“Somente feche seus olhos
O sol está se pondo
Você ficará bem
Ninguém pode te machucar agora
Ao chegar a luz da manhã
Nós ficaremos sãos e salvos.”

Emerson narrando

Eu não pude discordar do Luke porque de um certo modo, ele tinha razão. Não havia nenhuma garantia de que sairíamos vivos, só o que tínhamos era a nossa coragem e o nosso ódio pelo Daniel. Eu poderia até me dar mal nessa, mas iria levar o máximo de pessoas que eu pudesse comigo e se eu pudesse matar o Daniel antes dele me pegar, juro que eu morreria feliz.

– Vamos parar por aqui! – Luke avisou – A casa é logo adiante.

Eu estacionei o carro.

– Eric e Jacson venham comigo. Bruno espera aqui e fica de olho nesse aí. – disse apontando para o Luke.

– Isso é burrice Emerson, eu conheço a casa, vou ser mais útil lá com vocês...

– Nem pensar Luke, não vou deixar você no mesmo lugar que o Daniel, não vou te dar a chance de nos entregar para ele. E é melhor calar a boca antes que eu te faça calar com um soco.

Luke me olhou furioso, mas desistiu de argumentar já que não iria adiantar mesmo, nós éramos quatro e ele um.

Pegamos a bolsa com as armas e nos preparamos para invadir a casa.

– Bruno, se não voltarmos em uma hora, dá o fora daqui e diz pras meninas chamarem a Interpol. Só não esperem pela polícia, se escondam em algum lugar até acharem que é seguro, ok?

– Vai dar tudo certo cara! – Bruno disse e eu queria acreditar nele, mas a gente tinha uma pedreira pela frente.

– Certo, chega de papo e vamos lá! – falei me afastando com Eric e Jacson.

Andamos um tempo até encontrarmos a casa que era rodeada por árvores. Ótimo, assim poderíamos dar uma olhada pra ter uma noção do que nos esperava antes de invadirmos.

A casa não era muito grande, mas podíamos ver três homens rondando o prédio. Cada um deles com um fuzil.

– Certo, vamos ao plano...

– Achei que não houvesse um... – falou Eric.

– E tu acha que eu ia falar meu plano na frente do Luke? Pra ele dar um jeito de contar pro Daniel?

– Tá Emerson fala logo qual é o plano! – pediu Jacson.

– Vamos render os caras e entrar. A gente não sabe como vai estar a situação lá dentro, mas vamos nos preparar para o pior. Encontrem a Sara e o Pedro e tirem eles de lá, deixem o Daniel comigo...

– Você vai matá-lo?

– Esse é o plano Jacson. Fiz uma promessa pra Rose e faço outra pra vocês: se eu sair inteiro dessa e tudo der certo, eu peço a Rose em casamento!

– Essa eu quero ver! – disse Jacson.

Abri a mala e comecei a tirar as armas e a munição. Tirei também algumas bombas de gás lacrimogêneo.

– Pra quê o gás? – Eric quis saber.

– Não podemos chegar lá atirando em todo mundo então vamos usar o gás para ganhar tempo enquanto procuramos Pedro e Sara.

– Mas o Daniel deve estar com eles.

– Eu sei Eric, por isso não podemos arriscar sair atirando por ai sem saber como está a situação.

Entreguei duas pra cada um e guardei mais duas no meu bolso.

– Então cada um de nós rende um dos caras e largamos as bombas quando entrarmos, ponham as máscaras para se protegerem do gás. Assim que o gás se soltar nós procuramos a Sara e o Pedro.

Nós fomos para cima dos caras e antes que pudessem perceber o que estava acontecendo eles já estavam no chão. Sem perder tempo corremos para dentro da casa e jogamos o gás. Havia dois caras na sala e assim que ficaram tontos, também os nocauteamos e pegamos suas armas

Havia três portas fechadas. Abrimos a primeira, a segunda e quando abrimos a terceira, encontramos Daniel sorrindo.

Ele aponta a arma para Pedro que está desacordado e estremeço ao ver que ele não está se mexendo e está com o rosto tão machucado que quase não o reconheço.

– Soltem as armas senão eles morrem. – avisa Daniel.

Só então percebo que Sara está num canto amarrada e uma mulher está lhe apontando uma arma. Percebo aliviado que ela parece bem, tem um pequeno corte na testa, mas não parece grave. Não é difícil deduzir que Daniel a estava torturando com a surra que dera no Pedro. Nós não temos outra opção senão obedecer.

Nós largamos as armas devagar no chão.

– Reviste-os!

Um cara se aproxima e pede que levantemos as mãos enquanto ele verifica se não temos mais nenhuma arma, ele encontra as duas bombas nos meus bolsos e as coloca fora do nosso alcance. Fica nos apontando uma arma.

– Decepcionados? Um dos seguranças do meu pai o informou da fuga do Luke e que ele estava com vocês, então tive tempo para preparar a recepção.

– Seu covarde! Juro que vou matar você! – grito e ele sorri.

– Onde está o Luke?

– Não está conosco. Aposto que ele também ajudou a avisar sobre nós.

Eu torcia para que aquilo não fosse verdade ou então eu voltaria para assombrar o Luke eternamente.

– Anda logo Daniel, acabe logo com a gente.

– Calma Emerson, sua hora vai chegar, primeiro vou terminar com o seu amigo.

Ele avançou para o Pedro, Sara começou a gritar.

*

Luke narrando

– Já faz uma hora Bruno, acho que vou atrás deles. Se quiser pode ir embora.

Ele me olhou preocupado.

– Não vou embora, vou mandar uma mensagem pra Angela e esperar a polícia chegar...

– Esquece a polícia, cara. Até eles chegarem o Daniel já vai estar longe. Temos que entrar na casa.

Bruno terminou de digitar a mensagem e me olhou, parecia indeciso.

– Se eu descobrir que você nos traiu, eu mesmo te mato, Luke! - Falou enquanto abria o porta-malas, pegava dois revólveres e me estendia um.

– Eu nunca faria algo para machucar a Sara.

Nós fizemos a volta pelos fundos.

– Aonde estamos indo, Luke?

– Daniel espera que entremos pela frente, mas conheço uma entrada por baixo...

– Por que não falou dela para os outros?

– Porque sabia que eles não iam conseguir e precisávamos de um plano B.

Eu abri as portas que davam para o porão e desci a escada. Andamos um pouco e comecei a ouvir a voz Daniel.

– Calma Emerson, sua hora vai chegar, primeiro vou terminar com o seu amigo.

A seguir comecei a ouvir os gritos da Sara e comecei a correr. Subi uma escada e saí no fim do corredor onde encontrei a porta do quarto de onde eles vinham. Havia uns caras desmaiados no chão, mas não parei pra ver se eram ou não uma ameaça, nem olhei se Bruno havia me seguido, tudo o que eu queria era tirar a Sara dali.

Controlei a ansiedade e abri a porta bem devagar, tentando não fazer ruído e tentei ter uma visão do que se passava lá dentro.

Dois caras haviam rendido Emerson, Jacson e Eric, suas armas jaziam no chão perto da porta e estavam bem ao meu alcance. Sara estava do outro lado do quarto e parecia bem, apesar de alguns machucados no rosto, uma mulher estava ao seu lado com uma arma na mão, mas parecia distraída demais com Daniel para ameaçar Sara que olhava aterrorizada para ele.

Olhei para trás e vi que Bruno estava logo atrás de mim.

– Eu vou apontar esta arma para o Daniel e vou ameaçá-lo. Você aponta para os caras que estão com os meninos, pedirei para eles se renderem ou vou atirar nele.

– Você tem certeza que vão acreditar em você? Não é melhor eu fazer isso? – perguntou Bruno desconfiado.

– Confie em mim, eu tenho que fazer isso, é a única forma de tentar consertar meus erros.

– Tudo bem, mas se você falhar, saiba que eu não vou pensar duas vezes em acabar com o Daniel e com você também.

– Eu sei. Então, quando eu disser três: Um, dois, três!

Nós entramos e eu corri até Daniel.

– Parado Daniel ou eu atiro. – gritei.

– Luke, que surpresa. Estava me perguntando quando apareceria para se juntar à festa.

– Estou falando sério Daniel, ou você manda eles abaixarem as armas ou eu vou atirar em você!

– Tudo isso por causa de uma garota? Luke, achava que você era melhor do que isso, mas tudo bem, você pode ficar com ela como seu bichinho de estimação depois que eu acabar com os outros.

– Você não está entendendo o que estou dizendo, Daniel? Você não vai matar ninguém. se alguém vai morrer aqui hoje é você!

– E quem vai me matar, você?

– Não me subestime, não sabe do que eu sou capaz!

Ele me olhava, avaliando-me, tentando decidir se estava ou não blefando.

– Ok, então faremos assim, você pode levar a garota, o grandão, o bonitão e os dois nerds, mas me deixa terminar com o namoradinho dela, ele já está quase morto mesmo. Depois eu dou o fora daqui e nós dois saímos ganhando algo, hein, o que acha? Estou com muito bom humor e acredite essa é a minha melhor oferta.

– Esquece, não vou deixar você escapar de novo, acabou pra você Daniel, desista!

– Ok, então você terá que me matar, porque senão eu vou matar a Sara. – Ele apontou a arma pra ela que me olhou e disse.

– Atira logo!

Ela estava me implorando com o olhar e era tudo o que eu precisava. Eu engatilhei a arma e sem pensar muito disparei direto no peito do desgraçado.

*

Sara narrando

Daniel caiu no chão. Eu não acreditava que Luke fosse capaz, mas ele tinha feito, tinha atirado nele. A mulher que estava comigo fugiu correndo e os outros capangas também. Vi Emerson sair atrás deles. Luke correu até mim para me desamarrar e perguntou se eu estava bem, mas tudo o que eu queria saber era como estava Pedro.

Os meninos correram até ele. Enquanto eu tentava me levantar para chegar nele.

– Ele está bem, mas está sangrando muito – avisou Jacson – precisamos tirá-lo daqui.

Eu estava andando a meio caminho de encontrar Pedro quando de repente Luke me empurra contra a parede e cai em cima de mim quando ouço um estrondo.

– Sara! – Alguém grita meu nome, enquanto eu tento me levantar atordoada pela batida na cabeça.

– O quê... – eu começo a perguntar quando vejo Jacson chutando o corpo de Daniel no chão.

– O desgraçado ainda teve chance de pegar a arma e atirar na Sara antes de morrer.

Do que ele estava falando? Atirar em mim? Olhei para meu corpo para verificar se havia sido atingida. Parecia que eu estava bem, mas havia sangue no chão...

– Sara...

Olhei para o lado e vi Luke deitado apertando o peito onde uma mancha escura manchava sua camisa. Então entendi o que ele havia feito, provavelmente vira que Daniel iria me matar e se jogara na minha frente pra salvar a minha vida.

– Luke, eu estou aqui. – Falei erguendo sua cabeça e a colocando no meu colo. – Você não devia ter feito isso, aquela bala era para mim.

– Nós vamos levar o Pedro para o carro, depois viemos buscar ele. - Avisou Jacson enquanto ele e Bruno o carregavam para fora dali.

– Você vai ficar bem, nós vamos te levar para o hospital... – falei alisando seu cabelo loiro e fazendo pressão na ferida.

– Não Sara, acabou. Daniel está morto, era a única coisa que eu podia fazer por você, mesmo sabendo que nunca vai me perdoar.

Ele começou a tossir sangue.

– Eu já te perdoei, Luke, você está perdoado, salvou a minha vida e a dos meus amigos.

– Mas isso não vai apagar o que o Daniel fez...

– Não, não vai, mas fico aliviada em pensar que essa foi a sua última crueldade.

– Eu quero que você seja feliz, case-se com Pedro e tenha uma filha linda como você. Eu te amo e estou feliz por partir sabendo que você me perdoou.

– Não diga isso, você não vai morrer...

– Não chore, eu fiz o que tinha que fazer e valeu a pena levar esse tiro por você...

Então ele parou de se mover e Jacson entrou correndo.

– A Interpol está aqui, já levaram Pedro para o hospital. Como está o Luke?

– Eu acho que ele...

Eu comecei a chorar.

– Eu sinto muito, Sara. Vêm, nós precisamos dar uma olhada na sua cabeça, não podemos fazer mais nada por ele.

Pedro ficou um mês no hospital porque teve uma concussão, duas costelas, uma perna e um braço quebrados.

O pai de Luke foi preso, juntamente com vários outros membros da Skull & Bones envolvidos no sequestro.

Fomos ao velório de Luke, Pedro não foi porque ainda estava no hospital.

Emerson pediu Rosane em casamento, eles vão se casar daqui a dois meses e Mandy, Jess, Angela e eu seremos suas damas de honra e os meninos vão ser os padrinhos.

Pedro e eu fizemos as pazes e eu lhe prometi nunca mais guardar segredos.

Resolvemos todos dar um tempo na faculdade e viajar.

Eu ainda não perdoei meu pai, mas conversamos e decidi tentar recomeçarmos de novo.

Espero que agora dê tudo certo...

Fim