Returning to 17. escrita por Cupcake52


Capítulo 2
Estranho Estúpido.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Antes de tudo, quero agradecer aos coments que recebi dos meus primeiros leitores, vocês são demais, pessoas fofas.
Bem, neste capitulo fica registrado o primeiro encontro entre Charlie e Arthur, esses dois lindos.
Espero que estejam curtindo a fic, apesar de ela ainda não ter muito conteúdo, logo logo a história toma um ritmo melhor.
Beijão e até o próximo capitulo!



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Quando Charlie acordara, a primeira coisa que reparara era que o seu rosto doía bastante.

A Segunda, era que não estava se sentindo muito confortável deitado completamente torto e com a cara quase enterrada naquele chão de terra.

E terceira, e não muito importante, seu corpo estava tremulo pelos primeiros pingos de chuva que estava ameaçando em cair. Apenas podia ver de relance e com um pouco de dificuldade o rascunho longe das arvores ao seu redor balançando em movimentos lentos, as poucas folhas alaranjadas sendo levadas pelo vento frio. E se bem conhecia aquele cenário, algo de ruim estava prestes a acontecer.

Ou parando para pensar melhor, ali jogado na terra, poderia já estar acontecendo.

Com um grunhido de dor, sentou-se sentindo sua perna esquerda latejar, e então olhou para o lado e viu o que parecia ser uma bicicleta azulada, aparentemente desgastada por tanto uso. Sua Bicicleta.

Bicicleta esta, que ele tinha visto pela ultima vez quando tinha... 17 anos.

–Oh Meu Deus. – Charlie abriu a boca sem acreditar, e então como se tivesse desperto de uma letargia começou a engatinhar, tateando o chão a sua volta em busca de seus óculos, logo o achando e colocando em seu rosto.

‘’Hm, bem melhor’’.

Por um momento se sentiu um tanto ridículo, ainda mais ao pensar em sua aparência quando era adolescente, não era muito preocupado com isto naquele tempo, mas agora voltando a ter 17 anos, repensava que era desleixado a ponto de não comprar roupas novas e continuar usando aquelas calças jeans de quase o dobro do seu tamanho e as camisas acinzentadas. Arthur, até tirava sarro dele às vezes por lembra-lo de...

‘’Arthur!’’

Lembrou-se da briga com o namorado, o acidente, a cirurgia e então o velho estranho e sua proposta bizarra, que por fim, aceitara. E lá estava ele.

Com uma rapidez surpreendente, puxou a bicicleta a equilibrando no chão de terra e pedras, subindo nela e começando a pedalar o mais rápido possível. Sabia que estava atrasado, que Charlie estava correndo perigo naquele exato instante, bem perto dali. Observando a curva da estrada estreita de terra, acobreada por arvores de troncos gigantescos, sabia que logo encontraria uma cena que marcaria a sua vida para sempre.

A primeira vez que vira Arthur, através de seu afogamento.

Pedalou mais rápido, sentindo o óculos escorregar na ponte de seu nariz, e as lentes ficarem embaçadas pelos pingos da chuva. Quase perder o equilíbrio com algumas pedras mais rochosas, o impedindo de aumentar a velocidade e acalmar sua ansiedade e medo.

Quando finalmente dobrou a curva, tendo que baixar a cabeça para a sua testa não ir de encontro com os galhos baixos de algumas arvores, ele sentiu o coração dar um pulo em seu peito ao ver a caminhonete verde musgo da mãe de Arthur afundando vagarosamente dentro do lago que cobria aquela parte da floresta.

Sem pensar na sua atitude heroica barata, largou a bicicleta nos pedregulhos e correu ate o lago, logo em seguida, mergulhando, sentindo a agua fria em seu corpo. Não demorou muito para que pudesse ver um garoto com movimentos vagarosos, quase cansados, tentando abrir a porta do motorista, mas esta parecia estar com a tranca emperrada o impossibilitando de sair.

Nadando até a caminhonete, Charlie com um pouco de dificuldade por causa do ar suprimido pela pressão da agua, entrou no campo de visão do outro que arregalou os olhos parecendo não acreditar no que via. Puxando uma força dentro de si que ele não sabia ter até aquele momento, Charlie começou a socar o vidro da janela, e Arthur parecendo entender, começou a chutar a janela com força, a ponto de finalmente quebrar, e entrar abundantemente a agua do lago dentro da caminhonete.

Com a ajuda de Charlie, Arthur conseguiu sair, e subiram até a superfície, puxando o ar, ofegantes.

–Consegue nadar até lá? – Charlie perguntou ao ruivo apontando para a beira do lago. O Ruivo acenou negativamente, e outro pode ver que ele estava mais pálido que o normal.

–Machuquei o tornozelo... Não consigo mexer meu pé.

–Ok, se apoie no meu ombro, não estamos muito longe da beira. – Ao sentir a chuva cair mais forte, Charlie acelerou as braçadas o máximo que podia, ainda mais ao pode escutar os gemidos baixos de dor de Arthur as suas costas.

Chegando até a terra coberta por pedregulhos acinzentados, Charlie apoiou o outro com cuidado, o deitando e viu preocupado que Arthur estava um pouco desnorteado, os olhos entreabertos e os lábios finos arroxeados de frio.

–Hey, olhe pra mim, respire fundo ok? Devagar, devagar. – Charlie segurou o rosto do adolescente que pareceu focar seu olhar diretamente nos olhos castanhos claros de Predwiski.

Charlie sentiu o estomago dar cambalhotas e adrenalina pareceu diminuir dando a ele um espaço de tempo para perceber que Arthur estava ali, novamente a sua frente, bem e não em uma cama de hospital lutando contra a morte.

Conteve a imensa vontade de abraça-lo até ficar sem ar. Queria dizer tantas coisas, pedir desculpas por ser um idiota e não estar com ele quando Arthur mais precisava e ter se tornado egoísta a ponto de não ama-lo como deveria. E ele estava tão lindo aos 17, com o cabelo ruivo moldando seu rosto sardento e os lábios finos agora molhados e...

–Por que... Por que você esta chorando? – A voz do ruivo o tirou dos devaneios do futuro e os olhos verdes o miravam interrogativos, parecendo mais vivos pela palidez de seu rosto. Charlie sentiu seu rosto esquentar, apesar do frio que fazia, e tirou as mãos do rosto do ruivo.

Ele nem se quer percebera que lágrimas quentes escorriam por seu rosto, se confundindo com os pingos da chuva.

–Eu, eu não estou chorando. Você está bem?

Arthur sentou-se, e fez uma careta de dor ao tentar dobrar a perna.

–Vou ficar, apenas tenho que voltar para casa e receber o maior sermão da minha vida. Não deveria ter saído com a caminhonete da minha mãe, droga.

–Acho que sua mãe vai dar mais importância para o próprio filho do que para um pedaço de lata.

Arthur fechou a expressão neutra, e se agitou ao escutar o pedaço de lata.

–Um pedaço de lata valioso, estranho estúpido.

Charlie abriu a boca e se lembrou do valor que a caminhonete tinha para Arthur, e a sua mãe.

–Me desculpe, eu não tive intenção de ofender. – Disse nervoso, ajeitando o óculos em seu rosto. Não tinha nem como limpar suas lentes, já que sua camisa estava toda ensopada.

O ruivo o ignorou, tentando se levantar e soltou um grunhido de dor, pela força causada no tornozelo machucado.

–Deixa eu te ajudar, você não vai conseguir andar até a sua casa assim. – Tentou se aproximar do outro, mas recebeu um tapa em sua mão. – Ouch! Estou tentando ajudar, ok?

–Não preciso da sua ajuda, e nem te conheço. Me deixe em paz! – Arthur conseguiu andar mancando por dois passos, até cair novamente no chão.

Charlie suspirou revirando os olhos. Às vezes Arthur parecia ser mais teimoso do que ele próprio. Andou até o outro garoto, o levantando com cuidado e apoiando-o em seu corpo, e sorriu quando escutou os seus resmungos.

–Eu não vou conseguir andar com você assim até a minha casa. E além disso você pode ser um maluco que quer se aproveitar de mim, ou encontrar uma curva próxima e jogar meu corpo em um barranco qualquer, e também...

–Se eu quisesse você morto, acha que eu nadaria para te salvar, Art... –Charlie se calou ao perceber que estava falando demais.

–O que disse? – Arthur o olhou desconfiado, apoiando os braços em volta de seu pescoço. Os rostos estavam um pouco próximos, mas este nem percebia qualquer malicia.

Já Charlie... Engoliu em seco. Olhou rapidamente para o céu, e viu que apesar do céu nublado, estava quase anoitecendo.

–Vamos na minha bicicleta.

–Hmm... Você diz daquela lata velha ali? – Arthur apontou para a bicicleta jogada nas pedras perto da trilha de terra, onde Charlie tinha deixado.

Predwiski abriu a boca indignado, como ele podia falar daquele jeito, insensivelmente?

–Bem, agora você já sabe como eu me senti ao escutar você, que nem me conhece, falar do carro da minha mãe como se fosse uma lata velha.

–Mas eu não fiz propositalmente!

Depois de resmungarem um contra o outro, Charlie se deu por vencido, e ajudou Arthur a sentar no ‘‘braço’’ da bicicleta, e como teria que pedalar com um peso a mais, teve que ir um pouco mais lentamente. Além do seu senso de equilíbrio não ser tão bom naquela época, ele não queria correr o risco de cair com Arthur na terra agora, com a lama escorregadia.

Mas se caíssem, pelo menos Arthur cairia em seus braços e então...

–Hey!

Charlie piscou e olhou para o outro que o chamava aborrecido.

–Estamos indo aonde, já que não sabe onde eu moro?

–Eu... Estava esperando você me dizer. – Deu um sorriso sem graça, mas sabia todo o caminho até a casa da mãe de Arthur, afinal, quando se tornaram amigos, ele já o visitara varias vezes, e logo depois do namoro, sua visita se tornara frequente. – Er, não é como se eu soubesse de qualquer forma.

Arthur o olhou por cima do ombro ainda desconfiado, mas depois deu de ombros.

Depois de alguns minutos, a chuva havia parado, e então quando a noite caiu, eles haviam chegado em frente a uma casa esverdeada, com um sobrado. Simples, mas ela tinha seu charme, assim como as outras na vizinhança.

–Bem, eu posso ir sozinho daqui. – Arthur saiu da bicicleta, tentando não se apoiar no pé esquerdo, por causa do tornozelo machucado.

–Tem certeza, não quer que eu o acompanhe até a porta? – Charlie perguntou preocupado, e entreabriu os lábios carnudos ao ver o rosto do outro corado.

–Escuta, eu não sei quem é você, nem da onde veio, e como apareceu pra ter me salvado, e apesar de parecer ser um cara bonzinho, mas um pouco irritante também, acho que por fim, deve ser algum psicopata, ou quase isso, já que eu reparei seus olhares pra cima de mim, e só pra dizer, eu não sou gay ok?

Charlie o encarou seriamente por alguns segundos e então começou a gargalhar. Arthur virou o rosto, emburrado.

–Bem, é bom saber disso, apesar do nosso encontro fatídico no lago. Queria ter encontrado você de outra forma, e não daquele jeito. E não, não sou um psicopata. Sou apenas Charlie, muito prazer. – Predwiski levantou a mão para cumprimentar o outro que não saíra do lugar e olhou para sua mão como se fosse um inseto asqueroso.

Charlie tinha esquecido que não fora nada fácil conquistar a confiança de Arthur no começo. Além do fato, de que eles dois não eram gays naquele tempo, até se apaixonarem um pelo o outro.

Mas, a questão era que ele já era apaixonado por Arthur, e vivera 17 anos ao seu lado. Só que, agora era como se fosse viver tudo outra vez como um filme rebobinado.

–Bem, eu vou indo. – Arthur deu um pequeno aceno, e andou mancando até a calçada. De repente ele virou em sua direção, e parecia meio receoso. – Obrigado... Mesmo, por ter me salvado.

O coração de Charlie bateu mais ritmado e ele se sentiu um babaca. Era a prova de que ele realmente voltou aos seus 17 anos.

–De nada. Acho que apesar de não gostar de mim, teria feito o mesmo.

Arthur acenou positivamente. Ia se virar para andar novamente, mas voltou-se com uma expressão divertida no rosto. O cabelo ruivo numa tonalidade alaranjado escuro, sendo iluminado pela luz do poste da calçada.

–Na verdade se eu soubesse que seria você dentro do carro, hesitaria em salvar. Se cuide, estranho.

Charlie balançou a cabeça sorrindo observando-o e sumir de sua visão.

Suspirou cansado ao pensar no quanto seria difícil se tornar novamente o Predwiski adolescente outra vez.

Mas desistir, era o ultimo pensamento em sua cabeça.


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