cabeça abaixada, suas bochechas estavam coradas. Não entendia por que tanta vergonha em me convidar pra sair.

– É.

– Tudo bem, eu aceito!

Ele olhou para mim e sorriu, seu sorriso é bonito, brilhante e com covinhas a bochecha.

– Então no próximo sábado eu te pego as... sete – falou ele meio incerto. Assenti - só que eu não sei onde é sua casa...?

– Não se preocupe filho, você saberá. Nós vamos dá uma carona para garota. – o pai de Nathan apareceu nos dando um susto.

– Mamãe não vem me buscar? – perguntei.

– Ela vinha, mas seria perigoso sua mãe sair sozinha há essa hora. Então eu disse que levaria você em casa. – ele me respondeu estendendo meu celular e o peguei. Reparei as horas e vi que ainda eram 22h00min e o horário limite da cidade era as 23h00min.

No carro, passamos a viagem em silêncio. Eu estava no banco de trás, com Nathan ao meu lado. Delegado Wrong resolveu fazer mais uma pergunta.

– Você não me respondeu a ultima pergunta. O que estava fazendo em um lugar afastado há essas horas?

– Fui fazer um trabalho de aula. Não ia demorar porem acabei passando mais tempo do que previ e jantei lá. Quando sair da casa me perdi um pouco, até ouvir os gritos femininos.

As imagens do que aconteceu voltaram. A mulher prensada na parede e o homem com a boca no pescoço dela, os gemidos que ela soltava e a parte mais aterrorizante. O corpo mole dela caindo no chão, à boca dele suja de sangue e os caninos irreais. O pensamento me fez tremer.

O carro parou em frente de casa, claro eu tinha indicado o caminho enquanto ele dirigia. Virei-me para Nathaniel e disse:

– Essa é minha casa! – sorri pra ele e acrescentei – Não fale para ninguém sobre ter me visto na delegacia, ok? Tchau.

Desci do carro e eles se foram. Amanhã ainda tinha aula e estava me preparando para o que mamãe vai falar. E lá vamos nós.


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Notas finais do capítulo

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