Tudo o que Sou escrita por Samantha Silva


Capítulo 4
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada a todo mundo que leu, comentou, favoritou etc. É assim que fico sabendo que estão gostando e querem mais. Continuaria escrevendo e postando de qualquer forma, mas saber que gostam é um super incentivo, tanto, que estou me dedicando ainda mais a história, pensando em novos acontecimentos e em maneiras de melhorá-la.
Por isso, se você está lendo e não comentou, comente, pois é minha única forma de saber que querem mais, além de saber o que está bom e o que não está e precisa ser mudado. Não me importo mesmo com quantidade de comentários, não quero números, mas me interessa saber as opiniões, pois escrever é mais que um passatempo para mim.
Enfim, vamos ao capítulo. ;)



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Por mais difícil que lhe tenha parecido a princípio, Thomas realmente se divertiu com todos os outros naquela noite. Na caminhada até as cabanas, quando já era hora de dormir, sentia como se Brenda sequer tivesse existido em sua vida, não pensara nela, nem em Teresa, Chuck ou Newt. Podia ver o futuro se desenhando a sua frente. Uma nova vida ganhando sentido, implorando para ser vivida.

Quando estava entrando na cabana que dividia com Minho, Caçarola e alguns outros, percebeu que não tinha se lavado após a caça, o que era extremamente nojento, mesmo não tendo matado nenhuma presa – o serviço sujo ficou para Minho – estava suado, a roupa grudando na pele. Precisava mesmo de um banho.

– Me empresta a tocha, Minho. Tenho que jogar um pouco d’água no corpo.

Caçarola riu da careta forçada de Minho que insinuava um mau cheiro no ambiente.

– Pensei que eu ia ter que lhe pedir isso – brincou o amigo, entregando a tocha.

– Volto logo.

O lago não era tão próximo quanto um banheiro devia ser de um quarto, mas era o que se tinha, então, não restava alternativa a não ser caminhar até lá. A floresta já havia se revelado pouco perigosa àquela hora, mas de qualquer forma, havia uma faca pronta para uso, presa ao cinto.

E foi por estar sozinho que os pensamentos de Thomas acabaram se voltando para Brenda e toda a estranha conversa que tiveram há poucas horas. Sabia que seria difícil superar tudo aquilo, mas junto à mágoa estava uma certeza absoluta de que conseguiria. Um mundo sem ela lhe parecera impossível até pouco tempo, mas agora era sua única opção.

Assim que chegou ao lago, lavou-se depressa e retornou para a cabana. Tinha acabado de entrar quando a voz de Minho, perfurando o silêncio e a escuridão, o assustou.

– Tenho um recado para você.

– Recado?

– Sim, a Brenda veio aqui e...

– A Brenda veio aqui? – perguntou incrédulo.

– Sim e...

– O que ela queria? – Thomas o interrompeu mais uma vez.

– Talvez se você me deixar terminar. - E como a resposta de Thomas foi o seu silêncio, Minho prosseguiu. – Certo. Ela veio aqui e me pediu para lhe dizer o seguinte, vou apenas repetir as palavras dela, abre aspas, diga ao Thomas que eu não sou ela e nunca serei, fecha aspas.

Não era surpresa que as palavras atingissem Thomas como um soco no estômago e ele sentiu os olhos arderem, pois, de repente, tudo fazia sentido.

– Sabe o que isso quer dizer? – Minho quis saber.

– Sim, eu sei.

– E? – Insistiu o amigo, mas antes que Thomas pudesse responder, uma terceira voz ecoou.

– Acho bom as senhoritas terminarem a fofoca amanhã, porque tem gente querendo dormir aqui. – a voz era de alguém que Thomas não conhecia, mas agradeceu mentalmente a intromissão, não estava com disposição para explicações.

Mesmo tentando avidamente esvaziar a mente e não pensar no maldito recado de Brenda, de nada adiantou e, agora, não conseguia pegar no sono.

Fora realmente tão cruel ao dizer aquelas palavras quando ela pediu que o beijasse, tempos atrás?

Na época percebeu que tinha magoado Brenda, mesmo ela declarando o contrário, mas e agora? Que sentido ainda havia em se ater a isso se Teresa estava morta?

Já tinha percebido que gostara mesmo de Teresa, embora muito provavelmente fosse pela ligação que sentia com ela, algo relacionado a evidente cumplicidade que tiveram no passado e, quando conheceu Brenda, pouco tempo depois de ter beijado Teresa e estar tomado pela sensação arrebatadora que isso lhe causara, tinha certeza de que nada se compararia àquilo e quando Brenda o pediu para beijá-la, um sentimento de fidelidade já existia e sabia que todo seu corpo, coração e alma pertenciam a Teresa. Portanto, por mais que soasse grosseiro, o que fora dito naquele momento era a expressão da verdade.

Só que agora, depois de tudo que aconteceu, aquelas palavras não tinham mais sentido. Brenda nunca seria Teresa, mas por outro lado, Teresa se foi e restou apenas Brenda.

– Seu estúpido! – xingou a si, enojado com a linha de seu raciocínio.

É claro que Brenda não devia ser tratada como prêmio de consolação, simplesmente por não o ser, afinal, ela tinha conquistado sua afeição antes mesmo de Teresa morrer, antes mesmo de Teresa tê-lo supostamente traído no deserto, então, não era justo pensar que ele só gostava dela devido as falhas e a ausência de Teresa.

E, no momento, o que Thomas começava a se perguntar era o tamanho daquela afeição, a intensidade desse gostar. Na atual circunstância, com Brenda definitivamente longe dele, as respostas para essas perguntas começaram a lhe preocupar.

Seu relógio de pulso – ainda com bateria – marcava 6:12 da manhã quando acordou. Não sabia quanto tempo tinha dormido, mas considerando a moleza que sentia, não devia ter sido muito.

Olhou ao redor e não viu ninguém na cabana, o dia realmente começava cedo ali, por isso, não entendia porque ninguém o acordou, pois não era melhor que ninguém para poder dormir mais.

Levantou-se, se espreguiçou e saiu rumo a cabana/cozinha.

Provavelmente, Caçarola lhe daria uma bronca pelo horário e ele retrucaria reclamando por não ter sido acordado, mas nada disso aconteceu.

– Bom dia, trolho! – Cumprimentou Caçarola ao vê-lo. – Espero que tenha descansado.

– Bom dia. – Respondeu, estranhando a gentileza. – Minha cabeça está latejando, não me lembro de que horas consegui pegar no sono, mas parece que não descansei nada. Por que não me acordaram?

– Minho não deixou, disse que foi dormir tarde, que te ouviu resmungando até altas horas.

– Ah...

Caçarola deu a Thomas uma tigela com frutas picadas, outra com pedaços de carne seca ao sol e sentou-se à frente dele na mesa.

– Problemas com a Brenda?

Thomas fez que sim com a cabeça e agradeceu mentalmente por estar com a boca cheia, pois ainda não sabia se queria conversar com alguém sobre aquilo.

– Mulheres sempre dão dor de cabeça.

A observação arrancou um sorriso de Thomas, nada lhe parecera tão verdadeiro em muito tempo.

– É o que parece.

– Pode apostar que sim. Para ter uma ideia, já que parece meio desligado do mundo nos últimos tempos, alguns de nós voltaram a pensar nelas.

– Nelas quem? Como assim?

– Bem, durante o tempo no labirinto, nós não tínhamos contato com garotas, mas agora... – e deixou que sua expressão dissesse o resto.

Thomas riu quando entendeu. As pessoas estavam se interessando umas pelas outras? Estava rolando paqueras ao seu redor e ele nem notara? É, ele estava mesmo deslocado.

– Mas não há um número proporcional de homens e mulheres, há?

– Não mesmo, Thomas. E, embora, algumas pessoas pareçam não fazer questão de envolverem-se com o mesmo sexo, se é que me entende, prevejo grandes brigas por isso. Mas com o tempo tudo se ajeita, certo?

No começo, Thomas riu com as palavras de Caçarola e a perspectiva de mundo comum que elas entoavam, tanto que estava, realmente, morrendo de amores por ele, já que o alimentara e distraiu, mas a última frase que dissera o remeteu a Brenda e todo seu humor esvaíra-se.

– Parece mesmo que todos contam com o tempo para ajeitar as coisas, que ninguém que ter coragem para fazer alguma coisa decididamente para resolver seus problemas. – E dito isso, levantou-se e deixou Caçarola com sua expressão de quem não entendera nada.


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